Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
14 de Outubro de 2010

João Castro, (foto em baixo), e Francisco Lopes, (foto em cima) foram chefes de estação em Bragança, numa altura em que os comboios ainda faziam parte do quotidiano da região. Num olhar voltado para o passado, estes dois ferroviários evocam memórias de uma linha de caminho de ferro que há muito parecia ter o seu destino traçado

 

Não lhes coube a eles a missão de fechar as portas da estação de Bragança pela última vez, mas ambos viveram esses tempos intensamente. Um deles, João Castro, hoje com 93 anos, foi mesmo um dos maiores contestatários contra o encerramento do troço entre Bragança e Mirandela, tendo protagonizado muitas lutas e fazendo chegar, ao Governo de então, cartas que davam conta do descontentamento geral da população, e dos ferroviários em particular.

Já Francisco Lopes tinha, na altura, assumido o cargo de inspector, em Mirandela, trabalho de grande responsabilidade que o fez calar para si o descontentamento e aceitar aquela que era já uma decisão tomada.

Passados  quase 20 anos do encerramento da Linha em Bragança, é com tristeza e “muitas saudades” que estes dois ferroviários olham para trás. Ambos fizeram carreira como ferroviários. Começaram por trabalhar no caminho-de-ferro como “praticantes” e foram subindo na carreira até chegarem a chefes de estação. Francisco Lopes, mais novo que João Castro uns bons anos, alcançou mesmo o posto de inspector, o cargo mais respeitado de então. Diz que o amor pelos comboios já nasceu consigo. O seu pai era chefe de estação em Macedo de Cavaleiros e ele viveu sempre “em cima dos carris”.

Foi como factor que se sentiu mais realizado. Gostava do movimento, da venda de bilhetes, do despacho de mercadorias, da contabilidade e de toda a interacção que o comboio tinha com a cidade.

 Não foi assim há tanto tempo que, não havendo as facilidades de hoje em dia, os bancos despachavam por comboio a sua documentação, recorda. Da estação partiam comboios com três carruagens lotadas de passageiros que em Mirandela tinham de ser reforçadas. E quando partiam comboios especiais com tropa, o povo juntava-se pelas estações fora a despedir-se.

Hoje, Francisco diz sentir muita mágoa quando vê tudo abandonado e a cair aos pedaços. Bragança, como região, perdeu gente, perdeu movimento e todo o esforço que se fez, no passado, para tentar desenvolver esta periférica terra parece ter sido em vão. Terá faltado o investimento e a vontade política, pelo menos assim o entendem estes dois ferroviários.

“O comboio era muito lento, tão lento que a 30 ou 40 km/h era perigoso circular na linha! Deixaram deteriorar de tal maneira a via que era impossível atingir velocidades de 70 ou 80 km”, notou Francisco Lopes.

Este desinvestimento não era, no entanto, recente. João Castro recorda que quando se reformou, aos 67 anos, já o comboio “não era nada”. Apesar de haver passageiros em quantidade e muitas mercadorias para despachar, as coisas não funcionavam da melhor forma. Com o tempo, algumas estações passaram a entrar no chamado “regime de eclipse”, ou seja, fechavam e deixavam as estações colaterais ligadas. Nas passagens de nível, a partir de certa hora, deixava de haver guarda. Isto significava que o comboio tinha de parar para abrir a passagem de nível e depois tinha de voltar alguém para fechar a mesma passagem.

“Isto implicava grandes atrasos”, comentou Francisco Lopes, que recordou que, na altura, chegou a vir a Portugal uma brigada de peritos franceses para estudar os atrasos do comboio, uma vez que na Europa não havia demoras tão pronunciados.

Vasculhando jornais antigos da época, é curioso notar que já em 1980, o deputado Eleutério Alves, eleito para a Assembleia da República, afirmava numa intervenção, que a CP tinha diminuído as viagens de comboio entre o Tua e Bragança, verificando-se saturação em mercadorias nas estações do Tua. “Acumulavam-se produtos essenciais que não chegavam a horas ao destino”, dizia Eleutério Alves.

