Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
29 de Julho de 2010

 

A GNR apreendeu, ontem, mais 850 pés de Cannabis Sativas, num terreno situado nos arredores da localidade de Zedes, em Carrazeda de Ansiães.

Os militares desenvolveram esta operação no seguimento de investigações que vinham realizando no concelho. Foram apreendidos 850 pés de Cannabis Sativa com alturas entre os 20 e os 150 centimetros e um peso aproximado de dez quilos. A GNR apreendeu ainda 4,3 quilos de sementes da planta.

Das averiguações foi ainda apurado que o terreno e a droga pertence a um homem de 44 anos, residente em Zedes. O suspeito foi constituído arguido mas não foi detido por não se encontrar no local, não se tendo verificado o flagrante delito.

Recorde-se que, ainda na semana passada, a GNR de Carrazeda de Ansiães apreendeu 14 pés de Cannabis num terreno situado nas traseiras da Junta de Freguesia de Belver, em Carrazeda de Ansiães, na sequência de uma denúncia anónima. Foram apreendidas 14 plantas, com alturas entre um e 3,5 metros e com um peso de 14,820 quilos, e 105 gramas de folhas que se encontravam a secar. Também em Belver se apurou que a droga pertenceria a dois jovens residentes na localidade, com idades entre os 21 e 22 anos. Os suspeitos não foram detidos por não se encontrarem no local, não se tendo verificado o flagrante delito.

Também esta semana, na segunda-feira, a GNR de Miranda do Douro efectuou apreensões de Cannabis Sativa em Bemposta, concelho de Mogadouro. Aí foram apreendidos 9 pés de Cannabis Sativa com um peso aproximado de 8,5 quilos.

Os suspeitos são três irmãos, do sexo masculino, solteiros, com idades entre os 30 e os 50 anos, residentes em Bemposta, que, Segundo a GNR, são arguidos num processo de 2005 pela posse de Cannabis plantada nas Arribas do Douro.

 


Ameaçada de extinção, a Língua Mirandesa conseguiu permanecer num território de 500 quilómetros quadrados, marcado pela despovoação, à conta da interioridade. A especificidade de ser uma Língua minoritária que nunca esteve associada a movimentos independentistas, como acontece em outros países, levou a que, há onze anos atrás, todos os deputados com assento na Assembleia da República votassem favoravelmente a sua oficialização, deixando, assim, de ser designada como dialecto.

De tradição oral, foi longa e intensa a luta para conseguir chegar a uma Convenção Ortográfica que permitisse a tradução de livros para mirandês, a escrita em mirandês e o próprio ensino. Hoje, depois de tantos anos, são cada vez mais os interessados em aprender o falar de um povo orgulhoso da sua cultura. A par com os mirandeses que têm cada vez mais “proua” na “lhéngua”, chegam agora portugueses de todos os pontos do país interessados em aprender aquela que é a segunda língua oficial de Portugal.

Foi isso que aconteceu, na semana passada, com a promoção do Curso Intensivo de Mirandês, promovido pela Associação Recreativa da Juventude de Mirandesa, de 21 a 24 de Julho. Oriundos de todo o país e do concelho aderiram à iniciativa para assim aprenderem a especificidade de uma cultura muito própria da região transmontana. Foi o caso de Maria Martins ou de Manuel Jacoto, ambos do concelho, que quiseram participar para aprender mais, embora admitissem saber “um cachico”.

Já Domingas Loureiro, de Ílhavo, veio com um grupo de amigas, à procura de aprender mais sobre a própria cultura portuguesa e Ana Sofia David partiu de Lisboa, onde trabalha, para assim colmatar o que considera uma “lacuna” na sua formação de docente. “Tinha muita curiosidade em saber como seria a língua, também sentia essa lacuna na minha formação. Acho que a língua deveria ser mais divulgada a nível nacional visto que é a segunda língua oficial”, comentou.

Domingos Raposo abriu o curso com a oficina de escrita e oralidade, embora advertindo que, numa só manhã, seria muito difícil ensinar a Língua. Ainda assim, deu para aprender o suficiente para não comparar o Mirandês ao Espanhol, como continua a suceder.

Com um tronco linguístico comum – o Latim -, a Língua Mirandesa distingue-se do Português por provir do Asturo-leonês, enquanto que a língua mãe provém do Galaico. 

A influência do antigo reinado asturo-leonês fez com que, aquando da independência de Portugal, Miranda do Douro continuasse isolada, recebendo mais influências dos caminheiros de Santiago, dos pastores dos lados de Leão, dos contrabandistas ou dos ceifeiros. A evolução histórica e política do país manteve o isolamento do concelho o que, por seu lado, ajudou a manter a Lhéngua nas Terras de Miranda, como apontou Domingos Raposo.

“O Mirandês salvou-se porque estivemos isolados, devido à interioridade desta zona”, contou perante uma plateia de alunos estupefactos.

No entanto, foram várias as tentativas de extinção da Língua. No século XVI, com a ascensão de Miranda do Douro a cidade foram muitos os letrados que se radicaram ali e que tentaram combater o mirandês.

