Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
30 de Setembro de 2010

Sob o mote das Jornadas Europeias do Património, seguimos a especialista Emília Nogueira num roteiro dedicado à presença dos jesuítas e à linguagem barroca em Bragança. Uma viagem ao século XVII, a uma cidade que ficaria marcada, até na arquitectura, pelos valores transmitidos pela Companhia de Jesus

O encontro estava marcado para as três da tarde, junto ao Cruzeiro da Sé, em Bragança. O motivo: celebrar as Jornadas Europeias do Património, este ano sob o tema – “Património, Mapa da História”.

A convite do Museu Abade de Baçal, Emília Nogueiro acedeu a organizar um roteiro dedicado especialmente à presença dos jesuítas na cidade de Bragança, uma temática que a investigadora estudou profundamente e que foi publicada, há uns anos, na revista Brigantia.

Como ponto de partida tomemos o final do século XVI, altura em que a Igreja é construída. A cidade localizava-se, então, no que hoje conhecemos como cidadela e chegava apenas a meio da rua Direita. A actual Sé era um local ermo e descampado onde nada existia à excepção de uma cruz de madeira que, no século XVIII, seria substituída pelo actual cruzeiro de granito que hoje conhecemos.

A Igreja tinha, então, sido construída para acolher uma Ordem feminina religiosa de monjas clarissas, tradicionalmente filhas de famílias ricas a cidade. No entanto, a localização não terá agradado por estar muito afastado da cidade e o imóvel permaneceu por ocupar até à vinda da Companhia de Jesus. Numa breve explicação, recorde-se que a Companhia de Jesus nasceu por intervenção de Santo Inácio de Loyola, em plena época da Contra-Reforma, como resposta ao crescente Protestantismo. A missão dos jesuítas vai ser a de trazer para a Igreja Católica novos fiéis, não deixando perder os crentes. Mas, aqui na região transmontana, a Companhia de Jesus vai ter uma tarefa acrescida. É que após a expulsão da comunidade judaica, no reinado de D. Manuel, em finais do século XV, muitos fugiram para países da Europa, mas outros preferiram recolher-se ao interior do país. É histórica a presença das comunidades judaicas na região de Bragança, Vimioso, Argozelo, Carção, até Belmonte, e, essa, vai ser outra das preocupações dos jesuítas. Numa altura em que a maioria da sociedade não sabia ler, nem escrever e em que todo o cerimonial era realizado em latim, os jesuítas vão encontrar na linguagem simbólica uma forma de evangelização que, num olhar contemporâneo, não é fácil de desmontar.

 


Simplicidade exterior, riqueza (de) interior

Antes de entrarmos na Igreja, Emília Nogueiro chama a atenção para a linha sóbria e simples da arquitectura do imóvel, pois, ainda que não tenha sido construído seguindo os preceitos dos jesuítas, adaptou-se perfeitamente à mensagem que eles pretendiam transmitir e que apelava a um comportamento simples, sério, sensato e comedido, com um interior rico, por oposição à riqueza do aparato.

É, por isso, no interior da Igreja que vamos encontrar toda a exuberância e dourado que caracteriza o estilo barroco. O trabalho minucioso do retábulo do altar-mor e todo o dourado que vemos em volta ainda hoje espantam. Diz-nos a guia que em toda a Europa, Portugal é o único país que, ainda hoje, usa folhas de ouro com extremo grau de pureza, de 24 quilates. E se, na época, Bragança já tinha assim decoradas as suas igrejas é porque, na altura, o Brasil ainda fazia parte do território português e ali tinham sido descobertas várias jazidas de ouro que permitiram que todas as Igrejas, desde Lisboa ao interior, tivessem os seus retábulos talhados com folhas de ouro.

Depois temos os Santos e o culto dos relicários, modelos de santidade que os jesuítas consideravam idóneos e que eram disseminados por toda a Europa. Na antiga Igreja dos Jesuítas ainda permanecem alguns exemplares, como a Santa Úrsula, um relicário de cabelos loiros, uma das primeiras Santas do Cristianismo.

