Há cada vez mais pessoas a solicitar ajuda alimentar e pedidos de revisão de mensalidades junto das Instituições Particulares de Solidariedade Social de Bragança. Ainda que não haja dados, o núcleo brigantino da Rede Europeia Anti-Pobreza (REAPN) avança que a pobreza está a aumentar, por um lado, devido ao envelhecimento da população e, por outro lado, devido ao momento de crise internacional.
No dia que antecedeu o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, assinalado a 17 de Outubro, a REAPN organizou uma marcha para sensibilizar a sociedade civil para o fenómeno. Segundo Pedro Guerra, responsável da REAPN, há cada vez mais a chamada “pobreza envergonhada”, como explicou.
São pessoas que à partida não apresentam sinais de dificuldade mas que, por um ou outro motivo, passam sérias dificuldades.
“São pessoas que estavam bem na vida e que se viram desempregadas, outras são pessoas com baixos salários ou que passaram por alguma situação de doença ou desemprego do cônjuge”, apontou Pedro Guerra.
Embora sem números, a REAPN afirma que há um aumento de procura do refeitório social, de ajuda alimentar e de revisão de mensalidades para Apoio Domiciliário ou para os Ateliers de Tempo Livre.
Segundo Pedro Guerra há mesmo famílias com dificuldades em pagar mensalidades ou mesmo material escolar e didáctico para os filhos.
“Nunca como este ano tivemos tantos pedidos de revisão de mensalidade, isso, só por si, já é um fenómeno que antes não existia e que nos leva a concluir que há mais dificuldades”, contou.
A REAPN quer agora estudar o fenómeno em parceria com o Instituto Politecnico de Bragança. O estudo está a dar os primeiros passos para que, no próximo ano, Ano Internacional para a Erradicação da Pobreza, haja números que permitam elaborar um plano com objectivos prioritários.
“Para nós é muito importante ter dados concretos, números, para saber onde devemos actuar e intervir prioritariamente. Sem dados fazemos aquilo que achamos que é o mais correcto e que nem sempre poderá corresponder à realidade”.
É por isso também que o núcleo brigantino da REAPN quer avançar para a criação de um Observatório da Pobreza, um objectivo já delineado no ano passado e que já existe no Porto e em Lisboa. No entanto, tem havido muitas dificuldades já que esta seria uma estrutura “muito pesada” e que envolveria uma série de investimentos.
Enquanto não é possível criar o Observatório da Pobreza, Pedro Guerra apela às pessoas com sérias dificuldades para que procurem ajuda e que “não tenham vergonha”.
“As pessoas não se devem envergonhar e devem pedir ajuda, seja na câmara, nas juntas de freguesia, na Segurança Social, nas IPSS’s ou na própria REAPN que tem as portas abertas e pode encaminhar os casos para as instituições devidas”.
O núcleo brigantino da REAPN participou ainda no Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza assinalado na Foz do Arelho onde um conjunto de pessoas deu o seu testemunho sobre a pobreza e exclusão social. Os relatos ficaram registados num documento que será enviado à Assembleia da República para que sejam criadas estratégias que combatam estes novos fenómenos de pobreza e de exclusão social.