Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
27 de Abril de 2010

A comitiva desceu ao vale esventrado pelos trabalhos que hão-de fazer erguer a barragem da EDP. Primeiro uma olhadela no projecto em papel, depois um passeio em terra batida, entre o vai-vem de máquinas e o frenesim dos operários. "Então, o senhor vem de onde?", perguntava o secretário de Estado, Paulo Campos, ao armador de ferro Constantino Amaral. "Sou de Cinfães do Douro", respondeu-lhe. Parco em palavras. Ele mal o ouvia, por causa das protecções nos ouvidos. Uma entre muitas preocupações com a segurança. "Tenho ainda capacete, luvas, cinto e outras. Andam sempre aí a ver se alguém se esquece", tornou.

Dormitórios climatizados

No estaleiro, Paulo Campos viu dormitórios com ar condicionado, refeitório, bar com TV e canais por cabo, Internet e uma sala de jogos. Ora, já que ali estavam, vai uma partida de matraquilhos? Claro que sim. O secretário de Estado e o autarca de Moncorvo contra o presidente do sindicato e o director da obra. Ganharam os primeiros. Ninguém sabe se seria diferente no campo de futsal no exterior. Certeza, apenas a do presidente do SCP, Albano Ribeiro: "O exemplo destas obras deve ser seguido. Há poucas com estas condições".

Manuel Cantigas, encarregado de obras, explicou a seguir que "a segurança implementada e permanentemente fiscalizada é suficiente, mas que por vezes alguns operários têm dificuldades em acatar normas novas…" "Mas têm de acatar", atalhou Paulo Campos. Para que cada vez morra menos gente nas obras e quando vão passar o fim-de-semana a casa.

A concessionária do IC5 e IP2 (Douro Interior) também apresentou, ontem, a Paulo Campos as medidas de segurança implementadas no estaleiro da Chã, em Alijó. Tal como no Sabor, o governante considerou que havia "excelentes condições".

 

Fonte: JN

 

26 de Abril de 2010

Numa altura em que Portugal assiste a várias obras em simultâneo, entre barragens e estradas, Governo e sindicato unem-se para travar as mortes neste sector que, em cinco anos, já registou uma redução de 45 por cento.

"Portugal nunca assistiu a tantas obras em simultâneo e de tanto perigo como actualmente. Esta intervenção dos parceiros sociais vai levar, mesmo com esse perigo muito grande, que nós tenhamos este ano melhores resultados do que no anterior", afirmou Albano Ribeiro, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção.

Sindicato e Governo promoveram hoje uma visita às obras de construção da Barragem do Sabor, em Torre de Moncorvo, inserida na campanha "Mobilidade em Segurança nas Estradas Portuguesas de Trabalhadores da Construção para evitar acidentes mortais", que junta ainda a Autoridade das Condições do Trabalho e a Igreja.

O Dia Mundial da Segurança no Trabalho é assinalado a 28 de abril.

O sindicalista considerou que a campanha já está a dar frutos e salientou a diminuição de cinco vítimas mortais registadas este ano, comparativamente com igual período do ano passado.

 

Nos primeiros meses de 2009, perderam a vida em acidentes na construção 23 pessoas, enquanto este ano foram registadas 12 mortes.

"O que é importante é que nós estamos a assistir a uma queda vertiginosa. É importante salientar que, numa obra com esta dimensão e perigosidade, ainda não morreu nenhum trabalhador", sublinhou o responsável.

Atualmente trabalham na Barragem do Sabor 727 trabalhadores, número que subirá para os 1700 no pico de obra, em 2011.

Em Portugal, 101 trabalhadores perderam a vida na construção civil em 2004, numero que reduziu para os 56 em 2009, significando um decréscimo de 45 por cento.

Para o secretário de Estado, Paulo Campos, as estatísticas revelam que as campanhas têm "sido coroadas de êxito".

"Tanto nós como o sindicato entendemos que é possível oferecer melhores condições de segurança e continuar a trabalhar para diminuir a sinistralidade", salientou. 

É que, face à escassez de obras e de empregos, centenas de trabalhadores têm que se deslocar muitos quilómetros entre a casa e o local de trabalho o que, segundo o responsável, tem aumentado significantemente a sinistralidade.

Por isso mesmo, os dois parceiros estão também a trabalhar juntos em outra campanha, designada "Mobilidade em segurança nas estradas portuguesas de trabalhadores da construção para evitar acidentes mortais".

