Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
25 de Setembro de 2010

O Penedo Durão, em pleno Parque Natural do Douro Internacional, Freixo de Espada à Cinta, foi, ontem, o local escolhido para devolver à liberdade várias espécies de aves selvagens, recuperadas pelo Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

As seis espécies – quatro Grifos, um Britango e um Abutre-preto – passaram longos meses em tratamento, antes de puderem regressar ao seu habitat natural.

Cada uma delas tem uma história diferente e todas elas só sobreviveram graças à colaboração das várias autoridades e do Hospital Veterinário da UTAD. Os Grifos, por exemplo, foram recolhidos por equipas do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR de Moimenta da Beira, Chaves e da Régua. Estes espécies encontravam-se fragilizados, vítimas da fome, de envenenamento ou de colisão com estruturas de abastecimento eléctrico.

Já o Britango foi recolhido em Miranda do Douro com apenas dois meses de vida, num estado “caquéctico e indefeso”, a quem valeu a intervenção do Parque Natural do Douro Internacional que lhe prestou uma rápida assistência. A espécie, agora com três anos de idade, vai voar pela primeira vez sobre o Parque onde foi recolhido.

Também o Abutre-preto precisou de dois anos de recuperação, antes de poder voltar a voar. Esta ave selvagem entrou no Hospital Veterinário extenuado e desidratado, possivelmente por se ter dispersado do seu núcleo populacional. Valeu-lhe a intervenção das equipas do Parque Natural de Montesinho, que encaminharam a ave para o hospital em tempo útil.

Estas espécies recuperadas, aves necrófagas, têm um estatuto de “ameaçadas”, “raras” ou “em perigo”. A falta de cadáveres, os envenenamentos e a diminuição do aproveitamento pecuário extensivo, a par da modernização agrícola e da perturbação das áreas de nidificação, têm sido os principais responsáveis pelo afastar destes animais do território nacional.

Embora sejam aves que são, muitas vezes, associadas à morte, os especialistas realçam o lugar especial que elas ocupam na Natureza ao representarem a primeira barreira natural à disseminação de doenças. Estas aves, ao alimentarem-se de cadáveres, impedem que estes contaminem solos, cursos de água ou outros animais carnívoros com menos resistência.

O Hospital Veterinário da UTAD tem sido, neste campo, uma mais-valia para a permanência destas espécies na região, ao ajudar a recuperar muitas destas criaturas com o objectivo final de as devolver à natureza e ao seu habitat natural.

02 de Setembro de 2010

Várias viaturas destinas a abate encontram-se abandonadas em pleno Parque Natural de Montesinho. As viaturas são do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade e, segundo a direcção do Parque, ali estão enquanto a Administração Central não proceder à remoção das mesmas.

A situação motivou já um pedido de esclarecimento por parte da delegação de Bragança do Bloco de Esquerda que, através da deputada Rita Calvário, pediu ao Governo explicações sobre o assunto. O Bloco de Esquerda considera “inadmissível” que o Parque esteja a ser transformado numa “sucata” e considera que esta situação é mais uma “evidência” do “estado de abandono das áreas protegidas e do desprezo com que o Ministério trata o rico património natural do país, tornando-o vulnerável ao risco de incêndios”.

A deputada Rita Calvário questiona o Governo sobre as medidas que tenciona tomar face a este problema e se está prevista a substituição das viaturas e o reforço dos meios do Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade no Parque Natural de Montesinho.

O Parque Natural de Montesinho, com uma área de 75 mil hectares, é a maior área protegida no território continental. Criado em 1979, possui uma riqueza natural assinalável, tendo sido este ano fustigado pelos incêndios florestais.

14 de Junho de 2010

 

 

A noite cai trazendo consigo a escuridão. O som das folhas e das pedras pisadas amplificam-se e sente-se o eco dos animais que povoam o Parque Biológico de Vinhais. Tudo parece maior aqui com a natureza a marcar o justo compasso.

 

 A caminhada continua com passos firmes até à charca da Vidoeira, um lago artificial construído para servir de reservatório de água de rega do Viveiro Florestal e para abastecimento dos bombeiros, em caso de incêndio.

 

Ali, encontra-se um abrigo-observatório pronto a receber os visitantes. A porta encerra-se e resta agora esperar que a fauna se aproxime à vontade. A charca está iluminada e há um sistema de células que avisa automaticamente da presença de animais.

 

Basta aos visitantes aguardar pacientemente nas cadeiras de descanso para que alguns mamíferos selvagens se aproximem para beber água . Corços, gamos e javalis, assim como as aves de rapina nocturnas, animais autóctones da região. Esta é uma das muitas propostas apresentadas pelo Parque Biológico de Vinhais aos visitantes. A três quilómetros da vila, o espaço assume-se como uma verdadeira porta de entrada para o imenso Parque Natural de Montesinho. Ali é possível conhecer a fauna e flora característica da região em três pólos diferentes.

