Foi condenado a 19 anos e meio de prisão efectiva o homicida de um taxista em Vilarinho das Toucas, no concelho de Vinhais.
O tribunal deu como provados os crimes de homicídio qualificado e detenção de arma proibida.
Apesar de não ter conseguido apurar os motivos do crime, o tribunal deu como provado que no dia 27 de Novembro do ano passado, Fernando Pires, de 55 anos, esperou por João Gonçalves, de 63 anos, na estrada que liga Vilarinho das Toucas a Landedo para o matar a tiros de caçadeira.
Ao longo do julgamento, o arguido nunca assumiu a autoria dos factos, tendo apenas dirigido um pedido de desculpas à viúva e aos próprios familiares.
Um facto que acabou por causar alguma estranheza ao juiz, que considerou que “só se pede desculpa quando se pratica um acto maldoso”.
O arguido manteve-se em pé, impávido, ao longo de toda a leitura da sentença, segurando apenas um lenço com a mão direita.
Foi assim que ouviu o juiz condená-lo a 19 anos de prisão pelo homicídio e a um ano e meio pela posse de arma proibida.
O que em cúmulo jurídico resultou em 19 anos e seis meses de prisão, para além do pagamento de uma indemnização à família da vítima.
Na leitura da sentença, o juiz comparou o homicida a um “caçador que faz uma espera a um coelho ou um javali”.
Avisou que a pena foi de 19 anos pela ausência de arrependimento e pelos sinais de premeditação do crime.
O tribunal considera que Fernando Pires conhecia os trajectos da vítima, escolheu um local afastado para, já de noite, o esperar.
Abalroou-o com o tractor e disparou dois tiros de caçadeira à queima-roupa, que atingiram o taxista na cara e num pulso.
Segundo o acórdão, procurou ainda desfazer-se do carro, tentando empurrá-lo por uma ribanceira.
Só o facto de o tractor ter ficado danificado impediu que fosse bem sucedido a encobrir as pistas.
O juiz considerou que houve “preparação ao pormenor, antes e depois do crime”.
A sala de audiências do tribunal de Vinhais encheu-se de gente, curiosa para ouvir a leitura da sentença.
No final, era voz corrente que a pena tinha sido leve.
“Não merecia cadeia, merecia uma coisa mais brava” considera José António Lousada. Já António Machado diz que “a justiça é assim mesmo. Acho que devia ter sido a pena máxima porque um crime destes foi premeditado”. A mesma opinião tem António Diegues para quem “a pena é um bocado curta, devia ser maior”.
Um sobrinho da vítima, confessa que esperava mais, mas não ficou surpreendido.
“Não fiquei surpreendido, acho que se fez justiça embora estivesse a contar com uma pena mais pesada” afirma Alfredo Pereira, saliento que “o que acho mais grave no meio disto tudo é que a minha tia (viúva) depende de terceiros e está numa situação um bocado caótica”.
O advogado de defesa, Miranda Carvalho, escusou-se a gravar declarações, mas admitiu poder vir a recorrer da sentença.
Já o advogado da família da vítima, considera que foi uma pena justa.
“A pena está dentro daquilo que prevíamos, ligeiramente abaixo daquilo que tínhamos pedido, mas parece-nos justa e aceitável” afirma Francisco Sacramento, acrescentando que “relativamente ao pedido da indemnização foi-nos concedido a totalidade daquilo que pedíamos que eram 105 mil euros, por isso não estamos a pensar recorrer”.
Nem a viúva nem os filhos da vítima assistiram à leitura da sentença.
Escrito por Brigantia