Segundo dados do sindicato, entre janeiro e fevereiro, morreram nas estradas 10 trabalhadores da construção civil, enquanto que, desde o arranque da campanha, a partir de março, não se registou mais nenhum acidente mortal.

Albano Ribeiro frisou ainda as "boas condições" de trabalho encontradas na Barragem do Sabor, tanto no estaleiro como no local de obra. 

O responsável comparou as condições sociais encontradas, incluindo dormitório com ar condicionado, com as que existiam aquando da construção da barragem de Crestuma-Lever, onde os trabalhadores dormiam em casernas.

No estaleiro existe ainda um campo de futsal, uma sala de convívio com máquinas de jogos e matraquilhos, um bar e um refeitório.

 

Diário Digital / Lusa 

 

 


O secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos, reiterou hoje que a introdução deportagens nas SCUT a partir de 01 de julho é uma "questão de justiça".

Paulo Campos, que falava à margem de uma visita às obras da Barragem do Sabor, em Torre de Moncorvo, salientou que esta medida "faz sentido" e salientou que é "justo que não sejam todos os portugueses mas sim os que utilizam as estradas que paguem o custo dessas estradas".

Confrontado com a ameaça dos utilizadores das SCUT (vias sem custos para o utilizador), de virem para a rua manifestar-se a partir do dia 10, o governante referiu que "é legitimo" que quem não gosta da medida possa protestar contra ela".

"Um Governo provavelmente não gostaria de tomar estas opções, mas elas são tomadas em nome da justiça. A nossa preocupação não é travar a mobilização mas sim fazer justiça", frisou.

Para Paulo Campos, não "é justo que os portugueses que não têm carro ou que circulam noutras estrada onde pagam que estejam a contribuir para que essa estrada seja paga.

O Governo pretende avançar com a introdução de taxas nas autoestradas sem Custos para o utilizador (SCUT), na Concessão SCUT Norte Litoral, na Concessão SCUT Grande Porto e na Concessão SCUT Costa da Prata, conforme consta no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC).

 

Fonte: Lusa


A câmara de Bragança investiu cerca de 4,5 milhões de euros na requalificação urbana da cidade. Um valor que só foi possível aplicar com acesso a fundos comunitários, conforme frisou o autarca local, Jorge Nunes.

“É uma marca em termos de regeneração urbana que só foi conseguido com o esforço da aplicação de fundos comunitários”.

As obras contemplaram a construção da Av. General Humberto Delgado, a Av. Luciano Cordeiro e vários acessos, como o do Bairro da Mãe D’Água ou do Bairro do Campelo. As duas avenidas, apesar de já estarem abertas à comunidade, foram inauguradas oficialmente no dia 25 de Abril. A data foi escolhida tendo em conta a ideia de desenvolvimento associada ao dia da Liberdade.

Jorge Nunes quis salientar o esforço que a Europa está a fazer ao contribuir para o desenvolvimento de países fragilizados numa altura em que a crise é transversal a toda a comunidade europeia. Por isso, o autarca aponta para a necessidade de fazer “quase o impossível” para assegurar as taxas de execução e de aproveitamento de recursos comunitários.

“O esforço de aplicação de fundos comunitários está atingido e só podemos referenciá-lo como uma homenagem àqueles que fazem algum sacrifício, disponibilizando recursos financeiros para nos ajudar a garantir melhor mais desenvolvimento que são os cidadãos europeus que contribuem para os países mais fragilizados economicamente”, afirmou.

Algumas das ajudas comunitárias vão servir também para a requalificação do bairro social da Mãe d’Água e do bairro da Coxa. Em causa está um projecto, também no âmbito da regeneração urbana, que vai beneficiar as famílias mais fragilizadas. Ou seja, conforme explicou o autarca, o desafio é requalificar “sem esquecer as questões sociais”.

Na área rural, Jorge Nunes destaca o Programa de Dignificação do Poder Local – um projecto que envolveu a construção de 96 edifícios num investimento situado entre 12,5 a 15 milhões de euros. Um desses investimentos já feitos foi a construção do centro de convívio de Grijó de Parada, uma infra-estrutura inaugurada também no dia da Liberdade.

Jorge Nunes entende que este é “um esforço de coesão” que deve ser promovido nas comemorações do 25 de Abril e que, no sua opinião, “o país deveria também promover”.