 

 

Em 1987, o então presidente do Conselho de Gerência da CP afirmava, numa entrevista ao Comércio do Porto, que a CP “não devia hesitar em propor ao Governo o encerramento das vias estreitas”, com algumas excepções no Norte Litoral. No mesmo ano, o Mensageiro de Bragança, acusava a CP de abandonar a Linha do Tua, colocando pouca mão-de-obra na sua manutenção. Na altura, segundo o jornal, para 134 quilómetros de linha havia 25 operários, três subchefes e dois chefes.

A importância da linha era sublinhada por todos os quadrantes da sociedade e fazia-se notar que “quando Bragança ficou isolada pela neve, o comboio andou sempre!”. Quando, em 1987, Mário Soares, Presidente da República, visita a região, o povo saiu a rua com cartazes a pedir a manutenção do comboio.

Não surtiram grande efeito as mobilizações feitas, pois, na década de 90, a CP começou a colocar autocarros de apoio às composições ainda em circulação.

O Mensageiro dá conta da revolta da população. Na aldeia de Fermentãos, por exemplo, chegaram a tentar retirar os pneus dos autocarros e só a intervenção da GNR parou o protesto.

 

 

Este terá sido o princípio de um fim que há muito estaria anunciado. Francisco Lopes, confessa que, anos antes, quando desempenha funções de factor no Romeu e “ainda nem sonhava chegar a inspector”, teve oportunidade de ver um diagrama onde já estava previsto o encerramento da linha. Quando, por fim, a decisão foi tomada, já ele estava no cargo de inspector.

A data marcada seria o 31 de Dezembro de 1991. No entanto, um descarrilamento em Sortes precipitou o fim da linha. Uma raiz de giesta seca esteve na origem do acidente, do qual resultaram apenas feridos ligeiros.

“Nós dizíamos que havia três coisas que suportavam o peso de uma locomotiva: o corno de cabra, o diamante e a raiz de giesta seca. Ali foi a raiz da giesta seca. A oscilação que provocou foi o suficiente...”, recordou Francisco Lopes.

Como inspector, Francisco esteve no local e pode constatar a degradação a que a via tinha chegado: “os parafusos das traves de madeira podiam ser retirados com os dedos, como acontece hoje em dia”.

Notificada do acidente, a CP dá, então, ordens para recolher o material da via e suspender a circulação de comboios até ordem em contrário. Francisco já sabia que não haveria ordem em contrário.

As populações locais não tiveram outro remédio que não fosse aceitar as carreiras de autocarros alternativos ao comboio, mas, antes de acederem, houve protestos e ameaças de cortes de estradas. Nos Cortiços, os populares chegaram a apreender quatro autocarros como forma de mostrar o seu descontentamento.

João Castro relembra esses tempos com amargura. “Eu contestei sim...e eles deram bem importância a isso!”. Já estava reformado, mas não queria que a sua terra perdesse aquele que continua a considerar como “o melhor meio de transporte”e, por isso, escreveu cartas ao Presidente da República, ao ministro dos transportes, aos deputados eleitos pela região...

“Eu fazia os ofícios e mostrava ao Guedes de Almeida para ver se estava tudo bem, mas que adiantava? O Duarte Lima foi um dos que recebeu cartas minhas, enquanto deputado. Nunca me respondeu. Uma vez encontrei-o junto à Torralta e perguntei-lhe, mas ele desculpou-se que tinha muito trabalho”, contou.


 

 

 

“Noite do roubo”

A grande machadada final que ficará sempre marcada na memória colectiva é a “fatídica noite do roubo dos carris”, em Outubro de 1992. Na noite de 13 para 14 de Outubro, a CP, autorizada pelo Governo, manda silenciar os telefones e as comunicações de rádio e faz transportar, por camiões, escoltados pela GNR e PSP, o que restava das carruagens e locomotivas que estavam na estação de Bragança. Houve insultos e protestos, mas de nada adiantou.

