Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
05 de Julho de 2010

A obra de Júlio Pomar permite ler o século XX, apontou Laura Castro, investigadora de Belas Artes. Na sua opinião, “é possível fazer um curso de História da Arte a partir de Júlio Pomar, pois a sua obra explora todas as possibilidades da pintura, desde a representação, ilusão, composição, decomposição, quase abstracção...”. A dificuldade em passar a mensagem talvez esteja relacionada com a natureza da obra artística, como aponta o próprio Júlio Pomar. «Quando as pessoas falam entre si, há uma linguagem comum – a palavra. O pintor é gago para as palavras, está mais aberto à visão, lida com as imagens».

Ao longo de toda a sua vida, Júlio Pomar incutiu à sua arte uma dimensão de comprometimento social e político muito forte documentada nas primeiras obras, em que é patente a passagem da ditadura à democracia. Mas da sua obra, de mais de seis décadas, é sobretudo surpreendente a multiplicidade de linguagens, temas, técnicas, materiais e suportes usados, mostrando a constante mudança e adaptação de um homem/artista em permanente interrogação sobre o mundo que o rodeia e com “um apetite de animal feroz”, como o próprio assume.

Os diversos campos de experiência que explorou e continua a explorar são valorizados na antologia apresentada no Centro de Arte Graça Morais, organizada por Jorge Costa, director do espaço e comissário da exposição. É uma pluralidade que mostra o artista como experimentador, ao invés de produtor, e que surpreendeu o próprio Júlio Pomar que veio, assim, a Bragança redescobrir algumas das suas obras.

“Limitei-me a uma posição de observador”, assumiu. “Por norma, prefiro e procuro manter-me nessa posição, porque me parece que possa ser mais produtiva do que estar a seguir uma ideia que eu tenho sobre o meu trabalho e a impô-la”. Uma modéstia que lhe permitiu ter uma “visão nova” sobre obras que já não assume como suas, pois nelas já não tem poder de intervenção.

 

 

Carla A. Gonçalves

publicado por Lacra às 23:20
últ. comentários
obrigado Cris:)
Bem vinda :))
Helder Fráguas sofreu a perda da sua companheira, ...
Para mim e para muita gente a volta às adegas para...
Estou habituado na leitura de blogs on line, adoro...
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