“Aqui jaz a minha casa” integra o actor Leandro do Vale como personagem principal. Média metragem vai ser submetida a festivais internacionais e nacionais
Um personagem de idade a viver sozinho numa aldeia do Nordeste Transmontano, abandonado com os seus fantasmas do passado e tendo como única companhia um cão. Um olhar sobre o despovoamento do território transmontano na pele da primeira pessoa. É este o mote da média metragem – “Aqui jaz a minha casa” - rodada no concelho de Vinhais numa produção independente lançada por Aurora Morais e Rui Pilão, dois jovens de origem transmontana.

Sem apoios financeiros, estes dois jovens reuniram uma equipa de som e imagem de oito elementos, no total, e apostaram no actor Leandro do Vale, actual director artístico do Teatro em Movimento, para encarnar o papel de personagem principal de todo o filme.
Para rodarem a média metragem, a equipa contou com o apoio logístico da câmara de Vinhais, do Instituto Português da Juventude, da Junta de Freguesia de Vilar de Ossos e da Junta de Freguesia de Tuizelo. A população local das aldeias de Tuizelo e de Vilar de Ossos também colaborou com os jovens, nomeadamente Teresa Martins, uma local que disponibilizou a casa para um dos cenários filmados.
A ideia de avançar com uma média metragem de 30 minutos sobre a solidão e o despovoamento humano surgiu a partir de um trabalho fotográfico de Aurora Morais e Tiago Ribeiro. A partir daí foi desenvolvido todo o argumento sobre um idoso a viver completamente sozinho numa aldeia, abandonado às suas memórias, num estado de demência intervalada com momentos de lucidez.
Apesar da ficção, Aurora Morais e Rui Pilão estão convictos que, a médio prazo, esta pode vir a ser uma realidade de muitos idosos transmontanos que habitam nas aldeias.
“Daquilo que vimos ao longo dos dias em que filmamos, consideramos que este é um cenário que pode vir a ser real. Há cada vez mais idosos sozinhos, sem ninguém que cuide deles, sem companhia para conversar, quase esquecidos”, apontou Aurora Morais.
Para além de divulgar as paisagens transmontanas, “espectaculares para trabalhos cinematográficos”, o filme visa, sobretudo, servir de alerta para o fenómeno de despovoamento que tem atingido não só Trás-os-Montes, mas várias regiões da Europa.
“As aldeias despovoadas existem por toda a Europa. O problema da solidão afecta cada vez mais idosos. O melhor prémio que podemos ter é conseguir despertar a consciência de quem visualizar esta média metragem”, considerou Rui Pilão.
Depois de editado, o filme vai ser submetido a uma série de festivais internacionais e nacionais de cinema. Caso não haja nenhuma cláusula de exclusividade, esta produção independente poderá vir a ser exibida, ainda este ano, na cidade de Bragança.
A equipa integra Rui Pilão, licenciado em Som, na Inglaterra, como realizador; Aurora Morais, finalista de Sociologia, como produtora; Tiago Ribeiro, mestre em Engenharia Informática, como director de Fotografia; Sérgio Castro, mestrando em Estudos Artísticos, como director de fotografia/operador de câmara; e Leandro do Vale, como actor/encenador.