Emília Nogueiro conta-nos a história: numa fuga para a Polónia, acompanhada por mulheres da sua corte, Santa Úrsula e as companheiras são capturadas por Átila, o famoso guerreiro huno, um pagão que não se tinha convertido ao Cristianismo. “Elas são aliciadas para que deixem a cultura cristã e se casem com os bárbaros, mas preferem ser assassinadas a deixar a sua religião”. Daqui nasce o culto de Santa Úrsula e das onze mil virgens, um dos paradigmas de mulher que os jesuítas vão impor – o da mulher que prefere o seu próprio sacrifício
à renúncia da fé.

Novamente no exterior, podemos reparamos nos claustros e na galilé de acesso à torre sineira, construção já da responsabilidade da Companhia de Jesus. Com esta construção, os jesuítas pretendiam que se pudesse tocar o sino sem interromper a missa. É preciso recordar que, na altura, o sino era a principal forma de organização do tempo e, conforme se pode ver na construção, só em 1940 é que ali é colocado um relógio. “Até então quem marcava o ritmo do tempo era o sino”.

Todo o complexo habitacional onde os jesuítas dormiam e onde tinham em funcionamento a sua escola foi transferido para as mãos do Estado, com a implementação da República, há cem anos atrás. Hoje em dia, é ali que funciona o Centro Cultural, o Conservatório de Música e a Biblioteca Municipal, sendo que a Diocese detém apenas tutela sob a Igreja.

Da antiga Igreja dos Jesuítas, a proposta é para seguir até ao Museu Abade de Baçal, onde se encontra uma colecção de relicários e um tecto setecentista que se acredita ter vindo da Companhia de Jesus.

Pelo caminho, a guia aponta como é curioso reparar na forma como os jesuítas influenciaram a arquitectura de então, permanecendo a sobriedade, as paredes de alvenaria branca pontuadas com granito em apenas algumas zonas.

“Uma construção austera, adaptada à região, também ela austera pelo clima e por todas estas particularidades, para além de ser uma região pobre que não podia despender grandes fortunas em aparato”, explicou Emília Nogueiro.

Já no Museu Abade de Baçal, a historiadora recorda que para ali foi transferida a sede da Diocese de Bragança-Miranda, no final do século XVIII, uma saída que ainda hoje é polémica pela suposta perda de importância que tal representou para as Terras de Miranda. Ao sair de lá o bispo, veio com ele toda uma corte que o acompanhava e que prestava um conjunto de serviços. Essa transferência pressupôs que ali se realizassem obras, mas a arquitectura continua a repetir o esquema que podemos observar na Igreja da Sé e que é marcado pela simplicidade exterior.

 


Um tecto cheio de significado

O que nos leva ao Museu Abade de Baçal é a observação do tecto setecentista em caixotões, uma obra “maior” da Arte Sacra transmontana e que, ainda hoje, não se sabe muito bem se veio ou não da Igreja da Sé, quem a encomendou e quem a terá pintado. Tudo isso, também, não tinha qualquer relevância. O importante, aqui, é a mensagem que os jesuítas queriam passar e que, hoje, passados 200 anos, nos é difícil de entender. Emília Nogueiro dá algumas pistas. Estudiosa desta grande obra, a especialista indica que muitas são as leituras a explorar. À luz dos jesuítas, a proposta de leitura é de uma Bragança “muito complicada em termos sociais, com uma abrangência de credos muito maior do que a que podemos imaginar, em que a maioria da sociedade é analfabeta, com medo de Castela e afastada de Lisboa”.

Os quatro painéis centrais em que sobressaem quatro anjos é o ponto de partida por onde se deve começar a ler a mensagem “Cristológica”, ou seja, baseada na imagem de Cristo. São 48 caixotões que ilustram várias temáticas, desde animais, flores, caçadores, aves. Nenhuma temática é repetida e toda a mensagem vai no sentido de identificar os vícios e as virtudes do ser humano, com incidência nos vícios, que é o que os jesuítas pretendem minimizar. Um exemplo é a imagem bem criativa de um macaco acorrentado. “O macaco era, como hoje, associado à brincadeira, mas também ao vício e a tudo o que é excessivo. O facto de estar acorrentado significa que os vícios são controláveis”, explicou Emília Nogueiro.

