Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
12 de Novembro de 2010

 

 

 

O interesse cultural da Linha do Tua é reduzido e não justifica a sua classificação enquanto património nacional, justifica o Igespar. O partido “Os Verdes” vai recorrer da decisão de arquivamento.

A Linha do Tua não tem interesse relevante dos pontos de vista arqueológico, arquitectónico, artístico, etnográfico, científico e técnico e industrial que justifiquem a sua classificação, conclui o parecer da Secção do Património Arquitectónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura, com data de 3 de Novembro, que serviu de base à decisão de arquivamento do processo, oficializado por um despacho publicado ontem em Diário da República.

A centenária linha férrea será parcialmente submersa, numa extensão total de 16 quilómetros, por uma barragem hidroeléctrica que a EDP pretende construir na foz do Tua. Mas desde que sejam cumpridas as medidas de minimização, os impactes a nível do património arqueológico “não são impeditivos da construção do empreendimento”, conclui o parecer no qual se baseou o Igespar (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico).

“As estações têm um valor arquitectónico reduzido” e, do ponto de vista artístico, a linha “não representa qualquer valor singular digno de referência”. Relativamente ao interesse etnográfico, o parecer declara que não justifica uma classificação, “podendo o património imaterial ser preservado em núcleo museológico específico”.

O interesse técnico e industrial da linha férrea também não tem “um valor singular que implique a sua preservação material”, dado que, apesar de ter sido uma obra “muito difícil, dado o declive extremamente elevado das encostas rochosas”, os métodos utilizados não foram “diferentes dos normais para a época”.

O parecer analisou também as mais-valias da reabertura da linha entre Tua e Cachão para fins turísticos e como meio de transporte público, concluindo que são demasiado elevados os problemas de segurança e os encargos para os resolver.

Subscritores do processo de classificação vão recorrer da decisão

Manuela Cunha, dirigente do Partido Ecologista "Os Verdes", adiantou hoje que vai recorrer por via judicial da decisão que inviabilizou a petição que foi entregue em Março ao Igespar e cujo processo foi formalmente aberto em Setembro.

"Vamos recorrer porque consideramos que não foram respeitados determinados procedimentos previstos na lei", nomeadamente a audição dos interessados antes desta decisão, explicou ao PÚBLICO. 

O partido também ficou insatisfeito com o teor do parecer que, diz, revela "um conjunto de anomalias". Manuela Cunha estranhou que a decisão do arquivamento tenha sido tomada de forma tão célere e que a abertura do processo de classificação tenha demorado tanto tempo. Segundo a dirigente, "o parecer do Conselho Consultivo foi proferido no dia 3 de Novembro e o despacho do Director do Igespar foi imediatamente enviado, no dia 4, para Diário da República e publicado no dia 10, enquanto, aquando do processo de abertura da classificação, foram precisos perto de três meses e uma ameaça de recurso em justiça para que o mesmo fosse enviado para publicação em Diário da República".

O Partido Ecologista “Os Verdes” considera que é "legítimo colocar interrogações políticas, nomeadamente o facto de um dos dois relatores do parecer do Conselho Consultivo de Cultura ser um elemento que integra a Comissão Nacional Portuguesa das Grandes Barragens".

Além disso, Manuela Cunha estranha que no parecer não haja uma única referência ao parecer técnico que sustentou a abertura do procedimento e que não terem sido ouvidos previamente os interessados (subscritores do requerimento de classificação), tal como exige a Lei de Bases do Património.

A dirigente adiantou ao PÚBLICO que o partido vai exigir respostas políticas em sede parlamentar, pretendendo confrontar a ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas.

 

Fonte: Público

publicado por Lacra às 16:09
20 de Agosto de 2010

Um “cruzeiro” ferroviário pela Linha do Tua com os turistas a percorrer de comboio toda a região e a parar nos vários locais para visitas ao património histórico, natural, cultural e gastronómico, vindos do Douro Vinhateiro até à Terra Quente transmontana, subindo à Terra Fria e terminando na vizinha Espanha, na Puebla de Sanábria – é este o “sonho” de Daniel Conde. O jovem, ligado ao Movimento Cívico pela Linha do Tua, apresentou este projecto ao concurso realizado pela Associação Acredita Portugal, a par com mais de 700 outras iniciativas, e conseguiu chegar à final, arrecadando o terceiro prémio a nível nacional.

