Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
14 de Dezembro de 2009

As bruxas, os olharapos, almas penadas e demónios são alguns dos personagens que dão vida ao novo livro de Alexandre Parafita. “Contos ao vento com demónios dentro” reúne um conjunto de histórias inspiradas na tradição oral transmontana e que foram alvo de uma recolha, por parte do autor, junto de pessoas idosas dos vários concelhos da região.

Contos do maravilhoso popular em que os demónios são sempre combatidos pelos heróis da história, numa equação em que o bem tem sempre primazia sobre o mal. São, por isso, contos que Parafita quis “recontar” para as crianças, como explicou: “achei que se tratava de um conjunto de histórias que valia a pena recontar para as crianças, sob o ponto de vista didáctico, na medida em que utiliza a figura do demónio para com os exemplos negativos, enfatizar os exemplos positivos”.

O autor escolheu o Agrupamento de Escolas Augusto Moreno e Paulo Quintela, em Bragança, para apresentar mais esta sua obra e foi “presenteado” pelas crianças com a dramatização de duas das histórias do livro.

“As crianças revêem-se nos exemplos dos personagens”, constatou, lembrando que, por vezes, são “exemplos maliciosos”, mas “a malícia também faz parte do crescimento”.

Ao longo da tarde, o autor debateu ainda com os professores e educadores de infância, bem como com a comunidade interessada, a importância dos contos tradicionais. Parafita considera que a cultura popular contém a matriz identitária dos povos que os identifica e diferencia dos outros.

“Se as crianças e os jovens não se sentirem enraizados em relação a um povo, a uma identidade, a memórias, ao longo da sua vida vão encontrar-se sempre desorientados”, concluiu.

Alexandre Parafita é natural de Sabrosa e dedica-se, há vários anos, à literatura infantil. Muitas das suas obras integram o Plano Nacional de Leitura, manuais escolares de vários níveis de ensino e são bibliografia obrigatória em cursos de licenciatura e mestrado.

O escritor é também investigador do Centro de Tradições Populares Portuguesas da Universidade de Lisboa, nas áreas de mitologia e da literatura oral. Os estudos e pesquisas que tem vindo a realizar já permitiram resgatar mais de um milhar de textos inéditos e em risco de se perderem na memória oral.

 

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obrigado Cris:)
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