Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
24 de Abril de 2009

 Os Bombeiros Voluntários de Bragança vão acolher, durante todo este Sábado, 25 de Abril, uma campanha de recolha de sangue de potenciais dadores de medula óssea para uma criança de nove anos que sofre de leucemia.

A criança está internada no Instituto Português de Oncologia do Porto há dois meses, à espera do transplante. Nenhum dos familiares do menino tem compatibilidade sanguínea para poder efectuar a operação. Embora sendo uma família carenciada, a mãe da criança voltou a engravidar na esperança que o recém-nascido pudesse ter compatibilidade com o irmão. O bebé nasceu há dois meses mas, por ironia do destino, também não é um dador compatível.

A família tenta agora encontrar um dador que possa salvar a vida do menino de nove anos. A campanha de recolha de sangue vai decorrer das 10h00 às 17h00, durante o Sábado, 25 de Abril, nos Bombeiros Voluntários de Bragança,

Para poder participar basta apenas ter entre os 18 e os 45 anos, peso superior a 50 quilos e levar o bilhete de identidade ou o cartão do cidadão.  

O teste consiste apenas numa pequena recolha de sangue, equivalente ao recolhido numas análises.

23 de Abril de 2009

 Bragança, recebe nos próximos dias 25 e 26 de Abril, mais uma edição da Feira de Stocks, onde poderá adquirir roupa, calçado, acessórios e decoração a preços de saldo. 

Mais de sessenta lojas de todo o país apresentaram produtos de marca e qualidade aos visitantes que se esperam em grande número.
A grande novidade deste certame será a realização de um Casting, para seleccionar dois elementos, um do sexo feminino e outro do masculino, que serão a imagem do próximo evento na Feira de Stocks de Natal.  Este Casting será realizado pela empresa Nextime, que conta, entre os seus colaboradores, com nomes como Merche Romero, David Simões, Paula Bobone, entre outros.
Como é habitual a feira decorre no Pavilhão do NERBA, em cujo recinto será também instalado um Fun Park para os mais novos. 

22 de Abril de 2009

O cartaz foi oficialmente apresentado hoje à comunicação social e promete levar ao pavilhão do Nerba um vasto e eclético público. 

Numa tentativa de tentar aproximar a cidade e a região deste evento, a associação convidou apenas bandas locais a abrir os concertos principais. Já durante os dias 27, 28 e 29 de Abril a associação irá divulgar o evento pela região com um bus descapotável, decorado com outdoors alusivos à Queima das Fitas e animado com música e bebidas. 

Outra das iniciativas inéditas é a recuperação da Garraiada, que já não se realizava há sete anos, como forma de voltar ao "antigo espírito académico" que caracterizava Bragança. O evento está marcado para a tarde de 10 de Maio, no auditório ao ar livre do IPB.

Com um orçamento de 130 mil euros, a Semana Académica de Bragança é já o segundo maior evento, depois das Festas da Cidade, motivo que tem levado a associação académica a pedir mais apoio junto das entidades locais.

 

7 de Maio – Buraka Som Sistema, depois de terem percorrido o mundo a apresentar o novo álbum, os Buraka marcam presença na queima de Bragança com um novo álbum. Os Buraka são o nome forte deste evento e a banda mais cara de todas. A nível nacional os Buraka vão apenas marcar presença na queima de Bragança e na queima da Guarda.

 

8 de Maio – Dealema, a banda de hip-hop portuense traz na bagagem um novo álbum, V Império, editado em 2008. Com vários concertos em todo o país, os Dealema irão certamente arrastar grande parte da população juvenil ao pavilhão do Nerba

 

9 de Maio – José Cid assinala em Bragança os seus 40 anos de carreira no dia em que os finalistas do Instituto Politécnico queimam as fitas. De referir que a queima das fitas passa novamente a ser a um Sábado, como era tradição, a pedido dos próprios finalistas do IPB.

