Mara Rocha, de 26 anos, e João Rocha Palas, de 21 anos, dois jovens naturais de Mogadouro, estão há cerca de ano e meio em Santo Domingo, capital da República Dominicana, a estudar Medicina.
Após o sismo, os dois primos passaram a integrar uma das muitas equipas de voluntários que ajudam no socorro às vítimas do sismo que assolou o Haiti na última semana.
"Estávamos de férias em Portugal quando tudo aconteceu. Quando chegamos, reuniu-se um grupo de dez estudantes, a reitoria da universidade disponibilizou-nos batas cirúrgicas e fomos para Jamani, uma cidade fronteiriça. "Deparamo-nos com um cenário de horror e destruição", contou, ao JN, Mara Rocha.
Em Jamani, não havia praticamente médicos na região. Apenas o caos, desordem e centenas de feridos e mortos. Um cenário difícil de descrever pelos voluntários
"Havia crianças que choravam e chamavam pelos pais. Pessoas com os membros completamente esmagados. Encontramos pessoas a morrer de fome. Era um cenário de destruição horrível", explicou. No entanto, há relatos de que de alguns haitianos demonstram sinais de esperança num país pobre e arrasado por uma catástrofe natural, acreditando que um dia vão regressar às suas casas.
"A situação é caótica. São dezenas as ambulâncias que cruzam a fronteira várias vezes por dia", relata Mara Rocha.
Os dois estudantes garantem que a República Dominicana, ao contrário do que é dito, tem ajudado o seu vizinho Haiti. "Há muitos dominicanos a ajudar", asseguram. Contudo, João Rocha Palas garante que é preciso muito mais para fazer face a tanto sofrimento.
"Encontrei um cenário que mais parecia um filme de guerra. Fiquei impressionado. Apesar de tudo, foi uma experiência única do ponto de vista profissional", descreve o futuro médico.
Mara Rocha e o seu primo, que entretanto tiveram que regressar à República Dominicana para continuar as aulas, vão aproveitar o feriado local para regressar ao Haiti. Partem amanhã.
Fonte: Jornal de Notícias