Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
12 de Abril de 2010

Uma porta na parede com a inscrição “Casa Malaparte” dá o mote de partida para uma visita imaginária àquele espaço intimista tendo como ponto de referência o próprio Centro de Arte Contemporânea. João Louro concebeu para Bragança um conjunto de trabalhos inéditos que convocam a arquitectura do Centro de Arte, uma obra de Souto Moura, e a casa Curzio Malaparte, uma paradigmática obra de arquitectura mandada construir pelo polémico escritor e jornalista Curzio Malaparte, numa justaposição caracterizada pela multiplicidade de leituras e de sentidos que vão além da obra física propriamente dita.

“O Centro de Arte Contemporânea, como edifício, deu-me sinais”, explicou o artista ao Diário de Bragança, adiantando que a surpresa foi tal que se decidiu a fazer uma série de novas obras para aquele espaço.


“Eu acho que os edifícios nos dão sinais e, nesse sentido, podemos ter duas atitudes. Ou renegamos esses sinais e trabalhamos de uma forma cega, ou esses sinais nos ajudam a produzir a obra”.

Sob o título “The Great Houdini”, João Louro apela à criatividade do público para encontrar na obra mais do que o seu sentido figurativo. É o caso das “blind images” bem caracterizadas por dois quadros negros que reflectem o que o espectador quiser que reflictam.

“Essa peça é uma espécie de espelho negro. Se estivermos perante aquela obra, fazemos parte dela”, considerou.

Por outro lado, a mostra integra ainda a linguagem e a imagem. Objectos, signos, imagens da realidade com novas significações. Placas luminosas que inscrevem alguns dos elementos mais perigosos para o homem. Conceitos e personagens que fogem da aparência formal reconhecida no imediato pelo público.


“A palavra é uma coisa perigosa. Toda a gente reconhece as placas da auto-estrada, mas depois há o elemento linguagem e o que está lá escrito não são os lugares, mas conceitos”, explicou.


É como o “Inferno” de Paris, Londres, Milão ou Nova Iorque. Quatro grandes cidades, capitais da moda, fenómenos cosmopolitas que João Louro olha como “sítios altamente canibais”. É na justaposição entre a palavra “Inferno” e as quatro grandes cidades que o artista traduz para o público este seu conceito: “são sítios fantásticos para se viajar como turista, mas que nos podem aniquilar”.


O trabalho com as ideias e com os conceitos entrecruza o cinema, a literatura e a própria arte, referências do mundo contemporâneo que vão surgindo, de alguma forma, em toda a exposição.

A terminar João Louro apresenta o intercomunicador de um elevador. E se aquele espaço fosse o prédio onde morassem personagens como Albert Camus, Boris Vian ou Jean Genet?

A exposição está patente no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais até 25 de Junho.


Porque é que há pessoas que vestem o fato de treino para ir às compras? Porque é que há muitos incêndios em Portugal? Ou porque é que o tempo é sempre tema de conversa entre os portugueses? A essência do “portuga”, as suas manias e preconceitos, foram assim abordadas por José Pedro Gomes numa espécie de monólogo com um galo de Barcelos insuflável, no espectáculo “Vai-se Andando”.

Encenado por António Feio, com textos de Alberto Gonçalves, Eduardo Madeira, Filipe Homem Fonseca, Henrique Dias, Luísa Costa Gomes, Marco Horácio, Nilton, Nuno Artur Silva e Nuno Markl, “Vai-se Andando” continua a pôr Portugal a rir e Vila Real e Bragança não foram excepção. “Não é difícil por o público a rir”, confessou José Pedro Gomes ao Diário de Bragança.

“O segredo é ter um ponto de vista divertido sobre a realidade e falarmos sobre aquilo que as pessoas vivem”. O actor tem percorrido todo o país com esta peça, desde o ano passado, tendo-se deslocado à região transmontana no âmbito do Festival Internacional de Teatro – 27. José Pedro Gomes assume, no entanto, que não é difícil correr todo o país, de Lisboa a Bragança, porque tem sempre encontrado “uma simpatia muito grande”.