O objectivo é aproveitar a Linha do Tua para dinamizar o turismo naquela zona e em toda a região, prevendo um possível reaproveitamento da linha até Bragança, com ligação à Puebla de Sanábria, na vizinha Espanha, capitalizando tudo o que existe a nível de recursos turísticos para os aglomerar num só “produto” regional. A possibilidade da construção da barragem de Foz Tua, que, a avançar, deixará submersa parte da linha ferroviária, não é entrave ao projecto, como explicou Daniel Conde.

“O intuito é implementar este projecto, desde já, entre o Tua e Mirandela, a pensar numa futura reabertura de toda a Linha do Tua”, apontou, mas, “se houver barragem, o projecto pode continuar a implementar-se, embora perdendo potencialidade”.

No entender do jovem, a possível submersão de parte da linha compromete o projecto turístico mas não o deita por terra. Claramente contra a construção do empreendimento, Daniel Conde considera que, mais importante, é partir já para o terreno, congregar esforços e aproveitar as oportunidades, tirando partido da proximidade com o Alto Douro Vinhateiro, património da Unesco e terceiro destino turístico de Portugal.

“É preciso avançar e sair da letargia, mostrando que há forças na região e capitalizando as oportunidades existentes. As soluções para a região não caem do céu, não se pode esperar mais”, atirou.

Vencer o terceiro prémio de um concurso nacional que visa promover o empreendedorismo é motivo que leva Daniel Conde a acreditar, cada vez mais, no futuro da região a nível turístico. A título de exemplo, o jovem lembra projectos deste género, já implementados na Europa, com bastante sucesso, como acontece na vizinha Espanha com o Transcantábrico.

Numa primeira fase, ainda sem todos os estudos concluídos, o projecto turístico ferroviário prevê um investimento na ordem dos 350 mil euros, com previsões de lucro logo no primeiro ano e tendo o comboio a operar, no máximo, oito meses do ano. Para a implementação no terreno, Daniel Conde vai contar com a ajuda do prémio alcançado que prevê uma compensação monetária na ordem dos cinco mil euros, a par com 13 mil euros em serviços, publicidade online, serviços de gestão de relação com os media e serviços jurídicos. A par disso, o jovem empreendedor partiu já para o terreno para tentar estabelecer parcerias com outras entidades, como a CP para, por exemplo, trazer para Mirandela o comboio turístico do Corgo que, actualmente, se encontra parado na estação da Régua, sem aproveitamento e a ser alvo de actos de vandalismo.

 

Espanha responde positivamente

Recentemente, o Movimento Cívico pela Linha do Tua enviou um conjunto de propostas às câmaras do Vale do Tua, aos municípios de Bragança, Macedo de Cavaleiros e aos vizinhos espanhóis de Puebla de Sanabria e de Pedrabla de la Padreria, para a reabertura da linha.

Até ao momento, os únicos que terão respondido positivamente foram os municípios espanhóis, manifestando interesse numa possível ligação a Portugal pelo Nordeste Transmontano.

Daniel Conde revelou, no entanto, que o município de Macedo de Cavaleiros revelou, também, disponibilidade para reunir e debater algumas das propostas. Entre as iniciativas apresentadas, está uma que prevê a reabertura da linha entre Mirandela e Vale da Porca, com ligação até à Praia do Azibo por uma via com apenas 60 centímetros de largura.

Para concretizar o projecto, o jovem diz que há a possibilidade das autarquias de Macedo de Cavaleiros e de Mirandela se candidatarem a um programa do QREN, vocacionado para a ferrovia e dotado com cem milhões de euros.

“É um programa diferente do usual porque não tem prazo limite para a apresentação de candidaturas e é especificamente para a região Norte. Até agora só o Metro do Porto tem aproveitado, em parte, a dotação oferecida por este programa”, contou.

A ligação à praia do Azibo é vista como “essencial” para o desenvolvimento turístico daquela área, pois possibilitaria a mobilidade das pessoas.

Segundo Daniel Conde, para avançar com esta iniciativa, a câmara de Macedo de Cavaleiros e a de Mirandela teriam que investir cerca de três milhões de euros, um número apurado com base em estudos do especialista Manuel Tão.

