Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
29 de Novembro de 2010

A estrada nacional 315, no concelho de Alfândega de Fé, está cortada ao trânsito, no alto de Bornes, devido à neve que hoje começou a cair no sul do Distrito de Bragança e que já atinge todo o Nordeste Transmontano.

 

Segundo confirmaram à Lusa a Protecção Civil distrital e a Brigada de Trânsito, esta é a única via intransitável no Distrito de Bragança, embora as autoridades estejam a aconselharem prudência a quem circula na região.

 

Está a nevar em todo o Nordeste Transmontano, embora os primeiros flocos só tenham surgido depois das 15:00, mas em apenas duas horas bloquearam o principal acesso do concelho de Alfândega da Fé, cortando a nacional 315, junto ao Hotel SPA.

 

Diário Digital / Lusa

 

 

 

publicado por Lacra às 19:04

A Protecção Civil de Bragança que esperou hoje ao longo do dia pela neve no norte do distrito foi surpreendida, a meio da tarde, pela queda dos primeiros flocos não na zona mais fria, como é habitual mas em vários concelhos do sul da região.

Em declarações à Lusa o comandante do Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) , Cralos Alves, depois das 15:00, começou a nevar em Torre de Moncorvo, Carrazeda de Ansiães, Vila Flor e Alfândega da Fé, nomeadamente na serra de Bornes.

Carlos Alves garantiu à Lusa, que "não há qualquer constrangimento, até porque choveu bastante antes de começar a nevar".

 

Fonte: LUSA

publicado por Lacra às 16:15

Portugal está sob o efeito de uma vaga de frio polar, que se pode prolongar até ao final da próxima semana. Pelo menos durante os próximos 4 ou 5 dias será frequente verificar a existência de temperaturas negativas no Nordeste transmontano. As máximas não irão além dos 10 e serão em alguns dias inferiores a cinco graus celsius. 

Há diversos cuidados a ter enquanto durar a principal vaga de frio deste ano desde o início do Outono. O Comandante do Centro Distrital de Operações de Socorro de Bragança, Carlos Alves, deixa alguns avisos à população: “Saírem à rua só quando necessário e evitar estar expostos ao frio. Se assim for, as pessoas devem procurar cobrir-se, nomeadamente na cabeça e nas mãos, devem usar várias camadas de roupa, e não só uma de tecido mais grosso. Quanto aos aquecimentos, ter cuidado com as lareiras e braseiros, principalmente em zonas onde não haja renovação de ar – como sabemos todas essas fontes de calor produzem monóxido de carbono e há o risco de intoxicações, bem como um risco de incêndio”. 

Durante as vagas de frio são comuns as falhas de energia, devido à sobrecarga da rede, o que obriga a alguns cuidados a tomar. “Aconselho ainda a consumir o mínimo possível de energia eléctrica, porque nestas situações há sempre sobrecarga da rede e ocorrem frequentemente falhas de energia. Devem ter uma lanterna à mão para o caso de faltar a luz”. 

Carlos Alves assegura ainda que todos os meios de socorro estão alerta para os próximos dias. Em caso de emergência ou se sentir ou verificar que alguém apresenta sinais de hipotermia deverá contactar imediatamente o serviço de emergências através do 112.

 

FONTE: RBA


publicado por Lacra às 09:28

 

Fronteira de Rio de Onor (Portugal) e Riohonor de Castilla (Espanha), dez da manhã de um dia de Novembro em que Portugal estava em alerta máximo de segurança a propósito da Cimeira da Nato. Ali, no entanto, passar de Espanha para Portugal ou de Portugal para Espanha, fazia-se tão facilmente como noutro dia qualquer.

Esta, que já foi uma das fronteiras mais vigiadas do país, é agora considerada como um ponto de passagem pouco relevante. Também, “aqui poucos passam”, é meia dúzia, coisa sem significado, garantem os habitantes. O controlo “vai-se fazendo”, como em outros dias, explica António Preto, presidente da Junta.