 

10 de Maio – Noidz, a Associação Académica do IPB garante que esta será a grande surpresa da Semana Académica de Bragança. Os Noidz são uma banda relativamente recente mas cujo som é comparado aos dos Blasted Mechanism

 

11 de Maio – Deolinda, projecto original de música popular portuguesa que tem cativado muito público

 

12 de Maio – Quim Barreiros encerra a semana académica com uma noite que será certamente de grande festa


 De 1 a 3 de Maio a vila de Vimioso acolhe as II Jornadas de História Local sobre o tema "Judaísmo - Marranísmo, duas faces de uma identidade".

A primeira iniciativa do género foi realizada no ano passado, altura em que foi proposto criar uma Rota dos Judeus que potencie a herança judaica e marrana existente em Carção, Bragança, Chacim, Vila Flor, Mogadouro e noutras terras do distrito.

O evento é organizado pela Associação Cultural dos Almocreves de Carção e, este ano, irá abordar os seguintes temas:

1 de Maio

  •  Os cristãos-novos e o poder - século XVIII, por António Borges Coelho 
  • Sam marranos os que marram nossa fee, por José Alberto da Silva Tavim
  • Regimentos Inquisitoriais, por Lúcia Alexandra Ferreira
  • Os agentes do Santo Ofício em Trás-os-Montes (1570-1821), por Fernanda Olival
  • Judaísmo, Inquisição e sequestro de bens em Trás-os-Montes, por Isabel Braga
  • Apresentação da obra Dicionário do Judaísmo Português, da Editorial Presença

2 de Maio

  • Cristãos-novos e marranos transmontanos, por Elvira Mea
  • Vimioso anos de 1650 - Uma rede de passadores de judeus, por Maria Guimarães e António Andrade
  • Um olhar sobre o Auto da Fé - espaços e representações, por João Dias
  • Vozes que chegam ao céu: Da origem e evolução da Liturgia criptojudaica portuguesa, por Inácio Steinhard
  • O judeu na literatura e na linguagem popular, por Lúcia Mucznik
  • A diáspora judaica, por Abraham Haim
  • De Trancoso a Hamburgo, o percurso das famílias Carlos e Mendes de Brito, por Florbela Frade
  • Judeus em Portugal: os desafios da Liberdade, por Esther Mucznik
  • Porque decidi ser judeu?, por Luciano Moura
  • Les derniers marranes, filme realizado por Frédéric Brenner

3 de Maio

  • Visita a locais de presença judaica - marrana em Carção e Argozelo

A capital mundial do marranismo

Carção, um vilarejo da região de Trás-os-Montes, no Norte de Portugal, próximo a Bragança e a poucos quilômetros da fronteira com a Espanha, é tido por alguns pesquisadores como a capital do marranismo. Seus cerca de seiscentos habitantes, na maioria idosos, são verdadeiros almocreves, pessoas que, desde a Idade Média até meados do século 20, se dedicavam ao transporte de cargas em animais, e descendentes de cristãos-novos. Eles carregam na memória o orgulho e o peso de serem descendentes de judeus que, perseguidos pela Inquisição portuguesa entre os séculos 16 e 18, foram obrigados a renunciar à fé judaica e se converteram ao cristianismo. Muitos de seus antepassados foram processados, acusados de conduta judaizante pelo Santo Ofício, condenados à morte no pelourinho e queimados por não abrirem mão de sua crença. Outros se converteram ao cristianismo para sobreviver. Ao todo, 250 dos moradores de Carção passaram, em seu tempo, pelos tribunais do Santo Ofício, e desses, 25 foram supliciados pelo fogo ou garroteados em público.

Nas férias de verão, Carção muda de fisionomia com o aumento da população, ao receber seus jovens, como é o caso de Paulo Lopes. Este descendente de marranos, que conheci de forma inusitada, recebeu-nos de braços abertos, acolhendo-nos como se fôssemos alguém de sua família há muito tempo esperado. Professor secundário, ele trabalha nos Açores e, nas férias, como muitos de seus companheiros de juventude, retorna de regiões distantes ou de outros países para visitar a família. Nos intervalos, dias de folga ou madrugada afora, dedica-se ao preparo de seu doutorado em História da Arte. E ainda encontra tempo para ser o editor da revista local, produzida pela Associação Cultural dos Almocreves de Carção, "freguesia" pertencente ao "concelho" de Vimioso.

