Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
30 de Abril de 2010

Na manhã de ontem, D. António Montes Moreira, Bispo da Diocese de Bragança-Miranda, tornou público que o Santo Padre Bento XVI tinha aceite a sua renúncia como Bispo da Diocese. No documento de aceitação de renúncia, concede-se ao Sr. D. António Montes todas as faculdades para continuar como Administrador Apostólico da Diocese, enquanto não for nomeado um sucessor (o que deve acontecer no próximo ano).

D. António Montes Moreira nasceu em S. Tomé do Castelo, concelho de Vila Real, entrou para a Ordem Franciscana e foi ordenado sacerdote a 13 de Julho de 1958. Ordenado Bispo a 14 de Outubro de 2001, desde essa data presidiu aos destinos da Diocese de Bragança-Miranda.

 

 

Fonte: Ubi Caritas

09 de Abril de 2010

D. António Montes entende que é necessário que todos façam um “esforço” para ultrapassar o “momento negativo” que a Igreja atravessa, devido aos alegados casos de pedofilia ocorridos por todo o mundo. O bispo da diocese de Bragança-Miranda não acredita que a polémica venha a ensombrar a visita do Papa a Portugal, mas admite estar preocupado com os casos que têm vindo a público e pede algum “cuidado” a toda a sociedade. “É sempre lamentável que estas coisas aconteçam mas é preciso sublinhar que isto não tem nada a ver com o celibato eclesiástico pois, segundo informações de estudiosos, estas coisas acontecem em maior número entre casados”. Ainda assim, D. António não esconde que “há casos mais”, embora considere também que há uma “certa amplificação”. “Trata-se de um número de casos muito limitado mas, em termos eclesiais, um caso que aconteça é um caso a mais e, de facto, há casos a mais”, declarou, embora notando que “a insistência com que se fala no assunto nos noticiários não é meramente informativa”. O bispo vai continuar a acompanhar “com atenção” este assunto e pede a todos os cristãos e fiéis um “esforço” para superar.

O bispo da diocese de Bragança-Miranda quer que os transmontanos coloquem o estandarte do Papa Bento XVI nas janelas e que usem o lenço e a medalha que foram concebidos para esta ocasião, como forma de assinalar a ocasião. D. António Montes vai acompanhar o Santo Padre, durante os dias 11, 12, 13 e 14 de Maio, na visita a Lisboa, a Fátima e ao Porto, mas gostaria que toda a diocese se mobilizasse e “participasse com alegria”. “Desfraldar o estandarte significa proximidade e comunhão com a pessoa que nos visita, como é habitual nos grandes acontecimentos públicos. Vou estar sempre com o Papa mas gostaria de ver participação por esta forma simples de desfraldar o estandarte nas residências, andar com o lenço e com a medalha”, apontou durante a apresentação da campanha de recepção a Bento XVI – “Vamos vestir Portugal de Alegria”. A campanha, da responsabilidade da Conferência Episcopal e da empresa Sojormedia, foi apresentada apenas em Bragança como forma de dar à visita um “significado nacional”. “É necessário criar um clima de entusiasmo e alegria. Com isto sentimo-nos mais próximos e parte do todo nacional”, considerou D. António. A grande imagem de toda a campanha é o Estandarte da Paz – uma peça concebida especialmente para colocar na varanda que remete para as bandeiras medievais e que integra como símbolos as riscas verticais com as cores do Vaticano, enquadrando o ramo de oliveira, elemento central e inspirativo de todas as peças, bem como o retrato de Sua Santidade. O estandarte surgiu a partir da criação artística de Albuquerque Mendes – autor da medalha “Amanhecer”, uma “pequena” obra de arte que tem como símbolo principal o ramo de oliveira, o símbolo da paz, três perfurações que simbolizam a Santíssima Trindade e gravado à volta o mote de inspiração do caminho de Bento XVI – “Cooperatores Veritatis”. Do material de campanha faz ainda parte um lenço peregrino com as cores do Vaticano e a imagem de Bento XVI, uma peça usada, tradicionalmente, como expressão de aplauso ou na saudade de uma despedida. Segundo Rogério Gomes, da Sojormedia, quis-se assim criar uma “imagem nacional” para assinalar a visita do Papa, partindo-se do que já são tradições portuguesas. “O estandarte surgiu a partir de uma tradição muito portuguesa de pôr as colchas à varanda nas procissões, já o lenço tem a ver com a tradição dos peregrinos e de Fátima”, apontou. D. António Montes considera que estas são boas formas de “exteriorizar” um acontecimento e, por isso, espera que toda a diocese se mobilize para esta iniciativa. Os produtos vão estar à venda nos quiosques e nas paróquias e as receitas destinam-se, sobretudo, a custear as despesas da visita do Santo Padre a Portugal, como explicou Rogério Gomes. “Parte das receitas serão destinadas a ajudar às despesas da visita do Papa, vão directamente para a Conferência Episcopal. Outra parte, cerca de 25 por cento, reverte para as paróquias, e outra para a produção, comercialização e distribuição”. Por todo o país, com excepção de Lisboa, Porto e Fátima, devem ser distribuídas 30 a 40 mil peças.
01 de Julho de 2009

