Após três anos a culpar o rato de cabrera (microtus cabrerea) pelo abandono da ideia de avançar com a construção de uma alternativa à EN218, que liga Outeiro e Vimioso, o JN sabe que a existência do roedor não passa de "mera possibilidade".
O Ministério do Ambiente confirmou, ao JN, que "segundo o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade, não há registo de populações dessa espécie na zona de implantação do projecto, o que existe é uma listagem que referencia a possibilidade de a espécie existir".
A responsabilidade do rato de cabrera na não viabilização do projecto foi conhecida em 2006, quando os autarcas de Vimioso e Miranda do Douro foram informados, numa reunião com o presidente do então Instituto de Estradas, de que o ICNB terá levantado problemas à viabilização do traçado pretendido pelos municípios devido à colónia de ratos. O vice-presidente da Câmara de Vimioso, Jorge Fidalgo, explicou que a Autarquia conhece as conclusões do estudo de viabilidade elaborado pela empresa Pypsa, que recomendava um estudo de impacto ambiental, dada a possibilidade da existência de ratos de cabrera no circuito de Pinela.
No entanto, o Ministério do Ambiente esclarece que o projecto nunca foi objecto de avaliação, com excepção de uma pequena variante, designada "variante à EN218 - Vimioso/Carção" que foi submetida a avaliação de impacto ambiental, em fase de estudo prévio. A avaliação não teve continuidade, pois o EIA não continha informação suficiente para a avaliação posterior, tendo sido objecto de Declaração de Desconformidade, em Fevereiro de 2001.
A razão da desconformidade prendeu-se "com a insuficiente justificação do projecto, lacunas de caracterização da situação e da avaliação de impactos ao nível de vários descritores, como recursos hídricos, hidrogeologia, qualidade do ar, fauna e flora", esclarece o Ministério do Ambiente.
O projecto interferiria com o Sítio Rio Sabor e Maçãs, pelo que o ICNB fez parte da Comissão de Avaliação. "Nada é referido sobre o rato de cabrera", garante o Ministério do Ambiente. A população não sabe se os ratos que se observa de vez em quando são da espécie cabrera, porque ali são conhecidos como "pateal".