Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
07 de Fevereiro de 2009

 

A EDP não reage publicamente à posição assumida ontem, ao PÚBLICO, pela secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, que exige uma alternativa ferroviária à submersão da linha do Tua pela futura barragem da eléctrica nacional. Mas a empresa tem uma posição clara sobre o assunto. A EDP não se importa de construir uma nova linha férrea, desde que o seu custo seja suportado pelo Governo. Caso o Executivo lhe impute esse investimento, então a empresa desiste da barragem, uma vez que esta se torna economicamente inviável.

 A estratégia da EDP é deixar que o processo de avaliação de impacte ambiental faça o seu caminho e esperar que o empenhamento pessoal de José Sócrates na concretização Plano Nacional de Barragens e os compromissos já assumidos sejam suficientes para contornar todos os entraves ao empreendimento. Para poder construir a barragem de Foz-Tua, a EDP já pagou 56 milhões de euros, mas a licença obtida é apenas provisória.
A EDP tem a seu favor o facto de o caderno de encargos do Governo não contemplar qualquer alternativa ferroviária à submersão da linha. A proposta sugerida contempla apenas uma alternativa rodoviária. Mas Ana Paula Vitorino não aceita esta solução e reafirma que, "se for considerado imprescindível o encerramento do troço em causa [por causa da construção da nova barragem), deverão ser garantidas, pela concessionária, condições para a criação de uma variante ferroviária".
Esta posição foi ontem aplaudida pelo Instituto da Democracia Portuguesa (IDP), que tem como presidente da Assembleia Geral o médico Fernando Nobre e como presidente da direcção o filósofo Mendo Castro Henriques. "Honra quem a toma e merece ser seguida da apresentação de planos de modernização da Linha do Tua", refere, em comunicado, aquela associação cívica. Para o IDP, a barragem do Tua pode ser um bom negócio para a EDP, mas "é um mau negócio para a região e um atentado à mobilidade das populações".
O Movimento Cívico pela Linha do Tua (MCLT) também se congratula com a posição de Ana Paula Vitorino e faz votos para que, "como prometido, e em Março a Linha do Tua esteja finalmente operacional, em conformidade com a segurança e modernização que se exige". O MCLT questiona e condena veementemente a desunião das autarquias de Alijó, Carrazeda de Ansiães, Murça, Vila Flor, Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança, cuja consequência "é a destruição do património cultural e industrial ferroviário de Trás-os-Montes".
Para diminuir os danos provocados pela futura barragem e aproveitar a nova albufeira, é sugerida a criação de um Programa de Desenvolvimento Turístico para o vale do Tua e de um programa para a criação de oportunidades de auto-emprego.
A EDP propõe-se igualmente construir diversos cais para embarcações (vai depender da cota) para estimular o turismo fluvial e um núcleo museológico interpretativo da memória do Vale do Tua.
A ideia, de acordo com o EIA, é "ajudar a revitalizar a região e potenciar um novo tipo de turismo", de futuro assente no núcleo museológico, nas termas locais [São Lourenço e Caldas de Carlão] e albufeira.

 

Fonte: Publico

publicado por Lacra às 13:58

 

“Noites frias, vozes quentes” é o mote do Teatro Municipal de Bragança (TMB), para o mês de Fevereiro. Depois da actuação da Companhia da Ópera do Castelo, que apresentou, no passado dia 5, o recital cénico de Catarina Molder, sobe ao palco a Companhia de Dança Paulo Ribeiro, com o “Feminine”.

Esta Companhia de Dança já tinha estado em Bragança com o espectáculo “Masculine”, explorando o imaginário de Fernando Pessoa através de um quarteto de intérpretes masculinos. No dia 7 de Fevereiro o regresso é com “Feminine”, uma abordagem do mesmo tema, mas sob um olhar feminino.

A partir de fragmentos do “Livro do Desassossego”, da “Ode Marítima” e de outras obras de Pessoa, cinco mulheres confrontam o imaginário do poeta com o universo feminino.

Já no dia 12 de Fevereiro, com 17 temas escolhidos do reportório de Jacques Brel, os músicos belgas, Francis Seleck (voz) e Paul Timmermans (piano), apresentam «Canções de Brel», em mais uma “noite fria”.

Francis Seleck, que a par da carreira de cantor e compositor de canções é também actor, interpreta cada tema como se fosse uma pequena peça de teatro e dá corpo e voz à personagem das canções de Jacques Brel.

A apresentação de «Canções de Brel», no Teatro Municipal de Bragança, marca o início de uma digressão nacional e que nos meses de Fevereiro e Março se apresentará em Santarém, Mértola e Vila Real.

A dança regressa no dia 14 de Fevereiro com o espectáculo “Entre Vistas”, uma concepção e interpretação de Mário Afonso. O projecto foi financiado pelo Ministério da Cultura e co-produzido pelo Festival Temps d’Images, Bains Connective e Fundação EDP.

Jazz no feminino

No dia 19 de Fevereiro, Joana Machado interpreta as músicas do compositor e poeta brasileiro Tom Jobim, acompanhada na guitarra por Bruno Santos, no piano por Filipe Melo, no contrabaixo por Bernardo Moreira e na bateria por Bruno Pedroso. O espectáculo de jazz, intitulado “A Casa do Óscar”, por analogia ao texto de Chico Buarque com o mesmo nome, irá abordar o legado menos conhecido de Tom Jobim.

