Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
23 de Julho de 2010

Este ano, no primeiro Sábado de Setembro, festeja-se, provavelmente, a última festa do Divino Senhor da Barca na Ermida de Santo Antão, junto ao rio Sabor. A construção da barragem vai deixar todo o vale inundado, mas dificilmente apagará as memórias ou a devoção das gentes que, todos os anos, ali iam à romaria. 

O novo local onde a capela ficará situada, o Alto do Rebentão, parece agradar à maioria dos fiéis, pois quando a barragem do Baixo Sabor estiver concluída, o local ficará cercado de água. Ainda assim, se poucos duvidam que a fé se perca, muitos evidenciam sentimentos dispares quanto à irrecuperável perda do mítico local. A pouco mais de um mês e meio da festa, possivelmente a última que se realizará junto ao rio Sabor, fomos ouvir as memórias dos habitantes de Parada, freguesia do concelho de Alfândega da Fé a que pertence a capela.

Junto a um antigo café que dava pelo nome de Santo Antão, debaixo de uma figueira, encontramos um grupo de populares da mesma geração – anos 30.

Todos eles guardam lembranças de uma infância passada à beira-rio que tinha como ponto alto a celebração da festa em honra do Santo Antão. A seis quilómetros da aldeia, ali iam a pé por caminhos onde apenas circulavam pessoas ou animais. Poucos tinham carro mas nem que tivessem, ali não se descia de outra forma. Havia os que ali permaneciam todo o ano, os que iam apenas ao fim-de-semana e os que chegavam de outros concelhos limítrofes, como Mogadouro ou Torre de Moncorvo, apenas para a romaria. Mas os de Parada eram os que ali passavam mais tempo. A festa preparava-se ao longo de todo o ano e cabia ao ermitão a responsabilidade de “guardar o local”.

Sérgio Ribeiro, de 74 anos, lembra-se bem desses tempos pois foi naquele vale que viveu durante 29 anos, enquanto o seu avô, ermitão, foi vivo.

“Ali ainda viveu muita gente. Os lavradores iam para lá trabalhar nas quintas. No Verão iam para lá conviver. É um local que marcou muito as pessoas daqui da aldeia de Parada”, contou.

Em criança, passava a semana na aldeia onde frequentava a escola primária e era ao fim-de-semana que tinha autorização para ir até ao vale onde diz que “andava como os ciganos”, numa alusão à liberdade que ali sentia. O seu irmão, António Joaquim Ribeiro, dois anos mais novo, não teve a mesma “sorte”. Os tempos eram duros para aquelas gentes e foi entregue a umas tias que o criaram. Ainda assim, ia ao vale amiúde e confessa que “gostava muito daquilo”.

“Nós éramos criados uns com os outros, tínhamos mais convivência, havia menos fartura e um bocadinho de pão dava para todos. Quando nos juntávamos ali todos, era uma festa”.

Saudosistas dos tempos passados, não sabem precisar a origem do culto, nem do local, mas acreditam que será muito, muito antigo. “A cantaria da capela veio de Carviçais num tempo em que nem havia caminhos. Não sei como terão feito isso”, comentou António Ribeiro.

O que consta é que a capela foi mandada construir há mais de 200 anos, por uma família de grandes posses, proprietária de muitas herdades, os Távoras, num local a que chamavam Poço da Barca. Seria ali que as pessoas e mercadorias atravessavam o rio numa barca, vindo daí o nome de Santo Antão da Barca.

Sobre o Santo Antão, há diferentes versões. Por um lado, a lenda diz que a capela construída pelos Távoras veio substituir outra mais antiga que já existia em honra de Santo Antão, um eremita egípcio que terá vivido no século III. Segundo os populares Santo Antão doou os seus bens aos pobres e dedicou-se a guardar porcos, sendo por isso que a sua imagem tem aos pés a figura de um destes animais.

Como quer que a fé e a devoção no Santo Antão tenha chegado a Trás-os-Montes, nomeadamente a Parada, o que é certo é que é conseguiu mobilizar toda aquela freguesia, que andava o ano todo a preparar a festa em sua honra, como agradecimento das “graças” concedidas.