Depois há as imagens de flores belas, mas perecíveis porque “tudo o que é material é perecível e só o espiritual perdura”.

Toda a riqueza da obra remete para a cultura jesuíta, que era quem tinha o poder e respondia à cultura da elite transmontana, embora permaneçam mais dúvidas do que certezas. Esta não era uma obra popular, mas seguia um conjunto de modelos que, na altura, todos saberiam identificar, “tal como hoje nos é fácil identificar o desenho de uma marca comercial”.

As pistas para descobrir mais sobre o património, a história e a nossa cultura foram lançadas. Resta agora, a cada um de nós, saber melhor valorizar cada pedaço do “mapa” da nossa História.

 

Roteiros do “História e Arte”

 

A iniciativa do realizar este percurso partiu do Museu Abade de Baçal como forma de comemorar as Jornadas Europeias do Património. Daí ao desafio lançado a Emília Nogueiro foi um passo. É que, habitualmente, Emília Nogueiro propõe, no seu espaço “História e Arte”, a realização de percursos pelo património histórico e artístico da região. Licenciada em História, a guia é tem uma especialização em Museologia que visou, precisamente, a análise iconográfica do tecto setencentista em caixotões do Museu Abade de Baçal.

Pese embora o deleite e espanto de todos quantos acompanharam o percurso, Emília confessa que é difícil atrair o público local para a realização de visitas guiadas pelo património da sua cidade. Quando tal acontece, o espanto e a surpresa são gerais, mas, ainda assim, é o público espanhol quem mais procura este tipo de serviço.

 

publicado por Lacra às 09:00

Está de regresso mais uma edição do Douro Jazz, um festival internacional que se realiza, desde há sete anos, em época de vindimas, uma espécie de celebração que se estende por toda a região transmontana.

Bragança recebe um dos mais influentes guitarristas americanos do jazz actual no último dia do evento, a 16 de Outubro. Peter Bernstein virá ao Teatro de Bragança acompanhado por Santos/Melo Quartet, um grupo liderado pelo pianinsta Filipe Melo e pelo guitarrista Bruno Santos, criado apenas para acompanhar as lendas do jazz internacional que se deslocam ao nosso país.

A abertura do Douro Jazz, em Bragança, está marcada para o dia 2 de Outubro, com o projecto inovador feminino intitulado “Jogo de Damas”.

Imperdível é também o concerto dos espanhóis “Biel Ballester Trio”, no dia 8 de Outubro, cuja sonoridade se caracteriza por ser marcadamente europeia, num estilo a que chamam “gipsy jazz” e que teve em Django Reinhardt o seu precursor e expoente máximo. Vale a pena ouvir este trio que tem vindo a alcançar um enorme sucesso internacional, sobretudo depois de dois dos seus temas terem sido escolhidos pelo realizador Woody Allen para a banda sonora do filme “Vichy Cristina Barcelona”.

Os sons do tradicional jazz de Nova Orleães, assim como o jazz de improvisação, vão encher o auditório no dia 14 de Outubro, pela mão dos ecléticos “The Postcard Brass Band”. Os portugueses estão bem lançados e têm apresentado arrojados arranjos de temas bem conhecidos do público em geral, bem como alguns originais. “The Postcard Brass Band” devem apresentar-se com um novo instrumento musical concebido por um dos membros da formação musical, Sérgio Carolino, e baptizado como “Lusofone”.

O Douro Jazz apresenta, assim, quatro concertos em Bragança. Mas, este evento, celebra um total de 65 concertos que passam, ainda, por Vila Real, Lamego, Chaves e São João da Pesqueira. Destaque para o cabeça de cartaz, um dos mais influentes e célebres guitarristas da actualidade e da história do jazz, Al Di Meola, que encerra o Festival, no dia 16 de Outubro, no Teatro de Vila Real.

