Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
19 de Maio de 2010

Osvaldo de Castro, presidente da comissão parlamentar de Direitos, Liberdades e Garantias, não tem dúvidas de que o afastamento de Bruna Real, "acusada" de ter posado nua para a Playboy, "é uma violação dos direitos fundamentais" da professora. "Estão a entrar no domínio da vida privada. Posar nua faz parte do acervo de liberdades que a professora tem e não colide em nada com o seu trabalho", afirmou o deputado socialista ao i.

Para Osvaldo de Castro, o que se passou no agrupamento escolar de Torre de D. Chama é equivalente à apreensão de livros, em Fevereiro do ano passado, pela PSP de Braga, sob o argumento de que as capas que reproduziam o quadro "A origem do mundo" de Gustave Coubert eram "pornográficas". O presidente da Comissão de Direitos e Liberdades e Garantias da Assembleia da República afirma também que a expressão utilizada pela Câmara de Mirandela para o afastamento da professora - o "alarme social" - é manifestamente imprópria. "É uma expressão que é utilizada nos tribunais pelos juízes para manter alguém em prisão preventiva", diz. "A senhora entendeu por razões artísticas, pessoais, fazer fotografias eróticas. São os seus direitos mais profundos, relativos à vida privada, que estão em causa. A escola e a Câmara de Mirandela violaram os direitos da professora".

Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, considera a situação "complicada" e "incómoda no plano social", mas defende que "não pode ter este tipo de tratamento". "A situação não é cómoda. Mas foi logo crime e castigo e ponto final!", afirma ao i. Mário Nogueira admite que se "no plano social cada um terá as suas opiniões" [sobre a opção da professora em fazer as fotografias], "no plano laboral, o afastamento não tem sentido - não é uma situação de indisciplina, nem de crime. A Câmara Municipal deveria ter abordado a situação com mais cuidado".

Mário Nogueira coloca várias questões em cima da mesa, nomeadamente sobre o contrato que a professora mantinha com a Câmara de Mirandela. E interroga sobre quais serão os futuros critérios da Câmara: "Vão passar a dizer que quem tirar fotografias para determinado tipo de revistas não se pode candidatar?"

O Ministério da Educação colocou-se de fora desta guerra, uma vez que a contratação dos docentes das actividades de enriquecimento curricular compete às câmaras municipais. "A técnica em causa foi contratada pela autarquia para de-senvolver Actividades de Enriquecimento Curricular na escola. A situação está a ser devidamente gerida pela autarquia, que é a entidade responsável pelo vínculo contratual e que tem o poder hierárquico sobre a docente. A escola e o Ministério da Educação, obviamente, acompanham agora (como acompanham sempre) as situações que envolvem alunos". Foi assim que o Ministério de Isabel Alçada respondeu à pergunta do i sobre a legalidade do afastamento da professora. Da mesma maneira, o Ministério da Educação recusou-se também a responder sobre a aceitabilidade ou não dos argumentos utilizados pela escola e pela Câmara Municipal para a transferência de Bruna Real para o arquivo municipal. "Não cabe ao Ministério da Educação pronunciar-se sobre o assunto", afirma a tutela, quando confrontada com a decisão do presidente do agrupamento em excluir uma professora por ter posado nua para a "Playboy". Sobre o conceito de "alarme social" invocado pela Câmara de Mirandela, o Ministério também não quis responder. 

Mas João Dias da Silva, dirigente da FNE [Federação Nacional da Educação], tem outra versão dos factos vindos a público. Apesar de já terem sido várias as declarações de responsáveis da Câmara de Mirandela sobre o afastamento, João Dias da Silva afirma ao i que "as informações mais recentes" de que dispõe, obtidas através de dirigentes locais do sindicato, "é que foi a própria professora que tendo em consideração o mal--estar que teria sentido pediu à Câmara Municipal para ser colocada noutro serviço".

Para João Dias da Silva, na situação da transferência ter sido feita a pedido da própria professora, a FNE "não tem nada a opôr". Caso contrário, o dirigente afirma que "não pode haver mistura entre opções da vida privada e relações laborais". "Se tiver havido deslocação da pessoa sem ser a seu pedido, opomo-nos e achamos ilegal essa transferência".

Bruna Real, de 27 anos, começou na segunda-feira passada a trabalhar no arquivo da Câmara Municipal de Mirandela. Segundo revelava o JN, afirmou que só falaria à imprensa "após o município concluir o processo de averiguações que está em curso". 