Outra voz do jazz que visita o TMB é a de Cármen Sousa, no dia 26 de Fevereiro. A cantora cabo-verdiana vai apresentar em Bragança o seu mais recente disco – “Verdade”, uma mistura de ritmos de Cabo-Verde com a sonoridade contemporânea do jazz/fusão.

A fechar o mês, o TMB apresenta mais um espectáculo de dança – Cinderela, da Companhia Tok`Art, no dia 28 de Fevereiro.

publicado por Lacra às 12:35

 “Como cidadão, quero ser o homem comum que compartilha activamente dos momentos atribulados da colectividade a que pertence; como homem de letras, quero cumprir o meu dever de escritor, não atraiçoando, quer por conivência, dando um tom de compromisso à voz revoltada, quer por omissão, ficando neutro em casa.” Miguel Torga, 1951 Foi a ler a universalidade e coragem indelével de Miguel Torga que decidi que estas minhas palavras também não poderiam ficar em casa.

Num início de ano em que todos utilizam a torto e a direito a crise económica mundial e nacional para suporte de todas as conversas e justificação de todos os males, que o papão de 2009 vai trazer, percebi que há outras crises que esta pode esconder – crise de valores essenciais que não podem ficar por detrás do biombo, sobretudo, se atendermos ao facto que a conhecida organização norte-americana “Freedom House” acaba de publicar num circunstanciado relatório e que revela que o ambiente e a liberdade de expressão dos jornalistas se agravou no mundo inteiro! Mas mais grave é o facto de o mesmo relatório revelar que “a melhor situação ainda é a da Europa ocidental, apesar do declínio de liberdade em Portugal, Malta e Turquia.” Assim mesmo!

Na verdade este é um assunto sobre o qual se especula muito em Portugal e sobre o qual poucas atitudes se tomam. Se há países em que os Media são considerados o quarto poder, capazes de assumir as rédeas da verdadeira opinião pública, outros há, como Portugal, em que a comunicação social se assume resignadamente como o quarto do poder! Às vezes mesmo como a meretriz ao serviço do poder, e outras ainda, o que é mais grave, como a prostituta subserviente ao chulo do poder. É claro que nem sempre é assim.

Ainda há muitos homens livres, jornalistas capazes de honrar a sua carteira profissional, e órgãos de comunicação social cônscios e dignos do seu estatuto editorial, mas o contrário também é verdade. De resto, são poucos os que se atrevem a escrever em nome da verdade, chamando as coisas pelos nomes, ou, dizendo e escrevendo as realidades que incomodam os poderes instituídos, ou põem em causa o lustro a que os políticos e os administradores das instituições estão habituados a ter em cada dia, semana, ou mês que as suas carinhas larocas aparecem na dita comunicação social.

Quando assim acontece, os nossos políticos de pacotilha põem ao serviço os seus sequazes para executar a repreensão devida. Há de tudo e para todos os gostos, e quanto mais se caminha para o interior pobre do nosso país, maior é a dependência dos órgãos de comunicação social relativamente ao poder que a sustenta – há os que existem para servir o partido, há os que existem para servir os amigos, há os que existem para servir o director e seus prosélitos, e há ainda os que existem para aplaudir os caciques locais ou regionais. Se assim não se comportarem, e felizmente ainda os há nessa luta, os “senhores” do poder zangam-se, puxam dos efémeros galões e ameaçam com a ausência de apoio aos directores. Entretanto, estes revoltam-se e põem os jornalistas na formatura para lhes lembrar que a liberdade é apenas um eufemismo mais ou menos perverso e inimigo da sobrevivência.

Antes de Abril, ao tempo do lápis azul da censura, a liberdade de expressão era proibida de sair à rua, riscada das páginas, mutiladas antes de ver a luz do dia. Hoje, mais de três décadas depois da liberdade política ter chegado ao Portugal do século XXI, a liberdade de expressão sai para a rua sempre que os jornalistas querem, mas, a maior parte das vezes, com a condição de servir uma clientela, de não negar favores a outra, ou de apenas aplaudir os clientes do poder, sem direito a apontar debilidades ou impotências, muito menos tocar nos clientes que pagam a sobrevivência do negócio, ou então, sujeita-se a levar pancada de criar bicho, tal como qualquer prostituta de rua que se preze.

Por muito importante e poderosa que seja a força do dinheiro, por muito séria que deva ser considerada a crise económica mundial, antes, durante e depois dela, a crise da liberdade vai continuar a existir, as prostitutas de rua também, e a coincidente má sorte de ambas deverá, supostamente, manter-se. Madrugada adentro dou comigo a pensar em Torga, a vê-lo encher-me a alma de coragem, e a pensar que sorte a minha por ser pobre e ainda ter a liberdade de poder escrever num órgão de comunicação social que se quer livre.

publicado por Lacra às 06:12
últ. comentários
obrigado Cris:)
Bem vinda :))
Helder Fráguas sofreu a perda da sua companheira, ...
Para mim e para muita gente a volta às adegas para...
Estou habituado na leitura de blogs on line, adoro...
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