 

A visita inicia-se com um percurso devidamente assinalado com os chamados “biospots” que explicam ao visitante a colecção de animais e plantas que ali pode observar. Junto às massas de água proliferam as rãs, libélulas, libelinhas e borboletas. Também podem ver-se de perto algumas espécies de aves, como a coruja, a águia de asa redonda ou a perdiz cinzenta, uma ave já extinta em Portugal no estado selvagem. Os burros mirandeses, o boi mirandês, o porco bísaro, galináceos, o cão de gado transmontano, são outras das espécies observáveis.

 

O Parque Biológico de Vinhais tem assumido um papel de elevada importância ao ajudar na recuperação de espécies autóctones que se encontravam praticamente extintas, como é o caso da cabra preta. Este exemplar foi recuperado pelo Parque que tem estado a trabalhar na criação desta raça, entregando reprodutores a criadores que assim o pretendam.

 

À Volta do Parque

 

Deste primeiro percurso à charca da Vidoeira há um outro caminho que pode ser percorrido a pé ou de bicicleta. As margens foram renaturalizadas e é possível observar algumas das espécies do Parque, em estado selvagem.

 

Outro dos pontos visitáveis é a Barragem de Prada, uma zona de observação de aves aquáticas típicas de lagoas de altitude, como o mergulhão de crista. Também é possível observar a nidificação de aves e a beberagem de outros animais, como a lontra.

 

Continuando passeio até ao Alto da Cidadelha, um miradouro apoiado por uma pequena construção em madeira, é possível observar ao longe a vila de Vinhais e toda uma paisagem mantida intacta praticamente desde a Idade Média. Aqui o visitante pode descobrir toda a paisagem e a história local, tendo como inspiração o antigo castro romano que ali existiu. Em todos os percursos estão disponíveis os biospots que alertam para as espécies existentes.

 

Texto e Fotos: Carla A. Gonçalves   

06 de Maio de 2010

Telmo Afonso, presidente da Junta de Freguesia de Espinhosela, propôs uma moção à Assembleia Municipal de Bragança a pedir a revogação da Portaria nº138-A/2010, que entrou em vigor a cinco de Março deste ano, que estabelece um conjunto de taxas a cobrar nas áreas protegidas. A moção foi aprovada e teve, inclusive, os votos favoráveis do PS. Esta Portaria veio substituir uma anterior, que seria ainda muito mais gravosa para “as populações”.

No debate parlamentar, Vítor Prada Pereira, dirigente socialista, concordou que essa legislação não faz qualquer sentido, senso, inclusive “uma tontice”. Contudo,  responsabilizou os “técnicos fanáticos” do Ministério e não a ministra, sobre a existência dessas taxas. “A gente que anda na administração pública sabe isso, sabe que a legislação é proposta por técnicos. É evidente que depois os políticos aprovam as decisões e muitas das vezes, não estou a dizer que é o caso de agora, mas muitas das vezes os políticos assinam de cruz”, disse e acrescentou: “Coitados dos políticos se não tivessem mais nada que fazer do que produzir legislação”. Dai ter afirmado, na Assembleia, que esse legislação,  “foi feita por técnicos fanáticos”.

Já Nuno Reis, do PSD, tem outra leitura, e foi dizer que a responsabilidade era política e não técnica, até porque a referida Portaria vem assinada pela Ministra do Ambiente. “Perguntamo-nos para quê mais um acto administrativo e burocratização de mais um conjunto de actos, ainda por cima acompanhados de uma nova taxa? Não é assim que mobilizamos as populações e as incentivamos a aderir àquilo que são as perspectivas, os planos preconizados pelo Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) e pelos parque naturais e nacionais, no sentido de continuarem a preservar as áreas classificadas”, disse Nuno Reis.

Seja a responsabilidade política ou técnica, a assinatura de cruz ou pensada, num ponto todos estão de acordo: que as espécimes humanas do Parque, pobres, idosas e escassas, não podem nem devem pagar qualquer taxa para financiar o ICNB, nem devem “ser hostilizadas com estas atitudes”, como disse Vítor Prada Pereira. Até porque, como todos reafirmaram, foram essas mesmas populações que preservaram e trouxeram até aos nossos dias os valores naturais deste recanto.

“Os valores das taxas apresentados não têm razão de ser, porque as pessoas que vivem na região do PNM sabem como preservar o Parque, foram elas que preservaram o que está lá. Portanto, não tem razão de ser virem agora impor umas taxas para que continue a ser preservado”, afirmou Telmo Afonso. Segundo este presidente de Junta, estas populações são constituídas por pessoas carenciadas, idosas, com baixos recursos financeiros e o pagamento de taxas tornará impossível a sua sobrevivência no interior da área protegida.

 

O que diz a Portaria

 

Para tirar dúvidas fomos ler a Portaria. Segundo o texto, e para o que interessa nesta região, estão isentas de taxas as empresas de animação turísticas, que já pagam taxas pelo registo e anual, e os detentores de espécies, desde que sejam instituições científicas autorizadas pelo ICNB, entidades autorizadas pelo ICNB, para criação em cativeiro integradas em projectos de conservação da natureza (nesta categoria pode-se integrar o Parque Biológico de Vinhais) e centros de recuperação e pólos de recepção de espécimes apreendidos, desde que autorizados pelo ICNB.