“Há obras camarárias que têm valores bem mais elevados”, apontou, sublinhando que este seria “um investimento corajoso” com “mais-valias” para a região.

A futura ligação a Bragança e a Espanha, tantas vezes já reivindicada, custaria algo como 150 milhões de euros, “dois estádios e meio de Aveiro”, mas, até ao momento, apenas os espanhóis terão mostrado interesse nas propostas do Movimento Cívico pela Linha do Tua.

Daniel Conde considera que isto prova a “letargia de muitos autarcas”: “há dinheiro, não há é vontade política, também por culpa de alguns autarcas da região que estão em letargia total”.

 

Foto com Direitos Reservados

13 de Agosto de 2010

A construção da barragem de Foz Tua pode vir a traduzir-se na desclassificação do Alto Douro Vinhateiro como Património Mundial da Humanidade pela Unesco. Segundo o Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV), os documentos e mapas agora disponibilizados pela EDP demonstram que o empreendimento hidroeléctrico se vai situar em pleno património classificado, compreendendo a construção de três edifícios da central hidroeléctrica com 75 metros de comprimento e 25 metros de altura, o equivalente a um prédio com seis andares.

Os impactos visuais serão “enormes e visíveis de inúmeros pontos nobres da área classificada, desde as Quintas do Douro, Linha Ferroviária e do próprio rio Douro”, acusou Manuela Cunha, dirigente do PEV. Acresce ainda que, segundo afirmou, para que o projecto esteja em conformidade com as imposições da Declaração de Impacto Ambiental (DIA), é necessário que a UNESCO dê o seu parecer, bem como a Direcção Regional de Cultura do Norte, instituições que ainda não terão sido ouvidas no âmbito deste processo.

“Não existe, nem no estudo, nem no relatório técnico, nenhum documento que traduza um aparecer favorável da UNESCO, organismo ao qual o PEV já apresentou uma queixa sobre o que se está a passar no Tua”, acusou.

O PEV critica ainda os impactos ambientais que, no seu entender, não vão ser minimizados pelas medidas compensatórias porque a EDP tem procurado “apenas as soluções mais baratas”.

“Duvidamos que os impactos possam ser minimizados. As medidas escolhidas são as mais baratas e algumas chegam a ser contestadas por entidades como o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade”, apontou.

A construir-se, a barragem de Foz Tua vai deixar submersos 16 quilómetros de linha ferroviária, pelo que uma das exigências da Declaração de Impacto Ambiental visa a apresentação de propostas que garantam a equivalência funcional da Linha do Tua. Acontece que, no entender do PEV, a EDP apresentou propostas “surreais” e sem exequibilidade. 

“As propostas que vão desde funiculares a elevadores agarrados à barragem, ou o transporte por comboio/autocarro/barco e novamente comboio. Há dinheiro para tudo, menos para um canal alternativo ferroviário”, contestou.

A dirigente dos “Verdes” lamenta, ainda, que a EDP disponha de pouco mais de um milhão de euros para a criação de emprego e que não consiga apontar mais-valias da barragem para a região. “Associado à barragem surge, apenas, a criação de um espaço de referência ibérica do turismo fluvial que pode até vir a suplantar o Douro. Não sabemos como é que isso será possível...”, observou, apontando para as implicações que a futura barragem poderá ter no caudal do rio Douro, um problema já levantado pelo Instituto Portuário, segundo afirmou.

A Declaração de Impacto Ambiental (DIA) foi emitida no ano passado e deu parecer favorável à construção da barragem de Foz Tua. Depois da EDP ter entregue à Agência Portuguesa do Ambiente toda a documentação exigida, foi elaborado o Relatório de Conformidade que aponta para 12 condicionantes e 50 estudos e medidas, para além das monitorizações e medidas compensatórias.

Ainda assim, o PEV considera que faltam documentos e apontam, ainda, que estas exigências são “a prova” que o parecer favorável dado à construção do empreendimento se tratou de uma “decisão politica” não fundamentada devidamente.

“A DIA favorável foi emitida sem que os impactos do projecto fossem devidamente estudados”, acusam.

O PEV já enviou o seu parecer sobre os estudos e propostas apresentados pela EDP no quadro da consulta pública que está em curso.

 

03 de Abril de 2010

Projecto de mobilidade inviabiliza substituir a linha que vai ficar submersa pela barragem.

