Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
05 de Maio de 2010

Por breves instantes, o guarda-redes do Sporting de Braga e da selecção nacional, Eduardo, reviveu os seus tempos de estudante na escola secundária de Mirandela. Centenas de alunos marcaram presença, na segunda-feira, na recepção ao mirandelense, para uma breve sessão de autógrafos daquele que, tudo indica, será o titular da baliza da selecção das quinas no campeonato do Mundo da África do Sul, a partir de Junho.

Eduardo confessa que ficou surpreendido com a recepção calorosa e gostou de voltar à sua escola. “Foi emocionante rever a escola onde estudei, cresci e vivi a minha infância", exclamou. Mal tocou para o intervalo das 11.40 horas, o polivalente da Escola Secundária de Mirandela quase rebentou de tanta loucura quando Eduardo chegou.

A sessão de autógrafos foi muito mais do que outra lição de simplicidade e disponibilidade do guarda-redes do Braga, junto dos miúdos da terra onde nasceu e que sonham ser como ele. "Sigam o meu exemplo. Tive dificuldades quando era pequeno, mas quando se tem um sonho nunca devemos desistir nem duvidar do nosso valor. Quando nos dizem que não somos capazes, que isso nos sirva de força", aconselhou.

Eduardo não negou um sorriso que fosse e chegou a emocionar-se quando reviu amigos, ex-professores e funcionários da escola que lhe pediram para tirar uma fotografia com a versão adulta do menino que aos 14 anos partiu para iniciar o trajecto de sucesso que se lhe conhece. Antes de abandonar o aquele estabelecimento de ensino, recebeu uma bandeira enorme de Portugal, assinada pelos alunos, para levar para a África do Sul.

Depois de ter satisfeito todas as vontades a centenas de alunos, Eduardo recebeu das mãos do presidente da autarquia a bandeira da cidade, para que nela se apoie “principalmente nos momentos menos bons e caso seja campeão do mundo possa erguer a bandeira da sua terra natal”, afirmou José Silvano que prometeu ao guarda-redes a medalha de mérito da cidade seja qual for o resultado de Portugal. Eduardo retribuiu com uma camisola da Selecção.

Perto da uma da tarde, o titular da selecção nacional marcou presença num almoço promovido pela câmara municipal, onde estiveram presentes representantes das diversas colectividades do concelho, para desejarem boa sorte para o campeonato do Mundo.

"A maneira como me recebem dá-me mais força. É a minha terra, são os meus amigos. É um prazer e orgulho enorme esta recepção. Estou grato", disse, antes de recolher os presentes das instituições desportivas da cidade. Tantos que “quase não cabem no carro”, afirmou.

António Branco, vice-presidente do Município explica que o objectivo desta iniciativa foi o de “demonstrar ao Eduardo que estamos muito orgulhosos de que seja a primeira vez que temos um representante numa competição de nível tão elevado e que o concelho o vai apoiar e não está preocupado com o resultado final”, referiu.

 

Caminho de sucesso

O guarda-redes Eduardo, um dos pilares da boa campanha do Braga na Liga Sagres e que ajudou Portugal a qualificar-se para o Mundial, atravessa a fase mais interessante da carreira.

Já lá vão 17 anos, mas Rochinha tem presente na memória a forma como o miúdo Eduardo se impôs nos infantis do Sport Clube Mirandela, o clube mais representativo da sua terra natal. A força de vontade e as qualidades inatas para ser guarda-redes eram atributos do pequeno jogador que acabou de comemorar a presença na Champions e ainda sonha com o título nacional, este fim-de-semana.

“Percebi que poderia ir longe. Saltou para os iniciados e o Guimarães reparou nele e levou-o”, recorda, ao Mensageiro, Rochinha, o primeiro treinador de Eduardo, revelando que o guardião “era um fã de Preud'homme”, belga que defendeu a baliza do Benfica.

Eduardo esteve duas épocas no Vitória de Guimarães, mas voltou à base, tendo, já nos juvenis, ingressado no Braga, onde se mantém, depois de, nos seniores, ter saído para rodar, no Beira Mar e no Setúbal.

Nascido no seio de uma família humilde, Eduardo teve uma infância difícil. Os pais eram caseiros na Quinta das Andorinhas, em Vila Nova das Patas. Com três irmãos, que, entretanto, emigraram para o Luxemburgo, já jogava no Mirandela quando o pai faleceu, vítima de um acidente de viação, em Vila Flor. O guarda-redes seguia na carrinha acidentada, mas nada sofreu, tendo mostrado uma forte personalidade, perante a tragédia. “Dois dias depois, estava a jogar!”, destaca Rochinha.

Sem filhos, Eduardo namora com a atleta portuguesa Jessica Augusto. Cruzaram-se no 10.º ano de escolaridade, já em Braga e nunca mais se largaram. Vivem juntos há mais de cinco anos.

 

Fonte: Mensageiro

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