O corpo editorial da revista Almocreve procura preservar e resgatar o passado histórico de sua gente. Os almocreves de Carção, no passado, utilizavam mulas de carga e andavam de terra em terra para vender mercadorias ou comprar peles de animais para serem tratadas e abastecer as fábricas de tratamento de peles (os pelames) e de cola (com o aproveitamento dos resíduos das peles) de forma a prover a região ou as fábricas do Porto, Covilhã ou Guimarães.

Fui parar em Carção de maneira totalmente inesperada; uma terra longínqua, da qual jamais ouvira falar e onde me senti em casa, entre familiares e amigos, com quem pude compartilhar histórias e afinidades de costumes e de tradição que me tocaram profundamente. Emergiu desse encontro um sentimento de irmandade, de sincronismo de ideias, difícil de descrever mas fácil de sentir. Algo que deve se assemelhar ao que Freud chamou de "arquitetura anímica", isto é, um conjunto de elementos psíquicos que "permite que os indivíduos de um determinado grupamento, coletividade, irmandade ou classe encontrem similaridades, familiaridades e se reconheçam como pertencentes a tal grupo ou comunidade, a despeito de histórias de vida totalmente díspares".

Tudo começou na missa de sétimo dia de um amigo cristão. Dirigi-me à igreja onde ocorreria o ato religioso e, lá chegando, encontrei-me com um Sr. Adriano, do qual jamais ouvira falar, e que lá estava para prestar as últimas homenagens ao falecido. A igreja ainda estava vazia, e ele, vestido de forma elegante, procurava o interruptor de luz para clarear o recinto.

Um tanto constrangido, perguntei-lhe de quem era a missa, pois havia o risco de chorar por equívoco a morte de um estranho, decerto também merecedor de minha compaixão. Ele me contou que é escritor, membro da Casa do Poeta de São Paulo. Contou-me sobre seus últimos ensaios. E eu, para não me sentir passado para trás, contei-lhe que também havia publicado livros, e que, no momento, estava interessado em estudar Maimônides. Adriano se disse descendente de marranos e narrou a história comovente de seus pais e familiares, provenientes de Carção, cujos ancestrais eram cristãos-novos. Descreveu o modo como eles viviam e os resíduos de comportamentos judaicos presentes nos hábitos e costumes de sua gente, muitos deles com cabelos ruivos e pele clara, que costumavam fechar as janelas às sextas-feiras ao entardecer, acender velas e cobrir os espelhos da casa por ocasião de morte na família. Disse-lhe que sou judeu e ele prosseguiu, entusiasmado, relatando como a Inquisição portuguesa perseguiu os judeus de Carção, principalmente entre os séculos 16 e 18. Deste encontro nasceu uma amizade e a troca de muitas informações, que culminaram com a apresentação, por e-mail, de Paulo Lopes, um amigo de Adriano. Resolvi, então, conhecer Carção.

Minha esposa Ruth e eu fomos de carro, da linda e romântica cidade do Porto até Bragança. Assim que chegamos, Paulo Lopes veio nos receber e nos contou, durante duas horas, sem nenhuma interrupção, sobre sua vida e o vilarejo de Carção. Combinamos um encontro na aldeia, às 12h do dia seguinte, pois ele havia também marcado com outros dois amigos portugueses, diante da casa dos pais de Adriano. Chegamos uma hora antes do combinado e tivemos tempo para fazer um giro a pé pela região, onde a vida rural predomina, entre o verde e o bege de um terreno árido e pedregoso, de vegetação rala entre oliveiras, hortaliças, áreas de pastoreio, indústrias e artesanatos rudimentares. Encontramos, pelas ruas de terra ou de pedra, mulas carregando produtos agrícolas, semelhantes às que eram conduzidas pelos almocreves de um passado distante, quando os vendedores ambulantes, judeus e depois marranos, vendiam queijo, sal, peixe, farinha, azeite, cereais e lã.