É, aliás, a aura de Di Meola que irá acompanhar todo o Douro Jazz, este ano dedicado particularmente à guitarra.

Ao longo de todo o evento, a banda residente do festival, a Douro Jazz Marching Band, levará para a rua o espírito festivaleiro, com o som “dixieland”, nas cinco localidades que integram o evento.

A complementar realizam-se, ainda, várias exposições biobibliográficas do projecto “O Douro nos caminhos da Literatura”, bem como lançamentos de livros, comemorações musicais e feiras culturais.

Outra das novidades deste ano é a rubrica “O Douro Jazz nas escolas”, que levará música jazz a alguns estabelecimentos de ensino da região.

Este sétimo ano do festival é já considerado como o grande ano de consolidação de um evento que tem conseguido alcançar mais de dez mil espectadores. 

publicado por Lacra às 07:00
29 de Setembro de 2010

Este ano, pela primeira vez, a Norcaça e Pesca vai associar, também, a Castanha. O certame decorre de 29 de Outubro a 1 de Novembro e é já considerado como “o segundo melhor certame do país no sector da caça” e o “único a apresentar a pesca nas vertentes da sensibilização e do ensino da arte de pescar”. Dois bons atractivos a que se associa, pela primeira vez, a Norcastanha.

Com esta integração pretende-se “a promoção da região como um todo”, dando a conhecer o valor que estes três sectores indissociáveis representam na economia regional.

A Caça, a Pesca, a Castanha e a Gastronomia são os temas centrais de um programa recheado de actividades, que constituirá um motivo de atracção para muitos visitantes.
Esta edição fica, ainda, marcada pela organização de um Concurso de Fotografia subordinado ao tema “Castanha, Caça e Pesca”. Os trabalhos podem ser apresentados até ao dia 15 de Outubro e devem ser inéditos, não podendo ser alvo de manipulação digital.

Quem quiser concorrer deve entregar as fotografias em papel fotográfico e enviar por correio com respectivo título e pseudónimo.

Os trabalhos seleccionados em primeiro, segundo e terceiro lugar serão premiados com, respectivamente, 150, 100 e 75 euros.

publicado por Lacra às 15:43

Do lote de empresas do Estado, os hospitais EPE são os piores pagadores. Na região de Bragança, o Centro Hospitalar do Nordeste é mesmo o pior, demorando mais de um ano a liquidar as dívidas junto dos credores. Os dados são da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças para o segundo trimestre deste ano.

O Centro Hospitalar do Nordeste demora mais um de ano a liquidar as dívidas junto dos credores, sendo que o prazo médio de pagamento subiu de 318 dias, nos primeiros três meses do ano, para 393 dias no segundo trimestre.

 

Fonte: Correio da Manhã


Ao longo de mais de 1200 quilómetros de fronteira “não deve haver pior ligação rodoviária do que a de Bragança ao Norte de Espanha”, nomeadamente à província de León. A constatação é de Jorge Nunes, presidente da câmara de Bragança, que, à margem de uma cerimónia onde estiveram presentes entidades oficiais de Portugal e Espanha, voltou a reclamar ligações condignas ao outro lado da fronteira.

“É preciso criar a coesão, permeabilizar a fronteira, rasgar a fronteira, unir os povos e isso significa medidas de política públicas concretas”, apontou.

O autarca reclama que seja dada prioridade à ligação Porto – Valladolid, num corredor internacional que abranja Bragança, Puebla de Sánabria e outras localidades espanholas até à cidade de Léon, sobretudo numa altura em que já há um memorando de entendimento para a constituição de uma “macro-região” do Sudoeste Europeu.

Recentemente os responsáveis da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e os Governos Regionais da Galiza e de Castela e Leão, assinaram um memorando de entendimento para a formação da primeira “macro-região” da Península Ibérica. Um passo que vai permitir à Região Norte, Galiza e Castela e Leão a participação na aplicação de uma nova fórmula de cooperação territorial, concebida pela Comissão Europeia para 2014-2020.