Mas o culto chama ao local, ainda hoje, gente de toda a região: Carviçais, Felgar, Torre de Moncorvo, Valverde, Estevais, Meirinhos, Alfândega da Fé, Vilarchão, Cerejais, Picões, e até de Freixo de Numão.

Todos iam a pé ou nos machos, com as alforjas carregas com a merenda. A banda de música também ia pé e ali chegaram a tocar “duas e três bandas”, o que significa uma enorme despesa para os tempos que corriam, como contou António Ribeiro.

“Tínhamos que juntar dinheiro, pedir a uns e a outros, a festa gastava muito. Naquele tempo chegavam a ir três bandas de música, dois fogueteiros, ficava tudo muito caro. Toda a aldeia trabalhava para a festa, eram muito unidos”.

O mesmo recorda Manuel Garcia, de 76 anos, que só lamenta já não puder “beber, dançar e pular” como noutros tempos.

“Íamos para lá antes da festa, conviver, e só voltávamos no fim, à noite, cheios de sono, a comer os figos das figueiras da ladeira”, lembrou.

E a música, essa, vinha nos ouvidos, rematou Emília da Bárbara, de 74 anos.

“Vínhamos embora detrás da música, com o som nos ouvidos”.

Dos namoros que por lá se arranjavam, fala pouco, que no seu tempo eram outros os modos e não se “bailava” como agora.

“Andávamos a correr de volta da capela e diziam-nos: oh meninas, oh meninas, dêem-nos a sua graça. E nós respondíamos, a nossa graça anda aí no arraial”.

Nos tempos que vinham mais secos, porque no Verão, segundo contam, o rio sempre teve pouca água, “atravessava-se de um lado ao outro”, mas em anos mais secos, depositando toda a fé no Santo Antão, os populares levavam o andor a pé, subindo o caminho íngreme, para depois o descerem novamente.

“A muda só era feita de sete em sete anos, ou a intervalos menores se a seca fosse muito grande”, contaram.

E é por causa da seca e da pouca água que o rio leva, durante o verão, que toda aquela geração é unânime em dizer que “a barragem faz muita falta”.

“Eu fui ali criado, pertenço aquele local, mas a água faz muita falta”, apontou Sérgio Ribeiro.

Também Manuel Garcia lamenta a perda do emblemático lugar a que chamam Miragaia, mas diz-se “a favor da barragem” para que “haja água em abundância para todos”.

Quando o empreendimento for concluído, a água vai cobrir todo o local, até à ponte de Sardão-Meirinhos e ao Alto do Rebentão, o novo local onde a capela ficará situada. Ali dizem ser “o melhor sítio”.

“O Santo Antão tem de ficar de frente para a capela antiga, junto à água, tem de ser sempre junto à água”, dizia Emília Bárbara.

Manuel Garcia é outro dos que concorda com a solução encontrada e até considera que a mudança pode ser “boa”.

“Cá em cima fica mais perto, fazem uma nova capela, fica outra coisa”, considerou.

António Gouveia, de uma geração bem mais nova, (anos 60), concorda com esta perspectiva, embora se assuma pouco favorável à construção da barragem. Da infância guarda os tempos passados à beira-rio, nas colónias de férias da escola, organizadas ainda no tempo de Salazar.

“Ali dormíamos, brincávamos, nadávamos, pescávamos”, apontou. “Eu conheci o rio livre e também me sentia livre”.

Conformado, até porque a barragem já se encontra em construção, António vai escrevendo poemas, “era o rio da minha infância, que eu bem conheci. Sonhava-me nas cascalharias, também me sentia livre”. 

“A afinidade que tínhamos com aquele local era muito grande, era um local sagrado”, justifica, apontando, no entanto, que, “possivelmente”, a população até sairá beneficiada pois a capela já se encontrava muito “degradada” e “o passado acabou”.

A fé no Santo Antão, essa, será sempre inabalável porque apenas muda o local. À festa continuam a acorrer milhares de pessoas, dos três concelhos limítrofes e não só. Mudaram os tempos, “há mais fartura, menos convivência”, mas a fé, garantem, “será sempre a mesma”.