João Castro recorda bem esses momentos, pese embora não tivesse estado presente. “O Guedes de Almeida não quis ir chamar-me a casa e disse-me porquê. É que eu era homem de me deitar no meio da estrada para que os camiões não passassem e ele não quis aborrecer-me”.

Já Francisco Lopes tinha sido chamado a Lisboa para uma reunião. Não estava em Bragança, nem podia ele impedir a decisão, mas, durante vários anos, ouviu do povo acusações de todo o tipo.

“Eu ia ouvindo algumas piadas, mas esclarecia sempre as pessoas da minha intervenção no assunto. Sempre fui contra o encerramento, a 100 por cento, mas não estava nas minhas mãos impedir a decisão, porque se estivesse...”.

Decorridos quase vinte anos, as reivindicações pela abertura da Linha do Tua entre Bragança e Mirandela continuam a fazer capas de jornais e mobilizar centenas de pessoas. Hoje, caso houvesse uma decisão favorável, o investimento seria bem maior, implicaria, quiçá, um novo traçado e o prolongamento até Espanha, como terá previsto um projecto do Governo de Salazar.

No entanto, nem João Castro, com os seus 93 anos, muito menos Francisco Lopes, acreditam nessa possibilidade. A aposta no transporte rodoviário parece ter ganho para todas as outras e, hoje, são os autocarros que tomam o lugar da antiga estação de Bragança.

 

Fotos: Direitos Reservados

17 de Setembro de 2010

Este Sábado vai ser promovida uma vigília pela Linha do Tua, em Lisboa, no Largo Camões, entre as 18 e as 24 horas. As entidades promotoras desta iniciativa são: o Movimento de Cidadãos em Defesa da Linha do Tua; o Movimento Cívico pela Linha do Tua; A Associação de Amigos do Vale do Rio Tua e o Partido Ecologista “Os Verdes”. A Vigília pretende aproveitar a “Semana Europeia da Mobilidade” para reafirmar, perante o poder central, o direito das populações transmontanas à mobilidade e o importante contributo que esta via-férrea deu desde a sua inauguração há 123 anos atrás, para essa mesma mobilidade e para o desenvolvimento do Vale do Tua. Num momento em que, após uma longa luta, foi oficialmente reconhecido o valor patrimonial de excepção desta Linha, com a abertura do processo de classificação pelo IGESPAR, as quatro entidades que estão na origem da Vigília consideram que é mais que nunca importante que as populações do Vale do Tua, que os transmontanos, que todos os defensores da Linha do Tua, façam ouvir a sua voz em Lisboa, para fazer face à ameaça de submersão que continua a pesar, sobre esta via-férrea. Neste sentido, estes defensores da Linha do Tua estão a envidar esforços para que as entidades e cidadãos que têm defendido ou estão disponíveis para defender a Linha do Tua marquem presença em Lisboa, e para isso estão a organizar autocarros a partir do Distrito de Bragança.

29 de Julho de 2010

A EDP anunciou que vai abrir o concurso para a construção da barragem de Foz Tua. As propostas devem ser entregues até Outubro, sendo que a adjudicação do contrato e o arranque das obras está previsto já para o final deste ano.

A obra representa um investimento total de cerca de 300 milhões de euros e prevê-se que crie mil empregos directos e outros 4000 indirectos.

A barragem de Foz Tua vai ser construída no troço inferior do rio Tua e prevê-se que tenha uma produção bruta anual de 619 GWh. O empreendimento será constituído por uma barragem em betão, do tipo abobada, com uma central subterrânea em poço equipada com dois grupos reversíveis com uma potencia total de 263 MW, por um circuito hidráulico subterrâneo e por uma subestação compacta para ligação à rede de evacuação de energia.

No entanto, antes da adjudicação, terá de ser aprovado o Relatório de Conformidade Ambiental do Projecto de Execução, um documento que está, actualmente, em análise e onde a EDP se propõe a executar as medidas de minimização e compensação exigidas pela Declaração de Impacte Ambiental (DIA) emitida em Maio último.

