De 12 a 15 de Fevereiro, Miranda do Douro recebe mais um Festival de Sabores. Durante quatro dias, o certame vai promover a gastronomia local e, ao mesmo tempo, celebrar o Carnaval, como já é tradição desde há onze anos.
Cada um dos dias do evento será dedicado especificamente à gastronomia regional e às raças autóctones. Assim, no primeiro dia o destaque é para o cozido mirandês, um prato típico, elaborado de uma forma bem diferente daquela que é habitual na região. Depois, os restantes dias destacam o cordeiro mirandês, que obteve, este ano, pela primeira vez, a certificação de Denominação de Origem Protegida; o bovino de raça mirandesa, outra das raças autóctones; e, por fim, o porco, matéria-prima de todo o fumeiro regional.
Este ano, o espaço foi ampliado para receber 60 expositores, entre produtores, cozinhas regionais, doçaria típica e o tradicional fumeiro. Para além da gastronomia, o Festival de Sabores contempla um conjunto de actividades culturais, recreativas e desportivas vocacionadas para os visitantes.
Estão programadas várias exposições e seminários temáticos; um passeio BTT e um passeio todo-o-terreno, bem como uma montaria ao javali. Pelo palco do certame vão passar os “Pica Tumilho”, banda de Sendim de “rock agrícola”; bem como os Galandum Galundaina, La Çaramontaina e os Quinteto Reis, a par com os grupos locais e tradicionais de folclore e de pauliteiros.
A feira vai ainda promover junto dos visitantes a realização de rotas turísticas pelo centro histórico da cidade e a realização de oficinas de instrumentos musicais. No entanto, as actividades só serão realizadas para grupos e mediante inscrição prévia no secretariado do certame.
Uma programação variada e aumentada, este ano, para um total de quatro dias que tem como principal objectivo dinamizar o Festival de Sabores “externamente”, como explicou Artur Nunes, presidente da autarquia.
“No passado, enquanto presidente da Associação Comercial, uma das minha maiores críticas ao Festival de Sabores era precisamente o facto de estar voltado para si próprio. Este ano, quisemos dar-lhe uma dinamização maior, envolvendo várias instituições e a população local em diversas actividades que se vão desenrolar paralelamente”.
Uma estratégia que visa atrair sobretudo o mercado espanhol, já que a altura do Carnaval é um dos pontos altos do ano em que Miranda do Douro recebe mais turistas do lado de lá da fronteira.
“É uma autêntica festa em que oferecemos cultura, gastronomia e tradição”, apontou o autarca.
A coincidência de calendário com a Feira do Fumeiro em Vinhais não é motivo de preocupação para Artur Nunes. A Feira do Fumeiro de Vinhais realiza-se sempre no segundo fim-de-semana de Fevereiro, enquanto que o Festival de Sabores de Miranda é realizado sempre na altura do Carnaval. Este ano, os dois certames coincidiram no calendário mas, no entender do autarca, essa pode até ser uma mais-valia.
Artur Nunes entende que os dois eventos podem ser complementares porque são muito diferentes entre si. Ao mesmo tempo, o edil destaca a capacidade hoteleira do concelho de Miranda do Douro, o segundo com maior número de camas, depois de Bragança, como uma mais-valia para a dinamização de uma espécie de roteiro entre os dois eventos.
“As feiras complementam-se e devem coexistir para promover a região e fazer com que valha a pena vir a Trás-os-Montes no Carnaval”, considerou Artur Nunes.
Aposta na gastronomia local
A autarquia quer apostar no desenvolvimento da gastronomia local através das cozinhas regionais e do apoio aos produtores locais. Recentemente, Artur Nunes reuniu com os produtores do concelho para auscultar os principais problemas sentidos no sector agrícola e pecuário. A criação de um gabinete de apoio poderá ser o próximo passo da autarquia, que pretende, assim, conhecer melhor as problemáticas e, em conjunto, definir estratégias que promovam o aumento da produção e o seu escoamento.
“Há necessidade de reorganização e é preciso criar parcerias com os agentes locais e económicos para dinamizar todo o sector agrícola e pecuário”, afirmou o autarca.
A pretensão de dinamizar um roteiro pelas várias cozinhas regionais continua em cima da mesa. A câmara ainda não tem dados sobre o volume de produção das cozinhas regionais, mas está já a fazer um estudo que permita depois encontrar formar de dinamizar esse sector.
O processo de licenciamento das cozinhas regionais está também a ser acompanhado de perto pela autarquia que visa assim dar o seu contributo para a certificação e para a possível implementação de mais infra-estruturas deste género, para assim dinamizar o potencial gastronómico do concelho.