A região transmontana continua a ser aquela que tem a maior taxa de incidência de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC’s), uma das principais causas de morte e invalidez entre a população portuguesa.
Num distrito com 140 mil pessoas, há o registo de uma média de 600 casos por ano, um número considerado “assustador” pelo Centro Hospitalar do Nordeste que já implementou a chamada “via verde” para o AVC e tenciona ampliar a unidade de tratamento existente em Macedo de Cavaleiros.
Anunciada no final do ano passado, a ampliação da unidade de tratamento de AVC’s vai permitir chegar a, pelo menos, 420 doentes, segundo as previsões do Centro Hospitalar do Nordeste.
Já a “via verde”, introduzida em Janeiro deste ano, permite um atendimento médico mais rápido tendo em conta que as primeiras três horas são fundamentais para a recuperação total do doente. Ou seja, o doente é encaminhado o mais rápido possível para a primeira observação médica, colheita de sangue para análises, realização de electrocardiograma de uma Tomografia Axial Computorizada (TAC) e realização do tratamento. A requisição de análises e de TAC é identificada com uma etiqueta “Via Verde AVC” e estes testes de diagnóstico são tratados como uma prioridade. Logo que é recebido o relatório de TAC, a equipa médica poderá decidir se tem indicação para fazer tratamento específico, ou seja, “fibrinólise”, uma técnica que permite reduzir significativamente as sequelas da doença, se for feita nas quatro horas e 30 minutos (no máximo) seguintes à manifestação dos primeiros sintomas.
É um tratamento que está provado que, sendo feito em tempo útil, diminui a morbilidade e as sequelas que o AVC pode provocar nas pessoas.
Ainda assim, as distâncias e as más acessibilidades continuam a ser um entrave à “via verde”. Para um doente que seja transportado de Freixo de Espada à Cinta, por exemplo, o atraso pode ser fatal já que estamos a falar de uma distância de cerca de hora e meia entre a localidade e Bragança.
Normalmente os sintomas de manifestação de um AVC são perda de mobilidade nos braços e pernas de um dos lados corpo, e dificuldades na fala. O AVC, se não for tratado a tempo, pode levar à morte ou à perda da capacidade de falar, andar e movimentar um dos braços. Além destas pode deixar ainda outras sequelas, tanto mais graves quanto maior for a área do cérebro afectada.
O AVC, além de ser a primeira causa de morte, é a primeira causa de incapacidade e morbilidade.
Por isso, os profissionais consideram que contra esta doença o melhor remédio continua a ser a prevenção. Nesse sentido, o Centro Hospitalar do Nordeste promoveu, na semana passada, uma campanha de sensibilização, no âmbito do Dia Nacional do Doente com AVC.
À semelhança de outros anos, os profissionais de saúde aproveitaram o dia para efectuar acções de rastreio, gratuitas, à população e fizeram, ainda, uma palestra de sensibilização.
A prevenção desta doença passa, nomeadamente, pelo controlo da hipertensão, dos diabetes e do excesso de gordura no sangue (colesterol e triglicerídeos). Entre as medidas a adoptar, os profissionais alertam para a necessidade de reduzir a ingestão de gorduras e das calorias provenientes de sobremesas e alimentos “fast-food” como pizzas ou hambúrgueres. Deve-se aumentar o consumo de vegetais, preferir o peixe em relação à carne, consumir três a quatro peças de fruta por dia, aumentar o consumo de produtos integrais como o pão e cereais, moderar o consumo de leite, queijo e iogurtes, e, entre outros, diminuir o consumo de bebidas alcoólicas. Deixar de fumar e praticar exercício físico são outras das recomendações dos profissionais de saúde.