Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
31 de Março de 2010

A região transmontana continua a ser aquela que tem a maior taxa de incidência de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC’s),  uma das principais causas de morte e invalidez entre a população portuguesa.

Num distrito com 140 mil pessoas, há o registo de uma média de 600 casos por ano, um número considerado “assustador” pelo Centro Hospitalar do Nordeste que já implementou a chamada “via verde” para o AVC e tenciona ampliar a unidade de tratamento existente em Macedo de Cavaleiros.

Anunciada no final do ano passado, a ampliação da unidade de tratamento de AVC’s vai permitir chegar a, pelo menos, 420 doentes, segundo as previsões do Centro Hospitalar do Nordeste.

Já a “via verde”, introduzida em Janeiro deste ano, permite um atendimento médico mais rápido tendo em conta que as primeiras três horas são fundamentais para a recuperação total do doente. Ou seja, o doente é encaminhado o mais rápido possível para a primeira observação médica, colheita de sangue para análises, realização de electrocardiograma de uma Tomografia Axial Computorizada (TAC) e realização do tratamento. A requisição de análises e de TAC é identificada com uma etiqueta “Via Verde AVC” e estes testes de diagnóstico são tratados como uma prioridade. Logo que é recebido o relatório de TAC, a equipa médica poderá decidir se tem indicação para fazer tratamento específico, ou seja, “fibrinólise”, uma técnica que permite reduzir significativamente as sequelas da doença, se for feita nas quatro horas e 30 minutos (no máximo) seguintes à manifestação dos primeiros sintomas.

É um tratamento que está provado que, sendo feito em tempo útil, diminui a morbilidade e as sequelas que o AVC pode provocar nas pessoas.

Ainda assim, as distâncias e as más acessibilidades continuam a ser um entrave à “via verde”. Para um doente que seja transportado de Freixo de Espada à Cinta, por exemplo, o atraso pode ser fatal já que estamos a falar de uma distância de cerca de hora e meia entre a localidade e Bragança.

Normalmente os sintomas de manifestação de um AVC são perda de mobilidade nos braços e pernas de um dos lados corpo, e dificuldades na fala. O AVC, se não for tratado a tempo, pode levar à morte ou à perda da capacidade de falar, andar e movimentar um dos braços. Além destas pode deixar ainda outras sequelas, tanto mais graves quanto maior for a área do cérebro afectada.

O AVC, além de ser a primeira causa de morte, é a primeira causa de incapacidade e morbilidade.

Por isso, os profissionais consideram que contra esta doença o melhor remédio continua a ser a prevenção. Nesse sentido, o Centro Hospitalar do Nordeste promoveu, na semana passada, uma campanha de sensibilização, no âmbito do Dia Nacional do Doente com AVC.

À semelhança de outros anos, os profissionais de saúde aproveitaram o dia para efectuar acções de rastreio, gratuitas, à população e fizeram, ainda, uma palestra de sensibilização.

A prevenção desta doença passa, nomeadamente, pelo controlo da hipertensão, dos diabetes e do excesso de gordura no sangue (colesterol e triglicerídeos). Entre as medidas a adoptar, os profissionais alertam para a necessidade de reduzir a ingestão de gorduras e das calorias provenientes de sobremesas e alimentos “fast-food” como pizzas ou hambúrgueres. Deve-se aumentar o consumo de vegetais, preferir o peixe em relação à carne, consumir três a quatro peças de fruta por dia, aumentar o consumo de produtos integrais como o pão e cereais, moderar o consumo de leite, queijo e iogurtes, e, entre outros, diminuir o consumo de bebidas alcoólicas. Deixar de fumar e praticar exercício físico são outras das recomendações dos profissionais de saúde.

15 de Dezembro de 2009

A unidade de AVC (acidentes vasculares cerebrais) do Centro Hospitalar do Nordeste, em Macedo de Cavaleiros, vai ser aumentada. A notícia foi avançada por Henrique Capelas, presidente do Centro Hospitalar, à margem do V Encontro Transmontano das Unidades de AVC, realizado na semana passada em Macedo. À imprensa, Capelas garantiu que, pese embora a falta de financiamento comunitário, a ampliação da unidade vai avançar, dentro em breve.

“Tínhamos um projecto que está em stand-bye, face à dificuldade em encontrar fundos financeiros, mas reanalisamos a situação e decidimos aumentar das oito para as doze camas”, apontou o responsável.

O primeiro projecto para a execução dos trabalhos contempla uma verba de 50 mil euros e já foi aprovado. O segundo projecto deverá ser apresentado em breve e, segundo as contas do presidente, “se tudo correr bem”, a obra deverá estar concluída num prazo máximo de “três a quatro meses”.

Os AVC’s são uma das principais causas de morte no país, com uma média diária de 288 casos. Na região, no entanto, a doença tem uma maior incidência com uma média de 600 casos por ano, num distrito com cerca de 140 mil pessoas.

Números “assustadores”, no entender do responsável da unidade de AVC do distrito, Jorge Poço. 

“O distrito tem uma taxa de incidência muito elevada que pode estar relacionada com o envelhecimento, mas não só já que os AVC’s podem acontecer em qualquer idade”, apontou.

A ampliação da unidade vai permitir dar resposta ao dobro dos casos que actualmente já chegam àquele espaço. Por ano são cerca de 250 os doentes em tratamento e, com a ampliação, prevê-se chegar a, pelo menos, 420 doentes.

“Ainda não é o suficiente”, admitiu Jorge Poço, mas já deixa a região com um rácio doentes/cama “bastante razoável”.

 

Atrasos dificultam tratamento

Desde Janeiro deste ano que o Centro Hospitalar introduziu a chamada “via verde” para os doentes de AVC. A “via verde” permite um atendimento médico mais rápido tendo em conta que as primeiras três horas são fundamentais para a recuperação total do doente.

No entanto, continua a ser “difícil” fazer chegar o doente à unidade de AVC em menos de três horas, por vários motivos, mas sobretudo pelas distâncias entre os concelhos e pelas más acessibilidades.

“Num distrito como o de Bragança, em que temos, por exemplo, Freixo de Espada à Cinta a uma hora e meia de distância, qualquer atraso é o suficiente para inviabilizar o tratamento”, apontou Jorge Poço.

Os sintomas – dificuldades na fala, adormecimento de um dos lados da face e falta de força num dos braços – nem sempre são valorizados, nomeadamente quando se trata de idosos. No entanto, todo o tempo é “precioso”.

Actualmente a média de mortes na unidade de AVC é de onze por cento. A melhor “arma” contra a doença continua a ser a prevenção – feita através de uma boa alimentação aliada a algum exercício físico.

 

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