 

publicado por Lacra às 15:05
25 de Abril de 2010

Durante a próxima semana o concelho de Miranda do Douro vai estar representado na Venezuela através de uma comitiva de mirandeses. Esta comitiva é composta pelo presidente da Câmara, Artur Nunes e pelos pauliteiros de Malhadas.

Esta foi uma oportunidade que surgiu devido a um convite da embaixada  de Portugal em Caracas e que pretende dar a conhecer ao povo venezuelano a cultura, a lhéngua e a tradição mirandesa.

Para além disso, o grupo vai ter a oportunidade de estabelecer contactos com as comunidades portuguesas instaladas na Venezuela.

 

Fonte: Câmara Municipal de Miranda do Douro


 

 

A Associação de Municípios do Douro Superior está a organizar o 11º Raid TT Turístico. Programado para os dias 7, 8 e 9 de Maio, o Raid arranca com a recepção dos participantes em Freixo de Espada à Cinta com o “Roteiro Manuelino” e entrega de navegação com carta militar para a prova de orientação nocturna.

Antes disso, porém, os participantes vão poder experimentar as iguarias gastronómicas da D. Mariazinha, num jantar servido na Casa do Conselheiro.

A prova nocturna termina com uma ceia repleta de muito boa disposição, servida na matriz do vinho “Montes Ermos”. As dormidas estão marcadas para Freixo de Espada à Cinta e para a Aldeaduero, do outro lado da fronteira.

No dia seguinte, está programado um percurso TT por terras de Freixo,  Mogadouro e Miranda do Douro. o início da etapa será em Freixo de Espada à Cinta, na zona histórica, uma das mais ricas em património manuelino, com referência à Igreja Matriz e ao seu pórtico e à octogonal Torre do Galo.

O percurso seguirá depois pela Mata do Palão, Quintas da Macieirinha, continuando pela aldeia de Castelo Branco, já no concelho de Mogadouro, Serra da Figueira, Zava, na plataforma topográfica da Meseta, de perto com os Picos de Mogadouro. Já na vila de Mogadouro haverá ainda tempo para uma visita ao castelo, monumento nacional do século XII, concedido, em 1297, pelo rei D. Dinis à Ordem dos Templários.

O penúltimo dia do programa é dedicado a Miranda do Douro com passagem pelas aldeias de Vilariça, visita ao miradouro da Serra da Castanheira, Sanhoane, paragem na Vila de Sendim para uma visita guiada à terra do Mirandês, ao artesanato e à Casa do Pauliteiro. Continuação por Vila Chã de Braciosa e Cércio, seguindo em direcção à cidade de Miranda do Douro, para pernoitar e jantar com um programa de animação pelos Musica Tradicional do Planalto Mirandês.

O jantar é posta à mirandesa, como não podia deixar de ser, entre outras iguarias do Planalto, servidas pelo restaurante “O Mirandês”.

O último dia é dedicado inteiramente a Miranda do Douro, com uma visita guiada ao centro histórico da cidade e ao Museu Terras de Miranda, a que se segue o cruzeiro ambiental e o almoço de encerramento na estalagem de Santa Catarina.

Miranda do Douro aderiu recentemente à Associação de Municípios do Douro Superior, podendo assim ir de encontro aos interesses defendidos por ambas as instituições e que passam por algumas acções desenvolvidas no âmbito do Douro e que só são possíveis com o Douro integrado.

 

Fotos: Direitos Reservados

 

24 de Abril de 2010

A Associação de Municípios do Douro Superior propõe, em conjunto com a Sabor, Douro e Aventura, quatro dias de aventura na natureza, nomeadamente na área do Parque Natural do Douro Internacional, uma das zonas mais agrestes e desconhecidas de Portugal.

A proposta é para, de 3 a 6 de Junho, conhecer uma zona onde o rio corre selvagem, numa fenda abrupta, ao longo de 130 quilómetros partilhados com Espanha e onde a fauna e flora fazem do local um verdadeiro “santuário” a nível europeu.

A recepção aos visitantes é no dia 3 de Junho, em Lagoaça, concelho de Freixo de Espada à Cinta. O programa do primeiro dia prevê a descida em canoa de Lagoaça à Congida, com almoço em Mazouco, junto ao rio. O jantar e dormida são em Freixo, com tempo ainda para percorrer o “Roteiro Manuelino” e conhecer o centro histórico da vila, o Museu Guerra Junqueiro e o centro de artesanato.