Com a construção desta barragem prevê-se que a Linha do Tua fique inundada, o que tem provocado a contestação pela falta de alternativas que garantam a acessibilidade das populações locais.

Recentemente, em audiência na Assembleia da República, o ministro das Obras Públicas chegou a afirmar que ficaria mais “barato” dar um carro a cada utente da Linha do Tua do que manter a via em funcionamento, declarações que provocaram a contestação dos Verdes, do Movimento Cívico da Linha do Tua (MCLT) e do próprio presidente da câmara de Mirandela, que acredita nas potencialidades turísticas daquela via.

Também a recente proposta apresentada pela EDP para a criação de um parque natural do Sabor e Tua não mereceu grande receptividade por parte dos autarcas locais e foi também contestada pelos Verdes e pelo MCLT.

“Uma empresa que está obstinadamente apostada em destruir dois vales praticamente intocados, plenos de biodiversidade e valor paisagístico, vir propor a criação de parques naturais, é de um mau gosto demagógico inqualificável”, considera o MCLT.

No entender dos responsáveis pelo MCLT, se a EDP quiser compensar a região, pode começar por prevenir os desperdícios de caudal, baixar a tarifa da electricidade na região e contribuir com “os chorudos lucros e ordenados dourados” para a reabertura, modernização e prolongamento da Linha do Tua.

 

 

23 de Abril de 2010

Feito o estrago na economia dos EUA em duas bolhas financeiras consecutivas - a de 2000/02, das dot.com; a de 2007/09, do imobiliário e dos empréstimos predatórios sobre activos artificialmente elevados -, Greenspan está entediado e lança o desafio ao Nobel da Paz: o que é que faz mais estragos ao euro? A concretização plena do contágio ou a mãe-natureza? Quem acertar ganha a mesa.

Andava Alan Greenspan e ‘entourage' satisfeitos da vida com o avanço na aposta - a maquilhagem da banca dos EUA já borrou na Grécia - e eis que das entranhas da terra desperta um vulcão islandês de nome impronunciável. E atinge a aviação europeia, que aterra durante uma semana e acumula prejuízos de biliões de euros. Al Gore parece vencer a mesa. Mas Greenspan, que não gosta de perder nem a feijões, contra-ataca: ligue-se ao Presidente do FMI e apontem-se os canhões à segunda presa: Portugal. Ou sai da União Monetária ou o euro está condenado. O dólar é a moeda do mundo. Portugal está na bancarrota.

A quilómetros da jogatana, filma-se "Pare, escute, olhe", sobre a extinção da linha ferroviária do Tua, uma das três mais belas da Europa, ameaçada pela barragem que a inundará. Recuamos a 1987, e Mário Soares afirmava que a interioridade pesava em Trás-os-Montes como uma condenação, o comboio não era apenas a viabilidade económica, era o serviço público às populações isoladas, a história e o património. Frame me 2009, José Sócrates e António Mexia vão lançar a primeira pedra da barragem do Baixo Sabor e comentam: "o que falta aqui é cimento" (PM) - "Está quase", reage Mexia. E pessoas? Vem a barragem do Tua, dá-se uns tostões aos agricultores e ficam à lareira à espera da morte? "Querem matar os velhos mesmo à fé danada" - ira de uma transmontana que aproveita o metro de superfície enquanto o há. Aquele país não é para velhos, é para ninguém, é para a quota máxima. Ali, sim, há bancarrota.

De regresso à mesa de jogo, e como terminou o expediente, juntam-se Timothy Geithner (Secretário do Tesouro) e Lawrence Summers (Director do Conselho Económico), do grupo anti-regulação criado anos antes por Greenspan, hoje os homens fortes da administração Obama. Al Gore questiona: até onde estão dispostos a ir para ganhar a aposta? À boca pequena, Geithner diz que o euro valorizado não interessa a ninguém.

