Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
23 de Setembro de 2010

Internada há mais de 75 dias na Unidade de Cuidados Intermédios com uma doença grave e rara, Joaquina Fernandes foi surpreendida, no seu dia de aniversário, com uma festa de família oferecida pelo Hospital

 


 

 

Dentro da sala de reuniões da unidade hospitalar de Bragança, vários familiares aguardavam silenciosos pela chegada de Joaquina Fernandes. Internada há mais de 75 dias na Unidade de Cuidados Intermédios com uma meningoencefalite, uma doença grave e rara, com baixas taxas de sobrevivência, a doente preparava-se para uma pequena caminhada, quando foi surpreendida pela família, reunida para lhe dar os parabéns pelo seu 65o aniversário.

A festa, oferecida pela equipa do hospital, visou promover o reencontro dos familiares com a doente, um acto de humanismo que pretendeu dar mais alento para a longa caminhada que ainda há a percorrer.

Numa analogia com o desporto, o médico Domingos Fernandes comparou a recuperação da doente a uma maratona: “cada dia estamos a andar um metro, cada melhoria é gradual”.

A meningoencefalite é um processo inflamatório que envolve o cérebro e as meninges. Segundo Domingos Fernandes esta é “uma doença rara, com poucos casos similares descritos na literatura” e que, muitas vezes, está associada a uma alta taxa de mortalidade e a sequelas muito significativas que podem condicionar a qualidade de vida da doente.

“Estávamos a lutar por números de sobrevivência muito baixos mas, felizmente, correu bem”, adiantou o profissional, frisando, no entanto, o longo percurso que ainda há a percorrer para que a doente recupere.

Ainda assim, segundo apontou Domingos Fernandes, “não era expectável que, ao fim de 75 dias, a doente estivesse tão bem”.

Para a família foram dias de espera e de angústia, 75 dias desgastantes à espera de notícias.

“Não sabíamos o que podia acontecer, fomos esperando, dia após dias, pouco a pouco, é uma recuperação muito lenta”, contou Manuel José, filho da doente.

Um desgaste que não passa despercebido a quem trabalha naquela unidade e acompanha o dia-a-dia dos doentes e dos familiares. No caso de Joaquina, foram 75 dias em que, todos os dias, os familiares esperavam por melhores novidades e, por vezes, viam limitadas as visitas, por força dos tratamentos, pois o doente é sempre a prioridade.

O internamento nos Cuidados Intermédios implica sempre um elevado nível de cuidados, prestado por uma equipa multidisciplinar, e uma vigilância permanente a qualquer alteração que os doentes possam manifestar. Todas as causas de internamento são diferentes, mas baseiam-se sempre na necessidade de vigilância permanente, intensiva e contínua, assim como um nível de cuidados diferente de outros níveis de internamento.

A humanização, a promoção do bom relacionamento com as famílias é uma das etapas do processo de recuperação, conforme apontou a médica Eugénia Madureira, directora do serviço de urgência.

“Nestas unidades, em que há uma tecnologia muito avançada e muita mecanização nos procedimentos, prevalece sempre a imagem de um ambiente frio, mas temos sempre a visão de cada doente como uma pessoa com a sua história de vida e com a sua família”, considerou a responsável.

A dimensão que uma pequena iniciativa pode ter na vida dos familiares e dos doentes é, talvez, difícil de descrever. Basta pensar, no entanto, no que seriam 75 dias a acompanhar um familiar que estivesse nas mesmas circunstâncias, internado num hospital do Porto, como exemplificou Eugénia Madureira.

“A família teria dificuldades em se deslocar e o doente iria sentir-se mais abandonado. Tudo isso é importante na recuperação do doente”.

Actualmente a Unidade de Cuidados Intermédios de Bragança tem uma taxa de ocupação de 80 por cento e uma média de internamento que ronda os seis dias. Com uma capacidade de ocupação de sete camas, o objectivo é desenvolver aquele serviço de forma a dar resposta a todos os doentes críticos do distrito de Bragança.

“O nosso objectivo é que os doentes desta zona não precisem de se deslocar e andar quilómetros para tratar situações complicadas. Estamos tecnicamente preparados para tratar os doentes críticos com as mesmas condições que outros hospitais de grandes centros, com a vantagem para a família e para o doente de estar perto dos seus, no seu local habitual”, referiu a directora.

No caso de Joaquina Fernandes, depois da surpresa, há que continuar o caminho da recuperação. Sem alta prevista, a doente irá continuar internada nos Cuidados Intermédios. A única certeza com que a família pode contar é que continuará a ter todo o apoio e carinho dos profissionais que integram aquele serviço. Um apoio e envolvimento que os profissionais garantem que continuarão a dar a todos os casos que ali dêem entrada.

 

 

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