Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
18 de Fevereiro de 2009

As seis associações ambientalistas reunidas na Plataforma Sabor Livre denunciaram hoje que a barragem prevista para aquele rio, no concelho de Torre de Moncorvo, é um “investimento desastroso” que vai criar “empregos precários” e destruir irreversivelmente património natural reconhecido por Portugal e União Europeia.


A posição surge em reacção às declarações proferidas ontem pelo primeiro-ministro no estaleiro da construção do Aproveitamento Hidroeléctrico do Baixo Sabor. José Sócrates disse que a obra vai ajudar a combater a crise, nomeadamente através da oportunidade de emprego e de actividade para as empresas.

Para a Plataforma, os argumentos são “imediatistas e sem nenhuma perspectiva de futuro sustentável”.

As associações ambientalistas contrapõem que o anúncio da criação dos 1700 postos de trabalho “não refere que esses empregos são precários e destinados maioritariamente para mão-de-obra não qualificada”, escrevem em comunicado.

Outro dos argumentos é a energia mais barata. Citando um estudo da Universidade Nova de Lisboa de Dezembro de 2008, “entre as grandes barragens planeadas em Portugal, apenas as do Fridão e Almourol seriam investimentos rentáveis a médio prazo”. Por isso, o custo excessivo será imputado ao consumidor, “com previsíveis aumentos no preço da electricidade”, argumenta.

A Plataforma lamenta que o Governo prefira aumentar a oferta em “termos de produção de energia em vez de reduzir o seu consumo”, através de medidas de poupança de energia e soluções técnicas para aumentar a eficiência energética.

Além disso, os ambientalistas consideram “caricato” que a EDP considere que o “investimento em medidas de compensação seja um benefício, quando decorre da destruição irreversível de um rio e dos serviços ambientais que o mesmo presta à sociedade”, como para a agricultura e turismo.

Outro facto apontado é que as obras de construção prosseguem “quando ainda decorrem em tribunal acções que questionam a legalidade dos actos administrativos que a suportam, nomeadamente a Declaração de Impacte Ambiental cuja validade caducou em Junho de 2008 e foi prorrogada pelo secretário de Estado do Ambiente, sem que isso esteja previsto na legislação de impacte ambiental”.

Fazem parte da Plataforma Sabor Livre a Associação Olho Vivo, FAPAS (Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens), GEOTA (Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente), LPN (Liga para a Protecção da Natureza), Quercus (Associação Nacional de Conservação da Natureza) e Spea (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves).

 

Fonte: Público


O presidente da EDP, António Mexia, questionou ontem o interesse de uma alternativa ferroviária à linha do Tua por entender que, com a construção da barragem, a ferrovia perde o seu principal atractivo que é a paisagem.

A discussão pública do Estudo de Impacte Ambiental da barragem de Foz Tua termina hoje marcada pelo dilema entre a barragem e a linha do Tua, que perderá os últimos quilómetros independentemente da cota que vier a ser aprovada para o empreendimento hidroeléctrico.

Os últimos quilómetros da linha do Tua são os que mais atraem os milhares de turistas que procuram esta linha, pela singularidade da paisagem, que a colocou entre as vias estreitas mais belas do mundo.

A EDP, concessionária da barragem, ainda não avançou com uma alternativa e o presidente da empresa, António Mexia, disse hoje que não vai fazê-lo sem antes analisar os resultados da consulta pública e da auscultação que está a fazer no terreno a autoridades e população local.

António Mexia justificou o "silêncio" da EDP sobre o assunto por entender que não compete à empresa dizer qual é a solução, que só será determinada em conjunto com as forças locais e da análise das opiniões.

Ainda assim, o presidente da EDP questiona o interesse em construir uma ferrovia alternativa à que ficar submersa.

"O que esta ferrovia tem é a vista (paisagem), se puserem uma ferrovia num sítio sem vista não sei qual seria o interesse dessa ferrovia", declarou.

Independentemente da solução que vier a ser adoptada, "seja ferroviária, rodoviário, fluvial que seja teleférico, a única [questão] que é importante" para o presidente da EDP, "é que as pessoas tenham as condições de transporte".

"A solução final deve ser o menos dogmática possível, a única coisa que ela tem que fazer em última instância é defender os interesses das pessoas que lá vivem e não necessariamente das pessoas que pensam nos interesses dos que lá vivem sem saberem exactamente quais são", disse.

António Mexia falava durante uma visita às obras da barragem do Baixo Sabor, em que acompanhou o primeiro-ministro, José Sócrates, que não se pronunciou sobre a questão do Tua.

A secretária de Estado dos Transportes, Ana Paulo Vitorino, disse, em Agosto, depois do último acidente na linha do Tua, que teria de ser apresentada uma alternativa ferroviária para o troço que ficará submerso com a barragem.

 

Fonte: Lusa

 

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obrigado Cris:)
Bem vinda :))
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