Entretanto, o caso chamou a atenção da TV Record Internacional, que propôs a Bruna Real uma reportagem. "Contactei-a, mas não se mostrou para já disposta a fazer a reportagem", disse, citada pela agência Lusa, Natacha Loureiro da TV Record Portugal.

Fonte: Jornal I

16 de Maio de 2010

 

Fonte: Publicado em SAPO Notícias

14 de Maio de 2010

 

Ocupa oito páginas na "Playboy" de Maio. Bruna, professora do concelho de Mirandela, é a protagonista de uma produção ousada, em que contracena nua com outra mulher. A população comentou. Os alunos trocaram fotos. A escola não gostou e quer dispensá-la.

Os vizinhos da docente transmontana que posou nua para a "Playboy" descrevem-na "como uma mulher bonita", que "gosta de dar nas vistas", que "não sai de casa com qualquer trapinho", nem mesmo quando "está só a cortar a relva do jardim de casa dos pais", onde vive.

Garantem que "ela não dá confiança a ninguém", mas parecem saber o suficiente da vida dela: ainda não fez 25 anos; em 2006 participou no reality show da TVI "Pedro, o milionário", que consistia em seduzir um milionário para depois casar com ele; e, no ano passado, terá feito um implante mamário. Queixa-se, dizem, de que todos os homens a acham bonita, mas que nenhum aceita uma relação séria. Ela quererá ser famosa. Ou, pelo menos, conhecida. É o que dizem.

 

Revista esgotou

Por causa dela, professora do 1º. Ciclo do Ensino Básico, há três semanas, a "Playboy" esgotou em Mirandela, tanto em Golfeiras, onde vive, como em Torre de Dona Chama, onde é responsável pelas Actividades Extra-Curriculares (AEC). A avó, diz o povo, terá sofrido um grande desgosto. As "pessoas mais velhas disseram mal". Os alunos fotografaram a revista com o telemóvel e durante dois ou três dias entretiveram-se a trocar imagens. Também houve quem tivesse visto a produção em fotocópias. "Depois, o assunto morreu", desvalorizou - três semanas depois da publicação - um homem que frequenta o café mais próximo da escola.

O director do Agrupamento de Escolas da Torre de Dona Chama, José Pires Garcia, garantiu que já solicitou à Câmara que tome "uma atitude". "Mal tive conhecimento do assunto, há poucos dias, contactei a autarquia por correio electrónico", uma vez que a contratação dos professores das AEC é da responsabilidade do município e não da escola.

"É preciso tomar uma atitude depressa e nem preciso dizer qual será", sugeriu. "Estamos a fechar o ano lectivo, mas aparecer numa revista sem roupa não é compatível com a função de professora e de educadora. Não é uma atitude correcta e em nada pode ajudar a relação com os alunos e muito menos com os pais, que têm ouvido muitos comentários", explicou. José Pires Garcia disse, ao JN, que a manutenção da docente no agrupamento "seria nociva" para a comunidade escolar.

O JN tentou contactar alguém da Câmara de Mirandela, mas em vão. Também tentou contactar a docente em causa. Nas duas primeiras vezes, adiou a conversa, alegando estar a dar explicações; à terceira tentativa, desligou o telefone.

 

Fonte: JN

Imagem com direitos reservados

 

Comentário: O Diário de Bragança critica severamente a atitude tomada pela escola contra a professora, bem como as críticas pejorativas surgidas no meio.

Afinal, parece que o 25 de Abril ainda não chegou a Trás-os-Montes.

A professora tem todo o direito de posar nua para uma revista que é de conteúdos eróticos. Julgamos até não haver qualquer impeditivo legal para o fazer e que essa será uma decisão que faz parte da liberdade individual de cada um.

O Diário de Bragança considera, ainda, que as fotografias publicadas pela Playboy nada mais são do que um trabalho artístico em que a professora Bruna serviu de modelo, obviamente pelos (bons) atributos que tem.

Mais uma vez, Trás-os-Montes aparece nas notícias pelos piores motivos - criticando e querendo punir moralmente tudo o que atenta contra os (pre)conceitos que, por aqui, ainda parecem prevalecer. Deixemos os falsos moralismos. A maldade está nos olhos de quem vê e não na semi nudez apresentada na revista.

Aos pais dos alunos exige-se uma boa educação e não (má) formação.

 

O Diário de Bragança assume o direito de não publicar qualquer tipo de ofensas à integridade moral da pessoa em causa.

 

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