Em Bragança, onde foi, juntamente com António Feio, homenageado pela autarquia municipal, o actor admite mesmo sentir “uma boa onda com o público”. “O que encontramos no público do país inteiro é uma simpatia muito grande e, aqui, sentimos boa onda com o público”, contou. Ainda assim são já seis meses sem família nem fins-de-semana. Mas, mesmo assim, José Pedro Gomes sente-se “recompensado”.

“É bom porque o prazer que sentimos que as pessoas sentem a ver o nosso trabalho, recompensa isso tudo”.

A autarquia brigantina e o Teatro Municipal aproveitaram a vinda de José Pedro Gomes para fazer uma homenagem ao actor e ao seu companheiro António Feio, a dupla das “conversas da treta”. António Feio não esteve presente, por motivos de saúde, mas José Pedro Gomes agradeceu em nome dos dois: “eu e o António Feio andamos a fazer um esforço para isto desde há uns anos a esta parte. A ideia nunca foi ter uma placa com o nosso nome, mas é uma óptima recompensa pelo que temos vindo a fazer”.

Os dois actores passam agora a ter o seu nome inscrito numa placa do Teatro Municipal de Bragança, lado a lado com o nome de Maria do Céu Guerra e Eunice Muñoz. Com esta iniciativa, a autarquia e o Teatro Municipal, quiseram demonstrar publicamente o “carinho” que todo o público sente por estes dois actores, deixando-os ligados, para sempre, à história cultural da cidade.

“Decidimos homenagear o José Pedro Gomes e o António Feio porque entendemos que é importante convidar aqueles que fazem parte da nossa história para ficarem aqui presentes e construírem connosco a história deste edifício”, explicou Helena Genésio.

José Pedro Gomes ironizou ter até alguma “inveja” dos colegas que tinham nomes “numas placas”: “agora também posso dizer que já tenho uma!”. O actor mostrou-se sensibilizado com o reconhecer do seu trabalho, admitindo não esperar um louvor do género: “não estava à espera, mas é um prazer muito grande ter uma homenagem destas no interior”



A família da mulher que morreu no último acidente na linha do Tua continua à espera, quase dois anos depois, da conclusão do inquérito judicial, sem ainda ter sido indemnizada, disseram hoje à Lusa familiares.

"Ninguém nos contactou, ninguém nos disse nada, portanto não sabemos absolutamente nada", disse à Lusa Rosa Barros, irmã de Olema, a única vítima mortal do acidente de 22 de agosto de 2008.

A carruagem em que viajavam cerca de 50 pessoas tombou causando um morto e dezenas de feridos, naquele que foi o quarto acidente com outros tantos mortos em um ano e meio.

 

Fonte: Lusa


O tribunal de Mirandela começa hoje o julgamento da obstetra envolvida no caso do parto de uma criança que nasceu com paralisia cerebral, há sete anos.

A médica acusada de autoria material, na forma consumada, de um crime de recusa de médico.

A profissional de saúde incorre numa pena que pode chegar aos cinco anos de prisão.

 

O julgamento acontece por determinação do Tribunal da Relação do Porto que decidiu, em Junho de 2009, levar a médica a julgamento, contrariando uma decisão anterior do Tribunal Judicial de Mirandela.

Em Outubro de 2008, um juiz de instrução daquele tribunal não tinha encontrado indícios criminais e decidiu não levar a julgamento a obstetra e a enfermeira que assistiram o parto de Gonçalo Damasceno, em Fevereiro de 2003.

 

Os pais da criança, que desencadearam o processo, recorreram desta decisão para o Tribunal da Relação do Porto que manteve o despacho em relação à enfermeira, mas determinou a alteração relativamente à obstetra indicando que fosse pronunciada, pelo menos, pela prática do crime de recusa de médico.