Jorge Nunes considera que, antevendo uma nova política de apoio à cooperação transfronteiriça, é necessário, desde já, inscrever algumas medidas de política pública nesses planos estratégicos, nomeadamente “algumas infra-estruturas que esta possível macro-região ainda carece”.

“Em toda a zona de fronteira, o distrito de Bragança será, provavelmente, aquele onde a permeabilidade é mais baixa. É aqui que há alguma carência importante de infra-estruturas rodoviárias e até de serviço público de transporte de passageiros, que não existe”, considerou o autarca.

Aproveitando a presença de Vicente Herrera, presidente da Junta de Castela e Leão, na cidade de Bragança, o autarca voltou a apelar ao “empenho” espanhol, lembrando as “responsabilidades políticas” de Vicente Herrera no que diz respeito a esta questão.

“Mesmo neste período de escassez de recursos públicos, a ligação do Norte a Léon deve ser equacionada como uma prioridade e acho que deverá ser uma questão de tempo”, apontou Jorge Nunes.

O Mensageiro tentou ouvir o responsável espanhol sobre esta questão, mas Vicente Herrera recusou-se a prestar esclarecimentos.

Desde 1998 que a câmara de Bragança tem vindo a fazer esforços no sentido de se avançar com a ligação da região transmontana ao Norte de Espanha, via Puebla de Sanábria. Os vários estudos técnicos que foram sendo elaborados já foram encaminhados para o Governo de Portugal, para o de Espanha e para a Junta de Castela e Leão.

publicado por Lacra às 08:03
28 de Setembro de 2010

Academistas defendem vantagens de adoptar uma só ortografia para a Língua Portuguesa

O Acordo Ortográfico é mais “simples” para os portugueses do que para os brasileiros. A convicção é de Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, que aponta que os brasileiros tiveram de “abrir mão” e “mudar mais hábitos” do que terão, propriamente, os portugueses de fazer.

Desde Janeiro de 2009 que o Brasil está a aplicar a nova versão do acordo “a pleno vapor”, conforme apontou o especialista, à margem da abertura do Colóquio de Lusofonia, que se realiza em Bragança até dia 2 de Outubro. Em Portugal, o Ministério da Educação apontou o ano lectivo de 2011/2012 como aquele em que os manuais devem passar a adoptar a nova ortografia, mas, no entender de Malaca Casteleiro, da Academia de Ciências de Lisboa, esta data devia ter sido negociada com o Brasil, para que ambos os países aplicassem as novas regras ao mesmo tempo.

Em Portugal, apenas algumas publicações adoptaram as novas regras, havendo ainda alguma resistência por parte da população em geral que Evanildo Bechara considera “normal” devido às “constantes” mudanças ortográficas que provocam “confusão”.

“O público escreve por memória visual, se a língua está sempre a sofrer mudanças ortográficas, torna-se complicado”, apontou.

A mesma opinião partilha Malaca Casteleiro que considera que as novas regras vão, sobretudo, beneficiar as “gerações vindouros”, que passarão a deixar de escrever consoantes que não lêem, por exemplo.

Mas mais do que uma simplificação de ordem didáctico-pedagógica, estes especialistas defendem que a utilização de uma só ortografia por todos os países onde é falada a Língua Portuguesa, se traduz na apresentação de um grupo lusófono com “maturidade política e linguística”.

O entendimento para uma só ortografia é, ainda, uma “medida necessária para a promoção da Língua Portuguesa no mundo”. Malaca Casteleiro defende que não faz sentido que uma Língua de grande projecção internacional tenha duas ortografias e aponta mais uma vantagem ao novo Acordo: vai permitir que seja uma língua de trabalho e uma língua oficial em novas instituições.

O 9º Congresso de Lusofonia arrancou, oficialmente, em Bragança, no passado dia 27 de Setembro. Os vários especialistas vão debater as questões da Lusofonia até ao dia 2 de Outubro.