 Há 25 anos atrás a pacata aldeia de Zedes, no concelho de Carrazeda de Ansiães, foi notícia a nível nacional. Não pela famosa anta funerária que ali existe, mas sim pelo discurso polémico proferido pelo então bispo da diocese de Bragança-Miranda, D. António Rafael, no âmbito da realização da II Semana Cultural. Numa análise à situação política e económica que se vivia na altura, D. António concluiu que mandar dinheiro para Portugal era metê-lo num “saco roto”.

Portugal vivia então uma crise económica alarmante que “obrigou” o governo do bloco central (PS/PSD), liderado por Mário Soares e Mota Pinto, a pedir a intervenção directa do Fundo Monetário Internacional (FMI). Foi nesse ano que se verificou uma inflação recorde de 29,3 por cento; um crescimento negativo do Produto Interno Bruto; o aumento do desemprego; o aumento das falências e um número crescente de trabalhadores com salários em atraso.

Muitos portugueses, sobretudo de Trás-os-Montes e da região Norte, encontravam-se emigrados em França, na Alemanha, na Suíça ou no Luxemburgo. Este foi um fenómeno que ocorreu em força sobretudo nos anos 60 e que afectou muito as populações rurais, que, dado os desequilíbrios regionais e o atraso da agricultura, procuraram fontes alternativas de rendimento. As remessas enviadas geravam um fluxo financeiro de grande importância, mas isso não se estava a reflectir em todo o país.

Convidado a reflectir sobre a problemática, D. António Rafael pôs o dedo na ferida: o dinheiro dos emigrantes transmontanos não chegava ao Nordeste Transmontano.

“Vedes como vamos de vias rápidas, estradas, obras públicas, e como estaria todo o distrito, se não fossem as vossas construções de habitação, o desenvolvimento promovido pelos que retornaram do Ultramar e as iniciativas e realizações das autarquias. Não é para o investimento e fomento nacional, porque vós vedes como por todo o país, os edifícios públicos estão em crescente degradação e as empresas nacionais em aceleradas descida para a falência. Os vossos milhões de contos são para financiar o esbanjamento e o lordismo nacional, ou mais exactamente a mandriagem e a corrupção generalizada e retardar a bancarrota. (...) Os emigrantes deviam pedir do Estado que investisse o seu dinheiro no Nordeste, desenvolvendo a região, criando postos de trabalho e condições de vida para o seu regresso, ou então valorizá-lo para vos o terdes à disposição e poderdes investi-lo e aplicá-lo onde quisésseis e como quisésseis. (...)

Estamos a gastar o que não temos e a consumir o que não produzimos. Custa dizê-lo, mas a verdade é esta: mandar dinheiro para Portugal é metê-lo em saco roto”.

A frontalidade e a dureza das palavras ditas quebrariam a placidez de um Verão que se esperava “politicamente frio”. Para além do Mensageiro, dois jornais diários publicariam o discurso de D. António na íntegra, enquanto que outros alimentariam a polémica do “Saco Roto” durante algum tempo.

A expressão ganharia tal força que, em 1985, o jornal Mensageiro tinha inclusive uma coluna com esse nome onde analisava a situação da região e do país.

Passados 25 anos, a Associação Cultural e Desportiva de Zedes e a Junta de Freguesia local vão evocar as memórias desse dia e desses tempos. Assim, no dia 1 de Agosto será inaugurada uma exposição com antigos jornais que deram notícia do acontecimento. A associação espera ainda conseguir outros registos, nomeadamente fotográficos, de particulares que tenham estado presentes no evento.

João Sampaio, presidente da direcção da Associação, vai também fazer uma reflexão sobre “o poder da palavra: dada e escrita”.

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obrigado Cris:)
Bem vinda :))
Helder Fráguas sofreu a perda da sua companheira, ...
Para mim e para muita gente a volta às adegas para...
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