 

19 de Julho de 2010

A EDP anunciou hoje ter entregue ao ministério das Finanças uma proposta para passar a distribuir a derrama pelos municípios onde se encontram as barragens, em vez de pagar a totalidade do imposto na sede social, em Lisboa.

O anuncio foi feito hoje em Trás-os-Montes pelo administrador da empresa, António Ferreira da Costa, durante uma exposição, em Alfândega da Fé, das medidas de compensação da barragem do Baixo Sabor aos eurodeputados socialistas Ana Gomes e Correia de Campos.

Segundo o administrador, a EDP já “entregou às Finanças um estudo” para que o valor total que a elétrica paga de derrama seja redistribuído tendo em atenção a origem dessas verbas, ou seja pelos municípios de todas as barragens concessionadas à empresa.

“Apresentámo-lo às Finanças e as Finanças estarão a analisar”, disse o administrador da EDP sem concretizar quais os valores em causa - nem na totalidade, nem aquele que poderá caber a cada município em média.

Trás-os-Montes é das zonas que mais barragens tem e há vários anos que localmente se ouvem queixas, nomeadamente dos autarcas, de que a região não tira benefícios desta produção.

O administrador da EDP disse que a iniciativa da empresa teve origem justamente na “solicitação” de vários municípios que se queixam de “lá terem instaladas barragens, mas não serem usufrutuários das receitas desses mesmos investimentos”.

A derrama é uma taxa municipal aplicada sobre os lucros tributáveis das empresas, paga aos municípios onde as empresas têm a sede social, independentemente de onde é desenvolvida a actividade ou onde são recolhidos os proveitos.

 

Fonte: Jornal I

10 de Junho de 2010

 

Na década de 60, graças ao projecto visionário do engenheiro Camilo de Mendonça, a cereja começou a assumir um lugar de destaque na economia de Alfândega da Fé, de tal forma que, o concelho chegou a ser dono de um dos maiores cerejais da Península Ibérica e a vender cerejas para a Ferrero Rocher, para a conhecida marca de chocolates “Mon Cheri”.

Hoje em dia, o município quer, no entanto, ir mais longe e fazer deste fruto um dos principais motores da economia através da sua múltipla utilização, quer seja na gastronomia, quer através do uso dos subprodutos, como os pés da cereja e os caroços.

Usando como lema a famosa frase de Lavoiser, “nada se perde, tudo se transforma”, a empresa municipal de desenvolvimento local (EDEAF), através de uma das unidades sedeadas, a Alfadoce, está a

aproveitar os caroços das cerejas para o fabrico de almofadas terapêuticas e os pés de cereja para o fabrico de chá. Estas “novas utilizações” assentam no conhecimento do uso tradicional que já era dado aos subprodutos da cereja e que se foi perdendo.

Os caroços de cereja são retirados do fruto que vai para as compotas e doces ali fabricados. Depois de lavados, são colocados a secar ao sol durante dois ou três meses e seguem, então, para o enchimento de almofadas que, aquecidas no microondas, ou colocadas no congelador, servem para aliviar as dores de tensões musculares, inflamações ou dores nas articulações.

Os pés de cereja são também lavados e colocados ao sol para utilização em chá cujas propriedades diuréticas e drenantes são conhecidas há décadas na medicina popular.

Tudo é feito manualmente por Ivanete Escobares, uma das trabalhadoras da Alfadoce. Ivanete diz que cada almofada demora cerca de uma manhã a fazer e leva centenas e centenas de caroços.

Cada peça está a ser fabricada manualmente e de forma personalizada para serem depois colocadas à venda, pela primeira vez, na Festa da Cereja de Alfândega da Fé, de 10 a 13 de Junho. As expectativas do sucesso que este produto possa vir a ter são muitas e Ivanete aponta até que estão preparados para vir a receber encomendas.

Na Alfadoce são ainda produzidos os típicos doces alfandeguenses – os rochedos e os barquinhos; e as compotas e doces de frutos locais, como seja, a cereja, mas também o morango, o figo, a abóbora, ou a castanha.