Os judeus e marranos dominavam o comércio local e dos arredores e, montados em mulas ou machos de carga, caminhavam pela região, transportando e fazendo comércio de peles. A indústria do curtume era realizada também por eles que, para amaciar a pele, utilizavam uma técnica rudimentar a partir do uso de excrementos de cães, que coletavam pelos caminhos. Isto gerava escárnio por parte dos cristãos, que ofendiam a honra e a dignidade dos judeus e marranos que transitavam por ali - o que fica patente no seguinte soneto popular:


Caga perro, caga cão, P'ra curtir o cordovão;


Caga cão, caga perro,
P'ra curtir o bezerro.

 

Outros judeus eram artesãos ou mercadores ambulantes de bacalhau, arroz, azeite, oferecendo de casa em casa seus artigos, ampliando significativamente o comércio da região. Aos cristãos cabia a lavoura.

Paulo conta-nos um pensamento popular sobre a riqueza dos judeus de Carção: "A um judeu nada mais faltava para fazer fortuna que uma libra e uma mula e, quando aqui nascia algum [judeu], logo nascia uma mula, tão habitual era a atividade deles como almocreves".

Já na parte baixa da aldeia, passamos pela casa da senhora Mathilde Jerónimo que estava trabalhando em um tear manual, tão antigo e vivido quanto ela. Com a pele enrugada pelos anos, talvez mais de setenta, pela aridez da terra, do frio e do sol, tecia uma colcha, segurando em uma das mãos uma lançadeira (tipo de agulha) que também é, juntamente com a menorá, ou candelabro de sete braços característico do judaísmo, um dos símbolos da recém-criada bandeira de Carção, representando a capacidade de trabalho do povo e o amor pelo artesanato. O espaço era exíguo, de paredes e piso de pedra, uma antiga estrebaria ou armazém de trigo e feno, separado por um teto de madeira da parte superior da casa nos séculos da Inquisição. A parte social e os dormitórios, principalmente no inverno, eram aquecidos pela dissipação do calor dos animais e do feno. Imaginei como aquilo se parecia à realidade da aldeia judaica de onde vieram minha mãe e avós maternos, Yedenetz, na antiga Bessarábia.

Prosseguimos andando pela parte baixa da povoação, onde os judeus se aglutinavam numa espécie de gueto depois habitado pelos marranos, termo pejorativo com que eram chamados os cristãos-novos, cujo significado é "sujos" ou "porcos". Cruzada a "rua do meio", nome da travessa que separava os judeus dos cristãos, seguimos em direção à casa que havia pertencido aos familiares de Adriano. Paulo nos explica que acima da "rua do meio" viviam os cristãos e, abaixo, os judeus ou marranos.

Em Carção ainda existem algumas casas não recobertas de argamassa, em cujas paredes de pedra podem ser percebidas depressões onde os judeus colocavam mezuzót, pequenos rolinhos manuscritos que contêm um trecho bíblico que fala sobre o Deus único. É um costume judaico tocá-los com os dedos e depois beijá-los, ao entrar e sair de casa. Foi possível ver inscrições de cruzes com uma base triangular, deixadas pelos cristãos-novos como forma de disfarce para não serem importunados pelas autoridades religiosas.

Mais adiante, chegamos ao local marcado para o encontro. Era diante de ruínas de pedra, situadas entre duas casas já reformadas. Em meio a essas ruínas, encontramos uma laje sobre uma porta, com a inscrição "1653" e, em alto-relevo, um grande Leão de Judá deitado e duas aves, provavelmente pelicanos. Junto, duas cruzes com base triangular. Andamos mais um pouco e encontramos a mãe de Paulo, dona Celene Fernandes, vestida com roupa de trabalho, que veio ver o filho e seus amigos - uma pausa na atividade de vendedora de peixes da região. Cheia de vitalidade, aspecto saudável e alegre, com cara de quem não tem medo do trabalho, conversamos como se fôssemos velhos conhecidos. Nesse momento, ouve-se uma barulheira infernal de buzina e alto-falante vindos de uma caminhonete. Era o concorrente de Celene, vindo de outro vilarejo oferecer peixe aos moradores de Carção. Ela riu, não se importando com a invasão, e com bom humor disse que cada um está lutando para sobreviver, e que há lugar para todo mundo. "Numa outra vez irei vender meu peixe na terra dele", disse. Lembrei-me de minha mãe em casa usando um avental parecido enquanto cuidava de nós e da cozinha.