Mogadouro é a paragem do dia seguinte, com a realização do troço Bemposta-Peredo de Bemposta em canoa, entre as barragens de Bemposta e Aldeadavila,  num total de 8,5 quilómetros.

Depois de almoço está programado um percurso pedestre entre a vila e Faia Alta (seis quilómetros). 

Sábado é dedicado a um dos troços mais belos do Douro internacional, para conhecer em Canoa, o troço Picote-Sendim. O almoço é de “Posta Mirandesa” e a tarde é de visita à Terra do Mirandês-Sendim e à Casa do Pauliteiro. No Domingo está previsto fazer um percurso pedestre de Miranda ao S. João das Arribas, terminando num Miradouro de excelência do Douro Internacional.

O programa termina  com um almoço piquenique e entrega de lembranças aos participantes.

São quatro dias por caminhos de grande beleza paisagística e com um riquíssimo património cultural que mostram o essencial das terras de Freixo de Espada à Cinta, Mogadouro e Miranda do Douro.

As inscrições podem ser feitas através da sítio na Internet da associação – www.amdourosuperior.pt; ou da empresa Sabor, Douro e Aventura – www.sabordouro.com.

O preço é de 90 euros por pessoa, sem alojamento incluído.

23 de Abril de 2010

Não é mendigo, nem caixeiro-viajante, nem traficante de droga. É jornalista. Já esteve em sítios onde muitos de nós nunca haveremos de ir. Agora, como muita gente já sabe, anda por aqui fazendo reportagens que publica na Internet, “sem recibo”

 

Para Nuno Ferreira andar por aqui, fazer reportagens no país que percorre com as solas dos sapatos desde há dois anos, é igual a fazer outras reportagens que estão inscritas na sua carreira como a “Route 66 a Estrada da América” ou “A Índia de Comboio”, pelas quais ganhou prémios e que, para certa geração de outros jornalistas, foram “marcantes”.

“Uma reportagem é uma reportagem, seja sobre o que for”, afirma. Preferia não falar desse sentimento tão nacional que encontra nas redacções um solo fértil, mas como fazemos a pergunta vai dizendo que, nessa altura, em que fazia essas reportagens, sofreu de “inveja”. “Já lá havia aquela categoria do grande repórter. As pessoas não se interessavam em me perguntar como tinha sido a minha viagem. Só queriam saber se já era grande repórter ou se não era”, conta-nos.

Entretanto, e apesar dos prémios de jornalismo que recebeu, nunca foi promovido e por vezes sujeitava-se a ganhar menos para poder fazer o que gosta: reportagens. Chamavam-lhe “príncipe da grande reportagem”, ou “caixeiro viajante”. Era “na brincadeira”, mas acabou por pagar o preço das piadas. Como forma de resposta, chegou a ter um cartão na secretária a dizer: “fazem-se pequenas, grande e médias reportagens”.

Quando propôs ao Expresso, há dois anos, fazer crónicas a partir do seu percurso por Portugal a pé foi também porque nessa altura estavam muitos outros jornalista a propor reportagens em destinos distantes e a esquecerem-se da existência de um Portugal que só aparece nas notícias quando há incêndios ou outras catástrofes.

No início, as crónicas foram publicadas na Revista Única do Expresso. Depois, a Revista foi reformulada e ficou sem as crónicas. Actualmente mantém um blog na Internet (http://portugalape.blogspot.com), sem qualquer patrocínio.

O facto de ter deixado de ter quem lhe pague as reportagens não foi motivo para desistir da viagem. Mesmo com interrupções decidiu continuar. Já tinha feito parte do caminho e reunido muito material que, no final, pensa publicar em livro.

Faz todo o percurso a pé. Estabelece um poiso temporário em determinados locais e depois desloca-se de táxi para o ponto onde interrompeu a caminhada. Quando termina a jornada volta a chamar o táxi, do local até onde andou. Isso encarece bastante a viagem.

“Não é fácil ser freelancer em Portugal”, confessa. “Neste momento não tenho apoio, mas considero-me jornalista na mesma, é aquilo que eu sei fazer. É como outra profissão qualquer, um carpinteiro não sabe fazer outra coisa”, explica, sublinhando que os jornalistas têm que ser “resistentes e persistentes”.