“A GNR tem passado aqui a fazer a ronda com mais frequência, esta semana, mas não estão aqui permanentemente. Também não se notou nenhum aumento significativo do tráfego”.

Correntemente, a Guarda passa ali uma vez por semana, tal como os congéneres espanhóis. E “chega bem”, diz-nos o “Tio” Mariano Preto, justificando que a Cimeira “é lá na capital”.

“ Quem vem aqui ter? Ninguém! Connosco ninguém quer contas!”, diz com a tristeza de quem vê, dia após dia, a aldeia cada vez mais deserta. Bom, no seu entender, era que houvesse mais “atenção”, pois por ali quem quer pode passar, “não era mau que às vezes viessem por aí e perguntassem quem são e ao que andam”, mas, a verdade, é que por ali poucos passam.

Num passado não tão longínquo quanto se possa imaginar, naquela fronteira, uma das mais antigas do país, estavam, permanentemente, as Guardas de Portugal e Espanha, respectivamente, a GNR e a Guardia Civil, o que tornava a povoação de Rio de Onor numa das mais vigiadas do distrito.

Embora ambos os povos falem de um passado comunitário, em que nunca tiveram grandes dificuldades em passar de uma aldeia para outra, até porque havia famílias comuns, terrenos de um lado e outro, a verdade é que todos concordam que a vigilância era muito “apertada”. Talvez seja por isso que, por ali, nunca se esconderam os muitos espanhóis que fugiram à Guerra Civil e às acusações do Governo franquista.

O “Tio” Mariano recorda esses tempos, pese embora só tivesse sete anos de idade quando terminou a Guerra Civil espanhola. “Eu tinha sete anos quando a Guerra terminou, mas lembro-me porque, mesmo nos anos seguintes, passavam por aqui, fugidos do centro da Espanha. Aqui não podiam ficar, pelo menos não muito tempo porque havia muita vigilância”.

Mas, na verdade, “a guerra não chegou a aldeia”, e quando o “Tio” Mariano diz “aldeia” refere-se a ambas as povoações. Ainda que tentemos saber o que contavam os seus pais daquele tempo conturbado que os vizinhos viveram, entre os anos 1936-39, é sem qualquer sucesso.

“Ninguém falava nada. Houve um caso ou outro, mas os fugitivos não ficavam aqui, fugiam para outras aldeias como Baçal ou Aveleda. Connosco não era nada, nem com a povoação espanhola”, repete.

Do lado espanhol, no entanto, há quem testemunhe que pelo menos duas pessoas daquela comunidade tiveram de fugir para outra freguesia, perto de Bragança, por estarem acusados de serem de esquerda, como lembrou o casal espanhol, João Preto Gomez e Sofia Tejedor.

“O pai dela e outro senhor daqui ainda estiveram dois anos fugidos. Vinham aqui de noite ver a família, mas logo tinham de partir, com medo de serem vistos. Ambos os povos os protegiam, pois eles diziam que eram de esquerda, mas que sabiam eles? Não sabiam nem ler, nem escrever, sabiam lá se eram comunistas!”, contaram.

Durante vários anos, mesmo depois da Revolução do 25 de Abril de 1974, a fiscalização daquela fronteira manteve-se apertada. E se os guardas “fechavam os olhos” aos produtos que portugueses compravam do lado espanhol para consumo em casa, a verdade é que, mesmo assim, tinham de os levar “às escondidas”.

“Nem um saco de carvão para aquecimento deixavam levar, e era coisa que poucos escudos valia”, lembra José Gomez. Já o café e as conhecidas calças de sarja passavam escondidos, mas só entre a povoação local.

“Nós, no fundo, era como se tivéssemos a fronteira livre porque facilitavam a vida aos habitantes. Com quem vinha de fora é que era pior”, atesta António Preto.