Na hora e local combinados aparecem os amigos de Paulo, Maria Fernanda Guimarães e Antonio Júlio Andrade. Ambos os pesquisadores que estavam terminando de revisar o livro que seria lançado dentro de alguns dias. Seu título: Carção - a Capital do Marranismo.

Tudo aquilo me parecia surpreendente. Parecia um sonho estar naquela terra distante e ao mesmo tempo tão próxima, falando com pessoas desconhecidas, mas ao mesmo tempo familiares. Algo das transmissões transgeracionais ali estava presente, não apenas como lembranças, mas com muita emoção.

Fomos todos, em seguida, almoçar no restaurante da dona Alzira, onde saboreamos uma deliciosa bacalhoada - prato típico dos marranos de Carção. Durante o almoço, a conversa sobre judeus e marranos prosseguiu; uma das pessoas disse que por ali só há cristãos-novos e a outra, de pronto, afirmou: "Não senhor, aqui só há judeus".

Fernanda também nos contou de seus antepassados judeus, dos processos a que foram submetidos, das torturas e da garra dos judeus que lutaram para preservar sua fé às escondidas. Ela recorda o desaparecimento dos sambenitos da igreja matriz, onde ficavam expostas essas mantas colocadas pela cabeça à semelhança de um saco. O Tribunal do Santo Ofício obrigava os condenados a usarem essa veste e a desfilarem com ela pelas ruas antes de cumprirem a sentença no pelourinho ou na fogueira, quando eram desnudados. Nela era pintada a imagem da pessoa condenada, rodeada de cães, serpentes e diabos, que ficaria exposta na igreja após sua morte e queima do corpo. Sua função era a de submeter o povo e, em especial, os cristãos-novos condenados por heresias ou atitudes consideradas judaizantes, para que ninguém esquecesse o mal que eles fizeram à cristandade. Seu desaparecimento da igreja, levados supostamente pelos judeus, foi interpretado como um ato expressivo de coragem, de luta e de fé judaicas para defender-se da opressão da Igreja. Estes pesquisadores citam que "foi registrada nessa aldeia a existência de pelo menos três livros judaicos, proibidos por lei".

Esse grupo de idealistas deseja preservar e resgatar as lembranças daquilo que não está nas imagens, mas nos sentimentos, nas memórias encriptadas de um passado que não pode ser esquecido. Eles desejam erguer um memorial em homenagem àqueles que foram processados ou mortos pela Inquisição portuguesa. Pretendem construir na entrada da cidade uma grande menorá com os nomes das vítimas da intolerância da Igreja e de outros interesses, para que o tempo não apague a História. Querem resgatar as verdades, desfazer as injustiças e apagar as sombras de dor e culpa que os perseguem. São atos de reparação para poder se libertar e se religar a seus ancestrais judeus pela cultura da coexistência entre as diferenças. Durante minha rápida passagem por esse lugar da história judaica, tive vontade de participar dos anseios dessa gente, tão desconhecida e tão familiar. 

 

Leia o texto completo aqui

 

 


 O Partido Ecologista "Os Verdes" vai tornar público, hoje, o parecer que entregou no quadro de consulta pública da barragem do Tua.

A cidade de Bragança, como capital de distrito, foi escolhida para esta conferência do Tua. Desta forma, "Os Verdes" querem também demonstrar que consideram que o possível encerramento da Linha do Tua e os impactos da construção de uma barragem dizem respeito, não só aos concelhos ribeirinhos do Tua, mas a todo o distrito e a toda a região transmontana, pelas "futuras implicações profundas que terão no seu desenvolvimento futuro".

Na conferência estará Manuela Cunha, da comissão executiva do PEV, e Cláudia Madeira, candidata pelos "Verdes" ao Parlamento Europeu nas listas da CDU.

21 de Abril de 2009

 

 O espaço Flor do Passarinho, em Bragança, tem patente, até dia 11 de Maio, uma exposição do AT1 Collective. Intitulada “Retrato de uma falência”, a exposição procura abordar, de forma transversal e abstracta, realidades universais, reflexões existencialistas sobre a vida e a natureza.