Alheios à aposta, os europeus fazem filas intermináveis nas estações de comboios, talvez não seja de ignorar a ferrovia, talvez o TGV seja um investimento público credível, o Sud Express sai de Lisboa cheio de turistas e não de emigrantes que fogem da crise. E em Trás-os-Montes, à beira Tua, o sr. Abílio, gestor "honorário" do apeadeiro da Ribeirinha diz para a câmara: "Vou morrer, mas não sei quando. Acredita?".

Acredito. Temos de redefinir o progresso. Destruímos uma identidade por uns quilowats de energia da barragem do Tua. Destruímos economias e moedas por uns quantos egos, que mudam mas não vão a lado nenhum. 
____

Marta Rebelo, Jurista

 

Fonte: Diário Económico

31 de Janeiro de 2010

A Linha do Tua é uma linha de caminho-de-ferro de via estreita, que liga a estação da Foz do Tua, inserida na Região do Douro Vinhateiro – Património da Humanidade (UNESCO – 2001), onde passa a Linha do Douro, à cidade e capital de distrito, Bragança. É uma obra-prima da engenharia portuguesa com 120 anos de História, cujo arrojo permitiu a passagem dos comboios pelos rochedos intransponíveis do vale do Tua e pelas serras do Nordeste Trasmontano. Movimenta todos os anos dezenas de milhares de turistas que aqui vêm de propósito para visitar o vale e viajar no comboio, em união com o turismo no Douro – com a reabertura da Linha do Douro à Espanha serão ainda mais – e milhares de outros passageiros, sobretudo locais, que não dispõem de outro meio de transporte para além do comboio, para as suas deslocações diárias – escola, centro de saúde, feiras.
Não obstante todo o valor que a Linha e o Vale do Tua representam a nível nacional e internacional, o Governo pretende impor, contra o parecer de vários organismos idóneos e contra o bom senso que a todos os governantes é exigido, com ilegalidades e uma celeridade imprecedentes, a construção de uma barragem na foz do Tua, cujas cotas projectadas irão submergir parte da Linha do Tua, deixando-a sem ligação à Linha do Douro, vital à sua sustentabilidade e manutenção como eixo principal de comunicação da região.

 

A Barragem do Tua significará o seguinte para a região Trasmontana:

•Destruição do último caminho-de-ferro do distrito de Bragança, o pior de todos em níveis de transportes públicos e mobilidade dos seus habitantes;


•Destruição de olivais e de vinha da Região Demarcada do Douro, directamente por submersão, e indirectamente por uma área mais vasta com o aumento dos níveis de humidade, calor e gases com efeito de estufa;


•Destruição das Caldas de Carlão e de São Lourenço;


•Criação nula de postos de trabalho. Enquanto durar a construção da barragem, esta será maioritariamente suportada por mão-de-obra que não é local mas sim trazida de fora por subempreiteiros, à semelhança de outras obras deste tipo. Concluída a obra, os postos de trabalho desaparecerão da região, sendo a conservação e gestão da barragem feita por uma equipa de técnicos que não são da zona, e a barragem será controlada a partir da Barragem de Bagaúste;


•Serão construídas mais linhas de alta tensão, com todos os problemas de saúde a si associadas;


•Constituirá mais um ponto de fuga de riqueza da região, uma vez que as empresas que vão usufruir da construção e exploração da barragem não são sedeadas em nenhum dos concelhos atravessados pelo Rio e pela Linha do Tua.

