Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
23 de Abril de 2010

Não é mendigo, nem caixeiro-viajante, nem traficante de droga. É jornalista. Já esteve em sítios onde muitos de nós nunca haveremos de ir. Agora, como muita gente já sabe, anda por aqui fazendo reportagens que publica na Internet, “sem recibo”

 

Para Nuno Ferreira andar por aqui, fazer reportagens no país que percorre com as solas dos sapatos desde há dois anos, é igual a fazer outras reportagens que estão inscritas na sua carreira como a “Route 66 a Estrada da América” ou “A Índia de Comboio”, pelas quais ganhou prémios e que, para certa geração de outros jornalistas, foram “marcantes”.

“Uma reportagem é uma reportagem, seja sobre o que for”, afirma. Preferia não falar desse sentimento tão nacional que encontra nas redacções um solo fértil, mas como fazemos a pergunta vai dizendo que, nessa altura, em que fazia essas reportagens, sofreu de “inveja”. “Já lá havia aquela categoria do grande repórter. As pessoas não se interessavam em me perguntar como tinha sido a minha viagem. Só queriam saber se já era grande repórter ou se não era”, conta-nos.

Entretanto, e apesar dos prémios de jornalismo que recebeu, nunca foi promovido e por vezes sujeitava-se a ganhar menos para poder fazer o que gosta: reportagens. Chamavam-lhe “príncipe da grande reportagem”, ou “caixeiro viajante”. Era “na brincadeira”, mas acabou por pagar o preço das piadas. Como forma de resposta, chegou a ter um cartão na secretária a dizer: “fazem-se pequenas, grande e médias reportagens”.

Quando propôs ao Expresso, há dois anos, fazer crónicas a partir do seu percurso por Portugal a pé foi também porque nessa altura estavam muitos outros jornalista a propor reportagens em destinos distantes e a esquecerem-se da existência de um Portugal que só aparece nas notícias quando há incêndios ou outras catástrofes.

No início, as crónicas foram publicadas na Revista Única do Expresso. Depois, a Revista foi reformulada e ficou sem as crónicas. Actualmente mantém um blog na Internet (http://portugalape.blogspot.com), sem qualquer patrocínio.

O facto de ter deixado de ter quem lhe pague as reportagens não foi motivo para desistir da viagem. Mesmo com interrupções decidiu continuar. Já tinha feito parte do caminho e reunido muito material que, no final, pensa publicar em livro.

Faz todo o percurso a pé. Estabelece um poiso temporário em determinados locais e depois desloca-se de táxi para o ponto onde interrompeu a caminhada. Quando termina a jornada volta a chamar o táxi, do local até onde andou. Isso encarece bastante a viagem.

“Não é fácil ser freelancer em Portugal”, confessa. “Neste momento não tenho apoio, mas considero-me jornalista na mesma, é aquilo que eu sei fazer. É como outra profissão qualquer, um carpinteiro não sabe fazer outra coisa”, explica, sublinhando que os jornalistas têm que ser “resistentes e persistentes”.

Começou a sua actividade jornalística no final da década de 80. Na altura, quando nasceu O Independente e O Público, “havia dinheiro e tive a sorte”. Agora não há. “Quando saí do jornal diário (O Público), já não havia dinheiro para ir a lado nenhum e não havendo dinheiro a qualidade do jornalismo perde-se”, afirma.

Nesse jornal conheceu jovens repórteres com qualidade, que trabalhavam três meses de graça, “como cães”, e depois iam embora. “Se calhar hoje eram excelentes jornalistas e tiveram que desistir. Alguns estão a trabalhar em call centers”.

Para um jornalista que anda de mochila às costas, sem uma grande máquina fotográfica a parecer câmara de filmar, nem um carro com letras, nem sempre a recepção é a melhor. A princípio as pessoas desconfiam, algumas nunca chegam a acreditar que é jornalista e já se confrontou com episódios caricatos como perguntarem-lhe se o que levava na mochila era droga. Mas, nesta longa travessia, também já fez amigos, pelo menos temporários, que lhe dão indicações sobre os melhores percursos ou, depois de acreditarem que é jornalista, lhe dão alguma matéria-prima para escrever.