Anos mais tarde, já no século XIX, a língua foi dada a conhecer ao mundo por José Leite Vasconcelos, um português que, no ensino superior, teve como amigo e companheiro Branco Castro, natural de Duas Igrejas. Curioso com as histórias que o amigo contava, quis ir conhecer “in loco” a realidade. José Leite Vasconcelos foi o primeiro a escrever em mirandês, baseado apenas na fonética e na pronúncia de Duas Igrejas. Foi ele que deu a conhecer ao mundo a existência de uma segunda língua em Portugal, escrevendo a obra “Dialecto Mirandês”, uma investigação premiada a nível europeu.

Mais tarde, já nos anos 50 (século XX), com a construção das barragens do Douro e a vinda de milhares de trabalhadores, o Mirandês adquiriu um sentido “pejorativo”. “Voltou-se a dizer que os mirandeses falavam mal e a língua deixou praticamente de ser falada, as pessoas tinham vergonha”, contou Domingos Raposo.

Ainda assim, muitos mirandeses, orgulhosos da sua cultura materna, lutaram pela dignificação e reconhecimento da Língua que aprenderam de berço. Júlio Meirinhos, era então presidente da câmara quando, nos ano 80, lançou o desafio a Domingos Raposo de apresentar ao Ministério da Educação argumentos válidos para que a disciplina constasse dos currículos escolares do concelho, como disciplina opcional.

“Na altura achei utópico”, confessou Domingos Raposo, pois nunca imaginou que o Ministério da Educação abrisse uma excepção. A surpresa foi a resposta positiva e, a partir de 1986/87, o Mirandês passou a ser uma disciplina opcional dos conteúdos programáticos leccionados no concelho.

Anos mais tarde, num Seminário Linguística organizado em Miranda, concluiu-se que era necessário estabelecer uma Convenção Ortográfica, eliminando as regras mais complicadas e reduzindo a variação gráfica existente, própria de uma língua que sempre foi oral. Na Convenção estabeleceu-se ainda as variantes da Língua: o Mirandês raiano; central e sendinês.

Hoje, passados 24 anos de ensino, o balanço é muito positivo. “Avançamos muita semente e muita dela germinou, tanto mais que conseguimos fazer uma convenção ortográfica e conseguimos que se deixassem de lado inibições que tinham ao dizer que a língua não tinha importância”, reconheceu.

No universo de alunos que frequentam o Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro, 50 por cento frequenta a disciplina, mostrando orgulho e apego às raízes. São motivos que fazem Domingos Raposo acreditar que toda a luta de um povo valeu a pena. “Não encontro que a língua esteja moribunda. A juventude mirandesa tem “proua” em divulgar e tentar falar a língua e isso está patente com a promoção deste curso”.

 


A EDP anunciou que vai abrir o concurso para a construção da barragem de Foz Tua. As propostas devem ser entregues até Outubro, sendo que a adjudicação do contrato e o arranque das obras está previsto já para o final deste ano.

A obra representa um investimento total de cerca de 300 milhões de euros e prevê-se que crie mil empregos directos e outros 4000 indirectos.

A barragem de Foz Tua vai ser construída no troço inferior do rio Tua e prevê-se que tenha uma produção bruta anual de 619 GWh. O empreendimento será constituído por uma barragem em betão, do tipo abobada, com uma central subterrânea em poço equipada com dois grupos reversíveis com uma potencia total de 263 MW, por um circuito hidráulico subterrâneo e por uma subestação compacta para ligação à rede de evacuação de energia.

No entanto, antes da adjudicação, terá de ser aprovado o Relatório de Conformidade Ambiental do Projecto de Execução, um documento que está, actualmente, em análise e onde a EDP se propõe a executar as medidas de minimização e compensação exigidas pela Declaração de Impacte Ambiental (DIA) emitida em Maio último.

Com a construção desta barragem prevê-se que a Linha do Tua fique inundada, o que tem provocado a contestação pela falta de alternativas que garantam a acessibilidade das populações locais.

Recentemente, em audiência na Assembleia da República, o ministro das Obras Públicas chegou a afirmar que ficaria mais “barato” dar um carro a cada utente da Linha do Tua do que manter a via em funcionamento, declarações que provocaram a contestação dos Verdes, do Movimento Cívico da Linha do Tua (MCLT) e do próprio presidente da câmara de Mirandela, que acredita nas potencialidades turísticas daquela via.

Também a recente proposta apresentada pela EDP para a criação de um parque natural do Sabor e Tua não mereceu grande receptividade por parte dos autarcas locais e foi também contestada pelos Verdes e pelo MCLT.

“Uma empresa que está obstinadamente apostada em destruir dois vales praticamente intocados, plenos de biodiversidade e valor paisagístico, vir propor a criação de parques naturais, é de um mau gosto demagógico inqualificável”, considera o MCLT.

No entender dos responsáveis pelo MCLT, se a EDP quiser compensar a região, pode começar por prevenir os desperdícios de caudal, baixar a tarifa da electricidade na região e contribuir com “os chorudos lucros e ordenados dourados” para a reabertura, modernização e prolongamento da Linha do Tua.

 

 

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obrigado Cris:)
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