Cada elemento do AT1 Collective procura, através de diferentes meios, explorar uma ideia comum: o equilíbrio entre a Natureza e o Homem. De uma forma multidisciplinar é criada uma ligação entre as obras dos diferentes autores.

O Flor do Passarinho é um espaço dedicado à arte e aos artistas. Situado junto ao Instituto Politécnico de Bragança este é um espaço, fora do circuito comercial, onde são promovidos debates, exposições, workshops, palestras e concertos.

 

“Pisamos uma linha de tempo que, vista da lua, não vale a métrica de um cabelo. Valemos quase nada e a roda, que ainda dura, foi incapaz de guardar para a história o nome do seu inventor numa campa de flores. E, mesmo assim, para quê? (...) Verdades universais e certezas absolutas guardam-nas os deuses no seu relicário de cemitérios. Os deuses que jogam à bola nas imediações das fábricas abandonadas…” -  AT1 Collective


O Governo quer continuar a apostar nas unidades de cuidados continuados como forma de dar resposta a uma população cada vez mais envelhecida e com necessidade de cuidados de saúde pós-hospitalares.

No distrito de Bragança já há uma rede com cerca de cem camas, um número ainda insuficiente e que deverá crescer até ao final do ano com a inauguração de mais equipamentos do género no distrito.

Na semana passada, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos, visitou a unidade de cuidados continuados de Miranda do Douro, de Freixo de Espada à Cinta, Torre de Moncorvo e Vila Flor, localidades onde estes equipamentos já estão em funcionamento. Em Miranda do Douro a unidade abriu em Dezembro do ano passado, com 21 camas e, desde então, tem estado sempre lotada.

No entender do autarca mirandês, Manuel Rodrigo, o equipamento não tem as camas que seriam necessárias para dar resposta às necessidades da população, no entanto, considera que “já é melhor que nada”.

Por seu lado, Francisco Ramos justifica que estas unidades são de dimensão limitada e que o Governo ainda está “longe” de ter “todas as necessidades satisfeitas”.  Ainda assim, a nível da região Norte, em três anos, foram criadas mais de mil camas e atendidas perto de 30 mil pessoas.

As unidades de cuidados continuados visam dar resposta aos doentes que, após internamento hospitalar ainda não estão em condições de ficar sozinhos em casa mas cujo internamento deixa de ser justificável. É um serviço que, no entender do secretário de Estado, “ajuda à mobilidade, autonomia e até independência das pessoas”.

Durante a visita à unidade de Miranda do Douro, o Mensageiro ouviu alguns idosos que testemunharam a importância destes equipamentos na recuperação da mobilidade. Exemplo disso mesmo é o caso de Florentina Gonçalves, com 85 anos, natural de uma aldeia do concelho, Atenor, a utente contou que desde que está nos cuidados continuados a fazer fisioterapia já conseguiu subir e descer novamente as escadas.

“De outra forma estaria sozinha em casa. aqui já me ajudaram e consegui subir e descer as escadas duas vezes”, contou satisfeita.

As unidades de cuidados continuados têm sido resultado de um trabalho conjunto entre o Ministério da Saúde e a Segurança Social, autarquias e Santas Casas da Misericórdia.

A par dos cuidados continuados, o Governo está também a apostar na criação de equipas de apoio domiciliário.

 

Respostas para cidadãos com deficiência ainda são escassas 

 

O distrito de Bragança continua a apresentar carências ao nível da criação de lares para pessoas com deficiência. A constatação foi feita pela directora da Segurança Social, Teresa Barreira, à margem da visita do secretário de Estado a Miranda do Douro.

Segundo a responsável, nesta fase têm-se sido várias as entidades a apresentar candidaturas para a construção de lares de idosos e ampliação/remodelação de outros já existentes. A aprovação irá depender do cumprimento dos critérios, um dos quais diz respeito ao índice de compósito do distrito, ou seja, ao número de lares existentes por cidadãos com mais de 75 anos.

