Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
15 de Fevereiro de 2010

 Uma feira “anti-crise” e um “exemplo para todo o país”– foi desta forma que o ministro da Agricultura, António Serrano, classificou a Feira do Fumeiro de Vinhais. Ao longo de três dias foram vendidos toneladas de quilos de enchidos a milhares de pessoas que vieram de todo o país, inclusive em excursões organizadas para o efeito.

O sucesso foi de tal ordem que levou mesmo o ministro da Agricultura a dizer que gostaria que também no Alentejo, região de onde é natural, houvesse um evento com a mesma capacidade de mobilização económica.

“A Feira do Fumeiro de Vinhais é um exemplo para todo o país, é daqueles certames que têm de estar na agenda nacional e marcar também os roteiros internacionais”, disse.

Num ano em que o certame assinalou o seu 30º aniversário, Américo Pereira, presidente da autarquia, confessou que não podia estar mais “feliz”, sobretudo pelo sucesso alcançado numa altura marcada pela crise económica.

“É uma feira que gera todo o desenvolvimento económico regional. A hotelaria esgotou não apenas em Vinhais, que não era difícil, mas também nos concelhos vizinhos. A par das oportunidades de negócio, a Feira do Fumeiro é já um cartaz de promoção turística”, afirmou.

A internacionalização poderá ser o próximo passo. Esse é, pelo menos, o desejo do ministro da agricultura. António Serrano considera que o evento tem todas as características que lhe permitem vir a integrar os roteiros internacionais e, por isso, vai ser preparado todo um programa de apoio à divulgação no exterior.

“Até ao final deste semestre queremos preparar todo um programa que ajude à internacionalização dos produtores, empresas e eventos”, confirmou o responsável da tutela.

 

Fumeiro com garantia de qualidade

A garantia de qualidade do fumeiro exposto é um dos factores que o autarca vinhaense aponta como fulcral para o crescimento do certame. Tudo começou com o “acarinhamento” dos porcos de raça bisara, matéria-prima do fumeiro vendido no certame.

O controlo de qualidade está garantido através do rastreamento de todos os produtos vendidos, conforme explicou Márcia Canado, médica veterinária da Associação Nacional de Produtores de Suínos de Raça Bisara (ANCSUB), um dos parceiros da organização da Feira. A fiscalização começa, desde logo, na produção dos suínos e estende-se até à secagem dos enchidos. Os animais são identificados pela ANCSUB mesmo antes de irem para o matadouro. Posteriormente os técnicos visitam os produtores para verificarem as condições do local onde é feito o fumeiro e o local de secagem.

Ao abrigo da nova lei, todos os expositores já estavam inseridos na actividade produtiva local. Cada um deles dispõe, por isso, de um número de controlo veterinário e de uma marca que lhes permite vender os enchidos em todo o país e até para o estrangeiro, não só a particulares mas também a empresas.

Ao comprador a garantia é dada através da rotulagem obrigatória, onde constam o nome do produto, os ingredientes, o nome do produtor, o número de controlo veterinário, o contacto do produtor e a data em que este fez o enchido.

Os produtores possuem ainda um dossier de auto-controlo devidamente organizado, onde está registado todo e qualquer comprovativo de entrada de matéria-prima.

“Tudo o que é incorporado no fumeiro tem de constar do dossier, desde o alho, louro, colorau, entre outros. Caso haja algum problema com o enchido, está tudo registado e é fácil rastrear a origem”, explicou Márcia Canado.

Ao comprador a garantia é dada através da rotulagem obrigatória, onde constam o nome do produto, os ingredientes, o nome do produtor, o número de controlo veterinário, o contacto do produtor e a data em que este fez o enchido.

“Quem compre aqui fumeiro, caso tenha problemas, tem na marca do produto uma espécie de bilhete de identidade”, confirmou a médica veterinária.

 

Fonte de rentabilidade para os produtores

Apesar das novas regras e das exigências, os produtores consideram que, cada vez mais, vale a pena apostar no fumeiro como fonte de rendimento extra.

É o caso de Maria Aurora Pires, de Ousilhão, mais conhecida por Lola. Há cinco anos a participar na Feira do Fumeiro, a produtora considera que este foi o melhor ano de sempre. No último dia do certame, a meio da manhã, restavam-lhe apenas algumas alheiras para vender.

“Trouxe fumeiro de três porcos e vendi quase tudo o que trazia”, contou.

Os preços afixados pela organização, 40 euros o quilo de salpicão e 30 euros o quilo de chouriça, também não afastaram a clientela: “para quem compra é um bocadinho caro, mas para quem vende é um bom preço porque os porcos dão muito trabalho”.

Já Artur Martins, de Mós de Selas, considera até que os preços são baixos quando comparado com o que se praticava há alguns anos atrás.

“Se as pessoas compararem, há anos atrás, quando era ainda em escudos, chegaram a vender o quilo do salpicão a 12 contos, o que equivale hoje a 60 euros”.

A participar no evento há cerca de dez anos, Artur Martins e a esposa não se arrependem da aposta feita. Ano após ano a clientela cresce e não são apenas os visitantes do litoral que o procuram, mas também da Torre de D. Chama, de Bragança, de Macedo de Cavaleiros e até de Vinhais

“Quando as pessoas ficam satisfeitas, voltam a comprar”, justifica Artur Martins.

