As seis associações ambientalistas reunidas na Plataforma Sabor Livre denunciaram hoje que a barragem prevista para aquele rio, no concelho de Torre de Moncorvo, é um “investimento desastroso” que vai criar “empregos precários” e destruir irreversivelmente património natural reconhecido por Portugal e União Europeia.
A posição surge em reacção às declarações proferidas ontem pelo primeiro-ministro no estaleiro da construção do Aproveitamento Hidroeléctrico do Baixo Sabor. José Sócrates disse que a obra vai ajudar a combater a crise, nomeadamente através da oportunidade de emprego e de actividade para as empresas.
Para a Plataforma, os argumentos são “imediatistas e sem nenhuma perspectiva de futuro sustentável”.
As associações ambientalistas contrapõem que o anúncio da criação dos 1700 postos de trabalho “não refere que esses empregos são precários e destinados maioritariamente para mão-de-obra não qualificada”, escrevem em comunicado.
Outro dos argumentos é a energia mais barata. Citando um estudo da Universidade Nova de Lisboa de Dezembro de 2008, “entre as grandes barragens planeadas em Portugal, apenas as do Fridão e Almourol seriam investimentos rentáveis a médio prazo”. Por isso, o custo excessivo será imputado ao consumidor, “com previsíveis aumentos no preço da electricidade”, argumenta.
A Plataforma lamenta que o Governo prefira aumentar a oferta em “termos de produção de energia em vez de reduzir o seu consumo”, através de medidas de poupança de energia e soluções técnicas para aumentar a eficiência energética.
Além disso, os ambientalistas consideram “caricato” que a EDP considere que o “investimento em medidas de compensação seja um benefício, quando decorre da destruição irreversível de um rio e dos serviços ambientais que o mesmo presta à sociedade”, como para a agricultura e turismo.
Outro facto apontado é que as obras de construção prosseguem “quando ainda decorrem em tribunal acções que questionam a legalidade dos actos administrativos que a suportam, nomeadamente a Declaração de Impacte Ambiental cuja validade caducou em Junho de 2008 e foi prorrogada pelo secretário de Estado do Ambiente, sem que isso esteja previsto na legislação de impacte ambiental”.
Fazem parte da Plataforma Sabor Livre a Associação Olho Vivo, FAPAS (Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens), GEOTA (Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente), LPN (Liga para a Protecção da Natureza), Quercus (Associação Nacional de Conservação da Natureza) e Spea (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves).
Fonte: Público