É já no próximo dia 10 que o monte Guieiro acolhe a rampa TT de Gimonde/Rádio Brigantia, organizada pelo Motocruzeiro.
É a reactivação de uma prova que já não se realiza há quatro anos, aberta a motos, moto4 e minimotas.
Com prémios para os primeiros cinco da geral e para os melhores de cada classe em disputa, este pode ser o tiro de partida para a reactivação do Troféu TT do Nordeste, que teve apenas uma única edição, em 2004, mas que juntou mais de uma centena de pilotos, divididos por nove provas.
Para já, esta rampa TT será composta por um percurso de cerca de quatro quilómetros, com partida no centro da aldeia de Gimonde e chegada no alto do monte Guieiro, sobranceiro à aldeia, perto do IP4.
O troço cronometrado inclui um corta-fogo final, que deverá atrair muito público ao local, pela beleza da paisagem e espectacularidade e técnica da sua transposição.
Uma das novidades do evento será a possibilidade de participação com minimotas, sem limite de idade.
A prova será constituída pelos treinos livres da parte da manhã, para reconhecimento do percurso, e três subidas cronometradas à tarde, em que contará o somatório dos dois melhores tempos de cada piloto para efeitos de classificação.
A prova terá acompanhamento em directo também na rádio Brigantia.
"Pare, Escute e Olhe" é o documentário do jornalista da SIC Jorge Pelicano, que foca gritante situação de uma população escassa e envelhecida, voltada ao isolamento no interior transmontano com a desactivação da linha de caminho de ferro do Tua, entre Mirandela e Bragança, em 1992. O filme apresenta as contradições de decisões políticas que conduziram à actual situação. O investimento em estradas foi seguido pelo desinvestimento nos caminhos de ferro. A já aprovada barragem no Vale do Tua apresenta-se como a machadada final, condenando à submersão os terrenos agrícolas. O filme mostra-nos diversos dirigentes políticos a visitarem a região, com direito a pompa e a destaque mediático. Do Presidente Mário Soares ao primeiro-ministro Cavaco Silva, ou ao actual José Sócrates, todos passaram por lá decretando as suas diferentes "sentenças". Vê-se também o assunto a ser discutido na Assembleia da República, em contraponto com as imagens que nos transportam para a realidade da população que ainda permanece no local. O ciclo vicioso da desertificação O filme coloca-se do lado dos argumentos dos ambientalistas, mas, para além da situação específica daquela região, acaba por chamar a atenção para um ciclo vicioso que tem vindo a condenar grande parte do país à desertificação. Por um lado, a baixa densidade populacional justifica a não manutenção das infra-estruturas, por outro, a falta das mesmas faz com que o interior de Portugal seja cada vez menos atractivo e tenha cada vez menos habitantes. "Pare, Escute e Olhe" recebeu os prémios de Melhor Documentário Nacional e Melhor Montagem do Doclisboa e o Grande Prémio do Ambiente, Grande Prémio da Lusofonia e Prémio Especial da Juventude do Cine Eco, de Seia. Jorge Pelicano, de 33 anos, é operador de câmara da SIC. Anteriormente, tinha levado a cabo o documentário "Ainda Há Pastores", também contemplado com diversas distinções. Estreia hoje nos cinemas nacionais.
Documentário de serviço nacional/Opinião de Eurico de Barros
António Mexia, presidente da EDP, aparece a certa altura ao lado de José Sócrates em Pare, Escute, Olhe, de Jorge Pelicano, a estranhar que no Vale do Tua, onde o Governo se prepara para construir uma barragem, esteja "tudo despovoado". Se António Mexia conseguisse libertar-se das suas importantes e muito bem remuneradas funções e tirasse meia hora para ver este documentário, descobriria o porquê desse despovoamento - tem tudo a ver com a irresponsabilidade, a indiferença, a incompetência e o desconhecimento que políticos e decisores têm do "país profundo". O autor de Ainda Há Pastores? assina, com Pare, Escute, Olhe (o título, além de remeter aos clássicos sinais das passagens de caminho de ferro, é uma sugestão ao espectador e também aos que mandam nisto), um verdadeiro documentário de serviço nacional, sobre a morte anunciada da Linha do Tua, que deverá ficar submersa por uma barragem. Como diz alguém a certa altura, o desaparecimento do comboio e o estrangulamento do rio significam o fim "de uma identidade" local que ajuda a fazer a identidade nacional maior, de um património único, insubstituível. E a barragem em muito pouco vai beneficiar quer a população, envelhecida, desiludida e passiva, para quem a "sua" automotora é muito mais necessária e útil, quer o desenvolvimento local .
Cheio de cinema, humor, melancolia, emoção, ritmo, música (composta à medida das imagens), indignação legítima, informação útil, rádios locais com discos pedidos que unem quem ficou na terra aos que trabalham no estrangeiro e gente pitoresca e genuína que se manifesta sem papas na língua ("A barragem, que atirem com ela ao rio, que se f...", diz um velhote a certa altura), Pare, Escute, Olhe é um filme político mas apartidário, de intervenção mas não propagandístico, cuja causa é o bem maior de todos nós. Senhor Mexia, tire lá meia hora e vá vê-lo.