O pintor português Júlio Pomar vai trazer as suas obras para expor em Bragança, no Centro de Arte Contemporânea, já neste verão. A escolha foi da artista Graça Morais, que assume ter com Júlio Pomar uma “relação de cumplicidade” de vários anos.
De três em três meses, um artista ou uma colectiva expõe no Centro de Arte. Ao mesmo tempo, Graça Morais, artista residente, altera também o seu acervo, embora agora o faça apenas de seis em seis meses uma vez que se encontra em “franca produção”.
As escolhas são feitas pelo director do espaço cultural, em parceria com outros colaboradores, mas, todos os anos, há um artista que é escolha exclusiva de Graça Morais. Foi assim, no ano passado, com Paula Rego, será assim, neste verão, com a vinda de Júlio Pomar.
Graça Morais irá preparar toda uma exposição relacionada com o acervo que o pintor trará a Bragança e que irá “relatar”, metaforicamente, a cumplicidade dos dois artistas.
“Farei algo que tenha a ver com a nossa cumplicidade e com a nossa vivência”, contou Graça Morais ao Diário de Bragança.
“Júlio Pomar é um pintor de alguma idade, continua a trabalhar imenso e é uma pessoa que admiro muito e de quem sou muito amiga”.
Para a região transmontana esta será a “grande oportunidade” de ver de perto a obra daquele que é considerado um dos maiores pintores portugueses. É algo que Graça Morais qualifica mesmo como “extraordinário”, não só para o Centro de Arte Contemporânea, mas para todo o país.
Júlio Pomar nasceu em Lisboa, em 1926, e com apenas oito anos de idade começou a frequentar aulas de desenho. Júlio Pomar nasceu em 1926, em Lisboa, e instalou-se em Paris em 1963. Frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio e as Escolas de Belas Artes de Lisboa e Porto e, em 1963, instalou-se em Paris. Opositor do regime de Salazar, Júlio Pomar fez muitas vezes da arte um veículo de intervenção sócio-política. Uma das suas obras mais emblemáticas foi o mural que fez para a decoração do Cinema Batalha, no Porto, que foi mandado destruir pela polícia política poucos meses depois da abertura da sala ao público. Anos mais tarde, Júlio Pomar afirmaria que foi Salazar que fez dele um pintor já que, foi por causa de algumas obras que se viu impedido de seguir a carreira de docente e, sem qualquer outro suporte financeiro, viu-se “obrigado” a viver da sua produção artística.
A sua longa carreira leva, no entanto, a que a sua pintura seja hoje considerada como “transversal a todos os principais movimentos surgidos nos últimos sessenta anos”, sendo um dos artistas portugueses mais reconhecidos, com uma obra diversificada, desenvolvida ao longo de mais de 50 anos de trabalho.