 

Subscrevemos com esta petição a implementação das seguintes medidas:

 

1.Melhoria do serviço na Linha do Tua, com mais circulações e melhores ligações com a Linha do Douro, horários ajustados às necessidades da população local, material circulante com melhores condições (que incluam mais espaço para bagagens, mais lugares sentados, e WC, pois são viagens que podem ir até 2 horas), e velocidade comercial superior, tornando-a mais competitiva;
2.Classificação da Linha do Tua como Monument

o Nacional, dadas as suas características de engenharia portuguesa únicas, e de envolvente Humana e Natural no Vale do Tua;


3.Reabertura da Linha do Tua entre Carvalhais e Bragança;


4.Construção de uma ligação ferroviária entre Bragança e a Puebla de Sanábria, para permitir a ligação às redes convencional e de alta velocidade espanholas;


5.Regresso do material histórico ferroviário relevante à região, nomeadamente a torre de água de Bragança, lanternas e relógios das estações, e reabertura rápida e em condições condignas do Museu Ferroviário de Bragança;


6.Impedimento definitivo da construção de barragens, ou qualquer estrutura de dimensão similar, na área do vale do rio Tua e na área classificada Património da Humanidade, que implique a destruição de qualquer troço da linha do Tua.

 

Assine e divulgue: http://www.petitiononline.com/tuaviva/petition.html

 

06 de Janeiro de 2010

O ministro das Obras Públicas vai ao Parlamento prestar esclarecimentos sobre a Linha do Tua. O requerimento apresentado na semana passada pelos Verdes foi ontem aprovado na comissão parlamentar de Obras Públicas, mas os deputados socialistas votaram contra. O Partido Ecologista chegou a acusar a EDP de arrogância por afirmar que não iria concretizar a alternativa ferroviária exigida na Declaração de Impacte Ambiental da barragem. Sobre este assunto, a deputada do PS Ana Paula Vitorino e ex-secretária de estado dos transportes, disse na comissão que “teria de ser encontrada uma nova solução de transportes para aquelas populações que, só em situação de impossibilidade, seria rodoviária”. Fonte: Brigantia
29 de Dezembro de 2009

 A EDP continua a não apresentar uma solução viável ao transporte de passageiros entre Brunheda e Mirandela quando barragem de Foz do Tua for construída.

O Município de Mirandela ainda não tem respostas em relação à hipótese da construção da barragem e sem alternativa em relação aos 16 quilómetros de linha ferroviária que vão ficar submersos, situados entre Brunheda e Mirandela.
O projecto que a EDP tem para apresentar ao governo, até Julho do próximo ano, só apresenta como alternativa, o transporte de autocarro ou táxi entre a Foz do Tua e a estação da Brunheda.
José Silvano, presidente da Câmara de Mirandela sempre considerou ser impossível encontrar uma alternativa para transportar passageiros nos quilómetros que irão ficar submersos.
Para o autarca, o melhor para a região não passa pela construção da barragem mas sim pela linha ferroviária. “O que eu disse na altura foi que, ou se estava a favor da barragem e contra a linha ou vice-versa, porque uma não é coincidente com a outra. Na minha opinião, continuo a dizer, o melhor é a linha. Continuarei a defender até ao fim que deve existir a linha em detrimento da barragem porque a linha pode ser um factor decisivo no futuro turístico da região, e a barragem para mim com a albufeira a chegar apenas a Brunheda não vai servir nada nem ninguém em termos turísticos”, acrescendo “esta posição é evidente que só se mantém até estar decidido politicamente se se vai fazer ou não a barragem, agora o Governo o decida se quer a barragem ou se quer a linha”. 
Não obstante, se o Governo decidir construir a barragem, a solução para realizar a trajectória entre Brunheda e Mirandela passará pelo metro.
José Silvano, como presidente da administração da Metro de Mirandela deixa o aviso, “a Sociedade Metro Ligeiro de Mirandela não vai ficar responsável pela exploração da linha”, alegando que a empresa não tem capacidade para suportar sozinha os custos que a manutenção acarreta.
José Silvano refere que “já que é a EDP, a CP, a REFER e o Governo quem tomam essa decisão então que sejam eles que criem uma empresa e que suportem os custos dessa ligação, porque a Câmara sai da Sociedade Metro Ligeiro de Mirandela nessas circunstâncias”.
População e entidades locais à espera de respostas de Governo, da EDP, da CP, REFER e Governo para resolver o problema de transporte, com a possibilidade cada vez mais certa da linha do Tua vir a ficar submersa em 16 quilómetros da sua extensão.


