Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
04 de Novembro de 2010

Operadores utilizam água quente para esterilizar o fruto que é exportado para países terceiros, mas investigadores querem colocar em prática a esterilização por irradiação

 

O Instituto Politécnico de Bragança, em parceria com uma empresa da região, com a Universidade do Minho e com o Instituto de Tecnologia Nuclear, está a levar a cabo um projecto de investigação dedicado à esterilização e conservação da castanha que é exportada para países terceiros. É que está em vigor uma norma da Comunidade Europeia que proíbe o uso de bormeto de metilo, o químico utilizado para fazer a devida desinfecção, de modo a que castanha chegasse ao destino sem alterações.

Segundo António Graça, director regional de Agricultura, esta imposição comunitária nada tem que ver com questões de segurança alimentar, até porque este produto não deixava quaisquer resíduos. “É uma questão de natureza ambiental”, explicou.

Com as novas normas em vigor, os operadores de castanha que trabalham na área de exportação tiveram que adoptar como alternativa o uso de água quente, “uma alternativa fácil e viável de utilizar”, na opinião de António Graça.

No entanto, os investigadores consideram que o tratamento com água quente pode não ser assim tão eficaz, uma vez que obriga à secagem da castanha, caso contrário pode apodrecer durante o período de transporte.

Albino Bento, presidente da Escola Superior Agrária e investigador do Centro de Montanha, considera mesmo que o método da água quente “não é económico, é difícil, demorado e complicado”.

Por isso, os vários investigadores procuram uma nova alternativa, nomeadamente a desinfecção por irradiação, através do uso de feixes de electrões. O projecto foi submetido à Agência Portuguesa da Inovação e é financiado pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), no entanto, só dentro de três anos é que deverá estar concluído.

“Neste momento estamos a trabalhar, já fizemos os primeiros testes e temos esperança que o uso de feixes de electrões possa vir a funcionar”, apontou Albino Bento.


Esta técnica de irradiação visa a esterilização da castanha sem comprometer a sua qualidade. “O que se pretende é matar as pragas e os fungos, mantendo a qualidade, o sabor e as características do fruto”.

Amílcar António e Elsa Ramalhosa, investigadores ligados a este projecto, adiantam, ainda, que esta técnica da irradiação já foi testada na União Europeia em outros alimentos. Resta agora saber se, utilizado na castanha, mantém as suas características.

Para já, os operadores que trabalham no mercado da exportação da castanha, têm que utilizar a desinfecção com água quente. Mas a técnica não é nova, pelo menos assim o garante Alcino Nunes, um dos operadores que trabalha com castanha da região transmontana.

Ao seu armazém chegam milhares e milhares deste fruto. Grande parte é exportado em fresco para países europeus e para países terceiros. Este ano está a utilizar, pela primeira vez, a esterilização com água quente e, embora admita que é um método mais dispendioso, considera que “funciona bem”.

“Este processo já se utiliza há muito tempo na Europa. Nós é o primeiro ano que estamos a utilizar e funciona bem”, garantiu.

A campanha da castanha, que por esta altura emprega centenas de pessoas, está agora a começar e as expectativas são boas, pelo menos no que diz respeito à qualidade do fruto. Mas se a exportação para mercados europeus continua a manter-se, já para o Brasil a tendência é para uma diminuição.

Segundo Alcino Nunes, desde que trabalha nesta área, há cerca de 25 anos, que o Brasil tem vindo a diminuir a importação, no seu entender devido à “diminuição da colónia de portugueses, franceses, espanhóis e outros europeus que ali viviam e compravam”.

Uma opinião que é, também, partilhada por José Posadas, um empresário dedicado ao mercado da transformação da castanha, nomeadamente ao marron glacê. A trabalhar há 50 anos neste sector, o empresário espanhol considera que Portugal continua a ter problemas na venda do produto. “É preciso saber vender bem e não apenas em quantidade. O Brasil come castanhas portuguesas por uma questão cultural. É preciso fazer uma campanha que recupere e valorize esse mercado”.

Em termos de mercado, a exportação para países como os Estados Unidos, Canadá ou Brasil representa cerca de um terço da produção. Embora não seja um valor muito significativo, é importante para manter os valores do preço da castanha no mercado.

publicado por Lacra às 09:18
18 de Fevereiro de 2010

A Cacovin, fábrica da castanha de Vinhais, vai passar a vender este produto durante todo o ano. A fábrica vai passar a integrar câmaras de frio que vão permitir conservar o fruto em épocas menos propícias.

O investimento, superior a um milhão de euros, resultou de uma candidatura apresentada e aprovada no âmbito do Proder. O contrato foi assinado no último dia da Feira do Fumeiro, pelo ministro da agricultura, António Serrano.

A Cacovin está a funcionar há três anos mas fazia apenas a recolha, tratamento, calibragem e embalamento da castanha. Com a introdução de câmaras de frio, os produtores vão poder conservar o fruto e aproveitar para o vender no mercado fora da época, conseguindo assim maior rentabilidade económica.

O concelho de Vinhais é um dos maiores produtores de castanha do país. A par com este investimento, está já em marcha também o “Refcast” – uma iniciativa que visa duplicar a área de castanheiros plantados no concelho vinhaense e noutros concelhos da Terra Fria.

Américo Pereira, presidente da autarquia local, considera que estas iniciativas poderão fazer da castanha uma das principais actividades económicas da região.

Recorde-se que a Cacovin é uma empresa local privada para a comercialização da castanha, onde participam associações locais e a autarquia municipal.

publicado por Lacra às 08:52
11 de Novembro de 2009

 A autarquia de Bragança quer promover, em parceria com a Confraria Ibérica da Castanha e com o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), a criação de um Observatório da Castanha. O objectivo é conhecer todo o mercado associado a esta fileira: desde a produção à comercialização passando pela transformação, pela gastronomia e até pelo turismo.

