Ao longo de mais de 1200 quilómetros de fronteira “não deve haver pior ligação rodoviária do que a de Bragança ao Norte de Espanha”, nomeadamente à província de León. A constatação é de Jorge Nunes, presidente da câmara de Bragança, que, à margem de uma cerimónia onde estiveram presentes entidades oficiais de Portugal e Espanha, voltou a reclamar ligações condignas ao outro lado da fronteira.
“É preciso criar a coesão, permeabilizar a fronteira, rasgar a fronteira, unir os povos e isso significa medidas de política públicas concretas”, apontou.
O autarca reclama que seja dada prioridade à ligação Porto – Valladolid, num corredor internacional que abranja Bragança, Puebla de Sánabria e outras localidades espanholas até à cidade de Léon, sobretudo numa altura em que já há um memorando de entendimento para a constituição de uma “macro-região” do Sudoeste Europeu.
Recentemente os responsáveis da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e os Governos Regionais da Galiza e de Castela e Leão, assinaram um memorando de entendimento para a formação da primeira “macro-região” da Península Ibérica. Um passo que vai permitir à Região Norte, Galiza e Castela e Leão a participação na aplicação de uma nova fórmula de cooperação territorial, concebida pela Comissão Europeia para 2014-2020.
Jorge Nunes considera que, antevendo uma nova política de apoio à cooperação transfronteiriça, é necessário, desde já, inscrever algumas medidas de política pública nesses planos estratégicos, nomeadamente “algumas infra-estruturas que esta possível macro-região ainda carece”.
“Em toda a zona de fronteira, o distrito de Bragança será, provavelmente, aquele onde a permeabilidade é mais baixa. É aqui que há alguma carência importante de infra-estruturas rodoviárias e até de serviço público de transporte de passageiros, que não existe”, considerou o autarca.
Aproveitando a presença de Vicente Herrera, presidente da Junta de Castela e Leão, na cidade de Bragança, o autarca voltou a apelar ao “empenho” espanhol, lembrando as “responsabilidades políticas” de Vicente Herrera no que diz respeito a esta questão.
“Mesmo neste período de escassez de recursos públicos, a ligação do Norte a Léon deve ser equacionada como uma prioridade e acho que deverá ser uma questão de tempo”, apontou Jorge Nunes.
O Mensageiro tentou ouvir o responsável espanhol sobre esta questão, mas Vicente Herrera recusou-se a prestar esclarecimentos.
Desde 1998 que a câmara de Bragança tem vindo a fazer esforços no sentido de se avançar com a ligação da região transmontana ao Norte de Espanha, via Puebla de Sanábria. Os vários estudos técnicos que foram sendo elaborados já foram encaminhados para o Governo de Portugal, para o de Espanha e para a Junta de Castela e Leão.