Já não há vagas para participar na segunda viagem cultural que o Centro de Arte Contemporânea se propoe a realizar, para os dias 9 e 10 de Outubro.

Depois do sucesso que foi a primeira iniciativa, no ano passado, este ano, as vagas para inscrição esgotaram quase de imediato.

A viagem visa dar a conhecer o Museu Guggenheim de Bilbao, um dos espaços museológicos de referência mundial e um dos mais visitados da Península Ibérica. A viagem está assegurada pela Câmara Municipal de Bragança, cabendo a cada participante as despesas de alojamento e alimentação, sendo que a organização do Centro de Arte se encarrega de marcar alojamento, alimentação e entradas nos museus e monumentos.

O roteiro, ainda que centrado na visita ao Museu Guggenheim, um espaço que abriga uma das mais importantes colecções de arte contemporânea do mundo, compreende ainda uma visita à cidade de Léon, com passagem pelo Museu de Arte Contemporânea de Castela e Leão e visita à catedral e ao centro histórico da cidade. Está ainda programada uma visita à catedral de Burgos e jantar, no domingo, em Valladolid.

São dois dias intensivos para conhecer não só as colecções dos museus, mas também os monumentos das cidades aqui vizinhas.

As inscrições, limitadas a 50 pessoas, terminam hoje, dia 30 de Setembro, e, embora já estejam esgotadas, há sempre a possibilidade de surgir uma vaga.

 

Centro de Arte Contemporânea é “referência nacional”

O Centro de Arte Contemporânea Graça Morais é já um espaço cultural de referência, a nível nacional, e de “particular relevância” no contexto transmontano. Essa é, pelo menos, a opinião de Gabriela Canavilhas, ministra da Cultura, que se mostrou “bastante agradada” depois de uma visita feita àquele espaço, na semana passada, no âmbito de uma visita a Bragança.

Depois do que viu, a ministra da Cultura deixou em aberto todas as possibilidades para futuros apoios a iniciativas culturais que o Centro de Arte venha a promover.

“Estamos sempre abertos a apoiar iniciativas culturais de relevo e importância regional. Ainda por cima, temos pela artista Graça Morais uma grande amizade e respeito artístico. Está tudo em aberto, tudo é possível”, confirmou.

Gabriela Canavilhas considera que o facto deste Centro de Arte ter a si associado o nome de Graça Morais, uma das maiores artistas plásticas portuguesas da actualidade, é um dos factores que elevam esta infra-estrutura no plano cultural.

“Este é um espaço particularmente relevante, para já porque traz o nome de uma grande artista nacional que é desta região e que associa o seu nome, a sua obra e o seu talento a este Centro Cultural”, apontou.

A ministra destacou as iniciativas que o Centro tem conseguido mobilizar, nomeadamente esta última exposição de Júlio Pomar, um dos maiores pintores do país que expos a sua obra, pela primeira vez, em Bragança.

Para além da dinamização cultural, Gabriela Canavilhas destacou, também, pela positiva, a intervenção arquitectónica realizada no edificio que dá corpo ao Centro de Arte, da responsabilidade do arquitecto Souto Moura.

Construído em 2008, numa parceria transfronteiriça que envolveu a cidade de Zamora, o Centro de Arte Contemporânea tem granjeado vários elogios, a nível nacional e internacional, tendo já sido distinguido como um exemplo de requalificação de projectos públicos e com o Prémio Internacional de Arquitectura 2009, na vertente de Construção Moderna, atribuído pelo “The Chigado Athenaeum Museum of Architecture” (EUA).

27 de Setembro de 2010

O processo de entrada em vigor do novo Acordo Ortográfico nos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP’s) está a ser mais demorado devido ao “atraso” de Portugal em definir uma data concreta para que o acordo vigore, também, no território português. O Ministério da Educação do Governo português adiantou o ano de 2011/2012 como aquele em que o Acordo entraria em vigor, de modo a dar tempo para que fossem feitas as alterações devidas aos manuais escolares. No entanto, no entender de Malaca Casteleiro, da Academia de Ciências de Lisboa, esta é uma questão que tem prejudicado o processo de adesão dos Palop’s.

