O silêncio da direcção da escola Luciano Cordeiro no caso Leandro e sobre os vários relatos de violência naquele estabelecimento de ensino está a provocar indignação de vários pais que dizem estar alarmados com as consequências desta tragédia.
Os pais de alunos da escola Luciano Cordeiro continuam a denunciar episódios de violência dentro do estabelecimento de ensino em que o Leandro terá tido um desentendimento, minutos antes de desaparecer nas águas do rio Tua, na passada terça-feira. Agora é a vez de Cecília Ferreira, mãe de uma criança de 12 anos, da mesma turma do Leandro, revelar que a sua filha foi agredida, em Janeiro deste ano, numa sala de aula, garantindo que apresentou queixa, por escrito, mas até agora nada aconteceu.
“Apresentei queixa, tanto que a minha filha recusava-se a ir à escola, esteve quatro dias sem ir. O que me disseram da escola era que não tínhamos de dar grande importância porque eram crianças e às vezes há desentendimentos. Mas ser agredida numa sala de aula, com o professor presente e dizer que não viu, é lamentável”, diz.
Cecília conta até que a sua filha relata outros casos graves que acontecem no interior da escola.
“A minha filha conta que vê todos os dias agressões na escola. São roubados telemóveis, é-lhes exigido que levem roupa de marca para a escola.”
Perante todos estes episódios de violência, Cecília Ferreira não esconde que está alarmada e não entende o silêncio da direcção do agrupamento
“Está a deixar-nos alarmados porque há outras crianças a viver o que o Leandro viveu e queremos que seja a primeira e última vez”, diz. Por isso diz que “o sistema está errado, é preciso mudá-lo”, pede, lamentando ainda a ausência de “um responsável a dar a cara num momento em que o Leandro está a ser procurado.”
Para tentar pressionar a escola a prestar esclarecimentos, Cecília Ferreira e outros pais estão a tentar organizar um movimento para que seja possível obter respostas às suas preocupações.
“Tencionamos pedir explicações à escola. Há pais que ainda se vão juntar a nós. Temos é que nos organizar um pouco.”
Alguns pais a demonstrarem a sua indignação com o silêncio da direcção da escola relativamente aos casos de violência que têm sido relatados.
Este grupo de pais já abriu uma conta bancária para ajudar a família do Leandro
“A dor deles deve ser imensa e, por isso, tomámos a iniciativa de abrir uma conta solidária, porque são famílias carenciadas”, explica Cecília Ferreira.
A conta é a seguinte: 001800032276818802096.
Entretanto, as operações de busca de ontem, apesar de terem sido alargadas até à foz do Tua e com ajuda de um helicóptero, não teve resultados positivos, como avançou Melo Gomes, coordenador do CDOS do distrito de Bragança.
“As buscas, infelizmente, continuam infrutíferas. Tivemos cem homens no terreno, dois botes na água e um helicóptero, mas infelizmente não conseguimos atingir os nossos objectivos.”
Hoje foram retomadas as buscas, mas, devido ao agravamento das condições meteorológicas, há uma diminuição dos meios no terreno.
“É muito difícil fazer buscas ao longo das margens com pessoal apeado, e um risco, porque temos terreno escorregadio. Vamos continuar as buscas mas com menos pessoal. Vamos manter também um bote no rio, um posto de comando e pessoal a patrulhar as margens.”
Melo Gomes revela que ainda não há previsão de quanto tempo ainda vão demorar as operações de busca.
Fonte: Brigantia