O doentes com problemas reumáticos já podem consultar um especialista da área no hospital de Bragança. O conselho de administração do Centro Hospitalar contratou um especialista em Reumatologia, em regime de contratualização de serviços, que, duas vezes por semana, realiza consultas no serviço de Consulta Externa de Bragança.
Para já, com pouco mais de um mês de trabalho, têm sido poucos os casos atendidos pelo especialista Rui Melo, mas a perspectiva é que, num ano, sejam realizadas 1200 consultas, sobretudo tendo em conta que as doenças reumáticas são a terceira maior causa de procura dos serviços de saúde, em todo o mundo.
Até ao momento, Rui Melo diz que os casos que lhe têm chegado são, maioritariamente, relacionados com patologias inflamatórias e artrites reumatóides, não só em pessoas com idade acima dos 60 anos, mas também em pessoas jovens.
“Quando cheguei, pensei que iria ter mais doentes com doença degenerativa osteoartrose e osteoporose, mas não”, contou.
Estas doenças quando não são bem diagnosticadas, podem levar à dor crónica e à perda de qualidade de vida, com repercussões a nível laboral, social e até familiar. O que acontecia até ao momento, no distrito de Bragança, é que estes doentes não estavam a ser bem diagnosticados ou, muitas vezes, tinham de recorrer a tratamentos em hospitais distantes, nomeadamente no Grande Porto e no Alto Minho.
“A Medicina Geral e Familiar está apta a fazer este tipo de diagnóstico, muitas vezes fazem o diagnóstico, mas os doentes tinham de recorrer a hospitais muito distantes”, explicou.
O objectivo destas consultas é, sobretudo, “apoiar a população idosa, nomeadamente na osteoporose não diagnosticada”, apostando no tratamento que permita evitar a evolução da doença.
“Há tratamentos que são caros, embora comparticipados pelo Sistema Nacional de Saúde, por isso, o objectivo é diagnosticar o mais rapidamente possível”.
Os doentes podem chegar ao especialista de Reumatologia referenciados pelo médico de família ou marcando a consulta directamente no hospital, nas Consultas Externas.
Esta nova contratação vai permitir que o Centro Hospitalar do Nordeste cumpra o Plano de Referenciação Nacional para a implementação de unidades de reumatologia. Recorde-se que, em todo o país existem apenas 130 médicos especialistas em Reumatologia, quando a Organização Mundial de Saúde recomenda um rácio de um reumatologista para 40 mil habitantes.
Ao longo das consultas está prevista a aplicação de um questionário relativo à qualidade de vida que permitirá quantificar a evolução dos doentes reumáticos após iniciarem um tratamento, conforme explicou Rui Melo.
“Estes questionários vão avaliar a redução do consumo de fármacos e custos associados, os índices de absentismo laboral ligados a patologias do foro da reumatologia e os custos/benefícios associados ao acompanhamento em consulta diferenciada. Ou seja, o próprio Centro Hospitalar vai poder verificar se valeu, ou não, a pena investir nesta especialidade”.
O médico, ainda assim, considera que, em Bragança, não se justifica ter um médico desta especialidade a tempo inteiro, uma vez que são realizadas apenas consultas.
“Teria que ter um número imenso de doentes para justificar um médico a 40 horas e o vencimento que aufere ao final do mês”, apontou, considerando “um desperdício de tempo e de recursos financeiros”.
Rui Melo entende mesmo que a melhor aposta é aquela que o Centro Hospitalar fez, contratando o especialista para determinado número de consultas, rentabilizando um número maior de doentes e pagando bem menos do que se tivesse um especialista a tempo inteiro.
As consultas de Reumatologia funcionam às quintas e sextas-feiras e podem ser marcadas através do médico de família ou nas Consultas Externas. Esta é uma especialidade que funcionará em articulação com o Serviço de Ortopedia, sempre que haja a necessidade de cirurgia.