Começou a sua actividade jornalística no final da década de 80. Na altura, quando nasceu O Independente e O Público, “havia dinheiro e tive a sorte”. Agora não há. “Quando saí do jornal diário (O Público), já não havia dinheiro para ir a lado nenhum e não havendo dinheiro a qualidade do jornalismo perde-se”, afirma.

Nesse jornal conheceu jovens repórteres com qualidade, que trabalhavam três meses de graça, “como cães”, e depois iam embora. “Se calhar hoje eram excelentes jornalistas e tiveram que desistir. Alguns estão a trabalhar em call centers”.

Para um jornalista que anda de mochila às costas, sem uma grande máquina fotográfica a parecer câmara de filmar, nem um carro com letras, nem sempre a recepção é a melhor. A princípio as pessoas desconfiam, algumas nunca chegam a acreditar que é jornalista e já se confrontou com episódios caricatos como perguntarem-lhe se o que levava na mochila era droga. Mas, nesta longa travessia, também já fez amigos, pelo menos temporários, que lhe dão indicações sobre os melhores percursos ou, depois de acreditarem que é jornalista, lhe dão alguma matéria-prima para escrever.

 

Portugal “assombrado”

 

Anda ao sol, há chuva e ao vento. Tem visto a beleza do território português, mas também a tristeza de um caminho que segue rumo à falta de vida humana; tem percorrido Portugal a pé, sobretudo pelo interior. Partiu de Sagres, terra de onde se sente o apelo do “novo mundo”, e chegou a Trás-os-Montes em Janeiro passado. Resolveu fazer o caminho ao contrário. Desta vez não procurou o além mar, mas tudo aquilo que acabou por ficar para trás, o tal conceito, que trazia “na mochila” de muitos anos de jornalismo em jornais nacionais, como o de “Portugal profundo”; um país que não fica algures no fundo do Atlântico, fica aqui, soterrado no pedaço do rectângulo que confronta com Espanha.

Nestas terras sente a tristeza do abandono, a assombração da morte das actividades humanas, a falta de gente (aquilo, a que se chama “desertificação”). “Fico triste de saber que muita gente está para fora. Fico triste quando caminho, e é um prazer caminhar em paisagens tão bonitas, e de repente chegar a uma terra, a povoações com grande potencial turístico, como Outeiro, e não encontrar quase ninguém”.

Em Guadramil (“atormentou-me o silêncio daquelas ruelas”, escreveu Nuno no blog) foi pior, passou e só viu três sinais de vida, além das chaminés a fumegar: um homem a perguntar-lhe se queria boleia de tractor, uma velhinha a guardar galinhas e uma carrinha dos CTT. 

Nuno ferreira defende outra coisa, outro modelo de desenvolvimento para o país, uma alternativa à concentração urbana, qualquer coisa que reerga a casas caídas e as encha de vida e de gente. “A agricultura morreu, tem que haver uma alternativa e não é a urbana. Ando a atravessar um país vazio. Não devia ser, mas é”, diz.

Certas zonas estão piores que outras e a falta de pessoas não a sentiu apenas em Trás-os-Montes. “Há zonas que dentro de 15, 20 anos não vão ter ninguém”, sublinha. É que este modelo de desenvolvimento favorece apenas alguns e, se não há dinheiro para apostar em outro, que poderia passar pelo turismo rural, é “porque as pessoas não estão interessadas que haja. O país está dominado por um lobby em que o campo não interessa para nada, o que interessa é a construção”. Ou seja, se for preciso fazer um Campeonato do Mundo, ou outro Campeonato da Europa de futebol, “vai aparecer dinheiro, para mais redes viárias e mais coisas. Para o campo não há dinheiro, nem para o turismo rural. Em Portugal é assim”. Para Nuno Ferreira, que fez a linha do Tua a pé, também não são as barragens, mesmo que tenham componente de rega, que vão contribuir para combater “o deserto”, o tal deserto humano, o Portugal mal assombrado.

