Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
23 de Setembro de 2009

O secretário-geral do PS esteve, esta quarta-feira, em Bragança, para apelar aos votos dos transmontanos para as eleições de Sábado. O candidato a primeiro-ministro contou com o apoio da pintora transmontana Graça Morais que subiu ao palco para abrir o comício e falar do “Governo que mais investiu na região e no país”.

Com Sócrates esteve também a transmontana Edite Estrela que pediu “frutos” para a “sementeira” feita pelo Governo.

“Sócrates semeou no Nordeste. Quando o PSD dizia que já havia estradas suficientes, o Governo lançou as estradas retirando a região do esquecimento a que tinha sido votado. É tempo agora de colher os frutos dessa sementeira e dessa determinação”.

Para os socialistas, em causa está a escolha entre José Sócrates e Manuela Ferreira Leite, a candidata do PSD, e por isso a tentativa é de concentrar todos os votos, evitando a dispersão à esquerda ou à direita.

Num discurso marcado pelas críticas, Edite Estrela questionou se os portugueses “terão memória curta” ou se ainda se recordam do tempo em que Manuela Ferreira Leite foi ministra da Educação.

“Tratou mal os alunos e tratou mal os professores. Nesse tempo, sim, é que não era dada liberdade aos professores para se manifestarem publicamente, para dizerem o que é que pensavam, para darem as suas opiniões. Ela proibiu os professores de falar com a comunicação social. Aí, sim, é que havia asfixia democrática”, apontou.

Depois da Educação, a dirigente socialista, em tom de ironia e tocando nas gafes de linguagem de Ferreira Leite, falou dos tempos em que a social-democrata foi ministra das Finanças.

“Vendeu ao Citibank os títulos da dívida da Segurança Social, que nós estamos a pagar agora. Ela, sim, é que hipotecou o futuro dos nossos filhos e dos nossos netos. E nós não queremos uma pessoa dessas à frente do país”, apontou.

Mas as críticas não se ficaram por aqui. O dirigente da distrital socialista, Mota Andrade, quis também apelar aos transmontanos para que “não se deixem enganar pela verdade” do PSD e falou do “medo” de ter Ferreira Leite como primeira-ministra.

“Todos nós nos lembramos do abandono a que este distrito foi votado quando ela esteve no Governo”, apontou Mota Andrade.

A determinação ou teimosia com que muitos qualificam José Sócrates foi também invocada, mas pela positiva.

“As estradas, a A4, o IP2 e o IC5, são um sonho de todos nós que só se vai concretizar porque tivemos um primeiro-ministro que avançou, contra tudo e contra todos”, concluiu.

A fechar o comício José Sócrates falou mais uma vez das estradas e de escolhas. Para o secretário-geral do PS, o que o Governo fez, em termos de acessibilidades, “não foi outra coisa que fazer justiça aos transmontanos”. 


 Num documento enviado à comunicação social, o deputado social-democrata pelo distrito de Bragança e candidato em segundo lugar na lista do PSD, critica a dirigente do partido pela “desastrosa omissão”, aquando da visita a Bragança, sobre a construção do IC5 e do IP2.

As duas vias são consideradas por vários autarcas, do PS e do PSD, como “estruturantes” para o desenvolvimento de todo o distrito. Mas, desde que o PSD apresentou o programa que subsiste a dúvida se estas estradas, a par com a auto-estrada transmontana, são para avançar ou não.

Manuela Ferreira Leite foi questionada sobre o assunto aquando da visita a Bragança, na segunda-feira, mas não deu qualquer resposta aos jornalistas.

Agora, o presidente da distrital PSD e candidato a deputado em segundo lugar na lista, quer saber qual a posição de Manuela Ferreira Leite.

No documento, também enviado à dirigente do partido, Adão Silva refere a “necessidade de assumir publicamente o compromisso”, até porque as obras do IP2 já estão no terreno.

Adão Silva pede a Manuela Ferreira Leite que, até dia 25 de Setembro, encontre uma “formula” para comunicar às populações do distrito “o seu inequívoco propósito de prosseguir a construção do IP2  e do IC5”.

 

Autarcas reagem

Também os autarcas do sul do distrito já reagiram à omissão da candidata social-democrata sobre o IP2 e IC5. O autarca de Freixo de Espada à Cinta, o de Torre de Moncorvo, o de Vila Nova de Foz Côa e o de Vila Flor, assinaram um documento em que manifestam “estranheza” pelo conceito de coesão nacional de Manuela Ferreira Leite deixar de lado acessibilidades consagradas, desde há 30 anos, no Plano Rodoviário Nacional.

Os autarcas afirmam que em causa estão “simples eixos viários que, finalmente, trarão modernidade a todo o território entre Celorico da Beira e Macedo de Cavaleiros, e entre Murça e Miranda do Douro”.

A preocupação é maior tendo em conta as últimas declarações do eurodeputado social-democrata Paulo Rangel que, a 7 de Setembro, declarou que à “obra faraónica de estradas” prefere o investimento nos Metros de Lisboa e do Porto. 

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obrigado Cris:)
Bem vinda :))
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