A EDP não apresentará qualquer proposta de alternativa ferroviária ao troço da linha do Tua que ficará inundado com a construção da barragem de Foz--Tua. As alternativas vão passar pelos transportes fluviais (para o turismo) e rodoviários (mobilidade quotidiana).

Em causa está o estudo de alternativas de transporte às populações servidas pela linha do Tua, imposto pela Declaração de Impacto Ambiental, emitida há quase um ano pelo Ministério do Ambiente que aprova a construção da barragem "fortemente condicionada" com a cota de nível de pleno armazenamento mais baixa (170 metros), das soluções alternativas em avaliação.

Com essa decisão, a linha do Tua será inundada em cerca de 16 quilómetros dos cerca de 54 da sua extensão, ficando submersos cinco apeadeiros e desactiva automaticamente os primeiros quatro quilómetros da ferrovia, entre o Tua e Tralhariz, para os trabalhos do projecto.

Uma das imposições é o estudo das alternativas de transporte, incluindo a alternativa ferroviária, que a EDP afastou de imediato pela relação custo/benefício. "No total, orçaria entre os 130 e os 140 milhões de euros, valor muito desproporcionado face aos benefícios expectáveis", lê-se no documento, em consulta até ao dia 19.

Para chegar a esses valores, o Gabinete de Estudos e Geotecnia teve em conta que "a extensão necessária da linha para vencer o desnível seria de cerca de oito quilómetros e que, mesmo essa solução, só seria possível à custa de um atravessamento para a margem direita do rio e um regresso à margem esquerda, por forma a findar o traçado na actual estação do Tua, o que teria impactos ao nível paisagístico e ambiental". Sendo assim, a EDP apresenta duas propostas paralelas, cada uma adaptada a cada segmento de procura, embora articuladas.

A solução turística combina a alternativa ferroviária entre Mirandela e Brunheda, com a alternativa fluvial entre Brunheda e a barragem e a alternativa rodoviária entre a barragem e o Tua.

Requalificação

O restabelecimento da ligação ferroviária entre Mirandela e Brunheda implica uma requalificação numa extensão de 33 quilómetros, que permitiria a extensão do serviço regular de passageiros e potencia a organização de serviços ocasionais turísticos, bem como recupera parte do património ferroviário da linha do Tua. No entanto, o investimento, estimado em cerca de 15 milhões de euros, não deve ser da responsabilidade nem encargo da EDP, mas da REFER. Ainda no segmento turístico, é proposta a alternativa rodoviária entre a barragem e o Tua, através de um minibus. Outra proposta passa pela transformação da linha entre a barragem e o Tua em via pedonal. Essa solução envolve um envelope financeiro, da responsabilidade da EDP, entre 3,5 e cinco milhões.

Na solução para a mobilidade quotidiana, a EDP propõe a combinação do serviço de transporte ferroviário entre Mirandela e Brunheda, com um serviço assente na rodovia e na utilização de autocarros entre Brunheda e o Tua. Esta hipótese teria um encargo para a EDP de 600 mil euros, mais os 15 milhões da requalificação da linha, da responsabilidade da REFER, da qual não foi possível obter qualquer reacção às propostas.

Uma das contrapartidas da EDP para os concelhos que vão ser abrangidos pela construção da barragem do Tua é a sua participação, através de um fundo financeiro, no nascimento de uma Agência Regional de Desenvolvimento.

 

Fonte: JN

publicado por Lacra às 12:16

A centenária estação de Mirandela da Linha do Tua votada ao abandono há mais de duas décadas poderá encher-se novamente de vida transformando-se num centro de artes, cultura, lazer e de memória do caminho de ferro.

A Câmara local tem pronto o projeto da autoria do arquiteto Belém Lima, e o modelo de financiamento dos onze milhões de euros necessários para dar novo uso à estação de comboio com uma dinâmica cultural que passa por um centro de artes, escola de música e espaço museológico.

"Como temos uma escola de música e tradição nas artes em Mirandela, porque não transformar aquele edifício numa escola das artes as condições que o Ministério da Educação exige", disse hoje à Lusa o autarca local, José Silvano.

De acordo com Silvano, já foi constituída uma parceria público privada entre a autarquia e várias empresas para a execução do projeto que aguarda apenas luz verde da proprietária do edifício, a Refer.

