O coordenador do projeto, António Amorim, do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), disse à agência Lusa que a equipa de investigadores não aceita nem a decisão da FCT nem os argumentos do júri.
António Amorim realçou que este 'chumbo' pode pôr em causa a continuação de um estudo inovador sobre comunidades judaicas de Bragança, cujos resultados preliminares foram publicados recentemente no American Journal of Physical Anthropology (Revista Norte-americana de Antropologia Física).
Nesse estudo, a equipa de cinco investigadores portugueses detetou linhagens típicas do Próximo Oriente dez vezes mais frequentes do que no resto do país em comunidades do distrito de Bragança que se identificam como sendo de origem judaica.
No projeto submetido à FCT, intitulado Traçando a história dos Judeus Sefarditas pela genética: criptojudeus e a segunda diáspora, os avaliadores consideraram que a apresentação deste tipo de projetos «cria sérios problemas a todos os níveis - filosófico, ético, político, religioso e histórico».
«Um estudo genético deste tipo abre a porta a toda a espécie de manipulação ideológica», referem os avaliadores, que dizem temer também «danos morais e intelectuais» de «extensão considerável» em comunidades «rurais e frágeis».
O projeto envolveria 16 investigadores, 10 dos quais doutorados, e cinco unidades de investigação: IPATIMUP, Centro de Estudos Africanos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Centro de Estudos Sefarditas 'Alberto Benveniste', Centro de Investigação em Antropologia da Universidade de Coimbra e Society of Crypto-Judaic Studies.
Lusa / SOL