De guarda-chuva na mão, que esta Primavera não está para brincadeiras, Carlos Fernandes divide-se entre o jogo da sua equipa, da Escola Secundária Abade de Baçal, em Bragança, e o do campo ao lado, para onde vai olhando, de soslaio. A sua equipa joga em casa e é a grande favorita. "Os miúdos jogam todos no Desportivo", justifica. A verdade é que os resultados vão sugerindo isso mesmo, as forças estão mesmo desequilibradas. "Boa, mais um golo", anota, enquanto vai apreciando as qualidades da estrela da equipa, Rui Alves. "É bom em tudo. Joga bem, corre bem", sentencia. Carlos Fernandes é o treinador de futebol da equipa que acabou por vencer a final de Bragança, enquanto acumula o cargo de treinador e vice-presidente do clube de atletismo local. Pelas suas mãos já passaram muitos com potencial, "mas todos preferem a bola", conta.
Rui Alves é um dos últimos exemplos. "É o mais rápido da turma. É claro que há a tentação de os levar para o atletismo, mas já são todos futebolistas", diz Carlos Fernandes.
Numa zona em que a indústria praticamente não existe, o futebol acaba por ser um escape. "Mas agora vão começar a aparecer mais miúdos desta zona. Já há infra-estruturas boas e, desde que os professores de Educação Física começaram a chegar aos clubes, a qualidade de treino subiu muito", sublinha Armando Alves, pai do 10 brigantino.
Um dos últimos casos foi Pizzi, que do GD Bragança saltou para o Braga, que o emprestou ao Paços de Ferreira, onde tem brilhado. Antes disso passou pelas mãos de Carlos Fernandes. "Tem condições para jogar em qualquer equipa", avalia. E está convencido que Rui Alves "tem o mesmo potencial". E vontade não lhe falta. "Ser profissional? O que é que acha? Claro que quero!".
Fonte: O Jogo