Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
28 de Setembro de 2010

Academistas defendem vantagens de adoptar uma só ortografia para a Língua Portuguesa

O Acordo Ortográfico é mais “simples” para os portugueses do que para os brasileiros. A convicção é de Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, que aponta que os brasileiros tiveram de “abrir mão” e “mudar mais hábitos” do que terão, propriamente, os portugueses de fazer.

Desde Janeiro de 2009 que o Brasil está a aplicar a nova versão do acordo “a pleno vapor”, conforme apontou o especialista, à margem da abertura do Colóquio de Lusofonia, que se realiza em Bragança até dia 2 de Outubro. Em Portugal, o Ministério da Educação apontou o ano lectivo de 2011/2012 como aquele em que os manuais devem passar a adoptar a nova ortografia, mas, no entender de Malaca Casteleiro, da Academia de Ciências de Lisboa, esta data devia ter sido negociada com o Brasil, para que ambos os países aplicassem as novas regras ao mesmo tempo.

Em Portugal, apenas algumas publicações adoptaram as novas regras, havendo ainda alguma resistência por parte da população em geral que Evanildo Bechara considera “normal” devido às “constantes” mudanças ortográficas que provocam “confusão”.

“O público escreve por memória visual, se a língua está sempre a sofrer mudanças ortográficas, torna-se complicado”, apontou.

A mesma opinião partilha Malaca Casteleiro que considera que as novas regras vão, sobretudo, beneficiar as “gerações vindouros”, que passarão a deixar de escrever consoantes que não lêem, por exemplo.

Mas mais do que uma simplificação de ordem didáctico-pedagógica, estes especialistas defendem que a utilização de uma só ortografia por todos os países onde é falada a Língua Portuguesa, se traduz na apresentação de um grupo lusófono com “maturidade política e linguística”.

O entendimento para uma só ortografia é, ainda, uma “medida necessária para a promoção da Língua Portuguesa no mundo”. Malaca Casteleiro defende que não faz sentido que uma Língua de grande projecção internacional tenha duas ortografias e aponta mais uma vantagem ao novo Acordo: vai permitir que seja uma língua de trabalho e uma língua oficial em novas instituições.

O 9º Congresso de Lusofonia arrancou, oficialmente, em Bragança, no passado dia 27 de Setembro. Os vários especialistas vão debater as questões da Lusofonia até ao dia 2 de Outubro.

27 de Setembro de 2010

O processo de entrada em vigor do novo Acordo Ortográfico nos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP’s) está a ser mais demorado devido ao “atraso” de Portugal em definir uma data concreta para que o acordo vigore, também, no território português. O Ministério da Educação do Governo português adiantou o ano de 2011/2012 como aquele em que o Acordo entraria em vigor, de modo a dar tempo para que fossem feitas as alterações devidas aos manuais escolares. No entanto, no entender de Malaca Casteleiro, da Academia de Ciências de Lisboa, esta é uma questão que tem prejudicado o processo de adesão dos Palop’s.

À margem da abertura do 9º Colóquio de Lusofonia, que se realizou hoje, em Bragança, o especialista considerou que “tudo seria mais fácil, se Portugal tivesse tomado a dianteira”.

Apesar de optimista relativamente à questão do Acordo Ortográfico, Malaca Casteleiro não deixou de criticar a falta de iniciativa de Portugal em acordar com o Brasil uma data para a entrada da nova ortografia em vigor.

Assim, enquanto que no Brasil o Acordo vai “em pleno vapor”, conforme afirmou Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, já em Portugal, apenas algumas publicações tomaram a iniciativa de aderir, desde já, à nova ortografia.

Malaca Casteleiro defende, no entanto, o importante é que o Acordo entre em vigor, “mais ano, menos ano”, até porque deve ser entendido como “uma medida necessária para a promoção da Língua Portuguesa no mundo”.

“É importante que a Língua Portuguesa tenha uma única ortografia, até na perspectiva dela entrar como língua de trabalho e língua oficial em novas instituições”.

O especialista considera que Angola é o país onde esta questão está menos desenvolvida, devido à vontade daquele país elaborar um vocabulário especifico, com os termos em uso. “Em Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique, é uma questão que está muito presente.

Apesar de ainda se verificar alguma “resistência” às mudanças que o Acordo vai trazer na escrita e no dia-a-dia de todos os que falam a Língua Portuguesa, o especialista considera que tais não são relevantes.

“O Acordo  ortográfico é feito para as gerações vindouras. As gerações actuais têm sempre dificuldades, porque isto implica mudanças, mas vai para a frente, tem de ir”.

 

Acordo beneficia “tradição portuguesa”

Se há país onde o Acordo Ortográfico está já a ser aplicado na sua plenitude esse país é o Brasil. Desde 2009 que todas as instituições adoptaram as novas regras ortográficas, pese embora tenham sido muitos os “hábitos a alterar”.

Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, defende mesmo que o novo Acordo “atende mais à tradição portuguesa, que é seguida pelos africanos, do que à brasileira”.

Apesar das dificuldades, o academista considera que este é “um momento histórico”, pois implica não só a “simplificação da ortografia”, mas também a posição política de um grupo lusófono que “deve-se apresentar com maturidade política e linguística”.

O 9º Colóquio Anual da Lusofonia iniciou-se hoje, em Bragança. Até dia 2 de Outubro, várias personalidades vão estar presentes na cidade para debater as questões da Lusofonia.

publicado por Lacra às 19:43
últ. comentários
obrigado Cris:)
Bem vinda :))
Helder Fráguas sofreu a perda da sua companheira, ...
Para mim e para muita gente a volta às adegas para...
Estou habituado na leitura de blogs on line, adoro...
me llamo fedra soy de santa fe argentina tengo 9 ...
Carissimos,Eu não sei quem inseriu o comentário em...
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