E se hoje o fumeiro é já uma fonte de riqueza e rendimento económico para o concelho de Vinhais, Américo Pereira aponta ainda que a exigência requerida tem feito com que a actividade se comece a disseminar a todo o território nacional.

Na Feira do Fumeiro de Vinhais participaram 80 produtores, dez tasquinhas, 50 expositores no espaço gourmet e 70 artesãos. Entre produtores individuais e cozinhas regionais foram abatidos cerca de 400 animais.

08 de Fevereiro de 2010

Todos os produtores de porco bísaro a marcar presença na Feira do Fumeiro de Vinhais, de 11 a 14 de Fevereiro, vão apresentar o seu produto ao abrigo do novo Regime de Exercício da Actividade Industrial (REAI).

O novo regime obriga a novas regras e exigências, como seja a rotulagem dos produtos, e veio revogar a legislação anterior. Com a entrada em vigor do REAI,  no início deste ano, Vinhais assume-se como um dos concelhos pioneiros a apresentar uma Feira do Fumeiro com todos os expositores devidamente licenciados. Carla Alves, dirigente da Associação Nacional de Criadores de Raça Bísara e da organização do certame, explicou que foi um processo “moroso e difícil”, com exigências superiores às que existiam anteriormente.

Dentro do REAI, os pequenos produtores foram enquadrados na chamada categoria tipo 3, destinada às actividades locais, e cabe às câmaras assumirem-se como entidades coordenadores de todo o processo.

Os produtores locais foram vistoriados e agora aguardam a emissão do número de controlo veterinário e do registo para poderem expor na Feira do Fumeiro os seus produtos devidamente licenciados e ao abrigo do novo regime.

O REAI obriga a que o abate seja feito obrigatoriamente no matadouro e impõe como limite de produto acabado os dois mil quilos, no caso dos enchidos. O transporte, a segurança alimentar e outras boas práticas têm agora também novas regras, mais exigentes e “apertadas”.

Os produtores que exponham na Feira do Fumeiro, independentemente de serem ou não do concelho de Vinhais, passarão todos pelo rastreio de forma a garantir o cumprimento das normas e da obrigatoriedade de expor enchidos somente de carne de porco bísaro.

“Tem sido feito um esforço muito grande”, assumiu Carla Alves que sublinhou ainda o “empenho” da autarquia local no que diz respeito à produção do fumeiro regional.

Recorde-se que o concelho de Vinhais tem a mais antiga Feira do Fumeiro do país, que assinala agora 30 anos, e tem sete enchidos reconhecidos e protegidos pela União Europeia com a marca Indicação Geográfica Protegida (IGP).

 

27 de Janeiro de 2010

 De 11 a 14 de Fevereiro Vinhais volta-se a assumir-se como a capital do fumeiro naquela que é já  a mais antiga feira do género no país. Mais do que um certame concelhio, ao longo de três décadas, a Feira do Fumeiro tem conseguido alcançar uma dimensão regional, com cada vez mais produtores de concelhos vizinhos, do distrito de Bragança e de Vila Real, a procurarem expor ali os seus produtos.

Organizada pela empresa municipal Turimontesinho, este ano, a Feira do Fumeiro conta com 80 produtores, dez tasquinhas, 70 artesãos e 50 expositores no espaço gourmet, um espaço destinado aos produtos regionais, como o vinho, azeite, doces típicos, entre outros.

Uma das principais particularidades deste evento é o facto de todo o fumeiro para venda ser proveniente do porco bísaro – raça autóctone com denominação de origem protegida. A organização garante ao visitante a qualidade do fumeiro rastreando todos os produtos dos seus expositores, conforme explicou Carla Alves.

“Todo o fumeiro para venda na Feira tem como matéria-prima a carne do porco bísaro. Só difere o tempero, já que teremos aqui produtores de Alijó, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Valpaços, Alijó, Vimioso e Vinhais”, apontou.

 

Programação de excelência

Mas mais do que vender chouriços ou salpicões, a Feira do Fumeiro assume-se, há vários anos, como uma verdadeira “festa anual” da região. Por isso, foi pensada toda uma programação que contempla várias actividades culturais e musicais, com os “Amália Hoje” a surgirem como cabeça de cartaz naquela que será a sua primeira passagem pela região transmontana, agendada para dia 12 de Fevereiro, às 22h30.

A animação está garantida ao longo dos quatro dias com os grupos tradicionais locais. No dia 13 de Fevereiro será ainda realizada uma grande luta de touros, na qual se esperam centenas de espectadores, à semelhança do que tem acontecido em outras ocasiões.

 

Retrospectiva de três décadas

A retrospectiva de 30 anos de Feira do Fumeiro vai ser o tema de uma exposição museológica a inaugurar na abertura do certame. Para além do registo fotográfico, os visitantes vão poder acompanhar todo o ciclo do porco e do fumeiro, através de antigas peças históricas recuperadas, como seja, o banco onde o porco era morto, o balde para a recolha do sangue, os antigos “latos” onde era fabricado o fumeiro caseiro, entre outros.

A data será ainda comemorada com o lançamento de um livro dedicado ao crescimento do certame ao longo destas três décadas.

São esperados milhares de visitantes e um retorno económico bastante substancial para os produtores e toda a economia local, (restaurantes, unidades hoteleiras locais e limítrofes, comércio, turismo). Só ano passado, a venda directa de fumeiro rendeu entre os 800 mil a um milhão de euros.

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