À margem da abertura do 9º Colóquio de Lusofonia, que se realizou hoje, em Bragança, o especialista considerou que “tudo seria mais fácil, se Portugal tivesse tomado a dianteira”.

Apesar de optimista relativamente à questão do Acordo Ortográfico, Malaca Casteleiro não deixou de criticar a falta de iniciativa de Portugal em acordar com o Brasil uma data para a entrada da nova ortografia em vigor.

Assim, enquanto que no Brasil o Acordo vai “em pleno vapor”, conforme afirmou Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, já em Portugal, apenas algumas publicações tomaram a iniciativa de aderir, desde já, à nova ortografia.

Malaca Casteleiro defende, no entanto, o importante é que o Acordo entre em vigor, “mais ano, menos ano”, até porque deve ser entendido como “uma medida necessária para a promoção da Língua Portuguesa no mundo”.

“É importante que a Língua Portuguesa tenha uma única ortografia, até na perspectiva dela entrar como língua de trabalho e língua oficial em novas instituições”.

O especialista considera que Angola é o país onde esta questão está menos desenvolvida, devido à vontade daquele país elaborar um vocabulário especifico, com os termos em uso. “Em Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique, é uma questão que está muito presente.

Apesar de ainda se verificar alguma “resistência” às mudanças que o Acordo vai trazer na escrita e no dia-a-dia de todos os que falam a Língua Portuguesa, o especialista considera que tais não são relevantes.

“O Acordo  ortográfico é feito para as gerações vindouras. As gerações actuais têm sempre dificuldades, porque isto implica mudanças, mas vai para a frente, tem de ir”.

 

Acordo beneficia “tradição portuguesa”

Se há país onde o Acordo Ortográfico está já a ser aplicado na sua plenitude esse país é o Brasil. Desde 2009 que todas as instituições adoptaram as novas regras ortográficas, pese embora tenham sido muitos os “hábitos a alterar”.

Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, defende mesmo que o novo Acordo “atende mais à tradição portuguesa, que é seguida pelos africanos, do que à brasileira”.

Apesar das dificuldades, o academista considera que este é “um momento histórico”, pois implica não só a “simplificação da ortografia”, mas também a posição política de um grupo lusófono que “deve-se apresentar com maturidade política e linguística”.

O 9º Colóquio Anual da Lusofonia iniciou-se hoje, em Bragança. Até dia 2 de Outubro, várias personalidades vão estar presentes na cidade para debater as questões da Lusofonia.

publicado por Lacra às 19:43

Colecção reúne algumas das melhores fotografias de Manuel Teles e vai servir de base a um workshop em “Ilustração Cientifica”

 

São momentos eternizados numa fotografia aqueles que o fotografo Manuel Teles mostra no espaço “História e Arte”, no número 35, junto ao Museu Abade de Baçal.

São dezenas de imagens, recolhidas desde 2002, e que mostram ao pormenor algumas das mais belas espécies de fauna e flora possível de observar na região. Uma questão de “sorte” e “paciência”, como conta Manuel Teles ao Mensageiro.

“É essencialmente sorte e paciência para estar num abrigo durante muitas horas para, depois, trazer para casa uma fotografia, que foi aquela que tiramos só para ver se a máquina estava a fotografar bem”.

Para além disso, é necessário, também, perceber algo de biologia e do mundo animal, saber como e do que se alimentam, conhecer o mundo em que se movimentam para poder captar um momento.

“Apontamentos da Vida Selvagem” mostra-nos um mundo de biodiversidade pleno de brilhos, texturas e cores que o fotógrafo faz questão de manter praticamente idêntico ao “original”, “ao vivo”, recusando recorrer à manipulação digital. Com excepção de uma das imagens em que uma salamandra é contraposta a uma rã, numa tentativa de contrapor a natureza a algo mais artificial, o tratamento digital é o mínimo.

