A unidade de AVC (acidentes vasculares cerebrais) do Centro Hospitalar do Nordeste, em Macedo de Cavaleiros, vai ser aumentada. A notícia foi avançada por Henrique Capelas, presidente do Centro Hospitalar, à margem do V Encontro Transmontano das Unidades de AVC, realizado na semana passada em Macedo. À imprensa, Capelas garantiu que, pese embora a falta de financiamento comunitário, a ampliação da unidade vai avançar, dentro em breve.
“Tínhamos um projecto que está em stand-bye, face à dificuldade em encontrar fundos financeiros, mas reanalisamos a situação e decidimos aumentar das oito para as doze camas”, apontou o responsável.
O primeiro projecto para a execução dos trabalhos contempla uma verba de 50 mil euros e já foi aprovado. O segundo projecto deverá ser apresentado em breve e, segundo as contas do presidente, “se tudo correr bem”, a obra deverá estar concluída num prazo máximo de “três a quatro meses”.
Os AVC’s são uma das principais causas de morte no país, com uma média diária de 288 casos. Na região, no entanto, a doença tem uma maior incidência com uma média de 600 casos por ano, num distrito com cerca de 140 mil pessoas.
Números “assustadores”, no entender do responsável da unidade de AVC do distrito, Jorge Poço.
“O distrito tem uma taxa de incidência muito elevada que pode estar relacionada com o envelhecimento, mas não só já que os AVC’s podem acontecer em qualquer idade”, apontou.
A ampliação da unidade vai permitir dar resposta ao dobro dos casos que actualmente já chegam àquele espaço. Por ano são cerca de 250 os doentes em tratamento e, com a ampliação, prevê-se chegar a, pelo menos, 420 doentes.
“Ainda não é o suficiente”, admitiu Jorge Poço, mas já deixa a região com um rácio doentes/cama “bastante razoável”.
Atrasos dificultam tratamento
Desde Janeiro deste ano que o Centro Hospitalar introduziu a chamada “via verde” para os doentes de AVC. A “via verde” permite um atendimento médico mais rápido tendo em conta que as primeiras três horas são fundamentais para a recuperação total do doente.
No entanto, continua a ser “difícil” fazer chegar o doente à unidade de AVC em menos de três horas, por vários motivos, mas sobretudo pelas distâncias entre os concelhos e pelas más acessibilidades.
“Num distrito como o de Bragança, em que temos, por exemplo, Freixo de Espada à Cinta a uma hora e meia de distância, qualquer atraso é o suficiente para inviabilizar o tratamento”, apontou Jorge Poço.
Os sintomas – dificuldades na fala, adormecimento de um dos lados da face e falta de força num dos braços – nem sempre são valorizados, nomeadamente quando se trata de idosos. No entanto, todo o tempo é “precioso”.
Actualmente a média de mortes na unidade de AVC é de onze por cento. A melhor “arma” contra a doença continua a ser a prevenção – feita através de uma boa alimentação aliada a algum exercício físico.