Fonte: RBA

publicado por Lacra às 16:05
19 de Novembro de 2009

 Os protagonistas do filme/documentário “Pare, escute e olhe” tiveram, pela primeira vez, a possibilidade de ver o resultado de mais de dois anos de filmagens obtidas pelo realizador Jorge Pelicano, entre Bragança e o Tua.

No passado sábado, centenas de pessoas marcaram presença nas duas sessões da película que mostra o abandono da linha do Tua, mas também quis chamar a atenção para o lado humano. Jorge Pelicano admite que se trata de um filme “parcial”, porque “acabei por ficar muito tocado com a solidão das pessoas e o abandono a que esta região tem sido votada nos últimos anos”, conta o reporter de imagem da SIC.

Fernanda vive numa estação abandonada. Abílio Ovilheiro, ex-ferroviário, vive numa estação activa, autêntico sabedor de notícias da região Pedro Couteiro, activista, um acérrimo defensor dos rios. Jorge Laginhas, escritor transmontano, conduz-nos às entranhas e beleza do vale. São apenas alguns dos vários protagonistas do filme.
Berta Cruz, utilizadora frequente do comboio, necessita do transporte para ir ao médico ou simplesmente comprar um litro de leite, gostou do filme e reitera a sua defesa da linha do Tua, porque “faz falta aos pobres”, disse.

João Batista também protagoniza, na película, uma acesa discussão sobre os benefícios da linha do Tua em detrimento da barragem do Tua. Depois de ver a sua prestação no filme, renova a sua tese: “a barragem não presta para nada só vai servir para nos tirar as nossas terras”, disse no final do filme com cerca de hora e meia.

No final das sessões, os protagonistas do filme não escondiam a satisfação de participarem activamente neste documentário, e reiteram a necessidade de reabrir a linha do Tua, que está parcialmente encerrada, entre o Cachão e o Tua, desde Agosto de 2008, altura em que um acidente causou uma morte e dezenas de feridos.

José Silvano, autarca de Mirandela e defensor da continuidade da linha do Tua, considera que o filme “é um bom instrumento” para defender esta causa, mas alerta para a necessidade de “ser prioritário conseguir que os próprios transmontanos sejam unidos na defesa deste património do vale do Tua”, explica.

Um mês depois da sua estreia, o filme/documentário “Pare, Escute e Olhe” rodou, em Mirandela. A película realizada que defende a preservação da linha do Tua já ganhou seis prémios em dois festivais de cinema e vai passar a estar em diversas salas de cinema, a partir de Janeiro do próximo ano.

 

O filme

Tendo  a  linha  do  Tua  como  fio  condutor, entre  Bragança e o Tua, “Pare, Escute, Olhe” comporta  duas  realidades: troço  desactivado e  o  troço  activo. No primeiro,  o comboio  já  não  circula,  os  autocarros  que  vieram  substituir  os comboios  há muito que  desapareceram,  aldeias  sem  um  único transporte  público, isoladas. No  troço activo,  o  anúncio  da  construção  de  uma  barragem  no  Foz  Tua, encaixada  num património  natural  e  ambiental  único,  ameaça  o  que  resta  da centenária  linha.

O  documentário  começa  com um recuo  temporal  para  ajudar  a  perceber  as  causas do despovoamento  e  as  medidas  tomadas  em  torno  da  questão  da  via-férrea  do Tua: as  promessas  políticas,  o  encerramento  da  Linha  do  Tua  entre  Bragança  e Mirandela  (1991),  o  “roubo”  das automotoras  pela  calada  da  noite  (1992),  o  fim do  serviço  público  dos  transportes  alternativos.  

Quinze  anos  depois,  em  2007,  no  troço desactivado, as  aldeias  estão  isoladas  e despovoadas.  Durante  os  dois  anos  de  filmagens  (2007  a  2009),  no  troço  activo, sucessivos  acidentes,  o  anúncio  da  barragem,  a  incúria  dos  responsáveis  na manutenção  da  linha,  marcaram  os  acontecimentos.  