Segundo Libânia Rosa, gerente da Alfadoce, a maioria destes produtos é vendido para lojas gourmet, mas também é possível encontrar os doces à venda na região. 

Sobre a compota e o doce de cereja, a gerente confessou que a receita tem “um segredo” que as diferenciam do que é vendido no mercado.

“As compotas de cereja levam a nossa cereja local, açúcar e têm um segredo. Depois usamos ainda outros produtos naturais que fazem o mesmo efeito que os emulsionantes e estabilizantes”, contou, frisando que os doces não têm corantes nem conservantes.

 

 

 

Cereja na gastronomia

A utilização da cereja na gastronomia é outra das vertentes em que o município quer apostar. Actualmente, grande parte da cereja é vendida e consumida em fresco, no entanto, o fruto pode ter uma variada utilização em pratos, doces e bebidas inovadoras.

Isso mesmo tem vindo a ser mostrado pelo Chefe Marco Gomes, um alfandeguense, e por  Luís Américo Teixeira, dois grandes nomes da cozinha nacional que, durante a Festa da Cereja, vão demonstrar ao público as diversas aplicações gastronómicas do fruto. Um dos pratos já apresentados, antecipadamente, é o bife de vitela gratinado com queijo e doce de cereja, uma fusão agridoce surpreendente e deliciosa. Já para os mais gulosos, a proposta é gelado de cereja, uma receita que tem como principal ingrediente a cereja local. A utilização em doces, salgados ou bebidas é quase uma questão de imaginação e gosto. Exemplo disso é a bebida apresentada pelo Hotel SPA de Alfândega da Fé, o “cerejão”. António Luís explicou que se trata de uma bebida inspirada na famosa caipirinha brasileira mas que leva doce de cereja, lima, amêndoa amarga e gelo picado. Depois há também as versões sem álcool mas cujas receitas são “segredo”, ou não fosse o segredo a alma do negócio.

 

Aumentar a produção

Mas o que tem faltado à cereja de Alfândega da Fé para se assumir como um dos principais produtos impulsionadores da economia? O concelho conta com uma área de cerca de 100 hectares de plantação concentrados, maioritariamente, nas mãos da Cooperativa Agrícola local e em cerca de 15 pequenos e médios produtores.

Na década de 80/90, o concelho tinha um dos maiores pomares da Península Ibérica, com cerca de 300 hectares de cerejal em regime extensivo de sequeiro. Houve uma reconversão que diminuiu essa área para uns 60 hectares mas que, segundo Eduardo Tavares, presidente da Cooperativa, foi efectuada de uma forma muito “abrupta”.

“A reconversão foi feita de uma forma abrupta, ou seja, ao mesmo tempo e com uns 20 anos de atraso. Perdemos, durante dez anos, face a outras regiões, como o Fundão ou Resende, que ganharam dimensão e nome”.

A expectativa é que, dentro de dois ou três anos, os cerejais estejam em plena produção e que possam dar umas 150 toneladas de fruto, um número “muito bom” que permitirá afirmar melhor a cereja de Alfândega da Fé no mercado.

Apesar de não ter a denominação de biológica, a cereja de Alfândega é cultivada em modo de produção integrada, ou seja, é uma cultura sujeita a algum controlo, nomeadamente no que diz respeito à utilização de alguns pesticidas e tratamentos fitossanitários.

Durante a campanha da apanha, que dura até ao final do mês de Junho, são 25 os trabalhadores que correm os hectares de pomares, apanhando o fruto para a comercialização.

Este ano a produção também não atingirá o desejável devido às más condições climatéricas que se fizeram sentir.

“Temos uma quebra de 50 por cento da produção esperada num ano normal. O vingamento do fruto decorreu com condições climatéricas desfavoráveis e as geadas tardias, assim como a chuva, prejudicaram a polinização”, apontou Eduardo Tavares.

Ainda assim, a qualidade da primeira colheita é “muito boa” e não se fica nada atrás da cereja de outras regiões. Falta, sobretudo, valorizar o produto, algo que, no entender do presidente da Cooperativa, se “descurou” durante muito tempo.

