O Académico de Mogadouro ainda não tem definido o plantel para a próxima temporada. As dificuldades financeiras que o Clube atravessa, a par da crise que tem levado ao afastamento das empresas patrocinadoras, têm feito com que o Académico perca poder de negociação face a outros clubes da primeira divisão.
Todos os jogadores estrangeiros receberam propostas “convidativas” para ingressar noutros clubes. Maurício Trigo, presidente do clube, lamenta a situação mas afirma que não tem garantias para poder renovar nem condições para fazer propostas.
“Todos os anos têm sido complicado, contamos com o apoio de algumas empresas e do município mas estamos na primeira divisão, é mais difícil ter poder de negociação com orçamentos reduzidos”, apontou.
Do Académico saíram Ricardinho, Mancuso, Neysinho, Gilberto, Renato e Bruno Pereira. Em risco de sair está também Mário Freitas.
O presidente do clube já entregou o plano de actividades de 2010/11 à Câmara Municipal de Mogadouro e aguarda agora uma resposta por parte do município para saber com o que pode contar, em termos financeiros.
Actualmente o Académico tem um passivo de cerca de 50 mil euros, dívidas que têm sido suportadas pela direcção que, ao longo destes anos, tem avançado, independentemente dos apoios chegarem ou não, acreditando nas mais-valias para toda a região de ter um clube na primeira divisão.
“Ter o Académico de Mogadouro na 1ª Divisão é uma mais-valia porque, de 15 em 15 dias, gera todo um movimento no comércio local, hotelaria, restauração. É gente que vem de todo o país, são as televisões, os clubes”, apontou.
O presidente não se queixa da falta de apoio, mas aponta a necessidade de maior investimento. É que, caso os apoios não sejam suficientes, o Académico terá de recorrer a jogadores que queiram apenas uma oportunidade para integrar a primeira divisão, a custos muito reduzidos.
A esperança de Maurício Trigo é mesmo o município de Mogadouro, a única entidade que o presidente considera que pode apoiar substancialmente o clube.
“Nos grandes centros urbanos, os clubes podem procurar muitos patrocínios. Aqui no interior é mais difícil mas compensa porque há mais-valias para o concelho que vê toda uma movimentação que não é habitual”, considerou.
O presidente lamenta que os 20 anos do clube, que se assinalam este ano, não possam ser comemorados com maior festividade, mas orgulha-se de “contrair a interioridade”, lutando, lado a lado com 800 equipas por 14 vagas na 1ª Divisão, e tendo no seu passado grandes jogos disputados contra equipas como o Benfica ou a Fundação Jorge Antunes.
“Já provamos o que tínhamos a provar, mas precisamos de mais apoio”, disse Maurício Trigo.
A reunião com a câmara deve acontecer em breve e, a partir daí, o Académico poderá definir melhor o caminho futuro.