Brigantino de “gema”, Manuel Teles é fotografo freelancer, trabalhando, actualmente, como repórter fotográfico numa agência noticiosa. Para além de reportagens de eventos sociais, Manuel Teles também faz fotografias panorâmicas de 360º e visitas virtuais de equipamentos culturais para publicação Web. Entre as várias publicações em revistas da especialidade, o fotógrafo foi já premiado diversas vezes.

Visitável até ao final do mês de Outubro, a exposição de Manuel Teles vai, agora, servir de base para a realização de um workshop sobre Ilustração Cientifica que a Galeria “História e Arte” vai promover, a partir do dia 8 de Outubro. Este é já o segundo workshop do género que a galeria promove, sob a orientação da bióloga Ana Guimarães Ferreira, artista residente do espaço.

Emília Nogueiro, do espaço “História e Arte”, explica que a naturalidade desta conjugação, quase espontânea: “a ilustração parte de uma base fotográfica e os temas que ela propõe estão relacionados com a natureza. Temos aqui fotografias ideoneas para servirem de base a futuros trabalhos de ilustração, vai conjugar-se muito bem”.

O workshop está aberto ao público e a inscrição já inclui os materiais a utilizar. As sessões serão sempre de duas horas, em horário pós-laboral, num total de 36 horas. As inscrições são no espaço “História e Arte”.


O abrandamento do desemprego a Norte passou ao lado de quatro concelhos que continuavam a ver a falta de trabalho a disparar, em Julho face ao mesmo mês do ano passado. A fronteira minhota com a Galiza já tem melhores notícias, com o desemprego a cair.

Os dados foram compilados no relatório Norte Conjuntura, elaborado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDR-N) e ao qual o JN teve acesso. Montalegre e Miranda do Douro continuavam, em Julho, a reportar aumentos superiores a 35% do número de inscritos nos centros de emprego, tal como tinha sucedido no segundo trimestre do ano (Miranda está "no vermelho" ainda há mais tempo). Além dos dois, também Boticas e Penedono assistiram a um forte aumento do desemprego, em Julho.

Nestes quatro concelhos, a quantidade de pessoas afectadas pela falta de trabalho disparou acima dos 35%, mas noutros dez a subida ultrapassou os 20%, como é o caso de Mirandela e Valpaços, em Trás-os-Montes; ou de Ponte da Barca ou Paredes de Coura, no Minho; ou ainda, em Castelo de Paiva, já na Beira Litoral, e Lamego, no Douro.

Em Vila Nova de Gaia, o concelho com maior número de desempregados inscritos, a escalada continuou a fazer-se, em Julho, a um ritmo superior a 10%, tal como em Vila do Conde. A cidade do Porto também viu o desemprego crescer, as a ritmo menor, de 5%. Tal como Gondomar, Matosinhos ou a Maia.

Mas desceu noutros concelhos

O agravamento do desemprego, contudo, contrasta com o comportamento mais positivo de outras regiões. Aliás, realça a Comissão liderada por Carlos Lage, o número de concelhos cujo desemprego cresceu mais do que 20% passou de 37 no primeiro trimestre deste ano para 26 no segundo (comparando sempre com o período homólogo).

A demonstrá-lo está o mapa colorido pela CCDR-N. Desde o início do ano, os tons mais carregados de vermelho têm vindo a clarear e que as manchas a azul, onde o desemprego retrocedeu, são mais frequentes. Em Julho, Melgaço acentuou um percurso iniciado pelo menos desde o início do ano e continuava a mostrar uma descida dos desempregados superior a 20%. São João da Pesqueira também tem registado uma melhoria continuada, marcada em Julho pela redução dos inscritos nos centros de emprego.

Ainda com tons claros estão seis outros concelhos, sendo de destacar Vila Flor, em Trás-os-Montes, o coração do têxtil (Felgueiras e Guimarães) e a zona minhota de fronteira com a Galiza. Monção e Arcos de Valdevez surgem em tons de azul e o de Vila Nova de Cerveira é ainda mais acentuado.

 

Fonte: JN

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