Só no concelho de Miranda do Douro existem, pelo menos, duas candidaturas: uma para a construção de um lar em Malhadas e outra para a ampliação do lar de Picote. Teresa Barreira diz estar “expectante” com o resultado das candidaturas mas avisa que o distrito de Bragança tem um índice de compósito bastante elevado. Ou seja, apesar do distrito ser um dos que apresenta elevados índices de envelhecimento, é também um dos que tem melhor cobertura ao nível de infra-estruturas para idosos.

A grande necessidade é mesmo ao nível dos equipamentos vocacionados para cidadãos com deficiências, área em que poucas instituições têm apostado.


O autarca de Miranda do Douro, Manuel Rodrigo, voltou a reivindicar o acesso dos habitantes do concelho aos serviços de saúde espanhóis. A medida até já foi discutida na Cimeira Ibérica que se realizou, em Zamora, no início do ano, no entanto, até ao momento ainda não foi dado nenhum passo decisivo para que o acesso aos serviços de saúde de Espanha sejam uma realidade para os habitantes da raia fronteiriça.

Manuel Rodrigo aproveitou a visita do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos, à unidade de cuidados continuados local, para lhe transmitir o seu descontentamento pelo arrastar do processo.

“Esta reivindicação não é de agora e já houve tempo suficiente para que fosse feito o trabalho de casa”, apontou.

Francisco Ramos justificou que a demora é natural uma vez que se trata de um processo que tem de ser analisado pelos Governos de Portugal e Espanha. Segundo o responsável, depois do primeiro passo que foi dado durante a Cimeira Ibérica, está a ser feito agora um estudo que definirá de forma concreta como será feito esse intercâmbio.

No entanto, para o autarca mirandês, o que é necessário é que a Administração Regional de Saúde reúna, o mais rápido possível, com a Junta de Castela e Leão para avançar com o processo. Desde que o Governo decidiu encerrar os Serviços de Atendimento Permanente durante a noite, deixando apenas um médico à chamada, que Manuel Rodrigo tem vindo a reivindicar a possibilidade de levar os doentes para Espanha. Em causa estão as acessibilidades, a distância e a qualidade dos serviços. É que para transportar um doente de Miranda do Douro para o Centro Hospitalar do Nordeste, continua a ser necessário fazer o caminho por estradas espanholas num percurso que demora cerca de uma hora.

Já se os doentes pudessem ser transportados para Espanha, a viagem seria de apenas meia hora, até à cidade de Zamora, onde existem duas unidades hospitalares que dispõem de várias especialidades, sendo que algumas nem sequer estão acessíveis na região transmontana.

“Não se justifica que a população percorra mais do dobro do caminho quando, a meia hora de distância, há dois hospitais com todas as especialidades que Bragança não tem”.

Actualmente, o concelho de Miranda do Douro conta apenas com cerca de oito mil pessoas e vive um grave problema de envelhecimento e desertificação humana, conforme apontou o próprio autarca.

“Não temos problemas sociais como a pobreza ou o desemprego e as pessoas conseguem viver aqui com um mínimo de qualidade de vida. Só falta gente”.

Segundo Manuel Rodrigo, da experiência que tem como autarca, um dos grandes problemas que faz com que as pessoas não se queiram fixar no concelho, e até na própria região, está relacionado com os cuidados de saúde. Hoje em dia já há muitos habitantes da raia fronteiriça que recorrem ao cartão de saúde europeu para ser atendido do lado de lá, mas reivindica o autarca que isso “não é solução”. Como também, no seu entender, não é solução ter a ambulância de Suporte Imediato de Vida ou o futuro helicóptero do INEM, que ficará permanentemente em Macedo de Cavaleiros.

“A ambulância não resolve a situação e o helicóptero também não vai resolver”, apontou.

Manuel Rodrigo acredita ainda que o acesso a serviços de saúde noutros países será um processo que se irá justificar dentro da própria União Europeia. Francisco Ramos concorda e justifica que, por isso mesmo, este  terá de ser um processo a analisar e definir concretamente dentro da União Europeia.

 

 


 Já tínhamos aqui falado do Parque Biológico de Vinhais, o primeiro parque do género na região transmontana. As imagens falam por si:

 

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