 

Fronteira fechada a cadeados

 

Pior foi quando, após o 25 de Abril, a GNR viu o seu efectivo de oito homens reduzido para dois. A agravar a situação, a Guardia Civil saiu da localidade, deixando a fronteira ao encargo dos portugueses. A forma de resolver a situação foi simples e é hoje recordada com humor: colocaram cadeados na fronteira e eram os condutores dos veículos que tinham de ir chamar a GNR ao posto.

“Como só estavam duas pessoas, estavam sempre de serviço. Resolveram, então, colocar um cadeado a impedir a passagem dos carros. Ali só passava quem fosse a pé ou com a carroça, ou seja, quem fosse daqui do povo”, contou José Gomez.

A situação havia de manter-se quase até à entrada de Portugal na União Europeia. Com a adesão ao mercado comum, a fronteira física que nunca impediu os dois povos de conviverem, desapareceu. No entanto, desde então, ambas as comunidades foram perdendo gente. Do lado português residem apenas uns 50 habitantes, mas do lado espanhol ainda é pior.

“As pessoas tiveram de sair e fazer pela vida para hoje ter alguma qualidade”, aponta Sofia Tejedor. O casal, de meia idade, também partiu para Madrid, onde residem os seus filhos. “Partimos para hoje poder ter uma boa casa, com todo o conforto, mas aqui não há nada”, notam.

Um cenário tristonho que se repete do lado português, onde a maioria dos habitantes tem os filhos na capital ou no estrangeiro porque ali “não há vida para os jovens”.

“Aqui não se pode viver. Ou melhor, pode-se viver, mas com trabalho na agricultura. Aqui não há nada, não há vida para que a mocidade aqui possa ficar”, diz-nos Mariano Preto, apontando que dos seus três filhos e quatro netos ninguém ficou na terra.

 

Tradições perdidas

 

Por ali, já nem as tradições comunitárias que uniam as duas povoações raianas se mantiveram. O gado que pastoreavam em conjunto, à vez, foi vendido. “Não há gente nova e os que ficaram estão velhos e cansados”, explica o presidente da Junta, apontando que a erva que cresce na chamada “ribeira dos coutos” já só serve para alimentar os veados e javalis que por ali passam.

Mas esta era apenas uma das muitas actividades comunitárias que unia os dois povos e que desapareceu. Antigamente, as comunidades juntavam-se, também, para fazer as represas que regavam as propriedades agrícolas de um lado e do outro e que tanto pertenciam a portugueses como a espanhóis.

“Sabe que aqui é como se fosse um só povo porque uns têm terras do lado espanhol, outros do lado português, houve casamentos entre portugueses e espanhóis, não há divisões”, atira o Tio Mariano.

O povo junta-se, agora, do lado português a comprar alguma mercearia que é levada por um carro transportador. Os espanhóis também ali vão. Só alguns produtos é que são comprados na “tienda” existente em Riohonor, como as botijas de gás. De resto, “nem há grandes diferenças”, “é o mercado comum”, dizem com sabedoria.

“Nós íamos a Espanha comprar algumas coisas quando a peseta era mais barata e compensava, porque valia quatro tostões”, recorda António Preto. Hoje, com a moeda única, “é quase igual” e como ali tudo funciona como uma só aldeia, “é só ir ao outro lado da rua”, quando assim se justifica.

Ali, resta agora o silencio pesado das ruas vazias, de um lado e de outro da fronteira e os antigos marcos históricos que uma vida comunitária sempre soube ultrapassar.

 

publicado por Lacra às 08:47
últ. comentários
obrigado Cris:)
Bem vinda :))
Helder Fráguas sofreu a perda da sua companheira, ...
Para mim e para muita gente a volta às adegas para...
Estou habituado na leitura de blogs on line, adoro...
me llamo fedra soy de santa fe argentina tengo 9 ...
Carissimos,Eu não sei quem inseriu o comentário em...
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