Agora, o município pretende a qualificação do produto e está a tratar desse processo em parceria com a “Qualifica”. O que se pretende é criar a marca “cereja de Alfândega da Fé” e vendê-la no mercado sob a marca chapéu “Terras de Alfândega”

 

Confraria da Cereja e Painel de Provadores

Outra das estratégias de valorização da cereja passa pela criação de uma Confraria da Cereja e de uma rede de produtores que possibilite a aprendizagem de melhores práticas de produção e de comercialização.

Segundo Berta Nunes, presidente da câmara, para o desenvolvimento desta rede estão a ser efectuados contactos com Resende e com o Fundão e, futuramente, poderão vir a contactar grandes explorações de outros países, como seja a vizinha Espanha onde há grandes produções de cereja.

Perceber o que é comum e o que é diferente também é fundamental para a criação da marca “cereja de Alfândega da Fé”. A criação de um painel de provadores, à semelhança do que já é feito com o azeite, vai possibilitar isso mesmo, como apontou  Berta Nunes.

“Podemos melhorar os aspectos da produção, da comercialização e afirmar as diferenças que cada um tem e as características das diferentes cerejas”.

A grande prova da cereja de Alfândega será a festa em seu nome que se realiza já de 10 a 13 de Junho.

 

 
09 de Junho de 2010

A vila de Alfândega da Fé acolhe, pela primeira vez, no dia 10 de Junho, às 18h00, uma prova nocturna de downhill urbano a contar para o campeonato regional. A prova está inserida na programação da Festa da Cereja e é uma organização conjunta da câmara municipal local e da Casa do Futebol Clube do Porto, licenciada pela Associação Regional de Ciclismo e Ciclo-turismo de Bragança. A prova de velocidade em descida será disputada em diversos tipos de terreno, com piso asfaltado ou empedrado, e em sistema de contra-relógio individual. O percurso não terá menos de 90 por cento de descidas e inclui partes de escada, estrada, trilhos em parques ou jardins, podendo existir obstáculos ou estruturas na trajectória. Serão disputadas duas mangas cronometradas, uma descida que determina a ordem de partida da descida oficial, seguida da descida oficial, em que é vencedor o corredor mais rápido. A zona de largada será junto ao largo do Castelo, em frente ao miradouro, e a meta perto do Mercado Municipal. O vencedor, segundo o regulamento, será aquele que, na segunda manga e na sua classe, realize o percurso no menor tempo. Os treinos livres estão marcados para o dia 10, entre as 10 da manhã e o meio-dia e entre as duas e as quatro da tarde. O “prize money” é “aliciante”, no valor de mil euros para o primeiro classificado. As inscrições podem ser realizadas no sítio da Internet: www.ccalfandega.com ou através do 279 460 020.
04 de Junho de 2010

 

O município de Alfândega da Fé está a proceder à entrega das empresas municipais a privados como forma de diminuir as dívidas e regularizar a situação financeira da câmara municipal.

A queijaria que fazia parte da Empresa de Desenvolvimento Económico (EDEAF) já passou para a mãos da Cooperativa Agrícola que, agora, é responsável pela sua gestão. Já a Alfapack, também da EDEAF, será extinta e o seu equipamento passará para o espaço da Cooperativa de forma a que esta instituição fique responsável pelo embalamento, não só dos produtos dos associados mas também dos produtores de azeite do concelho e de fora do concelho, conforme explicou a presidente da câmara, Berta Nunes.

“O equipamento da Alfapack passará para a cooperativa, até porque a EDEAF não tem espaço, mas continuará a dar resposta aos pedidos que tem porque, neste momento, já está a embalar para Vila Flor, Mirandela e outros concelhos”.

A Alfadoce, a partir desta semana, passa a pertencer à empresa 100% Trás-os-Montes, enquanto a Alfamel aguarda pelo decorrer do concurso.

Esta foi a fórmula encontrada pela autarquia para regularizar a situação financeira daquelas empresas e viabilizar a EDEAF. A mesma fórmula será também aplicada à Alfandegatur, a empresa municipal que gere o Hotel SPA de Alfândega da Fé, situado na serra de Bornes.