 

Portugal “assombrado”

 

Anda ao sol, há chuva e ao vento. Tem visto a beleza do território português, mas também a tristeza de um caminho que segue rumo à falta de vida humana; tem percorrido Portugal a pé, sobretudo pelo interior. Partiu de Sagres, terra de onde se sente o apelo do “novo mundo”, e chegou a Trás-os-Montes em Janeiro passado. Resolveu fazer o caminho ao contrário. Desta vez não procurou o além mar, mas tudo aquilo que acabou por ficar para trás, o tal conceito, que trazia “na mochila” de muitos anos de jornalismo em jornais nacionais, como o de “Portugal profundo”; um país que não fica algures no fundo do Atlântico, fica aqui, soterrado no pedaço do rectângulo que confronta com Espanha.

Nestas terras sente a tristeza do abandono, a assombração da morte das actividades humanas, a falta de gente (aquilo, a que se chama “desertificação”). “Fico triste de saber que muita gente está para fora. Fico triste quando caminho, e é um prazer caminhar em paisagens tão bonitas, e de repente chegar a uma terra, a povoações com grande potencial turístico, como Outeiro, e não encontrar quase ninguém”.

Em Guadramil (“atormentou-me o silêncio daquelas ruelas”, escreveu Nuno no blog) foi pior, passou e só viu três sinais de vida, além das chaminés a fumegar: um homem a perguntar-lhe se queria boleia de tractor, uma velhinha a guardar galinhas e uma carrinha dos CTT. 

Nuno ferreira defende outra coisa, outro modelo de desenvolvimento para o país, uma alternativa à concentração urbana, qualquer coisa que reerga a casas caídas e as encha de vida e de gente. “A agricultura morreu, tem que haver uma alternativa e não é a urbana. Ando a atravessar um país vazio. Não devia ser, mas é”, diz.

Certas zonas estão piores que outras e a falta de pessoas não a sentiu apenas em Trás-os-Montes. “Há zonas que dentro de 15, 20 anos não vão ter ninguém”, sublinha. É que este modelo de desenvolvimento favorece apenas alguns e, se não há dinheiro para apostar em outro, que poderia passar pelo turismo rural, é “porque as pessoas não estão interessadas que haja. O país está dominado por um lobby em que o campo não interessa para nada, o que interessa é a construção”. Ou seja, se for preciso fazer um Campeonato do Mundo, ou outro Campeonato da Europa de futebol, “vai aparecer dinheiro, para mais redes viárias e mais coisas. Para o campo não há dinheiro, nem para o turismo rural. Em Portugal é assim”. Para Nuno Ferreira, que fez a linha do Tua a pé, também não são as barragens, mesmo que tenham componente de rega, que vão contribuir para combater “o deserto”, o tal deserto humano, o Portugal mal assombrado.

 

Pequena biografia


Segundo a informação que disponibiliza no blog, Nuno Ferreira é natural de Aveiro, onde nasceu em 1962. Licenciou-se em comunicação social na Universidade Nova de Lisboa. Foi colaborador permanente do semanário Expresso de 86 a 89, ano em que ingressou nos quadros do jornal Público, onde se manteve até Setembro de 2006. Nos últimos 20 anos fez todo o tipo de reportagens de cariz social, primeiro na revista do Expresso e mais tarde em diversas secções do Público (Sociedade, Local e Pública). Neste último, manteve uma crónica satírica intitulada “Ficções do País Obscuro” e escreveu sobre música popular americana. Entre outros prémios, recebeu em 96 o Prémio de Jornalismo de Viagem do Clube de Jornalistas do Porto com o trabalho “Route 66 a Estrada da América”, que lhe valeu também uma menção honrosa da Fundação Luso-Americana. Um ano mais tarde, recebeu o Prémio de Jornalismo de Viagem do Clube Português de Imprensa com o trabalho “A Índia de Comboio”. Em 2007 publicou conjuntamente com Pedro Faria o livro "Ao Volante do Poder" na editora Bertrand. Publicou crónicas do "Portugal A Pé" na Revista "Única" do "Expresso" entre Fevereiro e Setembro de 2008.

 

Fonte: Mensageiro Notícias/Ana Preto

Fotos com Direitos Reservados


De guarda-chuva na mão, que esta Primavera não está para brincadeiras, Carlos Fernandes divide-se entre o jogo da sua equipa, da Escola Secundária Abade de Baçal, em Bragança, e o do campo ao lado, para onde vai olhando, de soslaio. A sua equipa joga em casa e é a grande favorita. "Os miúdos jogam todos no Desportivo", justifica. A verdade é que os resultados vão sugerindo isso mesmo, as forças estão mesmo desequilibradas. "Boa, mais um golo", anota, enquanto vai apreciando as qualidades da estrela da equipa, Rui Alves. "É bom em tudo. Joga bem, corre bem", sentencia. Carlos Fernandes é o treinador de futebol da equipa que acabou por vencer a final de Bragança, enquanto acumula o cargo de treinador e vice-presidente do clube de atletismo local. Pelas suas mãos já passaram muitos com potencial, "mas todos preferem a bola", conta.

