Português escravizado 14 anos em Espanha
Sem avisar As histórias deste caso são semelhantes e o modus operandi quase sempre o mesmo.
A. O. tinha feito 36 anos de idade quando foi abordado com uma promessa de trabalho remunerado. Acedeu e partiu nesse mesmo dia. Nem avisou a família. Foi embora com uma agenda telefónica, documentos pessoais e a roupa que tinha no corpo. De comboio para Torre de Moncorvo era esperado pelos arguidos F. dos Santos e I. Carromão, os mesmos suspeitos de terem escravizado sexualmente duas portuguesas durante oito anos. Em Espanha, os arguidos V. Carromão e I. Pereira, filha e genro dos suspeitos de Moncorvo, ficaram imediatamente com os documentos de A. O. e abriram, no seu nome, uma conta bancária.
Segundo a acusação do processo, A. O. e outros trabalhadores portugueses no mesmo local, eram obrigados, sob ameaças, a levantar os depósitos e a entregá-los aos arguidos no final do mês.
A. O. pediu para regressar a Portugal mas nunca lhe foi permitido. Em 1998 A. O. veio ao nosso país com os suspeitos, que o obrigaram a renovar o BI, dando a morada de Torre de Moncorvo. Voltou para Espanha, nunca recebeu dinheiro pelo seu trabalho e tentou fugir várias vezes. Foi sempre apanhado e violentamente castigado.
Finalmente, em 2005, F. dos Santos e I. Carromão abandonaram A. O. no Pocinho, junto à cidade da Régua, e deixaram-lhe ficar 120 euros nos bolsos com a advertência para esquecer-se dos seus nomes.
No documento da acusação que resultou da investigação da Polícia Judiciária (PJ)_do Porto, pode ler-se, o parágrafo final da história, seco e objectivo: “O ofendido A. O. foi ameaçado, agredido e impedido de se movimentar livremente, sujeito a um verdadeiro regime de escravidão, durante cerca de 14 anos.”
Fonte: jornal i
Fonte: jornal i