Vários populares e autarcas da zona da Lombada reclamam a necessidade dos CTT colocarem mais carteiros no serviço de distribuição das cartas. Na aldeia de Quintanilha e na aldeia de Babe são várias as pessoas que afirmam continuar a receber cartas “com dois e três dias de atraso” e queixam-se do serviço prestado em geral.
“Andam sempre a mudar de carteiro e eles chegam aqui e deixam as cartas numa caixa de correio qualquer. As pessoas é que têm de as distribuir e todos têm as caixas identificadas. As cartas registadas deixam-nas sem sequer bater à porta e já tive de ir de propósito a Bragança para levantar algumas, o que causa muito transtorno”, contou Deolinda Sousa, de Babe.
Também Arminda Tomé diz que há cartas que chegam em atraso porque há dias em que o carteiro não passa pela localidade.
“Desde 16 de Dezembro que espero uma carta de França e ainda não veio. Queria falar com o carteiro e já há uns dias que não o vejo”.
Já na altura do Natal houve idosos que se queixaram de ter recebido cartas em atraso, uma situação que os CTT afirmam ter sido provocada pelos intensos nevões que assolaram a região e que levou até a câmara municipal a alargar o prazo de pagamento da água.
No entanto, segundo José Fernandes, presidente da Junta de Quintanilha, há mais tempo que os problemas na distribuição de cartas se fazem sentir. O autarca acusa os CTT de não estarem a prestar um serviço de qualidade, com prejuízo para as populações daquela freguesia e de outras circundantes, como Babe ou Gimonde.
“A empresa só quer ter lucro, isso é nítido”, acusou, questionando o porquê da empresa não apostar nos trabalhadores que emprega, oferecendo apenas “precariedade”. Segundo contou, o carteiro que distribui as cartas na freguesia de Quintanilha tem ainda a seu cargo outras sete freguesias, num total de 17 aldeias.
“Segundo sei ainda fazia a distribuição de correio na cidade, durante a manhã, e participava na separação de correspondência. Obviamente não tinha condições nenhumas para fazer a distribuição com o mínimo de qualidade. É uma situação ridícula e obriga a que as pessoas que distribuem o correio estejam dias e dias sem ir a determinadas localidades”, apontou.
Na opinião de José Fernandes, o serviço prestado pelos CTT “foi-se degradando” não por “culpa”dos funcionários, mas antes “pela massificação” e porque os carteiros têm de percorrer “áreas demasiado abrangentes”.
Em declarações ao Mensageiro, fonte oficial dos CTT contestou que houvesse qualquer atraso na entrega de correio às populações do concelho de Bragança e assegurou que “o serviço postal universal do distrito está totalmente garantido”.
Os CTT, segundo a mesma fonte, dão emprego a 140 pessoas em todo o distrito, das quais 94 são carteiros. Em todo o distrito os carteiros fazem 98 giros, em 98 percursos diferentes, apoiados por 73 veículos ligeiros e quatro motociclos.
Numa área total de 6608 quilómetros quadrados, o que faz de Bragança o quinto maior distrito do país, os carteiros percorrem uma média de seis mil quilómetros diários, segundo fonte da empresa. Só para se ter uma ideia, seis mil quilómetros equivalem a uma distância superior à de Bragança e Moscovo (4399 quilómetros). No entanto, se os seis mil quilómetros forem percorridos pelo conjunto dos 94 carteiros, significa que cada carteiro percorre por dia cerca de 63 quilómetros.
A mesma fonte diz ainda que os CTT entregam à população de Bragança quase 68 mil objectos, entre correspondências e encomendas, sendo que em todo o distrito há um total de 57 balcões de atendimento apoiados por 14 centros de distribuição postal.
Ainda assim, os problemas continuam a fazer-se sentir. A câmara de Bragança chegou mesmo a informar algumas juntas de freguesia que as cartas passariam a ser ali entregues para depois serem distribuídas à população. A Junta de Babe foi uma das que recebeu a comunicação mas, segundo o presidente, Alberto Pais, até ao momento tal também não se tem verificado.
“A Junta foi notificada pela câmara num ofício que indicava que seria ali que as cartas passariam a ser entregues, tal ainda não aconteceu mas, de qualquer forma, considero que esse não é o melhor método de resolver a situação”.
O autarca considera que não compete à Junta de Freguesia fazer a distribuição das cartas, embora admita essa situação.
“A Junta está aqui para apoiar a população e se recebermos cartas elas serão reencaminhadas para as pessoas, mas esse não é um serviço da competência da Junta. Poderá vir a ser, desde que institucionalizado através de um protocolo entre algumas instituições”.
Alberto Pais confirma ainda que as queixas dos populares têm sido constantes e que, tal como outros autarcas, pretende esclarecer a situação junto da empresa.