Há cada vez menos oferta ao nível da caça, com uma densidade baixa de peças que tem vindo a diminuir, por vários factores, entre eles o abandono da agricultura. Mas a pressão dos caçadores também tem de diminuir. Assim o entende Rui Caseiro, vice-presidente da câmara de Bragança e caçador, que quis deixar o alerta, na abertura da 9ª Feira Internacional do Norte.
O responsável considera que é necessário “mudar de atitude” e ter “um comportamento ajustado”, o que significa: “caçar menos dias, com menos caçadores no território e com menor abate de peças”.
Rui Caseiro considera que a caça, como sector económico sustentável, só poderá ter futuro “enquanto os caçadores tiverem oportunidade de andar no monte e ver caça” e, para tal, “os caçadores têm de ser mais respeitadores”.
É que uma pressão desajustada sobre um território onde o número de peças já é reduzido, pode levar a uma diminuição abrupta de determinadas espécies.
Mas, para além do comportamento dos caçadores, há outros factores que devem ser tidos em linha de conta. O abandono da agricultura levou
a diminuição de determinadas espécies, com a diminuição da cultura cerealífera, por exemplo, a prejudicar a produção de perdizes.
A comparação com o Alentejo é inevitável. Como caçador, o responsável aponta para aquela região do país como “das melhores zonas para caçar” e onde as jornadas de caça podem nem chegar a um mês.
“Para termos caça, temos de investir na produção, nas condições que a caça tem de ter para a reprodução, na alimentação, nos bebedouros...É preciso este investimento”, notou.
Outro dos factores que o responsável entende como limitativo do crescimento do sector é a falta de dimensão. Deu-se um primeiro passo, ao ordenar o sector, no entanto, agora seria necessário proceder a um reordenamento e ao aglutinamento de pequenas zonas de caça associativas ou municipais, para lhes dar maior dimensão e massa crítica.
“Temos zonas de caça com uma área muito pequena e não existe massa crítica suficiente para podermos implementar um bom plano de gestão. Não é com áreas de mil hectares que se consegue isso”, apontou.
Rui Caseiro teceu ainda algumas críticas à Zona de Caça Nacional da Lombada, que, no seu entender, “devia ser um exemplo”.
Com uma área de 20 mil hectares, considerada das melhores zonas de caça do país, com os melhores troféus de veados a nível nacional e ibérico, a Zona de Caça da Lombada ainda “não é exemplar nem demonstrativa daquilo que deve ser feito ao nível da gestão”.
A câmara já se disponibilizou a, conjuntamente com os responsáveis governamentais, “congregar esforços para conseguir melhores condições de rendimento para as populações que lá residem”.
Ao longo dos quatro dias da Feira Internacional do Norte, as questões relacionadas com o sector da caça estiveram em debate, tal como em outros anos, no entanto, a participação é sempre diminuta.