Está em estudo o Plano de Ordenamento da Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo. O Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) encomendou um estudo a uma equipa técnica que já apresentou quatro cenários distintos mas sobre os quais a câmara municipal aponta várias divergências.
O Diário de Bragança soube que em cima da mesa está a possibilidade da renaturalização total do espaço; a manutenção da situação actual (status quo); o desenvolvimento agrícola e florestal; ou o desenvolvimento do turismo.
A barragem do Azibo foi construída nos anos 70 com o objectivo de servir o abastecimento de água e a rega de campos agrícolas. No entanto, a elevada procura da população pelo local como espaço de lazer, a par do aumento de biodiversidade verificado no local, levaram a que o espaço fosse classificado, em 1999, como Paisagem Protegida, espaço onde, entretanto, nasceram praias fluviais classificadas com Bandeira Azul desde há vários anos.
Para Beraldino Pinto, presidente da câmara de Macedo de Cavaleiros, já foram dadas “provas” da gestão do território numa perspectiva de valorização e salvaguarda. É por isso que o autarca defende que o novo Plano de Ordenamento, que tem como horizonte 2030, venha a ser, simultaneamente, um plano de desenvolvimento, mas confessa que tem encontrado “entraves”.
“Não estamos a conseguir que o ICNB corresponda a essa perspectiva legítima”, contou.
O autarca considera que o espaço é essencial para o desenvolvimento do turismo na região mas defende, ao mesmo tempo, a compatibilização dos usos, como tem acontecido.
“É possível compatibilizar os usos e é desejável essa compatibilização”, afirmou.
Uma opinião que é também partilhada por Manuel Cardoso, presidente da Comissão Directiva da Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo. O responsável pensa que é possível compatibilizar as diferentes vertentes até porque o local só se tornou naquilo que é hoje, uma paisagem protegida, pela acção directa do homem (construção da barragem).
“Não podemos pensar que vamos ter aqui um santuário ambiental a preservar, retirando daqui as actividades humanas”, apontou, dizendo que tal é “impensável”.
Por outro lado, Manuel Cardoso defende também que qualquer actividade, investimento ou utilização do espaço, só faz sentido enquanto este mantiver o estatuto de Paisagem Protegida.
“Caso contrário perde-se a excelência sítio. O Plano tem de nascer do conjunto de diferentes visões”, considerou.
O Plano de Ordenamento está numa fase adiantada de elaboração mas a discussão técnica já se arrasta há alguns anos. Quando o ICNB entregar os documentos e depois de seguidos os trâmites normais, o Plano deve ser alvo de uma discussão pública na qual todos poderão intervir.