Rui Alves é um dos últimos exemplos. "É o mais rápido da turma. É claro que há a tentação de os levar para o atletismo, mas já são todos futebolistas", diz Carlos Fernandes.

Numa zona em que a indústria praticamente não existe, o futebol acaba por ser um escape. "Mas agora vão começar a aparecer mais miúdos desta zona. Já há infra-estruturas boas e, desde que os professores de Educação Física começaram a chegar aos clubes, a qualidade de treino subiu muito", sublinha Armando Alves, pai do 10 brigantino.

Um dos últimos casos foi Pizzi, que do GD Bragança saltou para o Braga, que o emprestou ao Paços de Ferreira, onde tem brilhado. Antes disso passou pelas mãos de Carlos Fernandes. "Tem condições para jogar em qualquer equipa", avalia. E está convencido que Rui Alves "tem o mesmo potencial". E vontade não lhe falta. "Ser profissional? O que é que acha? Claro que quero!".

 

Fonte: O Jogo


A Estradas de Portugal (EP) anuncia que vai investir 14,5 milhões de euros na conservação de mais de 1.000 quilómetros de estradas e perto de duas centenas de pontes e outros equipamentos do Distrito de Bragança.

De acordo com a empresa o investimento será realizado nos próximos três anos, até 2013, e visa a manutenção e conservação dos 1.053 quilómetros de vias e 186 pontes, viadutos e outras travessias que constituem a rede rodoviária a cargo da EP no distrito transmontano.

As obras serão realizadas ao abrigo de um concurso aberto em Março pela EP e cujos resultados deverão ser conhecidos no final de Abril, indica a empresa.

Os trabalhos consistem na conservação de pavimentos, bermas e valetas, passeios, nós, intersecções, ilhéus e separadores, na conservação de taludes e da rede de vedação e ainda na manutenção de obras de arte, actividades ambientais e de segurança.

O concurso para as intervenções contempla também a actualização do inventário dos equipamentos constituintes das estradas. 

Segundo a empresa "este é mais um investimento pela melhoria das condições de circulação rodoviária e segurança dos utentes da rede rodoviária nacional a seu cargo".

 

Fonte: Diário Digital/Lusa


Feito o estrago na economia dos EUA em duas bolhas financeiras consecutivas - a de 2000/02, das dot.com; a de 2007/09, do imobiliário e dos empréstimos predatórios sobre activos artificialmente elevados -, Greenspan está entediado e lança o desafio ao Nobel da Paz: o que é que faz mais estragos ao euro? A concretização plena do contágio ou a mãe-natureza? Quem acertar ganha a mesa.

Andava Alan Greenspan e ‘entourage' satisfeitos da vida com o avanço na aposta - a maquilhagem da banca dos EUA já borrou na Grécia - e eis que das entranhas da terra desperta um vulcão islandês de nome impronunciável. E atinge a aviação europeia, que aterra durante uma semana e acumula prejuízos de biliões de euros. Al Gore parece vencer a mesa. Mas Greenspan, que não gosta de perder nem a feijões, contra-ataca: ligue-se ao Presidente do FMI e apontem-se os canhões à segunda presa: Portugal. Ou sai da União Monetária ou o euro está condenado. O dólar é a moeda do mundo. Portugal está na bancarrota.

A quilómetros da jogatana, filma-se "Pare, escute, olhe", sobre a extinção da linha ferroviária do Tua, uma das três mais belas da Europa, ameaçada pela barragem que a inundará. Recuamos a 1987, e Mário Soares afirmava que a interioridade pesava em Trás-os-Montes como uma condenação, o comboio não era apenas a viabilidade económica, era o serviço público às populações isoladas, a história e o património. Frame me 2009, José Sócrates e António Mexia vão lançar a primeira pedra da barragem do Baixo Sabor e comentam: "o que falta aqui é cimento" (PM) - "Está quase", reage Mexia. E pessoas? Vem a barragem do Tua, dá-se uns tostões aos agricultores e ficam à lareira à espera da morte? "Querem matar os velhos mesmo à fé danada" - ira de uma transmontana que aproveita o metro de superfície enquanto o há. Aquele país não é para velhos, é para ninguém, é para a quota máxima. Ali, sim, há bancarrota.