A estação que deu nome à alheira de Mirandela esteve para ser arrasada e no seu lugar crescer um loteamento de prédios com cinco andares que não vingou, mas ditou o início de um processo de abandono e degradação.

O edifício é dos mais imponentes e emblemáticos do património ferroviário da linha do Tua, no Nordeste Transmontano, e embora não seja classificado tem um valor simbólico.

A ele se deve o facto de a alheira de Mirandela ter sobressaído entre os enchidos congéneres que há séculos se produzem em toda a região e que mesmo chegando de outros pontos eram despachadas naquela estação e chegavam ao litoral com o carimbo "Mirandela".

 "É uma tristeza saber que um edifício do Estado, neste caso da Refer, esteja nesse estado de abandono", refere o autarca de Mirandela, realçando que "o abandono nesta estação é mais evidente porque ainda passa ali o comboio, tem uma dimensão diferente e está numa cidade".

O ar fantasmagórico dos vidros partidos e madeiras consumidas pelo tempo destoa da arrumação da "cidade jardim".

A degradação, segundo o autarca social-democrata, começou antes de a autarquia ter decidido criar, há 20 anos, o Metropolitano Ligeiro de Superfície de Mirandela que acabou por salvar o que restou da linha do Tua e passou a fazer o transporte de passageiros ao serviço da CP.

A antiga estação foi substituída por uma outra, mesmo ali ao lado, das novas que o metro batizou com os nomes dos pais da Europa.

Foi a União Europeia que garantiu o financiamento para o novo transporte.

Recuperar o velho edifício era incomportável para o município que naquela ocasião aprovou um acordo em que a CP vendia a estação e terrenos adjacentes para um empreiteiro local construir um loteamento de prédios com r/c e cinco andares.

Em troca, o município recebia as três carruagens do metro de Mirandela, uma espécie de permuta avaliada em um milhão de euros.

Quando chegou à presidência da autarquia, há 14 anos, José Silvano diz ter reprovado o projeto do antecessor José Gama e desde então a estação está ao abandono e o Metro com um passivo crescente de ano para ano devido às amortizações da dívida das automotoras.

O autarca acredita que o novo projeto, que contempla a ampliação do atual edifício, irá resolver todos estes problemas e que a REFER aceitará a proposta pelo valor de 750 mil euros, ficando as partes quites.

Questionada pela Lusa sobre a nova proposta da autarquia, a REFER respondeu por escrito que "aguarda enquadramento por parte da direção de Património" da empresa.

 

Fonte: Lusa

publicado por Lacra às 12:12
25 de Janeiro de 2010

O administrador da EDP Manso Neto disse hoje que a empresa já entregou o estudo das alternativas à linha do Tua que ficará submersa pela barragem de Foz Tua, mas sem revelar as soluções propostas.

"Foi entregue a quem de direito e que decidirá em conformidade e não seria delicado da nossa parte estar a divulgá-lo", disse hoje em Bragança, à margem da cerimónia de entrega de apoios financeiros a instituições de solidariedade, no âmbito da iniciativa "EDP Solidária Barragens 2009".

De acordo com Manso Neto, membro do conselho de administração da EDP, o estudo sobre as alternativas de transporte na zona afectada pela barragem de Foz Tua, já foi entregue à comissão de avaliação da Declaração de Impacto Ambiental (DIA.

 

Fonte: LUSA

publicado por Lacra às 22:01
29 de Dezembro de 2009

A direcção do Bloco de Esquerda de Bragança acusa a EDP de mentir e de ir contra a Declaração de Impacte Ambiental da barragem do Tua. É que a declaração impõe à EDP que encontre uma alternativa de mobilidade, incluindo estudo de viabilidade de construção de um novo troço de linha de ferrovia, caso avance com a construção da futura barragem.

A EDP já anunciou que não vai apresentar nenhuma proposta, prevendo-se assim que fiquem submersos 16 quilómetros de linha.