“Pare,  Escute,  Olhe”,  é  um  documentário “interventivo e assume  o  ângulo  do povo para  traçar  um  retrato  profundo  de  Trás-os-Montes”, conta o realizador.  Por  isso  a história,  não tem propriamente  um  personagem  principal,  mas  vários:  utilizadores assíduos do comboio  que  necessitam  do  transporte  para  ir  ao  médico  ou simplesmente comprar  um  litro  de  leite,  um  activista  defensor  da  linha,  um escritor transmontano  que  nos  conduz  às  entranhas  do  vale  do  Tua,  um  ex-ferroviário que vive  numa  estação  activa,  uma  autêntico  sabedor  das  notícias  da região.

A  acção  desenrola-se  em  Trás-os-Montes, Lisboa (centro  de  decisões  do  poder central) e Suíça, um bom exemplo de  rentabilização  e  aproveitamento  das  vias-férreas  para  o  turismo  e  serviço  às  populações.

 

Manifesto defende vale do Tua

Os diversos movimentos e organizações que sempre defenderam a manutenção da linha do Tua renovaram a sua confiança após o recente estudo da comissão europeia que arrasa o plano de barragens a implementar pelo Governo português. Para além disso, o filme/documentário “Pare escute e olhe” pode ser um instrumento importante nesta luta. Aliás, no passado sábado, aproveitando a exibição do filme, em Mirandela, os diversos movimentos começaram a recolher as primeiras assinaturas de um manifesto pela preservação do património do Vale do Tua, onde é denunciado o abandono pelo poder central do Nordeste Transmontano, bem como as consequências nefastas para a região e as fracas contrapartidas para o país com a construção da barragem de Foz-Tua

O manifesto apresenta até propostas para o futuro sustentável daquele vale e da linha férrea que passam por melhores condições da via, introdução de comboios turísticos, aproveitamento das estações para criar lojas de produtos regionais e a reabertura da linha entre Mirandela e Bragança, bem como o seu prolongamento até Puebla de Sanábria.

 

Texto: Fernando Pires in Mensageiro Notícias

 

12 de Agosto de 2009

Ontem, 11 de Agosto, durante a madrugada, um lamentável incêndio, com causas ainda por apurar, devastou duas carruagens Napolitanas, e parte do armazém de mercadorias, na estação do Tua. Algumas fotografias podem ser vistas no site do MCLT.

As carruagens Napolitanas, construídas em 1931 nas Oficinas Meridionais Ferroviárias de Nápoles – de onde o seu apelido – eram o estado da arte em matéria ferroviária à época, e assim perdurou durante décadas, por mérito próprio, e por comparação com escolhas desadequadas da parte da CP, que manteve um penoso anacronismo nas Vias Estreitas, com material circulante do princípio do século ou mais recente, mas todos com baixos níveis de performance e conforto. Estas carruagens serviram principalmente nas Linhas da PPF - Porto à Póvoa e Famalicão, e do Tua, sendo que a última composição que marcou de forma oficial o fim da Linha de Guimarães como Via Estreita foi formada por algumas destas carruagens. Foram ainda do último material circulante que chegou à estação de Bragança, celebrizando-se nas imagens captadas pela RTP na Noite do Roubo, enquanto içadas pela calada da noite para camiões.

Posts mais comentados
últ. comentários
obrigado Cris:)
Bem vinda :))
Helder Fráguas sofreu a perda da sua companheira, ...
Para mim e para muita gente a volta às adegas para...
Estou habituado na leitura de blogs on line, adoro...
me llamo fedra soy de santa fe argentina tengo 9 ...
Carissimos,Eu não sei quem inseriu o comentário em...
todos os comentários estão disponíveis e vísiveis.
Como faço para ler os outros comentários ? Ou esse...
deixo aqui o meu comentário; por acaso pude apreci...
pesquisar neste blog
 
Janeiro 2013
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
blogs SAPO