De regresso à mesa de jogo, e como terminou o expediente, juntam-se Timothy Geithner (Secretário do Tesouro) e Lawrence Summers (Director do Conselho Económico), do grupo anti-regulação criado anos antes por Greenspan, hoje os homens fortes da administração Obama. Al Gore questiona: até onde estão dispostos a ir para ganhar a aposta? À boca pequena, Geithner diz que o euro valorizado não interessa a ninguém.

Alheios à aposta, os europeus fazem filas intermináveis nas estações de comboios, talvez não seja de ignorar a ferrovia, talvez o TGV seja um investimento público credível, o Sud Express sai de Lisboa cheio de turistas e não de emigrantes que fogem da crise. E em Trás-os-Montes, à beira Tua, o sr. Abílio, gestor "honorário" do apeadeiro da Ribeirinha diz para a câmara: "Vou morrer, mas não sei quando. Acredita?".

Acredito. Temos de redefinir o progresso. Destruímos uma identidade por uns quilowats de energia da barragem do Tua. Destruímos economias e moedas por uns quantos egos, que mudam mas não vão a lado nenhum. 
____

Marta Rebelo, Jurista

 

Fonte: Diário Económico


Os sabores desta região, agreste como as paisagens, são fruto de uma cultura feita de hábitos profanos. Exemplo disso é a famosa Posta à Mirandesa que surgiu de uma forma humilde e instintiva de atirar um “naco de carne” para cima de uma grelha quente, colocando-lhe posteriormente sal grosso.

A carne de vitela de Raça Mirandesa é um produto que obedece aos mais elevados padrões de qualidade no seu processo de produção. A alimentação dos animais é determinante para a qualidade da sua carne. Os vitelos são alimentados à base de produtos naturais, como o leite materno, suplementos com cereais, pastagens e forragens produzidas na própria exploração, sem utilização de produtos químicos.

José Saramago, o Nobel da Literatura, diz mesmo que a “carne branda que a faca corta sem esforço, tratada no exacto ponto e com este molho de vinagre que faz transpirar as maças do rosto, é a cabal demonstração que há felicidade no corpo”.

A Bola Doce Mirandesa é um doce genuinamente mirandês feito de uma forma simples e, ao mesmo tempo, elaborada, com muita canela e açúcar às camadas sendo amassado à mão e cozido num forno de lenha, o que lhe dá o sabor característico.


 

 

Restaurantes aderentes:


Estalagem de Santa Catarina, Estrada da Barragem


Restaurante Miradouro, Rua do Mercado


Ao longo de todo o fim-de-semana, Miranda do Douro conta com a animaçao dos pauliteiros e gaiteiros. É ainda possível realizar viagens no barco e passeios no comboio turístico. As visitas à cidade e concelho podem ter acompanhamento, desde que seja feita a marcação previa (ver sítio da câmara municipal de Miranda do Douro).


Os fins-de-semana gastronómicos são promovidos pela Região de Turismo do Porto e Norte de Portugal.


Textos retirados da Agenda Porto e Norte.Come

Fotos retiradas da Internet


 

A gastronomia do concelho de Carrazeda de Ansiães é um bom exemplo de racionalidade económica dos seus habitantes, uma vez que aproveita ao máximo as potencialidades dos recursos endógenos. Para além disso, tratando-se de um concelho eminentemente rural e localizado numa zona de clima rigoroso, no inverno, não é de estranhar que estejam incluídas ementas de grande valor calórico.

 

Mais recentemente, aproveitando um produto de qualidade reconhecida internacionalmente – a maçã – a gastronomia foi enriquecida com novas sobremesas: maça assada regada com vinho generoso, bolo e tarte de maçã.


Restaurantes Aderentes:


Quintinha do Manel, Loteamento Alto do Vilarinho


Europa, Rua Tenente Aviador Melo Rodrigues


Vinhateiro, Rua Aquilino Ribeiro


Careca, Sainça


Casa de Tralhariz, Tralhariz

 

Textos retirados da Agenda Porto e Norte.Come

Fotos retiradas da Internet

últ. comentários
obrigado Cris:)
Bem vinda :))
Helder Fráguas sofreu a perda da sua companheira, ...
Para mim e para muita gente a volta às adegas para...
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