Depois da reacção dos autarcas, a direcção do BE de Bragança emitiu hoje um comunicado opondo-se "veementemente" contra o encerramento compulsivo da Linha:


"O Bloco de Esquerda vem desta forma opor-se de forma veemente a este encerramento compulsivo e alertar as populações para os inevitáveis prejuízos para o país, a região e os seus habitantes

A Linha do Tua garante um inegável serviço público de transporte no acesso ao Porto (via linha do Douro) e a Mirandela, podendo tornar-se uma via estruturante e fundamental para a região se for garantida a reabertura da Linha do Douro até Barca de Alva, bem como uma futura ligação a Sanábria em Espanha e tornar-se um importante pólo de dinamização turística se for modernizada a sua estrutura ferroviária e dimensionada para esta vertente. Todos conhecem a importância de bons serviços públicos de transportes para economizar custos energéticos e a importância fundamental e estratégica do transporte ferroviário.

A construção da barragem pressupõe ainda a destruição de um património paisagístico ímpar integrado na área classificada pela Unesco como Património da Humanidade, assim como uma via-férrea a todos os títulos notável da engenharia portuguesa que integra, junto de Foz-Tua, a primeira ponte ferroviária construída por Eiffel no nosso país.

A inundação do vale do Tua acarreta também a submersão das terras que são o sustento de muitos agricultores e não será a troco de qualquer indemnização que se apagará em definitivo o prejuízo agrícola e ambiental de todo o vale para as gerações presentes e futuras.

A população de Trás-os-Montes e Alto Douro sabe que não retirou qualquer proveito das barragens construídas no Douro e continuam a ter um abastecimento eléctrico deficiente, com contínuas interrupções e com um custo eléctrico do Kw bem superior às populações vizinhas de Espanha.

A estrutura do Bloco de Esquerda de Trás-os-Montes e Alto Douro apela a toda a população e especificamente à responsabilidade dos autarcas dos concelhos afectados pela barragem para que unam esforços e não deixem destruir com ligeireza uma herança impar que a natureza e o trabalho dos nossos antepassados nos deixou, a troco de um pseudo-progresso que só contribui, sobremaneira, para aumentar os lucros da EDP e dos seus gestores em detrimento dos altos interesses do país e da região transmontana".

27 de Outubro de 2009

As máquinas não param, dia e noite, para cumprir os prazos estabelecidos. Camiões atravessam, um sem número de vezes, as sinuosas estradas onde decorrem os trabalhos da barragem do Baixo Sabor. Actualmente encontram-se a trabalhar no local cerca de 600 pessoas que desenvolvem trabalhos de desvio do leito do rio. Ao mesmo tempo desenvolvem-se trabalhos para a construção de dois túneis que vão captar a água até à central onde serão instalados os equipamentos de produção de energia. Em Novembro o túnel de desvio deverá estar concluído e no próximo Verão o rio Sabor já não passará pelo seu leito natural. Nessa altura devem estar em construção os blocos de betão da barragem e o paredão, com 120 metros de altura.

No pico de obra, em 2011, estima-se que estejam no local quase duas mil pessoas a trabalhar. No final das obras, ficará tudo submerso, numa imensidão de água que se vai estender até à ponte de Remondes, em Mogadouro.

O investimento da EDP é de 120 milhões de euros ao qual se acrescentam ainda o reforço da potência da barragem de Picote, em Miranda do Douro, e da barragem de Bemposta, em Mogadouro, bem como a de Foz Tua, em Mirandela. No total são mais de 3500 postos de trabalho que vão ser criados na região, atingindo mais de 300 empresas.

António Mexia, presidente da empresa, considera que esta fase de construções de empreendimentos hidroeléctricos só teve paralelo nos anos 50, constituindo assim uma “oportunidade única”. Por isso, Mexia quer com o seu grupo encontrar, nesta nova fase, uma forma de “compensar” as populações por períodos superiores aos da construção da barragem. Uma “nova visão” em que Mexia quer que a EDP deixe de ser “mecenas” para passar a “parceira”.

“Somos a empresa que mais megawatts está a desenvolver em toda a Europa e queremos fazê-lo de forma integradora”, afirmou num evento, promovido pela EDP, em Torre de Moncorvo, ontem, e no qual participaram autarcas, empresários e muitos outros convidados.

António Mexia quer “contribuir para que as pessoas tenham mais-valias das barragens”, mas a população local gostava era de ver baixar o preço da electricidade. O presidente da EDP recusa a ideia de haver  diferenças tarifárias no país até porque defende “as mesmas condições para todos”, mas adianta que a empresa vai apostar na “pedagogia” e no reenquadramento tarifário bem como nas medidas de eficiência energética. 

