A Cruz Vermelha de Bragança esteve em Babe e Laviados a efectuar um rastreio à população com mais de 65 anos. A iniciativa insere-se no projecto da Popota, patrocinado pelo Modelo, e cujos fundos reverteram para este projecto de apoio à população sénior.
Durante toda a tarde, os voluntários da Cruz Vermelha rastrearam os índices de glicemia, massa corporal e colesterol dos idosos daquela freguesia, ao mesmo tempo que efectuaram um inquérito sobre acuidade visual. Com esta iniciativa, que já percorreu outras aldeias do concelho de Bragança, os voluntários da Cruz Vermelha pretendem conhecer melhor a saúde dos idosos de modo a desenvolver acções mais direccionadas, conforme explicou Milton Roque, assessor da direcção.
“No final vamos fazer um tratamento estatístico dos dados e vamos ver em que áreas é que devemos actuar”, explicou.
O rastreio à população idosa tem permitido conhecer melhor o estado de saúde da população sénior de Bragança e os dados não são animadores: cerca de 70 por cento da população tem apresentado valores mais altos do que aqueles que são considerados normais.
“Temos encontrado muitas pessoas medicadas mas que, precisamente por estarem medicadas, cometem alguns abusos”, explicou o responsável.
A sensibilização para os bons hábitos alimentares e para rotinas diárias mais saudáveis tem sido, por isso, um dos principais objectivos da Cruz Vermelha.
“Hoje os rastreios já se podem fazer em vários locais, é preciso é que haja sensibilização e informação sobre as principais doenças que afectam a população sénior e sobre as melhores formas de prevenção e, por vezes, são coisas tão simples como fazer mais uma refeição por dia”, explicou Milton Roque.
A Cruz Vermelha realizou esta acção em Babe e Laviados a pedido da Junta de Freguesia local, conforme explicou o responsável da instituição.
“Normalmente é a Cruz Vermelha que propõe algumas localidades e que depois averigua a disponibilidade junto das juntas de freguesia. Neste caso, foi a Junta que propôs que a acção se realizasse e que sensibilizou as pessoas para estarem presentes”, apontou.
O autarca local, Alberto Pais, explicou que pretendeu assim sensibilizar a população para os cuidados de saúde: “nas áreas rurais há algum desleixo com os cuidados de saúde e depois há a questão das deslocações a Bragança que também causa alguns transtornos às pessoas mais idosas”.
Mais apoio médico à população
A freguesia de Babe é uma das freguesias que tem protocolado com a Administração Regional de Saúde (ARS) a deslocação de um médico à localidade por forma a dar resposta à população idosa. No entanto, segundo o autarca, o serviço não está a funcionar a 100 por cento e isso tem provocado alguns constrangimentos junto da população.
Apesar da aldeia não estar a grande distancia de Bragança, o transporte público é efectuado apenas duas vezes por dia, ao início da manhã e ao final da tarde, conforme explicaram alguns dos idosos que participaram na iniciativa.
“Há pessoas que nunca vão ao médico porque é difícil ir a Bragança. Temos de apanhar o autocarro e quem não tem dinheiro para vir de táxi é obrigado a ficar na cidade o dia inteiro”, apontou Maria do Carmo. A ida do médico à aldeia é, por isso, encarada com grande expectativa, embora, actualmente, a frequência não seja do agrado dos populares.
“O médico vem cá, mas não vem as vezes suficientes. Passa meses sem vir cá”, contou outra das habitantes, apontando que o ideal seria uma visita quinzenal.
O presidente da Junta local está já a fazer os esforços no sentido de conseguir para a freguesia esse serviço, de modo a oferecer aos idosos maiores cuidados de saúde.
“As pessoas têm feito algumas queixas e estamos a tentar resolver essa situação até porque temos idealizados outros serviços que estão dependentes do médico vir ou não”, contou.
Alberto Pais pretende chegar a um acordo com uma farmácia para que a medicação possa ser entregue ao domicilio, mediante a vinda do médico.
“Estamos apenas em negociações, ainda é apenas uma intenção que vai depender da vindo do médico”, explicou o autarca.