Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
27 de Novembro de 2009

 O desconhecimento geral das crianças sobre a cultura e as tradições do meio em que se inserem podia ser colmatado se os professores incluíssem nos conteúdos programáticos escolares essa componente. Foi o que Bárbara Dias, professora de Educação Visual, fez com os seus alunos e tratou numa tese de mestrado de Animação e Produção Artística defendida, na semana passada, na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Bragança (IPB).

A docente pegou no tema geral “Animação das Festas de Inverno no concelho de Bragança” para introduzir “os caretos na escola – o reavivar das tradições”. Bárbara Dias constatou que as crianças desconheciam as tradições locais, embora fossem naturais da região, sendo até que a maioria desconhecia a existência do Museu Ibérico da Máscara e do Traje, situado na zona histórica da cidade.

“O preservar de qualquer tradição passa, primeiro, pelo conhecimento das mesmas e os alunos desconheciam-nas”, apontou a docente.

Bárbara Dias aproveitou então para transmitir aos alunos esses conhecimentos e depois trabalhou a temática com eles promovendo a realização de exposições em que os alunos desenvolveram máscaras e trajes típicos da região.

Com esta iniciativa, a docente pretendeu transmitir aos mais novos as tradições locais de modo a assegurar a sua continuidade e preservação.

 

Promover a criatividade ensinando as tradições

Actualmente, nas escolas tem-se verificado o introduzir de comemorações como o “Halloween”, uma festa com raízes nos países anglo-saxónicos. No entanto, segundo Luís Canotilho, orientador da tese de mestrado, compete aos professores introduzirem  no currículo escolar as tradições genuinamente portuguesas.

“O currículo nacional do ensino básico propõe a integração das crianças e dos adultos na região através do reconhecimento daquilo que são as suas tradições e aquilo que é a sua verdadeira cultura genuína”, apontou Luís Canotilho.

O orientador lamenta que grande parte dos professores não tome a iniciativa de apostar na cultura tradicional, cingindo-se apenas a seguir o “receituário” dos livros escolares. Na sua opinião, em causa está uma “sucessão de erros” que se tem vindo a repetir e que trará consequências aos jovens da região e do país.

“Um povo que não aprecia a sua cultura e vai beber a outras culturas, perde as referências e a sua identidade. Desaparece”, considerou.

A mudança pode e deve começar, desde logo, no ensino das Artes Visuais e Tecnológicas, uma disciplina que, por vezes, é “desprezada e observada sob o ponto de vista lúdico”.

O docente é responsável pela prática de ensino supervisionado dos alunos dos cursos de formação no campo das artes visuais e assume mesmo sentir-se “comovido, pela negativa” com o trabalho que muitas vezes é desenvolvido.

“Ao nível do ensino artístico, no primeiro ciclo, com excepção de alguns casos, não passa de uma sucessão de comemorações”, apontou.

Canotilho defende que compete aos professores de Educação Visual e Tecnológica alterar o panorama e investir no desenvolvimento da criatividade das crianças. Um trabalho que, no seu entender, passaria não por uma sala fechada onde os alunos fazem “manualidades”, mas sim por ir conhecer os artistas e artesãos locais, bem como os museus, partindo depois para o trabalho de síntese e para o trabalho criativo.

“Um professor pode estar hoje em Bragança e depois no Algarve e tem de ter a capacidade de implementar esse tipo de trabalho, que assenta no reconhecimento da cultura local”, defendeu.

A tese de mestrado de Bárbara Dias constituiu assim uma “pedrada no charco” que pretende alertar para a necessidade de preservar as tradições transmitindo-as aos alunos para que estes, no futuro, possam ser “fios condutores” dessas mesmas tradições.

Bárbara Dias licenciou-se em Educação Visual e Tecnológica  no IPB, instituição onde concluiu o mestrado na área de Animação e Produção Artística.

 

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