A EDP anunciou que vai abrir o concurso para a construção da barragem de Foz Tua. As propostas devem ser entregues até Outubro, sendo que a adjudicação do contrato e o arranque das obras está previsto já para o final deste ano.
A obra representa um investimento total de cerca de 300 milhões de euros e prevê-se que crie mil empregos directos e outros 4000 indirectos.
A barragem de Foz Tua vai ser construída no troço inferior do rio Tua e prevê-se que tenha uma produção bruta anual de 619 GWh. O empreendimento será constituído por uma barragem em betão, do tipo abobada, com uma central subterrânea em poço equipada com dois grupos reversíveis com uma potencia total de 263 MW, por um circuito hidráulico subterrâneo e por uma subestação compacta para ligação à rede de evacuação de energia.
No entanto, antes da adjudicação, terá de ser aprovado o Relatório de Conformidade Ambiental do Projecto de Execução, um documento que está, actualmente, em análise e onde a EDP se propõe a executar as medidas de minimização e compensação exigidas pela Declaração de Impacte Ambiental (DIA) emitida em Maio último.
Com a construção desta barragem prevê-se que a Linha do Tua fique inundada, o que tem provocado a contestação pela falta de alternativas que garantam a acessibilidade das populações locais.
Recentemente, em audiência na Assembleia da República, o ministro das Obras Públicas chegou a afirmar que ficaria mais “barato” dar um carro a cada utente da Linha do Tua do que manter a via em funcionamento, declarações que provocaram a contestação dos Verdes, do Movimento Cívico da Linha do Tua (MCLT) e do próprio presidente da câmara de Mirandela, que acredita nas potencialidades turísticas daquela via.
Também a recente proposta apresentada pela EDP para a criação de um parque natural do Sabor e Tua não mereceu grande receptividade por parte dos autarcas locais e foi também contestada pelos Verdes e pelo MCLT.
“Uma empresa que está obstinadamente apostada em destruir dois vales praticamente intocados, plenos de biodiversidade e valor paisagístico, vir propor a criação de parques naturais, é de um mau gosto demagógico inqualificável”, considera o MCLT.
No entender dos responsáveis pelo MCLT, se a EDP quiser compensar a região, pode começar por prevenir os desperdícios de caudal, baixar a tarifa da electricidade na região e contribuir com “os chorudos lucros e ordenados dourados” para a reabertura, modernização e prolongamento da Linha do Tua.