Ainda assim, segundo Mexia, toda esta vaga de construções de empreendimentos hidroeléctricos irá permitir, no futuro, “estabilizar os preços” já que haverá menos dependência externa.

A EDP destacou ainda o investimento social que tem vindo a fazer na região, como seja através do programa “EDP Solidária Barragens”, um programa de apoio a projectos de solidariedade social promovido por instituições da região de Trás-os-Montes e Alto Douro, na zona de influência das barragens de Bemposta, Picote e das futuras Baixo Sabor e Foz Tua, ou do “Energy Bus”, um autocarro expositivo que tem vindo a percorrer aqueles concelhos.

No evento promovido pela EDP foram ainda assinados três protocolos diferentes com três instituições, um deles com a Fundação Calouste Gulbenkian e a Escola de Música do Conservatório Nacional para a expansão do modelo de Orquestras Juvenis Geração às regiões da área de influência das novas barragens.

A EDP está ainda a desenvolver os estudos para a alternativa de mobilidade à Linha do Tua que, com a construção da barragem de Foz Tua, ficará com 16 quilómetros submersos.

A empresa está também a desenvolver estudos com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para avaliar o impacto da barragem no clima do vale do Tua e na agricultura.

Futuramente deverá também ser criada uma Agência para o Desenvolvimento que tenha capacidade de criar dinâmicas e atrair investimento para a região.

Carla A. Gonçalves

 

24 de Agosto de 2009

"Só a vitória do PSD nas legislativas pode salvar a Linha do Tua".  É a convicção manifestada pelo presidente da empresa Metro Ligeiro de Mirandela (MLM), um ano após o último acidente naquela via-férrea.

Recorde-se que, no dia 22 de Agosto de 2008, um novo descarrilamento naquela linha provocou um morto (a quarta vítima em ano e meio) e levou o Instituto de Mobilidade e Transportes Terrestres a encerrar o troço entre o Tua e o Cachão, situação que ainda se mantém. José Silvano acredita que a decisão está tomada, mas ainda não foi anunciada "devido à proximidade das legislativas", afirma. Por isso mesmo, A decisão sobre o futuro da linha do Tua transitará para o novo Governo, a quem caberá decidir se é viável manter o último troço de ferrovia transmontana, perante as condicionantes impostas pela barragem de Foz Tua.

Para o também presidente do município de Mirandela, uma reviravolta no processo só pode acontecer com uma mudança política.

"Se vencer o PSD, nada me garante que a posição não venha a ser a mesma, mas como o discurso dos seus líderes é contra os grandes investimentos públicos, pode ser a réstea de esperança para a sobrevivência da linha", refere.

O autarca social-democrata revela que não existe qualquer desenvolvimento sobre o estudo de uma linha ferroviária alternativa à actual, sugerida, em Maio, pelo Ministério do Ambiente, quando emitiu uma Declaração de Impacto Ambiental favorável, mas condicionada à cota mínima de 170 metros, à construção da barragem de Foz Tua. Com a cota aprovada, o enchimento da albufeira irá inundar 16 dos cerca de 60 quilómetros da linha do Tua.

O Metro faz o transporte na linha do Tua, ao serviço da CP, recebendo, anualmente, uma compensação de 124, 500 euros, que cobre apenas cerca metade dos custos operacionais.

Há um ano que a circulação só é possível em cerca de 14 quilómetros, entre Mirandela e Cachão, com o resto do percurso a ser assegurado por táxis. Os prejuízos acumulam-se, o que leva José Silvano a referir que o serviço que está a ser prestado "obriga" a manter nove funcionários e três carruagens, que "não se justificam com a linha encerrada", acrescenta o autarca.

Entretanto, para assinalar um ano após o acidente, a COAGRET (Coordenadora de Afectados Pelas Grandes Barragens e Transvases) organiza, hoje, uma marcha rumo à estação de Brunheda e romagem simbólica ao local do acidente onde será colocada uma coroa de flores.

 

Fonte: Jornal de Notícias

 

17 de Agosto de 2009

 Por sugestão de um leitor, deixo aqui um vídeo sobre o tempo em que a linha do Tua funcionava até Bragança.

 

 

Hoje, Bragança, é uma das únicas capitais de distrito da Europa que não tem qualquer ligação ferroviária. É, ao mesmo tempo, a única capital de distrito do país sem um quilómetro de auto-estrada.

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