Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
11 de Agosto de 2009

A Igreja Matriz de Torre de Moncorvo, ex-libris do concelho, localizada no centro da vila, tem sido alvo de vários actos de vandalismo. No local é possível ver várias garrafas partidas, antigas pedras deslocadas, pináculos partidos e alguns graffitis inscritos na fachada do templo.

As situações de vandalismo contra o monumento nacional têm sido frequentes e podem estar relacionadas com o aumento do horário nocturno dos bares do centro histórico. Mas já não é de hoje que se verificam na vila atentados contra aquele monumento nacional. Para além dos graffitis, que obriga a complexas e dispendiosas operações de remoção, no ano passado já tinha sido partido um dos pináculos da Igreja, datados do século XVII, e um dos remates esféricos em granito foi mesmo levado para as ruas da vila.

O alerta foi dado pelo Projecto Arqueológico da Região de Moncorvo (PARM) que, como associação de defesa do património, já tomou uma posição sobre o assunto, tendo apelado a uma maior vigilância por parte das autoridades. O PARM apela à GNR que faça patrulhamento a pé naquela zona, nomeadamente ao Sábado e em dias de festa, de modo a dissuadir os jovens a praticar actos de vandalismo.

A associação pretende ainda que os serviços culturais da Direcção Regional de Cultura do Norte recolham, quanto antes, os destroços de um dos pináculos partidos, bem como dos outros dois que ainda restam.

Desenvolver uma campanha em prol da salvaguarda do património é outra das iniciativas que poderá vir a ser implementada já no próximo ano lectivo, junto das escolas, com cartazes e panfletos que expliquem a importância do património.

Por seu lado, Aires Ferreira, presidente da autarquia, referiu ter tomado conhecimento da situação já tardiamente mas lembrou que o IGESPAR tem destacadas duas funcionárias responsáveis pela abertura e fecho do templo ao público, bem como pelas visitas guiadas. O autarca considera que as técnicas do instituto é que têm a responsabilidade de reportar a situação ao IGESPAR para que este possa tomar as devidas medidas, uma vez que a Igreja Matriz é monumento nacional.

A última grande intervenção feita pelo IGESPAR (ex-IPPAR) no monumento foi há cerca de dez anos e, desde então, que a autarquia tem apelado para sejam feitos trabalhos de recuperação. O muro do adro foi intervencionado no ano passado, mas tem revelado cedências que ainda estão por resolver.

A Igreja Matriz, a maior de Trás-os-Montes, foi iniciada em 1544 segundo um plano pouco ortodoxo, sujeitado ao traçado urbano da vila. É uma obra maneirista, austera e de linhas severas, com contrafortes pronunciados em que dominam a exuberância e a altura da fachada principal.

 

(foto em cima retirada daqui)


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