A ministra da Saúde, Ana Jorge, anunciou hoje que serão atribuídas em Janeiro as primeiras bolsas para fixar jovens médicos em zonas do país com falta de especialistas clínicos.
Ana Jorge explicou, em Bragança, que esta medida consta do novo regulamento do internato médico, o período de formação dos médicos que se segue à conclusão da licenciatura. Segundo a ministra, no próximo ano já haverá internos a trabalhar nas unidades de saúde ao abrigo desta lei.
O valor da bolsa ainda vai ser estipulado e será atribuído àqueles que escolherem as chamadas "vagas preferenciais" para realizarem o período de formação ou internato, disse Ana Jorge.
A bolsa é atribuída pelo tempo de duração do internato (três ou quatro anos) com a condição de os médicos permanecerem no mesmo lugar durante, pelo menos, o tempo equivalente à duração do internato.
Ana Jorge acredita que com esta medida será possível conseguir colocar alguns internos em zonas carenciadas, nomeadamente em unidades de saúde do distrito de Bragança. "O primeiro sinal será dado já no próximo mês de Janeiro", afirmou.
A ministra esteve hoje em Bragança para inaugurar o segundo centro de saúde da cidade, um investimento de dois milhões de euros com capacidade para atender 25 mil utentes. A nova unidade irá abrir ao público faseadamente, à medida que se for concretizando a mudança dos vários serviços e profissionais. O distrito de Bragança é "exemplar" a nível dos cuidados primários de saúde, uma área em que Portugal também é reconhecido internacionalmente, nomeadamente pela Organização Mundial de Saúde (OMS), sublinhou hoje Ana Jorge.
A carência de médicos no país verifica-se também nesta área dos cuidados primários, segundo os responsáveis pela política de saúde, mas é mais evidente ao nível das especialidades. A ministra Ana Jorge acredita que estão em curso medidas para combater o problema, como as bolsas para médicos internos anunciadas para Janeiro e o aumento das vagas nas universidades.
Segundo Ana Jorge, estão a entrar cada vez mais alunos nos cursos de Medicina: as vagas são hoje 1600, quando em anos anteriores não iam além das 300. A governante prometeu ainda resolver "dentro de poucos dias" os atrasos no pagamento de incentivos contratualizados com os profissionais das Unidades de Saúde Familiar (USF).
Ana Jorge atribuiu o atraso nestes pagamentos, que deviam ter sido feitos até 31 de Março, a uma "alteração nos sistemas de informação, que está a ser ultrapassada".