Embora neste momento a empresa esteja em melhor situaçao financeira, tendo duplicado a facturação e com uma taxa de ocupação que tem sido superior a 70 porm cento, Berta Nunes continua a defender a gestão privada.

“Não é vocação da câmara gerir empresas municipais, pelo menos um Hotel SPA. Essa não é a função da autarquia que tem de se concentrar em outras actividades, até pela situação financeira que tem”, apontou.

Ao longo destes seis meses, a autarquia realizou no empreendimento obras de manutenção e recuperação. Com uma situaçao financeira mais estabilizada e uma dívida de dois milhões cujo pagamento está a ser estudado para ser efectuado em 20 anos, reduzindo os encargos mensais, Berta Nunes acredita que muitos interessados irão aparecer.

“Penso que será a altura de passar para privados que tenham um bom projecto de viabilidade e de futuro”, disse, sublinhando que o empreendimento não será entregue sem algumas garantias.

“Não queremos entregar a Alfandegatur a qualquer grupo. Tem de ser um grupo com experiência na área do turismo e que nos dê garantias que aquele investimento, que ali foi feito pela autarquia ao longo dos anos, vai ter futuro e vai ser rentabilizado, criando emprego e riqueza na região”.

Apesar do interesse já demonstrado por alguns privados, o município fará o lançamento de um concurso dando oportunidade a todos de apresentarem propostas e tornando o processo “mais transparente”.

 

publicado por Lacra às 09:37
19 de Maio de 2010

A Câmara Municipal de Alfândega da Fé organiza, hoje, a apresentação da Feira da Cereja no restaurante Foz Velha, no Porto, propriedade do prestigiado Chefe Marco Gomes, natural de Alfândega da Fé. Esta divulgação, que pretende atingir possíveis visitantes provenientes de outras regiões, vai consistir na realização de um almoço, no qual a cereja de Alfândega da Fé será o ingrediente principal, servindo de mote para a apresentação da edição deste ano da Festa. A degustação visa dar a conhecer as características e potencialidades do fruto, que já se tornou a imagem de marca deste concelho do Nordeste Transmontano. A Festa da Cereja de Alfândega da Fé irá decorrer entre os dias 10 e 13 de Junho, este ano sob a designação Festa da Cereja, em vez de à Feira da Cereja. Segundo a organização, esta mudança de nome traduz-se também em novas linhas orientadoras para o evento. A Festa será apresentada novamente antes do final deste mês, na própria localidade onde se irá realizar.

04 de Maio de 2010

Cerca de duas dezenas de habitantes da aldeia de Sambade, em Alfândega da Fé, juntaram-se ontem de manhã em protesto contra o pároco da aldeia.Acusam-no de tentativa de homicídio do filho do presidente da junta de freguesia.

 

Carlos Pimentel diz que se cruzou com o pároco na estrada e que este tentou provocar um acidente.

“Chagámos a uma curva e não sei o que se passou pela cabeça do senhor padre, tentou ir contra a carrinha do meu pai que eu guiava e tive de subir por uma barranca”, conta, convencido “que foi propositado”. Por isso, garante que vai “apresentar queixa às autoridades”. Já o seu pai, Carolino Pimentel, diz mesmo que, no seu entender, “é uma tentativa de morte”.

 

Estes populares estão revoltados e pedem a substituição do pároco.

“Acho que devia respeitar o povo, juntar o rebanho e respeitar as tradições da nossa aldeia”, diz Maria do Céu, que pede que “faça as malas e vá embora”. “Queremos outro padre.” Já Ofélia Salgueiro acha “mal que faça isto à juventude”. “Com os carros, já fez a mesma partida ao meu neto”, conta. Alice Velho alega que também tem “queixas do padre”. “Eu trabalhei no centro de dia e ele tanto andou que me pôs na rua. Mas fiz uma carta e despedi-me, não lhe dei o gosto de me pôr na rua. Ele tirava-me ao vencimento e fazia o que queria e lhe apetecia. Por isso quero que vá embora”, exclama. Manuel Joaquim, habitante de Sambade, vai mais longe e deixa um repto ao bispo de Bragança-Miranda: “se as coisas assim continuarem, podemos ter problemas amanhã ou passado. Não é ele que vai pegar numa povoação. Ele fez pouco de nós e desprezou-nos”, diz.

