Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
02 de Setembro de 2010

A freguesia de Salsas, em Bragança, tem, neste momento, uma nova valência de apoio a idosos. O Centro Social e Paroquial local inaugurou o Lar de S. Roque, uma infra-estrutura que irá dar resposta a 27 utentes.

O novo espaço abrirá no final deste mês de Setembro, mas já tem uma lista de espera a ultrapassar a meia centena, uma situação que justifica, na opinião do P. Estevinho Pires, presidente do Centro Social e Paroquial, a “necessidade” deste tipo de assistência. Não são apenas os idosos que irão “lucrar” com este novo equipamento, mas também os jovens que precisem de emprego. É que este espaço irá englobar, além dos já ocupados nove postos de trabalho, mais 12 elementos. Neste momento, a equipa do Centro Social e Paroquial está a proceder à “contratação de pessoal” para as áreas de “auxiliares de serviços gerais”, frisou o P. Estevinho Pires.

A presença deste equipamento foi, para o pároco, uma “prioridade” face ao elevado número de idosos residentes, bem como à emigração, o que lhes retira qualquer “retaguarda e apoio familiar”. Neste âmbito, o Lar de S. Roque poderá acolher utentes a partir do final do mês de Setembro. “Já funciona a cozinha e a lavandaria, falta apenas mobilar uma parte do edifício”, sustentou o P. Estevinho Pires.

Com uma lista de espera com 55 pessoas, o Lar de S. Roque, inaugurado pelo Bispo de Bragança-Miranda, D. António Montes Moreira, custou cerca de 500 mil euros, um valor que determinou a “morosidade” de toda a construção. Iniciada em 2006, apenas quatro anos depois é que o Lar vai abrir portas, devido às “dificuldades de financiamento”.

“Só fomos avançando conforme o dinheiro que tínhamos”, realçou o responsável do Centro. Para erguer o edifício, o Centro Social e Paroquial contou com o “apoio da população” e com algumas ajudas de entidades. A autarquia de Bragança auxiliou com 30 mil euros, ao que se juntaram os apoios do Santuário de Fátima, da Junta de Freguesia e da “gestão corrente” feita ao longo deste tempo. De comparticipação europeia também vieram cerca de 80 mil euros para mobiliário, no âmbito do Programa de Desenvolvimento Regional.

“O Lar encontra-se no espaço da antiga linha de Salsas e tivemos dificuldades em conseguir subsídios, porque, por falta de dinheiro, não tínhamos o título de propriedade do terreno”, sublinhou o P. Estevinho Pires. De salientar que a REFER cedeu o direito de superfície por 25 anos. A mensalidade para os futuros residentes será a “estipulada por lei”, ou seja, entre os 500 e os 600 euros. No entanto, a inexistência de acordos de cooperação com a Segurança Social poderá ser uma fonte de prejuízo para a direcção do Lar.

 “Se houvesse acordos era ouro sobre azul, porque um idoso numa casa destas representa uma despesa de mais de mil euros”, o que poderá significar um saldo negativo de 60 mil euros no final do ano. Para a directora do Centro Distrital de Segurança Social, Teresa Barreira, a “dificuldade é orçamental”. “Este tipo de resposta social não tem sido prioritária nos anteriores orçamentos. Teremos que gerir com parcimónia e bom senso o que tivermos para ver se há possibilidade para se celebrar um acordo.”

Já o autarca Jorge Nunes salientou que o Lar é uma “mais-valia que resultou da congregação de esforços e vontades para tornar o amanhã de todos melhor e com mais qualidade”. Também D. António Montes Moreira frisou o “trabalho em conjunto”, esperando uma continuidade destes “esforços”. “Apesar das dificuldades económicas, faz parte da missão da Igreja avançar com estes projectos.”

 

Fonte: Mensageiro Notícias

Foto com Direitos Reservados cedida pelo Centro Social e Paroquial de São Roque, Salsas

publicado por Lacra às 11:47
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15 de Julho de 2010

A Associação dos Bombeiros Voluntários de Izeda criou, em parceria com a Escola Nacional de Bombeiros, uma Unidade de Formação Local. Numa área de 15 mil metros quadrados, foram instalados contentores onde os soldados da paz podem testar os conhecimentos práticos relativos a incêndios urbanos, incêndios industriais e incêndios florestais.

Todo o campo está iluminado e dotado de óptimas condições que permitem a simulação de situações reais e até a simulação sem fogo, com pistas de obstáculos onde os bombeiros entram “às cegas”.

Em toda a região transmontana, Izeda é a única Associação que, actualmente, está habilitada a prestar formação, indo de encontro às novas directrizes da Escola Nacional de Bombeiros que vai apostar na formação descentralizada. Em Bragança, é certo que o pólo existente vai encerrar mas, na verdade, aquela infra-estrutura nunca teve condições para este tipo de formação, limitando-se aos cursos de operador de central.