O texto nada diz sobre isenção de taxas relativamente a comissões de baldios, Juntas de Freguesias ou Câmaras Municipais.

Assim, “os pedidos de abertura de novas vias de comunicação e de alargamento das existentes, bem como os pedidos de instalação de infra-estruturas relativas à produção, transporte, distribuição ou comercialização de electricidade em média ou alta tensão, de gás natural ou de outros combustíveis, de aproveitamento de energias renováveis, de telecomunicações, radares/antenas, de transportes, hidráulicas, de saneamento básico, estruturas de rejeição de águas residuais e retenção de afluentes, incluindo infra-estruturas de apoio”, tem um valor base de 500 euros e podem atingir um valor máximo de cinco mil euros.

Segundo o texto, os agricultores não têm que pagar taxas para pedidos relativos à construção de habitação própria e respectivas infra-estruturas. Estão também isentos pedidos relativos ao exercício de actividades agrícolas, florestais, silvopastoris ou que impliquem alterações do solo ou modificações de espécimes vegetais ou do coberto vegetal em áreas continuas iguais ou inferiores a um hectare. Os valores das taxas a pagar em casos superiores a um hectare e inferiores a cinco variam entre 100 e 120 euros, mas só em casos das alterações mencionadas. Em casos superiores a cinco hectares o valor máximo pode atingir os 500 euros.

Além de muitas outras actividades, estão isentas do pagamento de taxas as actividades recreativas e culturais relacionadas com romarias, procissões, festas populares e festejos locais, bem como feiras e mercados de produtos tradicionais. No entanto, os festivais de música, nos quais se paga bilhete de entrada, por norma, têm uma taxa de 500 euros. Feiras e espectáculos que não se enquadrem na excepção já referida pagam 150 euros. algumas taxas têm valores únicos, outras que exigem pareceres técnicos, tem valores agrados pelas deslocações desses técnicos.

 

Fonte: Mensageiro Notícias

Imagem retirada do site e com Direitos de Autor

30 de Abril de 2010

O Parque Natural de Montesinho está a ser cenário para um filme, cujos direitos foram já comprados pela RTP.

 

“A Parideira”, assim se chama a obra do realizador José Miguel Pereira, que encontrou no Nordeste Transmontano o cenário ideal.

  

Cinco actores, um projecto comum. Uma ideia que nasceu de uma tese de mestrado em realização de cinema, do Instituto Politécnico do Porto, e que trouxe a Montesinho a equipa de filmagens, comandada pelo realizador José Miguel Pereira.

 

“Estávamos inclinados para uma zona perto de Viana do Castelo, mas temos um brigantino na rodagem que nos chateou a dizer que Montesinho tinha o sitio que queríamos e de facto ficamos convencidos porque isto aqui é exactamente o que procurávamos que é a ideia da natureza em estado puro que também gera vida” explica.

 

Diogo Morgado, actor consagrado do cinema e televisão, desempenha o papel de Tiago e é o cabeça-de-cartaz do projecto que conta a história da Parideira.

 

“É uma gruta que supostamente faz com que as mulheres estéreis entrem e saiam grávidas” explica, acrescentando que o seu papel é o de “um marido que já tentou de tudo e que acredita que é a ultima hipótese de ter um filho”.

 

Ana Moreira completa o par romântico da trama.

 

A actriz, mais conhecida pelo filme “Os Mutantes”, de Teresa Vilaverde, ou pela participação na série Pedro e Inês, da RTP, desvenda um pouco da sua personagem.

 

“Eu sou a Margarida, esposa do Tiago, e somos um jovem casal que procura engravidar por outros métodos, mas que não estão a resultar” explica. Por isso, “procura a ajuda da natureza através de uma lenda que diz que se passar uma noite na gruta a natureza encarrega-se de dar uma criança a essa mulher” e no fundo, “a Margarida está a repetir os passos da mãe porque ela também nasceu assim”.

 

O filme deverá estar pronto no início do Verão, para entrar no circuito de festivais nacionais e internacionais, como o Fantasporto ou o festival de Vila do Conde.

 

A RTP também já comprou os direitos do filme por dois anos.

 

Mas, fora de cena, o realizador José Miguel Pereira queixa-se de alguma falta de apoios, sobretudo por parte da câmara de Bragança. “Temos alguns apoios, mas esperávamos mais por parte da câmara de Bragança porque no fundo trazemos aqui um projecto de muita visibilidade e esperávamos ser mais bem recebidos” afirma.

 

Um filme com dois terços da acção passados no Parque Natural de Montesinho, o que causa alguns problemas logísticos. “Temos de arranjar uma casa de banho, electricidade através de geradores, o que é ruidoso e temos de contornar essa questão, é a distancia, o terreno, as estradas” exemplifica.

As filmagens terminam hoje e prolongaram-se por duas semanas.

 

Fonte: Brigantia

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