 

As desavenças entre pároco e parte da população arrastam-se há mais de dois anos.

Ricardo Pimentel, responsável pela Comissão de Festas da Nossa Senhora das Neves de Sambade, Covelas e Vila Nova, conta como tudo começou.

 

“Em 2008 não haveria festa. Então juntámo-nos os mais novos, falámos com o senhor padre, dissemos-lhe que organizávamos a festa e lhe entregávamos todo o dinheiro. A festa realizou-se e deu 12 mil euros de lucro. Fomos ter com ele e dissemos-lhe que algum dinheiro ficava connosco e lhe daríamos metade”, já que pretendiam organizar a festa nos dois anos seguintes, prometendo acertar contas no final.

 

Ao fim de dois anos de protestos e de três reuniões com o bispo da diocese Bragança-Miranda, a população perdeu a paciência.

 

“Foi ontem que estalou o verniz, o senhor padre vem de Covelas e não rezou, vem inclusive a mexer no telemóvel, o que é uma falta de respeito, chegou à igreja e foi-se embora sem acompanhar o andor até ao altar. As pessoas revoltaram-se mas ninguém foi ter com ele porque os ânimos exaltaram-se e não queremos ir por esse caminho. Mas quando o meu irmão vem desesperado, a dizer que quase tinha um acidente, fomos a casa dele pedir explicações. Os ânimos exaltaram-se mas ninguém lhe fez mal nenhum. Apenas lhe dissemos que as coisas não estão a correr bem e que não é motivo para estar com estas chatices”, conta Ricardo Pimentel.

 

Carolino Pimentel é o presidente da junta, eleito pelo PS, e diz que o facto de o pároco da aldeia ser simpatizante do PSD originou problemas entre os dois.

 

“Quando foi das eleições fez uma campanha porca contra mim, publicou um email onde dizia mal de mim e a nossa diferença começou aí. Também ficou contra a rapaziada da comissão de festas e dizia que a culpa era minha. Foi-se arrastando e chegámos à conclusão que ele não quer nada com a população.”

 

 

Apesar de não querer gravar declarações por não ter autorização do bispo da diocese, o padre Francisco Pimparel rejeita as acusações de tentativa de homicídio. Admite que circulava com alguma pressa mas sublinha que recolheu à sua faixa de rodagem uns cem metros antes da viatura conduzida por Carlos Pimentel.

 

Remetendo mais esclarecimentos para o bispo, sublinha apenas que esta desavença se trata de uma querela político-partidária.

 

Sobre o dinheiro da comissão de festas, remete para o regulamento da diocese, que implica a entregue às paróquias do dinheiro resultante de festas religiosas.

 

O padre Francisco Pimparel desvalorizou os pedidos de afastamento da população, dizendo que são cerca de duas dezenas de descontentes num universo de 600 habitantes da freguesia.

 

A Brigantia tentou mais esclarecimentos junto do Bispo da diocese. Mas D. António Montes Moreira encontra-se ausente da região, em viagem, e esteve incontactável.

 

Escrito por Brigantia

21 de Abril de 2010

A Biblioteca de Alfândega da Fé está a promover, até ao dia 25 de Abril, a Feira do Livro Usado, aproveitando livros que estão em depósito, na maior parte dos casos, repetidos e destinados ao abate.

Centenas de livros, de diferentes géneros literários estão à venda por preços simbólicos, numa forma também de promover a leitura e a educação.

Entre as várias acções programadas, destaque para a iniciativa que visa sensibilizar os pais para a necessidade e importância de estimular o gosto pela leitura. O tema será debatido no dia 25 de Abril, a partir das 15h00, na Biblioteca Municipal.

No âmbito da promoção do livro e da leitura outras acções estão programadas como é o caso da sessão de animação “Biblioteca Sensível Itinerante”, destinada aos alunos dos Jardins-de-Infância do concelho, ou a  exploração da obra “O Pássaro da Alma” de Michal Snunit pelos alunos do 1o ciclo do ensino básico.