A ideia não é nova, mas o “primeiro passo” foi apenas dado na terceira edição da Norcastanha, um evento que termina nesta quarta-feira, , com a realização do típico magusto de S. Martinho.

À imprensa Jorge Nunes, presidente da câmara, avançou com o ano de 2010 como data possível para a constituição formal do Observatório, uma estrutura que deverá “congregar” os vários actores à volta deste produto.

“É preciso que haja informação precisa sobre o número de hectares plantados, a evolução das plantações, as doenças existentes, as soluções para superar fragilidades, os mercados de consumo que existem, a transformação que a castanha sofre ao sair da região... É necessário observar tudo isso e transmitir essa informação”, explicou o autarca.

Criada recentemente, a Confraria Ibérica da Castanha tem tido o papel de “mediadora” entre os produtores, especialistas e comerciantes desta fileira.

Actualmente estima-se que só o concelho de Bragança produza uma média de 25 mil toneladas de castanha, um valor bastante elevado que coloca este fruto como o “mais rentável” da economia transmontana. No entanto, os agricultores continuam a deparar-se com problemas para colocar a castanha no mercado ou para conseguir preços mais “justos” para a venda do produto. A isto acrescenta-se o facto da região não conseguir transformar castanha, deixando o produto ir para mercados estrangeiros, como França, onde é transformada e vendida a preços muito elevados.

Esta é uma tendência que a Confraria Ibérica da Castanha quer alterar, promovendo um maior uso do fruto na gastronomia local.

 

Castanha na gastronomia

 

A utilização da castanha na gastronomia regional, ao longo de todo o ano, poderia ser, no entender da Confraria, uma boa forma de rentabilizar o produto e valorizar a região. Actualmente há já quem introduza o fruto na doçaria com bastante sucesso, como é o caso dos “ouriços de castanha” vendidos ao longo de todo o ano, ou no “bolo-rei de castanha” feito agora na altura do Natal.

No entanto, Gilberto Baptista, grão-mestre da Confraria, defende que é possível fazer outras associações, nomeadamente a pratos de caça ou de carne em que a castanha funciona como um bom aliado.

Ao longo de cinco dias, e associados à Norcastanha, onze restaurantes da cidade promoveram estas ementas à base de castanha e alguns começam a ter disponível este tipo de pratos ao longo de todo o ano. É o caso, por exemplo, do restaurante Académico que já no Festival Nacional de Gastronomia apresentou um menu tradicional da região, no qual se destacava o bacalhau com castanhas, entre outros pratos regionais. Também por esta altura, na cantina do IPB é possível encontrar o pudim de castanhas, um doce que só recentemente reentrou no cardápio transmontano.

A nível nacional começam também agora a aparecer restaurantes interessados em incluir a castanha na “nouvelle cuisine”. Segundo Gilberto Baptista, há já vários restaurantes de Lisboa e do Porto interessados em explorar esta fileira através da gastronomia.

A Confraria vai por isso continuar a apostar na realização de eventos associados à cultura da castanha e do castanheiro, ao longo de todo o ano.

“Interessa-nos valorizar o consumo fora da época e integrar a castanha na gastronomia como um produto nobre”, salientou.

Este ano a Norcastanha promoveu também a realização de um Fórum Internacional para debater os problemas do sector, nomeadamente no que diz respeito às doenças que afectam os castanheiros.

Ainda em 2010 a Confraria deverá editar a primeira revista dedicada somente à castanha, uma espécie de “manual de boas práticas” que será entregue aos produtores e que compilará informação científica sobre a matéria.

 

20 de Dezembro de 2008

 Ontem li no jornal A Voz do Nordeste uma curiosa crónica do nosso amigo Pedro Faria que, recentemente, se decidiu a viver uma "loucura londrina". E não é que ele foi descobrir, lá por terras de sua Majestade, uma iguaria que bem poderia ser transmontana: iogurte de castanha. Diz ele que era muito bom e que é pena que sendo Portugal, através de Trás-os-Montes, um dos maiores produtores mundiais, não saiba assim potencializar aquilo que é seu e que tem em tão grande quantidade.

Eu cá fiquei com vontade de experimentar....

publicado por Lacra às 10:12
tags:
30 de Outubro de 2008

 “Este ano, pouca castanha há-de haver para o São Martinho”. O lamento é já uma ladainha que anda na boca dos pequenos produtores de castanha da Terra Fria. Este ano, as grandes amplitudes térmicas verificadas nos últimos 15 dias, a par da falta de pluviosidade, parecem estar associadas à má produção: os ouriços continuam fechados e por cair. A pouca castanha que há, é pequena. Muita dela está já seca, dentro dos ouriços, que, este ano, à semelhança do que aconteceu no ano passado, permanecem encerrados, obrigando os “apanhadores” a “desouriçar” o fruto.

publicado por Lacra às 16:35
tags:
Posts mais comentados
últ. comentários
obrigado Cris:)
Bem vinda :))
Helder Fráguas sofreu a perda da sua companheira, ...
Para mim e para muita gente a volta às adegas para...
Estou habituado na leitura de blogs on line, adoro...
me llamo fedra soy de santa fe argentina tengo 9 ...
Carissimos,Eu não sei quem inseriu o comentário em...
todos os comentários estão disponíveis e vísiveis.
Como faço para ler os outros comentários ? Ou esse...
deixo aqui o meu comentário; por acaso pude apreci...
pesquisar neste blog
 
Janeiro 2013
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
blogs SAPO