Mário Damasceno e Isabel Bragada já viram ser arquivada, pelo Ministério Público, em 2007, uma queixa-crime contra a obstetra, mas voltaram a ter esperança após a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde ter decidido suspender, por noventa dias, sem direito a remuneração, a médica em causa.

Perante estes novos dados, os pais decidiram constituírem-se como assistentes no processo e requereram a abertura da instrução.

 

A profissional de saúde chegou a exercer as funções de chefe do serviço de obstetrícia do Centro Hospitalar do Nordeste, mas após cumprir a sanção disciplinar pediu transferência para o centro hospitalar do Vale do Sousa.

 

O Gonçalo, agora com sete anos, é completamente dependente, tem paralisia cerebral e uma epilepsia descompensada que necessitam de cuidados permanentes.

Como os pais trabalham, foi necessário contratar uma ama para cuidar da criança, dado que necessita diariamente de ser alimentado por uma sonda, de medicação, e de aspirações constantes.

 

Fonte: Rádio Brigantia


António Câmara, Prémio Pessoa 2006, falou ao DN sobre o futuro da comunicação, tema de conferência recente na Culturgest.

"Em 2050 teremos mais informação, mais formas de interagir uns com os outros, mas estaremos mais sós e, provavelmente, mais estúpidos." É assim que António Câmara, director executivo da YDreams, vê a comunicação nas próximas décadas. "As grandes mudanças provocadas pela tecnologia vão ser nas relações humanas", assume.

A possibilidade de "sentir tudo de todas as maneiras", como um dia escreveu Fernando Pessoa, chegará brevemente ao ciberespaço com o desenvolvimento de tecnologias multissensoriais, em que não se usará apenas a visão e a audição mas também o tacto , o olfacto e o paladar. "Nos próximos 20 anos vamos poder estar em casa sozinhos a interagir com amigos distantes como se estivéssemos na mesma sala. Ver um jogo de futebol na televisão e fazer que o nosso grito se ouça no estádio", diz o especialista.

"Acredito que as transformações mais marcantes ocorrerão na televisão, que há 40 anos não sofre evoluções tecnológicas. Agora estamos à beira da fusão entre TV e computador, que vai alterar todo o panorama televisivo", continua.

O fim dos jornais em papel, que tantas vezes tem sido anunciado, é algo em que António Câmara não acredita. "O formato em papel não vai acabar, o que vai mudar é o tipo de papel, que passará a ter propriedades interactivas, em que podermos ter gráficos animados, por exemplo. É uma via cara, o que tornará os jornais e as revistas em artigos de luxo, um nicho de mercado destinado aos ricos."

A comunicação com animais ou a reprodução de todo o tipo de conteúdos em materiais como cortiça, plástico, vidro são outras das possibilidades apontadas pelo director da YDreams.

Apesar de nos dirigirmos rapidamente para o digital, "não deixaremos de ter plataformas analógicas, porque a nossa essência humana é analógica", admite ain- da. "Os sistemas de comunicação pessoal, como os telemóveis ou iPhones, poderão fornecer informação vital e ambiental, recolhida em tempo real por sensores implantados em cada pessoa."

E como será então a nossa vida quotidiana em 2050?

Viveremos dentro de uma ou mais redes sociais, com uma quantidade brutal de informação inútil para gerir, diz ainda António Câmara, que admite "ter muitas reticências" em relação a estas novas formas de socialização como o Facebook.

"A nível profissional, os danos são enormes, cada pessoa perde imenso tempo de trabalho devido a essas redes. Estamos sempre a ser interrompidos, convocados para uma informação que não nos serve para nada e afastam as pessoas do contacto presencial."

Mas é nas novas formas de cidadania e vivência democrática que Câmara se mostra mais optimista: "As sociedades tenderão a ter formas de decidir mais distribuídas e haverá participação maior dos cidadãos. Essencialmente o poder deixará de ter um centro fixo e distribuir-se-á de forma mais aleatória por vários sectores, à imagem de uma estrela do mar."

O futuro não será, portanto, um lugar estranho mas também não será um lugar perfeito.

 

Fonte: DN

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