Uma semana em que se vai comemorar a importância do livro, cujo dia mundial é assinalado a 23 de Abril.

 

publicado por Lacra às 14:00
26 de Março de 2010

Os sabores de Alfândega da Fé vão estar em destaque, neste fim-de-semana de 27 e 28 de Março, nas cartas de seis restaurantes do concelho.

Sob a marca “portoenorte.come” esta estratégia de promoção integrada da região norte chega ao concelho transmontano com um menu onde produtos típicos  estão em destaque.

 

Para iniciar a refeição a proposta passa por uma tartelete de alheira de Alfândega da Fé, seguida de Espeto de Vitela Grelhada com Feijoada de Enchidos e Arroz Branco. Num concelho onde a cereja e a castanha têm qualidade inigualável, nada melhor do que “fechar” a refeição com um Pudim de Castanha com Gelado de Cereja. Um menu para promover a gastronomia local e aguçar o apetite aos apreciadores da cozinha tradicional, criado pelo Chefe Marco Gomes.

 

Uma acção concertada que, em Alfândega da Fé, tem como espaços aderentes o Hotel & SPA Alfândega da Fé, a Churrasqueira Morais e os  Restaurantes O Bairral, Cantinho de S. Francisco, Garfo e Trovisco.

 

Ao mesmo tempo decorrer  o Mercadinho Flor da Amêndoa Um espaço de compra e degustação, que quer divulgar a gastronomia e produtos típicos de Alfândega da Fé, durante o período da Amendoeiras em Flor.

Aqui são vendidos produtos locais como o azeite, o queijo, mel, enchidos , mas também os tradicionais barquinhos e rochedos, doces de  Alfândega da Fé.

 

A juntar a tudo isto menus confeccionados pela Escola de Hotelaria e Turismo de Mirandela , que reinventam os sabores tradicionais e que podem ser provados neste Mercadinho da Flor da Amêndoa.

 

24 de Fevereiro de 2010

O Duarte vai fazer 16 anos em Maio e sofre de distrofia muscular progressiva, uma doença degenerativa que lhe vai retirando forças gradualmente. Como qualquer outro adolescente da mesma idade, o Duarte tem um sonho: o de visitar a Torre Eiffel, em Paris. Para ajudar a realizar esse sonho, estão em exposição vários quadros que o jovem pintou e que estão para venda. A mostra encontra-se disponível ao público no piso inferior da Biblioteca Municipal de Alfândega da Fé, no mesmo local onde vai funcionar o Serviço de Informação e Mediação para Pessoas com Deficiência.

O pai, Duarte Rodrigues, confessa que ali está o fruto de alguns anos de trabalho, já que o filho sempre demonstrou “jeito para a pintura”.

Membro da Associação de Pais e Amigos de Crianças com Necessidades Especiais, Duarte Rodrigues confessa as dificuldades de lidar com este tipo de problemas: “qualquer pessoa deixa o filho com a avó ou a tia e vai passar o fim-de-semana ou jantar fora. Nós, pais de pessoas com deficiência não temos essa possibilidade”.

Duarte Rodrigues acredita que a associação vai poder dar resposta a este tipo de situações, mas não só, independentemente de estar sedeada em Alfândega da Fé ou noutra qualquer localidade.

“ Se a associação permitir que uma pessoa especializada fique umas horas com a criança, será um alívio enorme”, apontou.

últ. comentários
obrigado Cris:)
Bem vinda :))
Helder Fráguas sofreu a perda da sua companheira, ...
Para mim e para muita gente a volta às adegas para...
Estou habituado na leitura de blogs on line, adoro...
me llamo fedra soy de santa fe argentina tengo 9 ...
Carissimos,Eu não sei quem inseriu o comentário em...
todos os comentários estão disponíveis e vísiveis.
Como faço para ler os outros comentários ? Ou esse...
deixo aqui o meu comentário; por acaso pude apreci...
pesquisar neste blog
 
Janeiro 2013
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
blogs SAPO