 Já em Izeda, os Bombeiros apostaram na criação de uma unidade a expensas próprias, utilizando a mão-de-obra e boa-vontade dos voluntários para levar a cabo a construção das infra-estruturas existentes. Ao todo, a Associação já investiu naquela Unidade de Formação cerca de 25 mil euros, faltando apenas asfaltar o terreno, uma promessa da câmara municipal de Bragança que a corporação espera ver cumprida a breve prazo.

O comandante João Lima apontou ainda a necessidade de investir na construção de um tanque que possibilite ainda ministrar o curso de mergulho.

“Se tivéssemos apoio para construir aqui um tanque, estaríamos prontos para dar a formação total que os Bombeiros necessitam para a progressão na carreira”, apontou.

Ao lado do quartel existe ainda uma casa, propriedade do Estado, que necessita de algumas obras de requalificação, mas que já está em uso para a prática formativa.

“Ela já serve de apoio à formação porque quando eles saem do contentor do incêndio, entram aqui para esta sala, mas a casa está velha, no inverno chove lá dentro. Precisávamos de fazer algumas obras”, notou o comandante.

Com o investimento realizado e as infra-estruturas prontas a ser utilizadas, o comandante teme agora que se venham a realizar investimentos idênticos em Bragança, num possível novo pólo de formação, que inviabilizaria a Unidade já existente em Izeda.

“Estamos com algum receio porque as autoridades do concelho só falam na Escola Nacional de Bragança e nós já fizemos aqui um forte investimento”, notou, apontando que a criação de uma unidade idêntica em Bragança não serviria a descentralização.

“Isso seria promover a centralização dentro do distrito”, considerou. É que a Associação dos Bombeiros Voluntários de Izeda conta com um terreno de 15 mil metros, sendo das corporações que tem uma das maiores áreas disponíveis em todo o país. Acrescente-se que também o terreno foi adquirido sem qualquer financiamento tendo sido os próprios voluntários que, há 20 anos atrás, quando os piquetes começaram a ser pagos, prescindiram desse valor para ajudar a Associação.

 

Dificuldades financeiras

Com 26 anos de idade, os Bombeiros de Izeda são uma das mais jovens corporações do distrito. Localizados numa área geográfica que confluiu com três concelhos, (Bragança, Mogadouro e Macedo de Cavaleiros), a corporação apostou na criação da Unidade de Formação para fazer face à falta de financiamento.

É que a posição em que se encontram tem levado a que percam muitos dos transportes que, antigamente, realizavam. Neste momento, grande parte do serviço resume-se aos pedidos de socorro, pedidos do INEM e consultas de utentes acamados ou com problemas de mobilidade.

As deslocações, que representavam uma grande parte do financiamento, têm vindo a ser feitas por outras corporações, nomeadamente Macedo de Cavaleiros e Bragança.

“Há situações pontuais que têm vindo a acontecer e que nos prejudicam”, contou o comandante. “O INEM pode activar os Bombeiros de Bragança para virem a Calvelhe ou a Salsas, são mais recursos que o Estado gasta, o doente leva mais tempo a ser socorrido e nós perdemos com isso”, exemplificou.

Ao mesmo tempo, a corporação de Izeda não conta com o apoio financeiro da câmara municipal de Bragança para criar Equipas de Intervenção Permanente (EIP’s). O pagamento dessas equipas é pago pela Autoridade Nacional de Protecção Civil e pela autarquia mas, no concelho de Bragança, o município dispôs-se apenas a financiar a existência destas equipas na sede de concelho.

Segundo o comandante essa é outra das situações que afecta a corporação que conta com as essas equipas todo o ano, mas suportadas pela Associação.

Face ao aumento de despesas e à diminuição de serviço que têm sentido, de ano para ano, os Bombeiros têm agora esperança que a Unidade de Formação Local possa ajudar à manutenção daquela Associação na vila de Izeda.

Para já, as indicações que receberam da Escola Nacional de Bombeiros apontam para a inscrição de 212 bombeiros do distrito nas formações que ali serão ministradas, possivelmente em Setembro/Outubro. A corporação conta, ainda, com um formador da área, Óscar Esménio, que já teve oportunidade de ministrar a prática aos bombeiros da Associação, bem como aos alunos da Escola Emídio Garcia e da Cespu.

 

Alargamento do Quartel

Outra das reivindicações antigas dos Bombeiros de Izeda é o alargamento do quartel que, quando foi inaugurado, “já era pequeno”, conforme notou o comandante João Lima.

A corporação necessita de espaço para a colocação dos materiais, para o oficina de veículos e de uma sala de desinfecção das ambulâncias. Os balneários masculinos também já são pequenos e é necessário um salão maior para a formação teórica.

A corporação de Izeda conta, actualmente, com 59 bombeiros, homens e mulheres, tendo disponível camaratas para ambos os sexos.

 

publicado por Lacra às 07:30
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