Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
08 de Abril de 2010

 

"Pare, Escute e Olhe" é o documentário do jornalista da SIC Jorge Pelicano, que foca gritante situação de uma população escassa e envelhecida, voltada ao isolamento no interior transmontano com a desactivação da linha de caminho de ferro do Tua, entre Mirandela e Bragança, em 1992. O filme apresenta as contradições de decisões políticas que conduziram à actual situação. O investimento em estradas foi seguido pelo desinvestimento nos caminhos de ferro. A já aprovada barragem no Vale do Tua apresenta-se como a machadada final, condenando à submersão os terrenos agrícolas. O filme mostra-nos diversos dirigentes políticos a visitarem a região, com direito a pompa e a destaque mediático. Do Presidente Mário Soares ao primeiro-ministro Cavaco Silva, ou ao actual José Sócrates, todos passaram por lá decretando as suas diferentes "sentenças". Vê-se também o assunto a ser discutido na Assembleia da República, em contraponto com as imagens que nos transportam para a realidade da população que ainda permanece no local. O ciclo vicioso da desertificação O filme coloca-se do lado dos argumentos dos ambientalistas, mas, para além da situação específica daquela região, acaba por chamar a atenção para um ciclo vicioso que tem vindo a condenar grande parte do país à desertificação. Por um lado, a baixa densidade populacional justifica a não manutenção das infra-estruturas, por outro, a falta das mesmas faz com que o interior de Portugal seja cada vez menos atractivo e tenha cada vez menos habitantes. "Pare, Escute e Olhe" recebeu os prémios de Melhor Documentário Nacional e Melhor Montagem do Doclisboa e o Grande Prémio do Ambiente, Grande Prémio da Lusofonia e Prémio Especial da Juventude do Cine Eco, de Seia. Jorge Pelicano, de 33 anos, é operador de câmara da SIC. Anteriormente, tinha levado a cabo o documentário "Ainda Há Pastores", também contemplado com diversas distinções. Estreia hoje nos cinemas nacionais.

 

Documentário de serviço nacional/Opinião de Eurico de Barros


António Mexia, presidente da EDP, aparece a certa altura ao lado de José Sócrates em Pare, Escute, Olhe, de Jorge Pelicano, a estranhar que no Vale do Tua, onde o Governo se prepara para construir uma barragem, esteja "tudo despovoado". Se António Mexia conseguisse libertar-se das suas importantes e muito bem remuneradas funções e tirasse meia hora para ver este documentário, descobriria o porquê desse despovoamento - tem tudo a ver com a irresponsabilidade, a indiferença, a incompetência e o desconhecimento que políticos e decisores têm do "país profundo". O autor de Ainda Há Pastores? assina, com Pare, Escute, Olhe (o título, além de remeter aos clássicos sinais das passagens de caminho de ferro, é uma sugestão ao espectador e também aos que mandam nisto), um verdadeiro documentário de serviço nacional, sobre a morte anunciada da Linha do Tua, que deverá ficar submersa por uma barragem. Como diz alguém a certa altura, o desaparecimento do comboio e o estrangulamento do rio significam o fim "de uma identidade" local que ajuda a fazer a identidade nacional maior, de um património único, insubstituível. E a barragem em muito pouco vai beneficiar quer a população, envelhecida, desiludida e passiva, para quem a "sua" automotora é muito mais necessária e útil, quer o desenvolvimento local .

Cheio de cinema, humor, melancolia, emoção, ritmo, música (composta à medida das imagens), indignação legítima, informação útil, rádios locais com discos pedidos que unem quem ficou na terra aos que trabalham no estrangeiro e gente pitoresca e genuína que se manifesta sem papas na língua ("A barragem, que atirem com ela ao rio, que se f...", diz um velhote a certa altura), Pare, Escute, Olhe é um filme político mas apartidário, de intervenção mas não propagandístico, cuja causa é o bem maior de todos nós. Senhor Mexia, tire lá meia hora e vá vê-lo.

 

Fonte: Expresso/Diário de Notícias

29 de Março de 2010

O documentário "Pare, Escute, Olhe", do realizador Jorge Pelicano, premiado nos festivais DocLisboa e Cien Eco no ano passado, vai estrear nas salas de cinema nacionais a 8 de Abril.

O documentário "Pare, Escute, Olhe", que retrata o isolamento das pequenas povoações de Trás-os-Montes, vai estar em exibição em Lisboa no complexo de filmes da ZON/Lusomundo nas Amoreiras, na New Line Cinema de Alvalade, e na ZON/Lusomundo do Parque Nascente do Porto.

"Pare, Escute, Olhe" estreou em Outubro do ano passado nos festivais DocLisboa, onde conquistou os prémios de Melhor Documentário Português e de Melhor Montagem, e também no Cine Eco, em Seia, onde arrecadou o Grande Prémio do Ambiente, Grande Prémio da Lusofonia, e Prémio Especial da Juventude.

O rio Tua nasce a cerca de dois quilómetros acima da cidade de Mirandela, na junção dos rios Rabaçal e Tuela, e a linha ferroviária do Tua ligava inicialmente a foz à cidade de Bragança.

A ligação entre Bragança e Mirandela foi desactivada em Dezembro de 1991, e o realizador quis mostrar como «essa sentença acentuou as assimetrias entre o Litoral e o Interior de Portugal», como explicou e entrevista à agência Lusa pouco antes da estreia.

O documentário mostra as sucessivas promessas políticas para o apoio ao desenvolvimento da região, o mau estado da linha ferroviária, os acidentes, e a vida das populações locais servidas pelo centenário caminho de ferro.

Concluído em 2009, o filme - criado pelo mesmo realizador do também premiado documentário "Ainda há Pastores?" (2005) - tem como objectivo «pôr o tema do Tua na ordem do dia».

Para Jorge Pelicano, este filme é «uma metáfora» para o despovoamento e a desertificação do interior do país.

 

Fonte: TSF

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obrigado Cris:)
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