 

Pequena biografia


Segundo a informação que disponibiliza no blog, Nuno Ferreira é natural de Aveiro, onde nasceu em 1962. Licenciou-se em comunicação social na Universidade Nova de Lisboa. Foi colaborador permanente do semanário Expresso de 86 a 89, ano em que ingressou nos quadros do jornal Público, onde se manteve até Setembro de 2006. Nos últimos 20 anos fez todo o tipo de reportagens de cariz social, primeiro na revista do Expresso e mais tarde em diversas secções do Público (Sociedade, Local e Pública). Neste último, manteve uma crónica satírica intitulada “Ficções do País Obscuro” e escreveu sobre música popular americana. Entre outros prémios, recebeu em 96 o Prémio de Jornalismo de Viagem do Clube de Jornalistas do Porto com o trabalho “Route 66 a Estrada da América”, que lhe valeu também uma menção honrosa da Fundação Luso-Americana. Um ano mais tarde, recebeu o Prémio de Jornalismo de Viagem do Clube Português de Imprensa com o trabalho “A Índia de Comboio”. Em 2007 publicou conjuntamente com Pedro Faria o livro "Ao Volante do Poder" na editora Bertrand. Publicou crónicas do "Portugal A Pé" na Revista "Única" do "Expresso" entre Fevereiro e Setembro de 2008.

 

Fonte: Mensageiro Notícias/Ana Preto

Fotos com Direitos Reservados


De guarda-chuva na mão, que esta Primavera não está para brincadeiras, Carlos Fernandes divide-se entre o jogo da sua equipa, da Escola Secundária Abade de Baçal, em Bragança, e o do campo ao lado, para onde vai olhando, de soslaio. A sua equipa joga em casa e é a grande favorita. "Os miúdos jogam todos no Desportivo", justifica. A verdade é que os resultados vão sugerindo isso mesmo, as forças estão mesmo desequilibradas. "Boa, mais um golo", anota, enquanto vai apreciando as qualidades da estrela da equipa, Rui Alves. "É bom em tudo. Joga bem, corre bem", sentencia. Carlos Fernandes é o treinador de futebol da equipa que acabou por vencer a final de Bragança, enquanto acumula o cargo de treinador e vice-presidente do clube de atletismo local. Pelas suas mãos já passaram muitos com potencial, "mas todos preferem a bola", conta.

Rui Alves é um dos últimos exemplos. "É o mais rápido da turma. É claro que há a tentação de os levar para o atletismo, mas já são todos futebolistas", diz Carlos Fernandes.

Numa zona em que a indústria praticamente não existe, o futebol acaba por ser um escape. "Mas agora vão começar a aparecer mais miúdos desta zona. Já há infra-estruturas boas e, desde que os professores de Educação Física começaram a chegar aos clubes, a qualidade de treino subiu muito", sublinha Armando Alves, pai do 10 brigantino.

Um dos últimos casos foi Pizzi, que do GD Bragança saltou para o Braga, que o emprestou ao Paços de Ferreira, onde tem brilhado. Antes disso passou pelas mãos de Carlos Fernandes. "Tem condições para jogar em qualquer equipa", avalia. E está convencido que Rui Alves "tem o mesmo potencial". E vontade não lhe falta. "Ser profissional? O que é que acha? Claro que quero!".

 

Fonte: O Jogo


A Estradas de Portugal (EP) anuncia que vai investir 14,5 milhões de euros na conservação de mais de 1.000 quilómetros de estradas e perto de duas centenas de pontes e outros equipamentos do Distrito de Bragança.

De acordo com a empresa o investimento será realizado nos próximos três anos, até 2013, e visa a manutenção e conservação dos 1.053 quilómetros de vias e 186 pontes, viadutos e outras travessias que constituem a rede rodoviária a cargo da EP no distrito transmontano.

As obras serão realizadas ao abrigo de um concurso aberto em Março pela EP e cujos resultados deverão ser conhecidos no final de Abril, indica a empresa.

Os trabalhos consistem na conservação de pavimentos, bermas e valetas, passeios, nós, intersecções, ilhéus e separadores, na conservação de taludes e da rede de vedação e ainda na manutenção de obras de arte, actividades ambientais e de segurança.

O concurso para as intervenções contempla também a actualização do inventário dos equipamentos constituintes das estradas. 

Segundo a empresa "este é mais um investimento pela melhoria das condições de circulação rodoviária e segurança dos utentes da rede rodoviária nacional a seu cargo".

 

Fonte: Diário Digital/Lusa

últ. comentários
obrigado Cris:)
Bem vinda :))
Helder Fráguas sofreu a perda da sua companheira, ...
Para mim e para muita gente a volta às adegas para...
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